sábado, 30 de dezembro de 2017

A transição energética rumo a 100% de eletricidade renovável

“O futuro será renovável, ou não haverá futuro”
A 23ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP23), em Bonn, começou no dia 06 de novembro e tem agenda de atividades até 17/11/2017. Ela ocorre depois do anúncio da saída dos EUA do Acordo climático global. A principal missão do evento é avançar no desenho das regras para implementar o Acordo de Paris. Embora aconteça na Alemanha, é a primeira COP presidida por uma nação insular do Pacífico, Fiji, que junto com outras nações insulares, estão ameaçadas de naufragar e desaparecer em função do aquecimento global que provoca o aumento do nível do mar.
Acontece que as promessas feitas em Paris (INDCs), visando restringir as emissões de gases de efeito estufa até 2030, só fornecerão um terço dos cortes necessários para colocar o mundo no caminho para manter o aquecimento abaixo dos prometidos 2ºC. A promessa de 1,5ºC é praticamente inviável, conforme mostra um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, divulgado antes da COP23.
O Brasil está na contramão do Acordo de Paris. O país emitiu no ano passado 2,278 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), contra 2,091 bilhões em 2015. Trata-se de 3,4% do total mundial, o que mantém o Brasil como sétimo maior poluidor do planeta. O Brasil continua desmatando, investindo em combustíveis fósseis e fazendo pouco para avançar com a energia solar, que é a líder do avanço das energias renováveis.
Não existe segredo. Para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC é preciso fazer uma transição energética global para uma rede elétrica 100% renovável. Esta tarefa que parecia um sonho distante, é totalmente viável como diz a pesquisa publicada pela Universidade de Tecnologia de Lappeenranta (LUT) e Energy Watch Group (EWG). O estudo apresentado em 08/11/17, durante a COP23, mostra que a eletricidade 100% renovável não é uma possibilidade utópica, mas um potencial atual e real.
As tecnologias já existem, de acordo com os autores do estudo que afirmam que o potencial de energia renovável existente e as tecnologias (incluindo o armazenamento) já podem gerar energia suficiente e segura para cobrir toda a demanda global de eletricidade até 2050. Atualmente, os combustíveis fósseis são responsáveis por mais de dois terços da oferta energética do setor elétrico. A transição para 100% renovável seria liderada pela energia solar fotovoltaica (PV) e armazenamento de bateria – representando 69% da matriz energética total em 2050, seguida de vento com 18%, hidrelétrica com 8% e bioenergia com 2% (conforme mostra o gráfico acima).
Os principais resultados, conforme estabelecido no estudo, são os seguintes:
• O potencial e as tecnologias de energia renovável existentes, incluindo o armazenamento, podem gerar energia suficiente e segura para cobrir toda a demanda global de eletricidade até 2050. Estima-se que a população mundial cresça de 7,3 para 9,7 bilhões de habitantes. A demanda global de eletricidade para o setor de energia deve aumentar de 24.310 TWh em 2015 para cerca de 48.800 TWh até 2050.
• O custo total nivelado de eletricidade (LCOE) em uma média global de energia 100% renovável em 2050 é de € 52/MWh (incluindo redução, armazenamento e alguns custos de grade), em comparação com € 70/MWh em 2015.
• Devido à rápida queda dos custos, a energia solar (PV) e o armazenamento de baterias impulsionarão a maior parte do sistema elétrico.
• As baterias são a principal tecnologia de suporte para PV solar. A produção de armazenamento abrange 31% da demanda total em 2050, dos quais 95% são cobertos apenas por baterias. O armazenamento de bateria fornece principalmente armazenamento diurno, e o gás à base de energia renovável fornece armazenamento sazonal.
• As emissões globais de gases de efeito estufa reduziriam significativamente, de cerca de 11 GtCO2eq em 2015 para zero emissões em 2050 ou mais cedo.
• A transição da matriz energética global para um sistema de eletricidade 100% renovável tem o potencial de criar 36 milhões de empregos até 2050 em comparação com 19 milhões de empregos no sistema elétrico de 2015.
• As perdas totais em um sistema elétrico 100% renovável são cerca de 26% da demanda total de eletricidade, em comparação com o sistema atual em que cerca de 58% da entrada de energia primária é perdida. (ecodebate)

EDF investirá no Brasil R$ 6 bilhões em energia renovável

EDF escolhe o Brasil para investir R$ 6 bilhões em energia renovável nos próximos anos.
A EDF EN, empresa de energia renovável do grupo francês EDF, estabeleceu o Brasil como uma de suas prioridades e pode investir mais 6 bilhões de reais no país nos próximos anos para elevar a capacidade de geração para até 2 gigawatts, disse nesta quarta-feira o CEO da empresa no Brasil, Paulo Abranches.
A companhia, que pretende crescer no país em um ritmo mais forte do que globalmente, tem projetos de energia solar e eólica de cerca de 600 MW nos Estados da Bahia e Minas Gerais, sendo 350 MWs já em operação e comissionamento e outros 250 MWs em construção, cujos investimentos totais são estimados em 3 bilhões de reais.
“O volume de investimento vai depender se fizermos mais solar que eólica ou vice-versa, das novas tecnologias e máquinas, se vai se importar ou fazer local… vamos investir vários bilhões no Brasil e se fizermos a conta por três vezes (o que a empresa pretende crescer), estamos falando de 9 bi de reais”, disse Abranches a jornalistas em evento na sede da empresa no Rio de Janeiro.
“É um número razoável, mas é difícil de precisar, até porque os preços da energia estão baixando”, adicionou ele.
O Brasil, de acordo com o executivo, é um dos oito países considerados prioritários para a EDF EN na sua estratégia de expansão global.
O crescimento em renováveis da EDF EN também focará Grã-Bretanha, Índia, China, França, Estados Unidos, África do Sul e Turquia.
“O Brasil é complexo, o que nos obriga a fazer uma ginástica e um pragmatismo grande, mas não tem lugar fácil no mundo”, comentou o executivo.
Abranches destacou que a expansão da capacidade no Brasil será orgânica.
Segundo ele, aquisições de empresas não fazem parte do DNA da companhia e só são consumadas quando há uma grande oportunidade.
“Quando acharmos que faz sentido, podemos fazer, mas só se for uma oportunidade tática… mas comprar ativos operacionais não é o nosso DNA porque somos industrial e não um investidor financeiro…”.
Petrobras e Eletrobras
“Estamos interessados em oportunidades em crescer no Brasil, mas temos que ver o que faz sentido para nós. Hoje estamos mais voltados em ‘green fields’ (novos projetos) do que na aquisição, mas não estamos fechados”, disse a jornalistas Philippe Castanet, vice-presidente da EDF para América do Sul e do Norte.
Ele fez comentários ao ser questionado sobre interesse da EDF no grande programa de desinvestimentos de 21 bilhões de dólares da Petrobras para o biênio 2017/2018.
Um outro executivo da EDF salientou ainda que a empresa não tem interesse no processo de privatização da estatal brasileira Eletrobras e acredita que o modelo desenhado pelo governo não é voltado para empresas do setor.
“Será uma operação para investidores financeiros e não para companhia do setor”, ressaltou o vice-presidente da EDF para Brasil, Yann des Longchamps.
“Achamos que o Brasil tem um grande mercado e a economia está crescendo de novo, e o crescimento deve puxar o consumo. É um país com potencialidades”, destacou. (ambienteenergia)

Semace simplifica processos de licenciamento em renováveis no Ceará

Semace recebe propostas para simplificação de processos de licenciamento no setor de renováveis no Ceará.
Empresários apresentaram à Semace duas propostas de simplificação dos processos de licenciamento.
“Nós não queremos ser gargalo de nada”. Foi o que afirmou o superintendente Estadual do Meio Ambiente, Ricardo Araújo, durante reunião com empresários da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará (CSRenováveis), em 11/10/17 na Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece).
Os empresários reconheceram avanços promovidos pela Semace na agilização dos processos de licenciamentos que, segundo estudo apresentado no encontro, é o quinto fator de influência na escolha da localização de novos empreendimentos do setor.
“O que se pode avaliar, nesta administração (iniciada em 2015), é que houve uma mudança grande”, afirmou o presidente da CSRenováveis, Jurandir Picanço, numa referências à maior rapidez do licenciamento de usinas eólicas e fotovoltaicas.
Picanço defendeu a realização de um esforço do Governo do Ceará e empresários junto a órgãos federais, como IBAMA de Iphan, para reduzir o tempo de emissão de documentos exigidos no licenciamento. A proposta teve o apoio da Semace. “Nós estamos dispostos a ajudar, a melhorar, a participar”, afirmou o superintendente.
Proposta para o Coema
Os empresários apresentaram à Semace duas propostas de simplificação dos processos de licenciamento de empreendimentos de geração de energia elétrica por fonte eólica e por fonte solar fotovoltaica.
Os textos serão analisados pela autarquia, que poderá manter ou alterar as sugestões, antes de submeter à avaliação e aprovação do Conselho Estadual do Meio Ambiente. Os procedimentos de licenciamento ambiental em vigor estão previstos nas Resoluções Coema nº 03/2016, nº 07/2017, nº 08/2017, nº 10/2015 e nº 11/2017. As Resoluções estão disponíveis aqui.
Vantagens para empreendimentos do setor de energias limpas
A Semace apresentou, a empresários e técnicos do segmento de energia de fonte renovável, as vantagens comparativas oferecidas pelo Estado do Ceará no licenciamento de projetos.
A explicação foi dada pelo superintendente do órgão, Ricardo Araújo, durante sessão técnica do Congresso Internacional de Energia Renovável e Consumo Responsável, realizada no Terminal Marítimo do Mucuripe.
Ricardo, apresentou a legislação “diferenciada”, aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente, para micro e minigeradoras de energia de base eólica ou fotovoltaica, que podem ser isentas ou ter o licenciamento simplificado.
Explicou as especificações da Resolução Conama nº 462, “que melhorou a licenciamento das usinas eólicas, uma proposta (dos órgãos ambientais) do Nordeste, que atualizou a legislação já muito antiga, de 1986, que tratava o assunto de forma geral”.
Araújo reafirmou o compromisso da Semace com a transparência.
“Os EIA/RIMAs ficam disponíveis no site, para que os interessados conheçam e até aproveitem os dados ali expostos, possibilitando fazer uma complementação do estudo já realizado, e não começar do zero”, afirmou.
“Também disponibilizamos o sistema Natuur, que possibilita ao investidor interessado verificar o andamento dos processos (de licenciamento) e agilizar a solução das pendências”, completou. (ambienteenergia)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

“Não queremos mais usar combustíveis fósseis”

A revolução da direção autônoma irá acontecer primeiro nos caminhões e, depois, nos automóveis. O motivo é simples: “Nosso cliente está disposto a pagar pela tecnologia”, afirma Henrik Henriksson, CEO mundial da sueca Scania, uma das maiores fabricantes de caminhões e ônibus do mundo. Se existe um setor em que tempo é dinheiro, esse setor é o de transportes pesados. Quanto menos o caminhão fica parado, mais dinheiro se ganha.
Portanto, justifica-se investir em uma tecnologia dessas, que permite, praticamente, eliminar as paradas de descanso. Mas, para se chegar nesse estágio, o que deve levar 30 anos, é preciso passar por uma série de etapas. A primeira é a eletrificação e o uso de combustíveis alternativos ao petróleo, como etanol, biodiesel, biogás, entre outros. Na opinião de Henriksson, é urgente abandonar os combustíveis fósseis e adotar uma visão mais sustentável dos transportes, tanto de carga quanto de pessoas. Nessa entrevista, o executivo, que esteve no Brasil em novembro e falou com exclusividade à DINHEIRO, detalha a sua visão para o futuro dos caminhões.
Dinheiro – Como o sr. vê o futuro da indústria de caminhões, considerando as novas tecnologias que estão surgindo na indústria de transporte, como a direção autônoma, e também a transição para uma matriz energética limpa?
Henrik Henriksson – O que enxergarmos, e colocamos como parte fundamental da nossa estratégia, é que temos a possibilidade de transformar não só a nossa indústria, mas também as operações dos nossos clientes e dos clientes dos nossos clientes. Isso significa que podemos ajudá-los a fazer a migração de um sistema logístico não sustentável, baseado em combustíveis fósseis, para um sistema sustentável. Não vamos esperar nossos clientes fazerem essa transformação. Nosso plano é dizer, na cara deles, que deveriam estar usando combustíveis renováveis, motores elétricos ou veículos maiores. Há uma grande mudança acontecendo, no mundo, em direção a uma economia com menos emissões. Mas acredito que devemos pressionar para ir mais rápido.
Dinheiro – Mas, especificamente, para onde a indústria de caminhões está caminhando?
Henriksson – Se você olha para o nosso ecossistema de negócios, verá que não somos um fabricante de veículos comerciais pesados. Preferimos nos ver como parte da cadeia global de logística e transportes. Ou seja, precisamos pensar em como movimentar pessoas e cargas, e não apenas em oferecer um produto. Nesse sentido, acredito que uma tendência relevante para nossa indústria é a eletrificação. Ela já está acontecendo nas grandes cidades, com os ônibus e nas entregas porta a porta. Também vemos essa tendência em algumas aplicações específicas, como mineração e no agronegócio. Levará um tempo maior para ela chegar ao transporte de longa distância. Mas ela chegará. Só que não é uma bala de prata. Precisamos de outras tecnologias, como combustíveis renováveis e veículos autônomos, se quisermos atingir o objetivo de reduzir as emissões. Ao mesmo tempo, esse novo veículo vai precisar de infraestrutura. De modo geral, vamos precisar de um novo modelo de negócios e considerar, ainda, que a indústria de caminhões enfrentará novos competidores, como Siemens, Bombardier e outras empresas que desenvolvem trens, bondes etc.
Dinheiro – O que está acontecendo, então, é que, por causa da evolução tecnológica, a indústria de caminhões irá competir com outros modais de transporte?
Henriksson – Sim. Como disse, somos parte do sistema logístico. Em vários aspectos, podemos cooperar com outros setores. Talvez, fazer parcerias com empresas de energia e de infraestrutura. Na Suécia, construímos uma rodovia eletrificada. Basicamente, é como uma ferrovia, mas com caminhões. Testamos a tecnologia e funciona como um relógio. Essa é uma mostra de como podemos atuar em parceria com fornecedores de infraestrutura.
Dinheiro – Em relação a esse novo modelo de negócios, algumas empresas do setor automotivo consideram a possibilidade de passar a gerenciar frotas de veículos, em vez de vendê-los. Isso é uma possibilidade?
Henriksson – Nosso modelo de negócios já não é o de vender um veículo, mas sim o quilômetro rodado. Oferecemos um financiamento, de quatro anos, que inclui todas as manutenções. A única coisa que estamos passando para o cliente, na verdade, é o custo do motorista e do combustível. Globalmente, 65% dos nossos contratos já são nesse modelo. Podemos gerenciar uma frota no futuro? Provavelmente sim, em conjunto com nossos clientes.
Dinheiro – O veículo autônomo também está no radar?
Henriksson – Veremos essa tecnologia crescer gradualmente, nos próximos anos. Mas já existem veículos autônomos pesados sendo utilizados na mineração. Temos cerca de 300 mil veículos conectados ao redor do mundo. Eles possuem ume espécie de smartphone que nos envia dados sobre o seu uso. Com essas informações, estamos desenvolvendo algoritmos de inteligência artificial, que serão a base dos veículos inteligentes. No momento, estamos utilizando isso em ambientes controlados, como minas. O próximo passo será colocar essa tecnologia para rodar em estradas e rodovias, mas ainda é preciso aprovar legislações que permitam isso.
Dinheiro – É possível que a tecnologia de direção autônoma seja disseminada, primeiro, no setor de transporte pesado, uma vez que os caminhões fazem rotas mais previsíveis do que os carros de passeio?
Henriksson – Sem dúvida. A revolução do veículo autônomo vai acontecer antes no transporte de cargas. Além da questão das rotas mais controladas, há o fato de que o nosso cliente está disposto a pagar pela tecnologia. Os dados que obtemos dos veículos conectados nos mostram quanto tempo eles ficam parados. Se tivermos uma legislação estabelecendo, por exemplo, que até determinada velocidade, em trechos específicos, o condutor pode deixar o volante e descansar, sem prejuízo ao seu deslocamento, nós já podemos oferecer essa tecnologia. E nosso cliente pagaria por isso. Porque o tempo, na indústria do transporte, é muito valioso. No caso dos automóveis, é uma tecnologia atraente, mas as pessoas não estão dispostas a pagar um preço muito alto por ela. Agora, não sei como as pessoas vão reagir ao olhar para o lado, em uma rodovia, e ver um caminhão de 90 toneladas sem ninguém ao volante.
Dinheiro – O caminhão autônomo vai tirar o emprego do caminhoneiro?
Henriksson – Não. Na verdade, essa tecnologia irá melhorar a vida do caminhoneiro. O motorista é muito importante para as empresas de transporte. Ele pode até desaparecer em algumas operações mais perigosas e em áreas controladas, mas nas rodovias ele vai continuar desempenhando um papel. Agora, tudo isso é parte de um novo cenário competitivo que devemos enfrentar. Na Europa, a logística consome 7% do PIB. Mas, mesmo considerando que o sistema europeu é o mais eficiente do mundo, verificamos que os caminhões trafegam, em média, apenas com 60% de sua capacidade de carga. Ou seja, há um desperdício de 40%. Precisamos melhorar isso.
Dinheiro – Quanto tempo vai levar essa revolução? Estamos falando de anos ou décadas?
Henriksson – A tecnologia nunca vai parar de se desenvolver. Mas, para chegarmos a um cenário totalmente elétrico, com direção autônoma e sem esses 40% de desperdício, devemos levar cerca de 30 anos. A questão é que vai acontecer passo a passo. Por esse motivo, precisamos que nosso cliente utilize a tecnologia agora. Também devemos ser criativos para criar modelos de negócios que ajudem as transportadoras a levar essas ideias aos clientes deles. Fazendo isso, teremos uma evolução gradativa.
Dinheiro – E qual é o próximo passo?
Henriksson – A eletrificação das cidades: ônibus e entregas. Também há potencial para rodovias eletrificadas. Mas é necessário olhar para além das baterias. A verdade é que, nos próximos anos, minerais usados em baterias se tornarão commodities escassas e há a questão do descarte. Por isso acredito que precisamos avançar em áreas como as células de combustível. Estou cansado de ouvir falar que uma grande tecnologia irá nos salvar no futuro. A verdade é que temos um problema aqui e agora. O planeta não vai nos esperar enquanto decidimos como cumprir a meta do Acordo de Paris. Precisamos trabalhar com o que temos hoje. A eletrificação faz muito sentido nas cidades. Para longas distâncias, precisamos dos combustíveis renováveis. Aqui no Brasil há um grande exemplo que é o etanol. Temos motores que podem rodar com esse combustível, mas precisamos de políticos que entendam esse cenário e vejam os biocombustíveis como uma solução, não uma ameaça. O custo de produção de biodiesel já é menor que o do diesel. Então, por que ainda usamos os combustíveis fósseis?
Dinheiro – A maioria das pessoas, provavelmente, irá dizer que a indústria automotiva é a grande responsável pelo fato de ainda usarmos combustíveis fósseis…
Henriksson – Não queremos mais usar combustíveis fósseis. E oferecemos, hoje, uma gama de produtos que podem rodar em bioetanol, biodiesel, biogás, entre outros combustíveis. Investimos nisso. Nós realmente acreditamos na ideia de mudar o mundo com um sistema de transporte mais sustentável. O desafio é oferecer a infraestrutura para esses combustíveis. Em uma perspectiva global, um dos obstáculos para a mudança está na taxação. A carga tributária não é favorável. Se você usa o etanol produzido no Brasil, você reduz as emissões em até 90%, na comparação ao petróleo. O problema é que, em vários países e no Brasil inclusive, o etanol é taxado de uma maneira que torna impossível de competir com os combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, os danos que eles causam à sociedade, em termos de saúde e qualidade do ar, não são levados em consideração. Consideramos o petróleo da Nigéria e do Oriente Médio como se fosse igual ao etanol brasileiro. Infelizmente, nesse caso, estamos lutando contra um lobby muito forte. Não podemos mais aceitar isso.
Dinheiro – Nos últimos anos, a Scania vem tentando aumentar as exportações a partir do Brasil. Hoje, quanto da produção brasileira da Scania é exportado?
Henriksson – Cerca de 70%. Historicamente, esse porcentual sempre esteve na casa dos 30%. Em 2015, começamos um projeto para aumentar as exportações. Uma coisa boa da Scania é que temos uma só plataforma global. Temos o mesmo produto para todos os lugares do mundo. A maioria dos nossos competidores estava demitindo, no último ano, enquanto nós estávamos contratando 800 pessoas. Vendemos do Brasil para a Europa, a Ásia, o Oriente Médio e o resto da América Latina.
Dinheiro – Há, no Brasil, uma complexidade tributária que reduz a competitividade da indústria, no cenário global. Como a Scania está superando esse obstáculo?

Henriksson – Em primeiro lugar, temos apenas uma plataforma de produtos, global. Não desenvolvemos modelos específicos para cada país. Em segundo lugar, investimos para que o Brasil esteja em linha com os padrões mundiais de produção. Mais da metade da exportação está indo para fora da América Latina. E estamos produzindo 20 mil veículos por ano, muito próximos da capacidade total do País. (biodieselbr)

Órgão ambiental inviabiliza megatérmica no litoral de São Paulo

CETESB indeferiu pedido de licenciamento da UTE Peruíbe, de interesse da Gastrading.
Luta popular vitoriosa em Peruíbe: CETESB proíbe construção de usina termelétrica.
Companhia indefere licenciamento de usina altamente poluente no município que tem mais de 70% do território em área de proteção ambiental.
A mobilização popular de Peruíbe se espalhou por outras regiões do mundo e chegou a High Tatras, nas montanhas geladas da Eslováquia, no leste europeu.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) indeferiu pedido de licenciamento da Gastrading Comercializadora de Energias S.A. para a construção do Projeto Verde Atlântico Energias no município de Peruíbe, no litoral sul do estado. Com a decisão da diretoria do órgão ambiental, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, que concluiu pela inviabilidade ambiental, fica proibida a construção do empreendimento.
O parecer da diretoria do órgão ambiental levou em consideração o estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto de um grande projeto constituído por uma usina termoelétrica de grande potencial de geração de eletricidade, movida a gás, e um porto off shore (no mar) a 10 quilômetros da praia central. 
O arquivamento definitivo do projeto da Gastrading é uma vitória para a população, mobilizada desde que a o projeto veio a público no início do ano. De interesse do governo do estado, foi marcado por atropelos, inclusive na agenda de audiências públicas e com a exclusão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) do processo de licenciamento apesar da localização em território indígena e da costa marítima, de domínio da União.

Para o biólogo André Ichikawa, integrante do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) e do Instituto Ernesto Zwarg, esta foi a luta mais difícil e significativa. "O projeto era concreto, com grande aporte de capital e tinha apoio do governo do estado. E vencemos em um momento em que o país caminha para trás, com perda de direitos e outras ameaças. Quando as lutas parecem inglórias, nossa mobilização popular sai vitoriosa. Lutar vale a pena".
Nota da CETESB
Moradores realizaram protestos para impedir a instalação da termelétrica na Cidade.

A mobilização da população de Peruíbe levou à criação da frente parlamentar contra a termoelétrica em Peruíbe, coordenada pelo deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT), autor do Projeto de Lei 673/2017, que proíbe o licenciamento e a instalação de empreendimentos que produzam chuva ácida em áreas localizadas a até 20 quilômetros de unidades de conservação no Bioma Mata Atlântica.
Por pressão da população, o município deverá ficar resguardado de futuras ameaças por meio de legislação municipal e federal. No início de novembro, a Câmara aprovou lei que proíbe a instalação de empreendimentos causadores de poluentes no ar, como a usina termelétrica e está para ser votada, após o recesso, emenda à lei orgânica do município com teor semelhante. E no federal, há o PL 8.631/2017, do deputado Nilto Tatto (PT-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Se for aprovado, impedirá a instalação de atividades industriais próximas de Unidades de Conservação (UCs), terras indígenas e quilombolas.
Esta é a terceira grande vitória da população de Peruíbe, acostumada a lutar contra ataques ao potencial turístico do município situado em santuário ecológico. Na década de 1980, lutaram contra projeto de construção de usina nuclear na região. Além da derrota da ideia, conquistaram legislação específica, que criou a estação ecológica Juréia-Itatins. 
Mais recentemente, em 2013, se mobilizaram contra o projeto do então bilionário Eike Batista, que queria construir ali um grande porto. "Nosso grande trabalho agora será mostrar para as pessoas que, embora não tenhamos dinheiro como o poder econômico, somos fortes porque somos muitos. E somos mais fortes que o poder político, o qual escolhemos", disse o presidente da ONG Mongue Proteção ao Sistema Costeiro, Plínio Melo.
Confira nota divulgada pela assessoria de imprensa:
A CETESB informa que concluiu pela inviabilidade ambiental do Projeto Verde Atlântico Energias, previsto para o município de Peruíbe, litoral sul do Estado, após analisar o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) que embasou o pedido de Licença Prévia Ambiental.
Segundo parecer técnico da Companhia, o estudo ambiental deixou de abordar aspectos relevantes para a avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento, além de tratar de maneira simplista os impactos significativos do projeto, sem considerar a complexidade social e ambiental da região.
Os técnicos também consideraram que foi ignorada a avaliação da compatibilidade com outros projetos existentes na região, além dos impactos da conexão do projeto com o sistema elétrico e a rede de gasodutos, bem como os impactos sociais do empreendimento, especialmente decorrentes da atração de mão de obra e impactos na economia local.
Além dessas deficiências e considerando: o conhecimento da região e o conhecimento adquirido com o licenciamento de empreendimentos similares; a intensidade dos impactos, especialmente quanto à elevada carga de poluição atmosférica prevista para a região; a extensão da supressão de vegetação nativa prevista; a qualidade ambiental preservada dos meio marinhos e terrestres afetados; os riscos de acidentes ambientais de grandes proporções no ambiente marinho; e o contraste entre o empreendimento previsto e a vocação da área (declarada em vários documentos legais); a Cetesb decidiu pela não aprovação do EIA/RIMA.
Outro ponto que também foi considerado no parecer técnico pela inviabilidade ambiental da usina termoelétrica foi a incompatibilidade do projeto com a legislação municipal de Peruíbe declarada pela prefeitura e manifestação contrária do órgão ambiental municipal quanto à instalação do projeto no município. Foi considerado, também, na análise, moções encaminhadas pela sociedade civil durante as audiências públicas, contrárias à instalação da usina. (redebrasilatual)

Nova usina da Toyota criará energia limpa do estrume

Nova usina da Toyota produzirá energia usando esterco de vaca.
A Toyota está abrindo uma usina de potência de megawatt na Califórnia que usa esterco de vaca para produzir eletricidade e combustível de hidrogênio. A fábrica deverá abrir em algum momento em torno de 2020.
Energia "limpa"
O gigante automotivo japonês Toyota está fazendo alguns movimentos emocionantes no domínio da energia renovável e limpa. A empresa está planejando construir uma usina na Califórnia, que transforma o gás metano produzido por estrume de vaca em água, eletricidade e hidrogênio. O projeto, conhecido como o Projeto Tri-Gen, foi revelado no Los Angeles Auto Show. A planta, que estará localizada no Porto de Long Beach, na Califórnia, será "a primeira geração de energia comercial 100% renovável do mundo e planta de geração de hidrogênio" escreve USA Today. A Toyota espera que a planta entre em torno de 2020.

Espera-se que a planta tenha capacidade para fornecer energia suficiente para alimentar 2,350 casas médias e combustível suficiente para operar diariamente 1,500 veículos movidos a hidrogênio. A empresa está estimando a planta para produzir 2,35 MW de eletricidade e 1,2 toneladas de hidrogênio por dia. A instalação também estará equipada com uma das maiores estações de abastecimento de hidrogênio do mundo. O vice-presidente do grupo Toyota para o planejamento estratégico, Doug Murtha, diz que a empresa "entende [s] o enorme potencial para reduzir as emissões e melhorar a sociedade".
Combustível de hidrogênio

A Toyota está investindo fortemente em sua tecnologia de célula de combustível de hidrogênio. As células estão sendo usadas nos Mirai sedans e no próximo Project Portal semi caminhão. "Os motoristas conscientes do meio ambiente exigem formas de transporte mais novas e mais limpas. O veículo da célula de combustível Mirai ajuda a responder essa demanda ao lado de nossos outros veículos de combustível alternativo para poder um futuro melhor ". O site da empresa possui.
O objetivo do automobilismo é reduzir fortemente o impacto ambiental da empresa e seus produtos. Recentemente, a Toyota estabeleceu o objetivo de cessar a produção de motores tradicionais de combustão interna até 2040 e reduzir as emissões de carbono de seus veículos em 90% até 2050. Essa planta será uma manifestação importante de prova de conceito.
Os esforços da Toyota poderiam percorrer um longo caminho para acelerar a mudança em direção a veículos mais limpos. Tesla de Elon Musk já está encontrando grande sucesso com seus veículos elétricos. Junte isso com os grandes passos feitos para tornar a energia limpa mais desejável do que os combustíveis fósseis, e temos uma receita promissora para o sucesso tanto para os consumidores como para o meio ambiente. (novaeconomia)

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Armazenamento energético contribui em maior uso de fontes renováveis

Sistemas de armazenamento de energia contribuem para maior uso de fontes renováveis.
A demanda por energia vem crescendo cada dia mais. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), até 2026 esse aumento deve ser de 3,7% ao ano. Considerando a vasta quantidade de recursos naturais disponíveis no País, as fontes renováveis ganham destaque como alternativas que podem contribuir de maneira sustentável para o abastecimento das cidades e indústrias.
No entanto, a geração de energia de plantas eólicas e solares para o sistema é incerta durante um determinado período. Em uma hidrelétrica com reservatório ou térmica tradicional, por exemplo, é possível planejar quando e o quanto de energia será gerada com uma antecedência de meses e até anos.
Já no caso das plantas solares ou eólicas, a incerteza da disponibilidade da fonte primária (vento ou sol) no curto prazo (dias, horas, ou até frações de hora) as caracteriza como fontes intermitentes ou não despacháveis. Esta intermitência, quando muito acentuada, pode trazer alguns problemas na operação dos sistemas elétricos, caso não seja gerenciada adequadamente.
A boa notícia é que hoje já existem tecnologias capazes de lidar com esse cenário, permitindo segurança e flexibilidade maior na operação de sistemas elétricos.
Compostas por um conjunto de equipamentos físicos e também de soluções digitais, elas podem detectar falhas com rapidez, estimar a margem de segurança na qual o sistema está operando, evitar interrupção do serviço e também armazenar energia, característica importante para o uso de fontes renováveis e diferencial ainda mais relevante, quando pensamos em geração e transmissão de energias sustentáveis.
No caso dos sistemas de armazenamento, a ideia é trazer maior flexibilidade para a operação, uma vez que as baterias são capazes de absorver uma rápida rampa positiva ou negativa de geração de energia, permitindo também que o que foi gerado por uma planta renovável possa ser entregue ao sistema em outro momento. Diante disso, o sistema contribui para a diminuição de desperdícios e evita o congestionamento das redes.
O uso das baterias, portanto, possibilita a utilização da energia gerada em momentos de maior demanda, e não somente quando o vento ou o sol estão disponíveis. É durante o período de maior consumo energético, por exemplo, que as baterias injetam a eletricidade gerada durante o dia e garantem a segurança e estabilidade na operação do sistema elétrico.
A utilização de soluções digitais, por outro lado, viabiliza todo o processo, uma vez que o sistema precisa ser preditivo, avaliando constantemente se o que foi previsto de carga e de demanda estão dentro do esperado. Do ponto de vista de operação, as soluções digitais permitem agregar rapidamente diversas informações em conjunto, simplificando o processo de tomada de decisão, e garantindo um entendimento mais adequado sobre os estados operativos em tempo real e futuros do sistema.
“O futuro está nos sistemas híbridos, que ligam baterias às fontes de geração de energia, seja ela eólica, solar ou a gás”, explica Rodrigo Salim, Líder de Soluções Digitais, Armazenamento de Energia e Microrredes da Grid Solutions, divisão da GE Power. A companhia é a única no mundo que possui uma planta híbrida contendo baterias e turbinas à gás já em funcionamento.

O projeto começou a operar este ano na Califórnia e combina armazenamento com baterias e turbinas a gás, garantindo o funcionamento do sistema em tempo integral para o operador, e ajudando a reduzir custos no consumo de combustível e água para arrefecimento do sistema da turbina à gás.
Esse é um mercado que está crescendo e nós estamos de olho. Alguns países da América Latina como Brasil, México, Chile, entre outros países no Caribe, estão caminhando para serem mais sustentáveis. É com isso em vista que, desde o começo desse ano, a GE conta com um time dedicado para essa região focado nas mudanças de regulamentação e outras iniciativas que permitam maior flexibilidade para instalação na rede”, comenta Salim.

O Brasil já conta com projetos em avaliação voltados para esse mercado, que é o caso da P&D Estratégico 21/2016 da ANEEL. As propostas buscam o desenvolvimento de pilotos para avaliação e inserção de sistemas de armazenamento de energia no setor elétrico nacional, de forma integrada e sustentável. “Esse é um passo que mostra que o governo brasileiro quer entender melhor e começar a utilizar tais tecnologias para o benefício do País”, finaliza o executivo. (ambienteenergia)

Energia solar fotovoltaica e eólica

A energia solar fotovoltaica e eólica estão recebendo duas vezes mais financiamentos do que os combustíveis fósseis em todo o mundo. Essa informação foi divulgada pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF) e revela que as energias renováveis, principalmente a solar fotovoltaica, apresentaram queda nos preços, tornando-se opções de investimento mais baratas para gerar energia elétrica em várias regiões do mundo. Com a produção de petróleo e gás natural aproximando-se do pico, as alternativas sustentáveis de geração de energia se apresentam como o futuro por meio dos novos veículos elétricos e sistemas de mini e microgeração de energia distribuída em residências.
A queda nos custos está sendo determinante para o avanço da energia solar fotovoltaica e da energia eólica. Os subsídios governamentais têm sido uma alternativa para incentivar a adoção dessas formas de geração de energia renovável e ganhar presença no setor elétrico. Entretanto, as formas não subsidiadas das renováveis já se mostram competitivas e muitas vezes ganham a concorrência contra o carvão e gás natural, dessa forma, recebendo mais atenção das instituições de crédito para linhas de financiamento.
Nos Estados Unidos, por exemplo, vários estados estão despontando como grandes investidores em energia limpa. O progresso da energia solar fotovoltaica e eólica é tamanho que as operadoras de rede do estado da Califórnia estão enfrentando o desafio de regular as oscilações das energias renováveis de alta densidade, e o estado de Nova Iorque registrou aumento de aproximadamente 800% no uso de energia solar em sua matriz energética apenas no ano passado.
Outro fator determinante para o aumento dos financiamentos é a geração de renda e emprego a partir das fontes renováveis. Com equipamentos de mineração maiores e mais eficientes, os empregos na indústria de carvão estão cada vez mais escassos nos EUA. Enquanto isso, a indústria solar gera cada vez mais postos de trabalho e, atualmente, já emprega mais trabalhadores do que a indústria do carvão em todo território norte-americano.
China
Os investimentos em energia solar na China continuam a crescer. O país adicionou 7,21 gigawatts (GW) de capacidade instalada solar somente nos três primeiros meses deste ano e gerou 21,4 bilhões de quilowatts-hora (KWh) de eletricidade nesse período, um aumento de 80% em relação ao mesmo trimestre de 2016. A informação foi divulgada por meio de comunicado da Administração Nacional de Energia da China.

Do total adicionado, 4,78 GW representam projetos de utilidade pública e 2,43 GW de energia solar distribuída, por meio de mini e microgeração. O setor de geração distribuída é uma prioridade para o governo central chinês, que comemora o crescimento de 151% na modalidade em relação ao ano anterior. A capacidade solar fotovoltaica acumulada na China chegou a quase 85 GW.
(sunvoltenergiasolar)

Roteiro para 139 países alcançarem 100% de energias renováveis até 2050

Roteiro para 139 países alcançarem 100% de energias renováveis até 2050
“Assim como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, a Era do Petróleo chegará ao fim, não por falta de óleo”. - (Sheikh Ahmed-Zaki Yamani, 2000)
Uma equipe de pesquisadores, liderada pelo engenheiro ambiental da Universidade de Stanford, Mark Jacobson, lançou um roteiro para que 139 países possam alcançar a meta de 100% de energias renováveis até 2050. O plano leva em consideração as circunstâncias únicas de cada um dos países, que, no conjunto, representam 99% das emissões mundiais de dióxido de carbono.
Assim, os 139 países não foram escolhidos arbitrariamente, mas sim porque os dados disponíveis publicamente, através da Agência Internacional de Energia, mostram que eles representam quase 100% das emissões mundiais de dióxido de carbono.
Para desenvolver o roteiro, os pesquisadores primeiro analisaram cada país e analisaram a quantidade de recursos de energia renovável bruta que cada um produz e determinaram o número de geradores de energia eólica, água e energia solar, necessários para que esse país alcance 80% de dependência de energia renovável até 2030 e 100% até 2050.
Os pesquisadores também calcularam a quantidade de área de terra e telhado que tais fontes de energia exigiriam, bem como uma transição para renováveis poderia reduzir a demanda e os custos de energia de cada país. Além do setor de energia, a equipe também tomou em consideração as indústrias de transporte, aquecimento/refrigeração, industrial e agricultura/pesca/silvicultura de cada um dos 139 países.
Para Jacobson, além de eliminar as emissões e evitar o aquecimento global superior a 1,5º graus Celsius, a transição eliminaria 4 a 7 milhões de mortes por poluição atmosférica a cada ano e criaria mais de 24 milhões de empregos no longo prazo. Para o autor, a novidade do estudo é que examina não só os benefícios climáticos da redução de carbono, mas também os benefícios da redução da poluição do ar e os benefícios na geração de trabalho decente. O mundo poderia economizar mais de US $ 20 trilhões em custos de saúde e clima a cada ano.
Como cada um desses 139 países tem as suas próprias peculiaridades, os caminhos para 100% de energia renovável são únicos também. Por exemplo, as nações com maiores razões de terra-população, como os EUA, a União Europeia e a China, têm um caminho mais fácil a seguir para alcançar a independência renovável e podem atingir os 100% a um ritmo mais rápido do que os países pequenos, mas altamente povoados, cercados por oceanos, tais como Cingapura.

O roteiro é um instrumento muito útil para as 139 nações abarcadas pelo estudo e mostra o que é preciso fazer para alcançar esse objetivo e todos os desdobramentos dos benefícios indiretos que acompanham. Evidentemente, existem outros cenários, pois não há apenas uma maneira de fazer isso. Mas ter um cenário esboçado dá orientação às pessoas e aos países. O mérito do estudo é mostrar que é possível acelerar a transição para o vento, a água e sol como fontes de energia alternativa, eliminando a dependência dos combustíveis fósseis e poluidores.
Existe um acirrado debate nos EUA e no mundo sobre a viabilidade de uma matriz energética 100% renovável. Em 2015, quatro especialistas em energia, liderados também por Mark Jacobson, publicaram um artigo argumentando que é viável entregar soluções de baixo custo para o problema de confiabilidade da rede com 100% de penetração da WWS [água, vento e energia solar, até 2050.

Era uma afirmação ousada no momento. Mas, há poucas dúvidas sobre os impressionantes avanços nos últimos anos em energias renováveis, baterias, veículos elétricos e outras tecnologias habilitadoras fundamentais que permitem a descoberta geral de que podemos ter uma rede estável e quase sem carbono até meados do século – uma grade que também alimenta grande parte de nossas necessidades de transporte.
Contudo, 21 pesquisadores de energia publicaram uma refutação detalhada do artigo de Jacobson, dizendo que o trabalho usou ferramentas de modelagem inválidas e erros de modelagem, além de fazer hipóteses implausíveis e inadequadamente verificáveis. Jacobson e sua equipe respondem no mesmo jornal, rebatendo a réplica. O debate é bom para aprofundar a discussão. Contudo é preciso evitar o baixo nível do sectarismo e o estrelismo acadêmico.
O mundo precisa de uma revolução energética e as energias renováveis estão conquistando espaços crescentes. É preciso mais ação e menos bate-boca. Os perigos das mudanças climáticas não permitem discussões inúteis, mas sim o esforço coletivo para acelerar a transição da matriz energética.
A boa notícia é que o preço da energia solar já é menor que o de combustíveis fósseis. Um relatório do Fórum Econômico Mundial mostra a energia solar já é mais barata em 30 países e continua caindo. Este é um ponto de inflexão e de mutação, pois vai haver um desincentivo ao uso de fontes energéticas mais caras e mais sujas. As energias renováveis devem triunfar no longo prazo. Mas é preciso acelerar este processo.
A ONG 350.org está lançando um ambicioso projeto global: a campanha global Zero Fósseis, após o enorme sucesso da campanha pelo desinvestimento. A ideia é trabalhar em comunidades de todos os tipos para parar os projetos envolvendo carvão, petróleo e gás, tanto os novos quanto os já existentes, e dar apoio a políticas que gerem uma transição imediata rumo a 100% renovável e limpa, que beneficiaria a todos os seres vivos do Planeta.

Alcançar uma matriz energética 100% renovável é imprescindível e vai ocorrer de uma maneira ou outra porque os combustíveis fósseis são finitos. Mas a tarefa mais urgente é antecipar o futuro e avançar o mais rápido possível para o uso de energias de baixo carbono. (ecodebate)

Energia solar e eólica ganha espaço nos desembolsos do BNDES

Energia solar e eólica ganha espaço nos desembolsos do BNDES em 2017
Entretanto, especialistas demonstram preocupação com futuro dos empréstimos sustentáveis do banco público, que podem ser afetados pela efetivação da TLP, taxa semelhante às de mercado.
Sustentabilidade
As fontes de energia solar e eólica ganharam espaço nos desembolsos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) neste ano, enquanto os aportes em áreas tradicionais recuaram no confronto com 2016. Entre janeiro e setembro de 2017, R$ 5,851 bilhões dos “empréstimos verdes” foram destinados à rubrica de energias renováveis e eficiência energética, um incremento de 66% na comparação com iguais meses do ano passado. Com isso, o setor disparou na liderança entre os principais destinos dos recursos sustentáveis do banco, representando 60,8% dos aportes.
Já o transporte público de passageiros, área que recebeu R$ 2,451 bilhões entre janeiro e setembro de 2016, o equivalente a 24,8% do total, teve apoio bem menor em 2017. Durante os nove meses deste ano, apenas 9,8% dos recursos foram destinados ao ramo, que visa diminuir o uso de automóveis nas cidades do País. As hidrelétricas com mais de 30 Megawatts de potência instalada também receberam um incentivo menor do órgão público em 2017. Durante este ano, R$ 181 milhões foram emprestados para essa área, contra R$ 997 milhões em igual período do ano passado.
Para especialista consultado pelo DCI, a mudança dos desembolsos é positiva. “As hidrelétricas, apesar de serem fontes renováveis, trazem um risco maior para impactos sociais e ambientais, o que não ocorre com a energia solar”, afirma Guilherme Teixeira, analista da Sitawi, organização do âmbito de finanças sociais. A quantia total dos desembolsos “verdes” permaneceu praticamente estável entre 2016 e 2017. Em nove meses do ano passado, R$ 9,88 bilhões foram destinados ao setor, um pouco mais que os R$ 9,62 bilhões usados neste ano. Por outro lado, o empréstimo para a preservação florestal cresceu 3,4%, para R$ 359 milhões.
Impacto da TLP
A adoção da Taxa de Longo Prazo (TLP) pelo BNDES, que substituirá gradualmente a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), vai aproximar a tarifa utilizada pelo banco às empregadas pelo mercado. Na visão de Mauro Rochlin, professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), essa mudança pode prejudicar a preservação do meio ambiente no País. “Essa área de sustentabilidade traz externalidades positivas que muitas vezes não podem ser precificadas. Vai ser muito mais caro cuidar do meio ambiente no futuro se não fizermos isso agora”, diz.
Em evento realizado no mês passado, a diretora de energia, transporte socioambiental e saneamento do BNDES, Marilene Ramos, apresentou preocupação semelhante. Segundo ela, o incentivo do banco aos projetos sustentáveis tende a desaparecer com a entrada em vigor da TLP, dificultando a diferenciação entre projetos “verdes” e projetos “marrons”. Já Teixeira, da Sitawi, defende que seja criada uma alternativa para financiar os projetos sustentáveis durante a fase de transição para a TLP, que vai durar cinco anos.
Segundo ele, uma mudança interna no BNDES, como a redução do spread, poderia abrir espaço para esses empréstimos. Outra possibilidade, segue o entrevistado, é o uso de subsídio público, que precisaria ser aprovado pelo Congresso. Professora da faculdade de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Josilene Ferrer sugere outras opções. “Temos agências públicas estaduais, como a Investe SP, que também poderiam ampliar o fomento de projetos sustentáveis”, disse.
Outras áreas
Na comparação com nove meses de 2016, também recuaram os desembolsos do BNDES para melhorias agrícolas (-16,1%, para R$ 905 milhões) e destinado à gestão de água e esgoto (-26,2%, para R$ 395 milhões). (abraceel)

domingo, 24 de dezembro de 2017

Painel solar na agricultura aumenta produtividade acima de 60%

Agricultura com painéis solares pode aumentar a produtividade em mais de 60%.
Até agora, a área cultivada era designada para fotovoltaica ou fotossíntese, ou seja, para gerar eletricidade ou cultivar. Um projeto piloto agrofotovoltaico (APV) perto do Lago de Constança, no entanto, demonstrou que ambos os usos são compatíveis. O uso duplo da terra é eficiente em termos de recursos, reduz a concorrência pela terra e, adicionalmente, abre uma nova fonte de renda para os agricultores. Por um ano, o maior sistema APV na Alemanha está sendo testado na cooperativa agrícola Demeter Heggelbach.
No projeto de demonstração “Agrofotovoltaico – Uso de Terra Eficiente de Recursos” (APV-Resola) “liderado pelo Instituto Fraunhofer para Sistemas de Energia Solar ISE, os módulos solares para produção de eletricidade estão instalados diretamente acima de culturas que cobrem uma área de um terceiro hectare”. Agora, a primeira colheita solar de energia e produção foi coletada em ambos os níveis.
“O resultado do projeto do primeiro ano é um sucesso completo: o sistema agrofotovoltaico mostrou ser adequado para a prática e custa tanto como um pequeno sistema de telhado solar. A produção de culturas é suficientemente alta e pode ser vendida de forma rentável no mercado”, explica Stephan Schindele, gerente de projetos de agrofotovoltaica do Fraunhofer ISE.
“A agrofotovoltaica (APV) tem potencial para abrir novos espaços que são urgentemente necessários para a expansão do PV na Alemanha. Ao mesmo tempo, a APV pode mitigar os interesses conflitantes entre a agricultura e os sistemas fotovoltaicos de espaço aberto para terras viáveis. Antes da disponibilidade do mercado, no entanto, outros setores e sistemas de tamanho diferente ainda precisam ser testados. Além disso, a integração técnica deve ser avançada, por exemplo, a implementação do armazenamento”, observa o Prof. Hans-Martin Henning, Diretor do Instituto do Fraunhofer ISE.
O trigo de inverno, as batatas, o celeríaco e o trevo foram as primeiras culturas a serem testadas. A orientação sudoeste e a distância extra entre as linhas de cinco metros de altura dos módulos fotovoltaicos de vidro bifacial garantiram que as culturas estavam expostas à radiação solar uniforme.
O sombreamento do módulo solar reduz o rendimento das culturas, mas o saldo total é positivo.
Os resultados da primeira colheita foram, na sua maioria, promissores. “O rendimento de capim do capim do trevo na plataforma fotovoltaica foi apenas 5,3 % menos do que o plano de referência”, informa o Prof. Petera Högy, especialista em agricultura da Universidade de Hohenheim. As perdas de rendimento para batatas, trigo e celíacos são entre 18 a 19% e, portanto, um pouco maior.
“Do ponto de vista da ciência agrícola, a agrofotovoltaica é uma solução promissora para aumentar a eficiência do uso da terra e a parcela de energia renovável fornecida pelo setor agrícola”, ressalta a Prof. Iris Lewandowski, Chefe do Departamento de Produtos Biobased e Culturas Energéticas, Universidade de Hohenheim.
Os especialistas concordam que, no entanto, é importante reunir mais experiência nos próximos anos e analisar outras culturas antes de chegar a conclusões finais.
Arranjo solar tem produção acima da média
Os módulos solares bifaciais 720 produzem eletricidade solar não apenas na parte da frente, mas também na parte de trás dos módulos fotovoltaicos com radiação solar refletida pelos arredores. Sob condições ambientais favoráveis, por exemplo, cobertura de neve, um rendimento de eletricidade adicional de vinte e cinco por cento pode ser alcançado. Do ponto de vista energético, o princípio da dupla utilização da agrofotovoltaica é muito mais eficiente do que apenas plantar culturas energéticas, contabilizando, afinal, 18 por cento do uso da terra agrícola na Alemanha.
Com uma potência instalada de 194 quilowatts, a matriz fotovoltaica pode fornecer 62 casas de quatro pessoas com eletricidade. Nos primeiros doze meses, a matriz produziu eletricidade de 1266 quilowatts-hora por quilowatt instalado, um terço do que o valor médio de 950 kWh / kW na Alemanha.
A produção de energia do campo experimental corresponde bem à carga de fazenda diária. Cerca de 40% da eletricidade produzida na fazenda foi usada diretamente para carregar os veículos elétricos e processar as colheitas colhidas.
No verão, a demanda de carga poderia ser quase completamente atendida pelo sistema fotovoltaico. Thomas Schmid e os outros agricultores de Demeter pretendem aumentar o seu autoconsumo até 70 por cento, otimizando o comportamento de consumo e instalando um sistema de armazenamento de eletricidade.
A eletricidade PV excedente é alimentada na Elektrizitätswerke Schönau, uma empresa de serviços elétricos com base em energia 100% renovável e parceira no projeto.
A eletricidade produzida pela planta Agrofotovoltaico é tanto autoconsumida quanto alimentada na rede.
Projeto Agrofotovoltaico – Uso de Terra Eficiente de Recursos (APV Resola)
Uma vez que a ideia da agrofotovoltaica foi iniciada pela primeira vez pelo Prof. Adolf Goetzberger, que fundou o Fraunhofer ISE em 1981, várias grandes instalações APV foram instaladas em todo o mundo. Por outro lado, apenas algumas dessas plantas APV são designadas como sites de pesquisa.
No projeto “APV Resola”, os pesquisadores estão investigando os aspectos econômicos, técnicos, societários e ecológicos da tecnologia em uma planta piloto em condições reais pela primeira vez. O projeto de pesquisa é apoiado por fundos do Ministério Federal Alemão da Educação e Pesquisa (BMBF) e da Pesquisa para o Desenvolvimento Sustentável (FONA).
O objetivo do projeto é desenvolver a tecnologia do sistema APV em um produto pronto para o mercado. “Para fornecer a prova de conceito necessária antes da entrada no mercado, precisamos comparar outras aplicações técnico-econômicas da APV, demonstrar a transferibilidade para outras áreas regionais e também realizar sistemas maiores”, explica Stephan Schindele.
Por exemplo, diferentes aplicações possíveis devem ser exploradas em combinação com frutas, frutos do mar, lúpulo e lavouras e com as várias tecnologias, tais como armazenamento de energia, filmes especiais com células solares orgânicas e sistemas de tratamento de água solar fotovoltaica.
“Além do investimento da indústria e da política de pesquisa, as medidas políticas apropriadas que apoiam a tecnologia são de vital importância para uma entrada bem sucedida no mercado”, acrescenta Stephan Schindele. Já em 2014, Fraunhofer ISE e Wuppertal Institute. (ambienteenergia)

Energia solar residencial chega a 16 mil unidades no Brasil

Geração residencial de energia solar chega a 16 mil unidades no Brasil.
A geração “caseira” de energia solar virou um negócio grande no Brasil. O número de sistemas geradores instalados em residências, comércios e indústrias vem crescendo em ritmo acelerado e já chega a 16.311 unidades capazes de gerar 182 MW – o equivalente a uma hidrelétrica de médio porte –, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com estudo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o crescimento da microgeração distribuída é impulsionado por três fatores principais: a redução de mais de 75% no preço da energia solar fotovoltaica; o aumento de mais de 50% nas tarifas de energia elétrica nos últimos dois anos; e um aumento na consciência e responsabilidade socioambiental dos consumidores.
As razões do aumento do número de “prosumidores”
A expansão do número de “prosumidores” – o consumidor de energia elétrica que também é produtor de energia – ganhou força nos últimos anos.
A primeira regulação sobre a instalação de minicentrais de energia de forma não centralizada (ou seja, nas próprias unidades consumidoras de energia) foi publicada em 2012, e apenas há dois anos, em 2015, avanços na regulação do tema permitiram uma real expansão do número de unidades.
Entre esses fatores estava a possibilidade de o consumidor recolher o imposto somente sobre a energia líquida consumida, ou seja, a diferença entre o que ele produziu e entregou para a rede de distribuição e o que ele precisou receber da rede, em momentos sem sol ou de noite.
A possibilidade de guardar créditos com a energia entregue para a rede para abater na conta de luz no futuro ou de usar esses créditos na conta de luz de outras unidades geradoras também só foi pensada em 2015.
A queda nos juros de financiamento e aumento no preço da energia das distribuidoras também ajudou a tornar mais atraentes os investimentos para instalação das placas e sistemas inteligentes, com retorno do investimento mais rápido.
Mineiros e gaúchos estão na frente na produção “caseira” de energia
Dos 182 MW gerados por consumidores em todo o país atualmente, quase 40% são instalações em consumidores comerciais (2.500 unidades). A classe residencial é a segunda mais expressiva, com 30% da potencia total gerada (em 12,7 mil unidades). Outros 18% estão na indústria, e o restante se divide em instalações rurais e no poder público.
Por estado, Minas Gerais é disparado o que tem mais potencia instalada em unidades de geração distribuída, com 40,8 MW. Rio Grande do Sul é o segundo estado com maior potência (22 MW), seguido por Ceará (21 MW) e São Paulo (18 MW).
A geração distribuída (GD) ainda tem muito espaço para crescer no Brasil. O potencial técnico da geração distribuída solar fotovoltaica que já foi parcialmente mapeado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) representa mais de 164 gigawatts (GW) considerando apenas os telhados de residências.
Para a Absolar, se esse potencial fosse atingido, a energia elétrica gerada seria capaz de abastecer 2,3 vezes toda a demanda residencial do país.
Lei precisa ser alterada para atender ao novo momento
Mas há ainda entraves para a expansão da geração distribuída e o Ministério de Minas e Energia vem considerando mudanças na regulação desse assunto. Na reforma do setor elétrico que está sendo preparada pelo governo, são citados como novos desafios do setor os Recursos Energéticos Distribuídos (RED), que incluem a geração solar de pequena escala, armazenamento e carros elétricos.
O crescimento dessas unidades pode influenciar a formação dos custos de energia no futuro, implicando em desafios para os contratos de compra e venda de energia de longo prazo, por exemplo. Também é preciso pensar nas tarifas de transmissão e distribuição de energia.
Outro ponto importante que ainda precisa ser equacionado é a possibilidade das unidades geradoras entrarem para o mercado de venda de energia, o mercado livre.
Equilíbrio entre benefícios e obrigações
Cristopher Vlavianos, presidente da comercializadora de energia Comerc, aponta que a reforma do setor elétrico precisará pensar nesses pontos. Além disso, para expandir a geração distribuída, será preciso buscar a dosagem ideal entre incentivos e obrigações, de forma a não espantar o usuário mas também sem deixar a conta de transmissão para outros pagarem.
Você tem um consumidor que vai colocar uma placa solar na casa dele e ele vai compensar parte de seu consumo. Mas quem está com a placa solar exportando energia de dia, de noite estará usando o fio da rede distribuidora.
Ele usa o fio da distribuidora e não está pagando. “A consulta pública pensa em se ter uma tarifa binômia, para você não ter um desbalanço em relação à infraestrutura que a distribuidora investe”, afirmou.
Na tarifa binômia, a conta de luz mostra separadamente as tarifas de consumo de energia elétrica e a demanda de potência, independentemente das horas de utilização do dia. Isso perrmite cobrar mais de quem utiliza mais a rede. Como se, numa estrada, os caminhões pagassem mais pedágio que as motos.
Vlavianos também avalia que cada vez mais será uma realidade a comercialização de energia pelos “prosumidores”. Mas ele destaca que é preciso mudar três pontos na forma como se calcula os custos de energia e as tarifas.

Além de considerar a tarifa binômia, separando o custo com uso do fio e a energia, também é preciso adotar a tarifa branca (tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia) e conseguir computar o valor de cada fonte de energia de forma sazonal, de hora a hora, de forma a estimular o gerador que tem flexibilidade para começar a gerar e parar. (ambienteenergia)