A energia eólica é a energia que é obtida pelo
movimento do ar, que gira cata-ventos metálicos, que acionam a turbinas de
geração elétrica associadas. As fazendas eólicas são os conjuntos de
individuais de cata-ventos e geradores que se instala em determinado sítio em
função do potencial eólico do local, previamente estudado.
Os moinhos de vento foram imortalizados pelo escritor
espanhol Cervantes, em seu célebre clássico “Dom Quixote de la Mancha”. Mas
moinhos de vento que geram aproveitamento eólico para apropriação energética
que exerça tarefas de interesse humano se conhece desde a idade de ouro da
civilização persa, segundo descrito pelo escritor Gore Vidal em seu célebre
livro denominado “Criação”, no século quinto antes de Cristo. Na época sua
principal atividade era o bombeamento de água para irrigação agrícola.
Todas as vantagens de instalação, manutenção e
operação de matriz baseada em fontes renováveis de energia são inúmeras e de
conhecimento disseminado. Somente a ausência de geração de gases de efeito
estufa na produção energética é motivo mais do que suficiente para ser
celebrado. Nicholas Stern, ex-presidente do Banco Mundial em seu livro “Um
caminho para o desenvolvimento sustentável”, prefaciado por Israel Klabin e
lançado há poucos anos pela editora Elsevier no mercado brasileiro, registra
dados de grande relevância. Em poucos anos, uma política implantada na
Alemanha, sem a inversão de qualquer recurso, conseguiu resultados da maior
importância. Concedendo isenções fiscais para produção de energia a partir de
fontes limpas e renováveis, conseguiu a alteração dramática da matriz de
energia do país, que caminha de forma célere para contemplar a matriz eólica
como principal fonte de geração energética.
Em todos os países considerados e em todas as
localidades existem fatores preocupantes sob a dimensão ambiental. As fazendas
eólicas, forma de denominação das redes de cata-ventos instalados conjuntamente
para aproveitamento de regimes eólicos de determinados sítios, sempre sofrem
contestação e preocupação por parte de ambientalistas, pois as hélices dos
cata-ventos que giram para alimentar as turbinas podem representar ameaça a
espécies de animais, principalmente a aves em episódios migratórios ou não.
No entanto novas pesquisas indicam que as usinas
eólicas podem não representar qualquer risco. Dados publicados no mês de junho
de 2014 e divulgados em site do Instituto de Pesquisas em Biodiversidade (BRI)
citam estudos desenvolvidos pelo Instituto de Recursos Marinhos e Estudos do
Ecossistema (IMARES) da Universidade e Centro de Pesquisa Wageningen e pelo
Escritório Waardenburg do Instituto Real de Pesquisa Marinha da Holanda (NIOZ),
sugere que as turbinas eólicas offshore não oferecem quase nenhum risco para a
fauna, e, por outro lado, fornecem um novo habitat para os animais marinhos,
estimulando a biodiversidade.
O pesquisador e professor Han Lindeboom do IMARES,
assevera que as colisões de pássaros com as hélices foram estimadas numa
quantidade muito reduzida e que para peixes e mamíferos marinhos, as fazendas
eólicas “offshore” em áreas costeiras fornecem um oásis de calma nestas áreas
costeiras que são relativamente agitadas.
Em linguagem dos operadores da área de energia, em
jargão linguístico próprio, ocorre a afirmação verdadeira de que a energia
eólica não constitui energia “firme”. Porque de fato vária de acordo com as
estações do ano e até horários do dia. Ventos é o ar em movimento e são gerados
pelas diferenças de temperatura entre as terras, águas, planícies e montanhas,
da topologia existente incluindo as diferenças de temperatura entre regiões
equatoriais e polos terrestres. A topografia e a rugosidade do solo determinam
alterações na intensidade, velocidade e frequência de ocorrência dos fenômenos
que giram os cata-ventos. Mas o certo é que integrando esta fonte energética
dentro de um mosaico de fatores geradores, são muito satisfatórios os
resultados obtidos.
Em todos os países, ocorre certo atraso na liberação
de fazendas eólicas por parte de órgãos ambientais responsáveis, dada a
complexidade dos fatores intervenientes envolvidos. E isto é perfeitamente
compreensível sob qualquer dimensão que se considere. No país, é destaque o
estado do Ceará, onde além da instalação de várias fazendas eólicas, já houve
minuciosos levantamentos de capacidade eólica. No mundo existem milhares de
turbinas instaladas e estima-se que em até 2020, esta fonte energética seja
responsável por cerca de 10% da demanda energética que se registra no mundo.
No mundo se destacam além da Alemanha já citada, a Dinamarca
e os Estados Unidos e também Índia e Espanha. O que não se pode admitir é que
depois de grandes estudos e minuciosos levantamentos, trabalhosos
licenciamentos ambientais e onerosas inversões, ocorram falhas nas gestões dos
sistemas, com a ausência de linhas de transmissão e de interligação nos
sistemas de geração elétrica, após a instalação de fazendas eólicas.
A cidadania brasileira não pode mais admitir que
falhas desta natureza ocorram, desperdiçando geração de energia a partir de
fonte limpa e renovável e negligenciando fatores muito importantes de
contribuição à atenuação de impactos ambientais pelas energias geradas de
outras fontes como hidrocarbonetos. Sem falar em outros aspectos ligados a
fatores de vinculação econômica.
Segundo nota publicada pelo jornalista Lauro Jardim,
na sua coluna Radar, consultada em 22/08/14, “após a conexão dos vários parques
eólicos às linhas de transmissão em 30 de maio – obras que estavam atrasadas há
mais de dois anos – o setor deu um enorme salto”. O jornalista publica ainda
que a média diária de 500 MW passou para 1.500 MW e um recorde de produção
recente permitiu que a energia eólica representasse um total de 3,2% da matriz
energética do país.
Não importa o motivo desta ocorrência, que caracteriza
uma gestão deficiente e incapaz, que não se deve compartilhar. O que se busca
permanentemente é a melhoria das condições de qualidade ambiental, que são
propiciadas pela geração de energia a partir de fontes eólicas e o incremento
da qualidade de vida das populações consideradas. (ecodebate)
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