A manteiga não é o combustível do futuro, mas é
possível extrair dela um bom combustível à base de diesel.
"Queríamos mostrar que isso era
possível", disse Michael J.Haas, pesquisador bioquímico do departamento de
agricultura dos Estados Unidos.
"É algo peculiar", reconheceu ele a
respeito da pesquisa laticínio-para-diesel, que foi publicada em junho em
"Journal of Agricultural and Food Chemistry".
O incentivo foi uma escultura de 370 quilos de
Benjamin Franklin e o Sino da Liberdade.
Todos os anos, a feira Pennsylvania Farm Show,
realizada em Harrisburg, manda produzir uma obra de arte feita de manteiga.
Em 2007, os organizadores solicitaram sugestões
sobre o que fazer com as obras depois que a feira terminasse.
Haas sugeriu produzir biodiesel a partir das obras,
e isso foi feito.
"Isso nunca havia sido relatado na literatura
científica", disse ele.
Haas colaborou com a BlackGold Biofuels, uma
pequena empresa da Filadélfia que desenvolveu um processo para fazer biodiesel
a partir de resíduos de gorduras, óleos e sebos não-comestíveis.
"Manteiga estragada é uma gordura", disse
Emily Landsburg, executiva-chefe da BlackGold.
Depois de desmontar a escultura - "Não foi um
dia comum no escritório", lembrou-se Landsburg -, os pesquisadores da BlackGold
derreteram a manteiga, removeram a água e inseriram o restante em seu processo
de conversão química.
A estrutura de uma molécula de gordura, óleo ou sebo
se parece com uma água-viva.
A cabeça da molécula é um composto conhecido como
glicerina, e cadeias de ácidos graxos em ramos se penduram da glicerina.
Na conversão, uma molécula de metanol substitui a
glicerina como a cabeça da molécula, produzindo diesel.
O biodiesel já é produzido a partir de óleo de
cozinha, mas a BlackGold diz que seu processo é muito mais flexível na
amplitude de materiais que pode converter em combustível - além de não ser
prejudicado quando a gordura se estraga.
Na escala molecular, as cadeias de ácidos graxos
começam a se soltar das glicerinas.
Os 370 quilos de manteiga acabaram se transformando
em cerca de 285 litros, uma mistura de biodiesel e um óleo combustível menos
qualificado.
As glicerinas decapitadas também são coletadas para
uso em indústrias de tratamento de esgoto.
Os pesquisadores não estão defendendo desviar os
mais de 450 milhões de quilos de manteiga produzidos anualmente nos Estados
Unidos para a produção de combustíveis.
"O custo da manteiga comestível é alto
demais", afirmou Haas.
E Landsburg reconheceu: "O número de
esculturas de manteiga rançosa nos EUA provavelmente não é muito
significativo".
Mas sua empresa vê os resíduos da agricultura,
incluindo aquele de fazendas de laticínios, como uma fonte potencial de
materiais que poderiam ser transformados em combustível.
"Nós assumimos o projeto como uma demonstração
da força de nossa tecnologia; ela pode lidar com todo tipo de resíduos de baixa
qualificação", explicou Landsburg.
São Francisco acabou de construir uma fábrica de
biodiesel que usa a tecnologia da BlackGold, a primeira de seu tipo, com a
esperança de converter raspas de panelas e as chamadas gorduras marrons - mais
sujas que o óleo de cozinha usado - de restaurantes em combustível.
"Estamos conduzindo testes com gorduras
marrons agora mesmo", afirmou Tyrone Jue, porta-voz da comissão municipal
de utilidades públicas.
"Estamos confiantes de que estaremos
funcionando nos próximos dois meses, ou até mesmo no próximo mês".
A fábrica poderá, eventualmente, extrair 1.250
litros de biodiesel por dia, partindo de 45 mil litros de água residual
gordurosa.
"Estamos tentando fechar o ciclo na
cidade", disse Jue.
"O que você jogaria fora se torna uma fonte de
recursos". (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário