Uma das principais fontes de energia no mundo, o
carvão pode deixar de alimentar os fornos de usinas de 20 países até 2030.
Trata-se do compromisso firmado pela Aliança para o Abandono do Carvão,
anunciada ontem, durante a Conferência do Clima da Organização das Nações
Unidas (COP 23). Canadá e Reino Unido encabeçam a iniciativa, que conta com o
apoio de Bélgica, Dinamarca, Holanda, Etiópia, El Salvador, Finlândia, França,
Itália, Ilhas Marshall, Portugal e México, entre outras nações.
Curiosamente, estados americanos, como Havaí,
Califórnia, Nova York, Oregon e Washington, fazem parte do grupo. O presidente
Donald Trump alega que medidas de incentivo a fontes alternativas de energia e
de redução da emissão de gases do efeito estufa prejudicam os interesses
energéticos de seu país. Por esse motivo, retirou os Estados Unidos do Acordo
de Paris, cujo livro de regras, com informações sobre como cada país cumprirá o
pacto, por exemplo, está sendo discutido nesta edição da conferência.
Líder climático mundial, Mohamed Adow avalia que a
iniciativa é um grande recado ao presidente norte-americano. "É uma
refutação a Donald Trump vinda do Reino Unido e do Canadá, dois dos aliados
mais próximos dos Estados Unidos, para mostrar que sua obsessão por energia
suja não se disseminará", disse. Outros grandes usuários do material
fóssil — China, Alemanha e Rússia — não se filiaram à aliança. Mas a
expectativa do grupo é de que eles cheguem a 50 membros até a próxima conferência
climática da ONU, que será realizada em 2018, na cidade polonesa de Katowice,
uma das mais poluídas da Europa.
A aliança foi anunciada
pouco depois de dois eventos emblemáticos sobre o uso do carvão na COP 23. O
governo dos Estados Unidos e representantes de empresas de energia realizaram
um evento, paralelo à conferência, a fim de promover os "combustíveis
fósseis e a energia nuclear na mitigação climática". Manifestantes
contrários à iniciativa invadiram o local e comprometeram a realização das palestras
por ao menos uma hora.
Ao abrir as negociações ministeriais da
conferência, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, advertiu que não será
possível para o planeta manter um futuro baseado em combustíveis de origem
fóssil. "Temos que parar de apostar em um futuro insustentável, que coloca
em risco nossas economias e sociedades (%6) Em 2016, foram investidos US$ 825
bilhões em combustíveis de origem fóssil e setores de alta emissão de gases do
efeito estufa, mas essas emissões são as que provocaram efeitos catastróficos
no planeta", justificou.
Anfitriã da COP 23, a
Alemanha admite que o abandono do carvão não é fácil para o país, que obtém 40%
de sua eletricidade por meio dessa fonte de energia. "Há grandes conflitos
em nossa sociedade, e temos que resolvê-los de forma razoável. É por isso que
as discussões são duras", justificou a chanceler Angela Merkel. O Brasil
não se pronunciou oficialmente sobre a Aliança para o Abandono do Carvão. No
país, o material é responsável por 3,61% da matriz energética, segundo a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No mundo, de acordo com a Agência
Internacional de Energia, 40% da produção de energia do vêm do carvão mineral,
cuja queima emite quase um terço do gás carbônico na atmosfera. (udop)
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