sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Setor energético brasileiro trabalha para cumprir Agenda 2030

Estudo inédito mostra como as empresas do setor de energia no Brasil estão trabalhando para cumprir a Agenda 2030.
A Rede Brasil do Pacto Global, em parceria com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP) e a PUC-SP, lança os primeiros resultados de um estudo inédito sobre como as empresas do setor de energia no Brasil estão trabalhando para cumprir a Agenda 2030.
Dados preliminares mostram que 65% das empresas participantes – 20 empresas do setor elétrico brasileiro – já consideram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em sua estratégia de negócios no alinhamento de boas práticas. Além disso, os ODS 7 (Energia limpa e acessível) 9 (Indústria, inovação e infraestrutura) e 12 (Consumo e produção responsáveis) aparecem como os mais relevantes.
A iniciativa “Integração dos ODS no Setor Elétrico Brasileiro” foi idealizada pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), CPFL Energia e Enel, e é liderada pelo GT de Energia & Clima, que conta atualmente com 44 representantes de empresas e organizações de diferentes setores. O apoio técnico veio da FEA-USP.
O então Gerente de Sustentabilidade da CPFL, Carlo Pereira, a responsável pela área de Planejamento de Sustentabilidade e Gestão de Stakeholders da Enel no Brasil, Ana Paula Caporal, e a professora da USP Adriana Caldana apresentaram o projeto que foca a inserção dos ODS na estratégia dos negócios do setor elétrico – um exemplo de parceria e engajamento de empresas e organizações de um mesmo setor.
A pesquisa foi feita durante os meses de abril a junho de 2017. “Já havíamos feito um estudo sobre o tema para a CPFL, que sugeriu que o estendêssemos às demais participantes do GT de Energia e Clima e posteriormente a toda a área de energia do Brasil”, conta Adriana Caldana. “Tivemos um bom número de participantes, o que gerou uma ótima análise do setor”, completa. “O estudo ajudou a disseminar os ODS e gerar uma discussão saudável sobre o valor da Agenda 2030 para o setor”, diz a professora.
Além da pesquisa, a Rede Brasil do Pacto Global organizou dois workshops sobre o tema, um em 20 de setembro e outro no dia 30 de novembro, este último focado na construção da matriz ODS ideal para os setores de geração e de transmissão/ distribuição, o que apontará oportunidades e desafio para o setor.
Para o Diretor de Sustentabilidade da CPFL Energia, Rodolfo Sirol, a implementação da Agenda 2030 ainda é um desafio e exige mudanças de paradigmas na gestão pública e privada. “Isso engloba desde uma mudança na linguagem e a necessidade de atuação em parcerias até o desdobramento dos compromissos assumidos em políticas, metas e alocação de recursos que beneficiem a população brasileira”, diz.
“Ao mesmo tempo, ela representa uma grande oportunidade para que as empresas façam parte da solução de problemas globais, explorem novos mercados e criem novos produtos e serviços que ajudem os seus países a atingirem os ODS. É a chance de todos nós falarmos uma linguagem global e trabalharmos numa causa em parceria”, completa.
Troca de experiência
Para Ana Paula Caporal, o estudo é uma ótima oportunidade de aprendizado e troca com as outras empresas do setor de energia. “Os ODS estão de fato na estratégia global de sustentabilidade da Enel. A empresa, no lançamento da Agenda 2030 na ONU, apresentou seu compromisso formal assumido por nosso CEO, Francesco Starace, que incluiu nossas metas quantitativas relacionadas diretamente com os ODS 4 (Educação de qualidade), ODS 7 (Energia limpa e acessível), ODS 8 (Trabalho decente e crescimento econômico) e ODS 13 (Combate às mudanças climáticas).
“Além desses, todo plano estratégico do grupo foi desdobrado nos 17 ODS, onde demonstramos que todos da companhia trabalham diretamente ou indiretamente para essa agenda global”, contou.
Na pesquisa, as empresas identificaram os ODS mais desafiadores de serem internalizados em suas ações, assim como citaram cases de sucesso de implementação. “Um de nossos objetivos com a análise é justamente criar um modelo que inspire outros setores, além de influenciar em uma agenda pública”, explica Carlo Pereira.
Uma das grandes entregas deste estudo são as matrizes de materialidade que mapearam quais os ODS mais relevantes para o setor quanto aos impactos e oportunidades (links para download abaixo). Pela diferença de foco entre as várias empresas que participaram do levantamento, foram produzidas duas matrizes de impacto/oportunidades dos ODS para o setor – uma para as empresas com atividades concentradas em formas de geração de energia elétrica e outra reunindo as empresas focadas em distribuição e transmissão.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável mais relevantes
Conforme já esperado, o ODS 7 (Energia limpa e acessível) foi elencado em primeiro lugar por todas as empresas participantes do estudo, tanto como oportunidades de negócios para o setor, como quanto aos impactos que este setor tem para o atingimento deste ODS.
No que se refere à matriz de distribuição e transmissão, ainda aparecem com forte destaque os ODS 9 (Indústria, inovação e infraestrutura), ODS 12 (Consumo e produção responsáveis) e o ODS 8 (Emprego digno e crescimento econômico).
Já entre os listados como de menor relevância para as empresas de distribuição e transmissão ficaram os ODS 1 (Erradicação da pobreza), ODS 2 (Fome zero e agricultura sustentável) e ODS 14 (Vida na água).
Já as empresas ligadas à geração apontaram o ODS 7 em primeiro lugar quanto aos impactos que estas empresas causam, mas quanto às oportunidades de negócios o ODS 9 foi apontado como o de maior relevância para este subgrupo.
Ainda foram destaque desta matriz geração, registrando elevado impacto e oportunidade, o ODS 13 (Alterações climáticas) e o ODS 12 (Consumo e produção responsáveis). Os ODS 14 (Vida na água), ODS 15 (Vida sobre a Terra) e ODS 16 (Paz, justiça e instituições fortes) foram os que apresentaram menor grau de relevância nesta matriz. (ambienteenergia)

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