Como solucionar o problema do
roubo de energia no Brasil
Um
dos maiores problemas que a atual gestão no Brasil deverá lidar é com a crise
energética, que por si só já tem vários desafios, além do já conhecido com as
perdas comerciais, ou furto de energia. Segundo a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), incluindo os impostos, hoje o furto de energia representa um
prejuízo de mais de R$8 bilhões por ano ao país, ou 13,5% do total da energia
gerada. Se analisarmos regionalmente, encontramos dados ainda mais alarmantes:
na Light, que atende o Rio de Janeiro e região metropolitana, as perdas registradas
na última medição (2013-2014) foram de 22,57%. Num cenário onde o preço da
energia elétrica deve subir 38,3% neste ano, de acordo com estimativa divulgada
em março pelo Banco Central, o fantasma que assola o setor é de que, com esta
correção de tarifa, aumente ainda mais o índice de perdas comerciais não
técnicas, os chamados “gatos”.
Enquanto
o estimulo à economia de energia ainda é feito, as tarifas seguem aumentando,
resultado dos custos repassados ao consumidor das usinas termelétricas que
foram acionadas devido ao período de estiagem, e que representam uma energia
mais cara para ser produzida. Ainda de acordo com o Banco Central, a estimativa
de alta no preço da energia elétrica é também reflexo do repasse às tarifas do
custo de operações de financiamento que foram contratadas em 2014 – ao todo, a
Aneel autorizou o reajuste das tarifas de 58 das 63 distribuidoras de energia
do país. O reajuste que chegou ao consumidor nas contas de energia, no fim de
março, deve fazer aumentar a inadimplência e, consequentemente, também o roubo
de energia a partir da segunda metade de 2015, época quando os inadimplentes
passarão a ter seu fornecimento de energia suspenso.
Pensando
em solucionar o problema de roubo de energia em uma das cidades mais populosas
do mundo, bem como construir uma plataforma para Smart Grid que possibilite o
uso de outras aplicações, a Silver Spring Networks foi escolhida pela Comisión
Federal de Electricidad (CFE) para o projeto ‘Reducción de Perdidas de Energía
en Distribución (Projetos de redução de perdas na distribuição) de redes
inteligentes no Distrito Central da Cidade do México. De acordo com a CFE,
quase 15% de sua produção total de eletricidade em 2013 foi perdida devido a
furto ou inadimplência, e, em algumas áreas da Cidade do México, essa taxa
aumenta para até 35%.
Para
ajudar a superar esses desafios, a Silver Spring está introduzindo uma solução
de rede e software no nível do gabinete e uma rede IPv6 multisserviços com
suíte de software UtilityQ® para conectar e gerenciar os medidores
individualmente nos gabinetes. Isso permitirá à CFE reduzir perdas não
técnicas, aumentar a precisão do faturamento, implantar operações remotas de
corte e religamento, ajudando a garantir a entrega segura do abastecimento de
energia para seus clientes.
No
Brasil, algumas distribuidoras já iniciaram a implementação de uma solução
similar para perdas com uso de medição centralizada e externalizada, porém
ainda com algumas limitações de funcionalidades e na tecnologia de rede.
Certamente, um programa semelhante pode ser a resposta aos problemas de roubo
de energia no Brasil, principalmente em um cenário com os mencionados aumentos
nas tarifas e a tendência de aumento na inadimplência e fraude. A adoção
proativa para assegurar o correto uso da energia elétrica é de suma
importância, uma vez que não combater estas práticas significa não evitar que
os estes indicadores afetem ainda mais o setor. A implantação de uma rede de
gerenciamento inteligente e avançada, associada à qualidade da tecnologia, permitiria
funções mais avançadas, como suporte à implantação de tarifas horárias e
sistemas de pré-pagamento, aplicações de automação da distribuição e automação
da iluminação pública incluindo a medição da energia efetivamente consumida e
mecanismos de detecção remota e alarme de problemas. A plataforma IP robusta e
escalável para grandes quantidades introduziu as referidas aplicações na área
da medição, incluindo funções para cliente pré-pago e pós-pago, permitindo a
gestão de energia sob demanda, além de melhorar o centro operacional ao
detectar automaticamente problemas na rede elétrica, até a operacionalização da
tarifa branca – que permitirá ao consumidor uma redução na sua conta de energia
elétrica, mudando seus hábitos de consumo.
Também
a implementação de uma rede inteligente poderá permitir a supervisão e o
controle necessários à adoção de micro ou mini geração distribuída através de
fontes renováveis, como painéis solares, de forma a buscar alternativas de
equilíbrio entre a constante ampliação do consumo e os desafios para
implantação das gerações de grande escala.
Todas
estas melhorias devem beneficiar não somente as empresas energéticas a conter
perdas, mas também e principalmente os consumidores, uma vez que são eles os
principais onerados pela energia que é roubada. No final, tudo se resume a
melhorar a qualidade e disponibilidade da energia entregue ao consumidor e a
eficientização de seu uso, com o objetivo final para um bem maior: evitar que a
energia venha nos faltar. (ambienteenergia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário