quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O que é reciclagem energética?

A reciclagem energética é a tecnologia de transformação de resíduos em energia térmica e/ou elétrica.
Aqueles resíduos que já não podem ser reutilizados e reciclados física, biológica, ou quimicamente, são indispensáveis na reciclagem energética, pois promovem a combustão. Dessa forma, eles são substitutos ao óleo diesel e ao óleo combustível, o que possibilita a diminuição na exploração de combustível fóssil, não renovável.
Dentre os resíduos que podem ser utilizados na reciclagem energética, estão os restos de alimentos, materiais higiênicos descartáveis, plásticos, entre outros.
Entretanto, o material descartado mais viável para a reciclagem energética é o plástico. Por ser derivado do petróleo, o plástico possui um alto poder calorífico, o que viabiliza sua utilização na produção energética.
A energia média contida em um quilo de plástico, por exemplo, tem o poder energético de um quilo de óleo diesel!
As misturas de plástico encontradas em lixões e aterros urbanos possuem poder combustível de cerca de nove mil BTUs (unidade térmica britânica) por quilo de resíduo (BTUs/kg). Por outro lado, os materiais plásticos separados por categoria podem apresentar valor combustível até 42 mil BTU/kg de resíduo - valor energético bem vantajoso se o comparado à madeira seca, por exemplo, que apresenta um valor combustível de até 16 mil BTU/kg; ao carvão, que possui um valor combustível de 24 mil BTU/kg e ao petróleo de refino, com 12 mil BTU/kg de valor combustível.
Como funciona
A energia elétrica e/ou térmica é obtida a partir da utilização do vapor resultante da queima dos resíduos.
Esse vapor movimenta as pás ligadas a um eixo (turbina). E é esse movimento (energia cinética) causado pelo vapor que é utilizado para gerar energia elétrica. No caso dos plásticos, são produzidos cerca de 650 quilowatt-hora (kWh) de energia por tonelada de resíduo. Isso acontece porque o movimento giratório produzido pelo eixo da bobina altera o fluxo do campo magnético dentro do gerador e, com a alternância no fluxo do campo magnético, é produzida a energia elétrica.
A decomposição térmica dos resíduos plásticos ocorre num forno a temperatura de 950°C e a oxidação dos gases da combustão ocorre por cerca de dois segundos a mais de 1000°C.
As cinzas que são produzidas no processo podem utilizadas na construção civil.
No processo em si não há geração de efluentes líquidos, pois as águas de lavagem são neutralizadas e novamente utilizadas.
Os gases poluentes exauridos da caldeira são tratados no sistema de lavagem e de purificação de gases, restando apenas vapor e monóxido de carbono em quantidades insignificantes.
A sucata plástica não reciclada química ou mecanicamente também pode ser utilizada em fornos de siderúrgicas no lugar do carvão pulverizado e do óleo, também caracterizando uma reciclagem energética.
No mundo
A introdução das primeiras usinas de reciclagem energética (UREs) se deu em 1980, com implantação em países como o Japão e Europa. Atualmente esse tipo de tecnologia está presente em cerca de 30 países.
Na Alemanha, por exemplo, foram abolidos os aterros sanitários, dando lugar às usinas de reciclagem energética (UREs). E na Noruega já está havendo escassez de resíduos sólidos para utilização em suas UREs, sendo necessária a importação de países vizinhos.
De acordo com relatório da International Solid Waste Association (ISWA), o método de reciclagem que mais cresceu no mundo foi o energético, passando de US$ 1,5 bilhão em 2008 para US$ 11,5 bilhões em 2013
No Brasil, atualmente, a única URE é experimental e fica no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Usina Verde.
Legislação
Na Política Nacional de Resíduos Sólidos está prevista a reciclagem energética como uma das destinações possíveis aos resíduos sólidos.
Vantagens
Na reciclagem energética, diferentemente de outros processos de reciclagem, não é necessário tratamento prévio dos materiais. Isso caracteriza a reciclagem energética também como um método de higienização, eliminando agentes biológicos nocivos à saúde, por exemplo.
Outras vantagens das URE são o tamanho reduzido da planta e o baixo ruído de operação, que possibilitam a instalação em áreas urbanas.
Sendo assim, se torna possível reduzir os gastos logísticos que seriam destinados ao transporte de resíduos sólidos para outras regiões/cidades.
Além disso, as UREs, apesar de gerarem resíduos nocivos em sua produção, não são emitidos para o meio ambiente, como explicado anteriormente.
Desvantagens
A reciclagem energética é o processo de reciclagem mais custoso de todos, por isso deve ser empregada apenas quando não for viável o emprego dos outros tipos de reciclagem.
No caso das siderúrgicas, ainda não existe a cultura de processamento de resíduos plásticos, sendo necessário criar incentivos para tal.
Outro aspecto importante é a garantia do fornecimento de sucata plástica (mais viável energeticamente) tanto às siderúrgicas quanto às UREs, sendo necessário criar uma estrutura logística que agilize a coleta e o transporte dos resíduos plásticos desde os pontos de sua geração até essas usinas.
Novamente em relação às usinas siderúrgicas, outra desvantagem é que a incineração de plásticos do tipo PVC libera cloro. E este, por sua vez, acaba sendo contaminado no próprio processo da usina e adquire potencial corrosivo, causando danos às tubulações e aos queimadores.
Por que utilizar?
O modelo acumulativo da gestão de resíduos sólidos é insustentável e, atualmente, já não há praticamente viabilidade para construção de aterros sanitários. O que acaba acontecendo muitas vezes é a formação ilegal de lixões, infelizmente.
Nesse contexto, mesmo sendo empregados todos os outros tipos de reciclagem (química, física, biológica) ainda há sobras de resíduos, e é aí que a reciclagem energética pode atuar, tanto nas UREs quanto nas usinas siderúrgicas.
Destinando resíduo corretamente

Para descartar seus resíduos recicláveis corretamente consulte os postos de reciclagem mais próximos de você. (ecycle)

Nenhum comentário: