Hoje apenas um tipo de
caminhão elétrico é isento do Imposto de Importação: o chamado caminhão rígido,
no qual a carroceria é fixada sobre a estrutura do veículo. Mas a maior parte
dos pesados, uma especialidade da Volvo, é do tipo trator, ou cavalo mecânico,
que sempre puxa uma carreta. Em cavalos mecânicos importados incide a alíquota
máxima de imposto – 35%.
Segundo Lirmann, a empresa está trazendo algumas unidades de elétricos para demonstrações na América Latina. Mas o Brasil é o único da região com Imposto de Importação em parte dos caminhões elétricos. “O custo do elétrico é alto e exige uma infraestrutura que não está pronta”, diz.
Juros altos e inflação mundial jogam contra cenário favorável no agronegócio e setor de mineração.
Lirmann propõe que, no
Brasil, o incentivo da isenção de imposto seja concedido a empresas que se
comprometam com investimentos locais. O executivo prevê, ainda, que no país, o
processo de descarbonização do transporte envolverá mais de um tipo de
tecnologia, incluindo, com força, o biodiesel e biogás.
A companhia fixou como meta
ter 50% dos veículos vendidos globalmente livres de emissão de dióxido de
carbono até 2030 e 100% até 2040. A partir de 2050, segundo essas metas, 100%
da frota circulante estaria livre da emissão de CO2.
O executivo propõe, ainda,
que, no caso dos elétricos, o governo revise limites de peças nacionais para a
concessão de linhas de financiamento, como a do Finame, do BNDES, que exige 50%
de conteúdo local. “Vamos sempre usar suprimento local. Mas no caso dos
elétricos, é preciso achar novos parâmetros porque o Brasil terá que entrar na
cadeia global”, destaca. “Uma das questões diz respeito às células de baterias.
É preciso entender que as nuances que envolvem os elétricos não são as mesmas
dos veículos a diesel”, completa.
A Volvo também começa a
testar ônibus urbanos elétricos em cinco grandes cidades da região - São Paulo,
Curitiba, Rio de Janeiro, Bogotá e Santiago. Esses veículos têm chassi
importado da Suécia e carroceria brasileira. Em ônibus elétricos importados a
alíquota do imposto também é de 35%. Nesse caso, empresas que já produzem no
Brasil são contra a isenção.
Este seria um ano de boas
vendas para a indústria de caminhões pesados, levando em conta a expectativa de
mais uma safra de grãos recorde e a continuidade da demanda no setor de
mineração. Mas outros fatores pesam contra.
O principal tem a ver com a nova lei de emissões, o Euro 6, que exige mais equipamentos nos veículos, elevando os custos de produção entre 20% e 25%, segundo o diretor de caminhões da Volvo, Alcides Cavalcanti. “Vamos ter que repassar boa parte desse custo”, diz.
Para evitar o aumento de preços, muitos transportadores anteciparam as compras em 2022, o que ajudou a empresa a fechar o ano com recordes. As vendas de caminhões da marca cresceram 10%, para 24,1 mil unidades em 2022, o que fez do Brasil o segundo maior mercado para a marca sueca, superado pelos EUA.
A produção na fábrica de
Curitiba somou 31,1 mil caminhões, aumento de 12% em relação a 2021. O
crescimento foi resultado do aumento de demanda também em países importadores,
como Chile e Peru, onde as vendas da marca aumentaram 25% e 17%,
respectivamente.
Lirmann aponta, ainda, como
“pontos de atenção” em 2023, a inflação mundial, como efeito das tensões
geopolíticas, além da falta de suprimentos. Segundo o executivo, a escassez de
semicondutores saiu da fase crítica, mas pode voltar a se agravar à medida que
a economia se recuperar.
A persistência das altas
taxas de juros também preocupa uma indústria que poderia oferecer ao
consumidores planos de financiamento mais longos como forma de compensar a alta
de preços. Diante desse cenário, a direção da Volvo estima que o mercado
brasileiro de pesados e semipesados em 2023 somarão em torno de 75 mil
unidades, o que representa queda de 23,4% em relação a 2022.
“Este será um ano de
cautela”, afirma Lirmann. Segundo ele, a pressão dos juros atinge não apenas as
vendas dos veículos como a atividade das empresas que compram os caminhões,
como o setor de construção.
“A redução da taxa de juros
não é algo que pode ser resolvido por decreto porque envolve a inflação, como
já vimos outras vezes”, destaca. Para ele, a questão fiscal também é
importante. “Mas não é a única a ser levada em conta num país em que o Estado
toma muitos recursos, mas devolve pouco em termos de investimento e serviços
como educação”.
Lirmann também se queixa de “regras que mudam o tempo todo” envolvendo Executivo, Legislativo e Judiciário. “E cita, como exemplo, a proposta de mudança na Lei das Estatais, que veio à tona em dezembro, além de uma série de outras questões que podem ser revistas pelo Judiciário”.
“É preciso ter um pouco mais de previsibilidade. Quando falamos em reformas é necessário fazer movimentos, ainda que pequenos, para certa construção. Se não nos unirmos, se continuarmos com interesses fragmentados teremos dificuldades para avançar”. (biodieselbr)
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