Alexei Vivan, da ABCE: Expansão da matriz precisa voltar a considerar
usinas com reservatórios
Executivo, que participa do Enase em 27 e 28/05, fala ainda sobre os
impactos da política da modicidade tarifária, do GSF e das mudanças no
licenciamento ambiental.
A expansão da matriz elétrica brasileira precisa
voltar a considerar a implantação de novas usinas com reservatório. Segundo
Alexei Vivan, presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia
Elétrica, todas as fontes de geração de energia são importantes e devem ser
incentivadas, “mas o potencial hidrelétrico brasileiro, com a segurança
sistêmica proporcionada pelas usinas com reservatórios, não pode
ser desconsiderado”.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, o executivo
falou da importância de se garantir a segurança jurídica e regulatória, para
que a percepção de risco do negócio diminua no setor elétrico. Taxas de
remuneração menores refletem em custo menor para o consumidor final de energia
elétrica, explicou Vivan, que estará presente na 12ª edição do Encontro
Nacional de Agentes do Setor Elétrico – ENASE, co-promovido pelo Grupo
CanalEnergia e 18 associações do setor, a ser
realizada nos dias 27 e 28/05/15, no Rio de Janeiro. Confira a seguir os
principais trechos da entrevista:
Agência CanalEnergia
- Há alguns anos o governo apoia a expansão da matriz elétrica
na modicidade tarifária. Em sua opinião, a conjuntura atual fez o governo
abandonar essa premissa?
Alexei Vivan - Não houve abandono dessa premissa, mas a realidade tem
mostrado que pesar demais a balança para o lado da “modicidade tarifária”, à
custa da redução excessiva da taxa de remuneração do empreendimento está
impactando os investimentos. O Governo percebeu e está revisando para maior
essas taxas de retorno dos projetos, em razão do desinteresse verificado em se
investir no setor elétrico.
Agência CanalEnergia
- Qual o caminho para seguir diversificando a matriz e ao mesmo
tempo preservar a segurança operativa do sistema?
Alexei Vivan - O caminho é o que está sendo trilhado pelo Governo,
que dispõe de técnicos competentes e capacitados. Importante é garantir
segurança jurídica e estabilidade de regras, para que a percepção de risco do
negócio diminua e, assim, as taxas de remuneração sejam menores, bem como o
custo final ao consumidor. Todas as fontes de geração de energia são
importantes e devem ser incentivadas, mas o potencial hidrelétrico brasileiro,
com a segurança sistêmica proporcionada pelas usinas com reservatórios, não
pode ser desconsiderado.
Agência CanalEnergia -
Qual a sugestão da ABCE para equacionar a questão do GSF?
Alexei Vivan - Não se pode atribuir somente ao “risco do negócio” o
fator GSF enfrentado pelas geradoras de energia. Desta forma, é importante
encontrar uma maneira de minimizar esse custo bilionário e dividir a conta. A
solução não é fácil e requer contínua interlocução entre governo e agentes
afetados. Uma das possíveis alternativas a ser estudada seria um financiamento
às geradoras em condições razoáveis.
Agência CanalEnergia
- Qual a importância da elevação da taxa de remuneração dos
segmentos de transmissão e distribuição para a saúde do setor elétrico?
Alexei Vivan - É essencial para atrair investimentos e garantir a
expansão do sistema para suportar novas cargas e manter a qualidade do
transporte e do fornecimento de energia elétrica. A receita das distribuidoras
está por demais reduzidas, em prol da modicidade tarifária. Da mesma forma, as transmissoras
sofreram com a MP 579, de renovação das concessões, e muitas delas ainda
aguardam a adequada indenização de seus ativos não amortizados e não
depreciados. A taxa de remuneração baixa afastou interessados nos leilões de
transmissão, mostrando a necessidade de melhor remunerar para atrair
investimentos na infraestrutura do setor elétrico. Deve se encontrar outras
formas de reduzir tarifas, como a desoneração tributária da energia elétrica.
Agência CanalEnergia
- Os agentes constantemente atribuem os atrasos nos projetos ao
processo de licenciamento. Por que essa questão é tão difícil de se resolver?
Alexei Vivan - São vários os órgãos envolvidos no licenciamento
ambiental, especialmente como intervenientes. Apesar de o IBAMA ser o condutor
da maioria dos processos de licenciamento, muitas vezes evita-se desconsiderar
recomendações improcedentes ou extemporâneas dos órgãos intervenientes, o que
atrasa e dificulta o processo. Há também casos de projetos mal elaborados pelos
empreendedores, que precisam estar mais cuidadosos. De qualquer forma, o
Governo tem adotado medidas para enfrentar esses atrasos e recentemente editou
regramentos novos sobre licenciamento ambiental que acreditamos melhor definirá
as competências dos entes envolvidos, dará maior liberdade e protagonismo para
os órgãos licenciadores agilizarem os processos de licenciamento que tanto têm
atravancado obras importantes no setor elétrico, especialmente em
geração. (canalenergia)
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