“O futuro
será renovável, ou não haverá futuro”
A 23ª Conferência das
Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP23), em Bonn, começou no dia
06 de novembro e tem agenda de atividades até 17/11/2017. Ela ocorre depois do
anúncio da saída dos EUA do Acordo climático global. A principal missão do
evento é avançar no desenho das regras para implementar o Acordo de Paris.
Embora aconteça na Alemanha, é a primeira COP presidida por uma nação insular
do Pacífico, Fiji, que junto com outras nações insulares, estão ameaçadas de
naufragar e desaparecer em função do aquecimento global que provoca o aumento
do nível do mar.
Acontece que as
promessas feitas em Paris (INDCs), visando restringir as emissões de gases de
efeito estufa até 2030, só fornecerão um terço dos cortes necessários para
colocar o mundo no caminho para manter o aquecimento abaixo dos prometidos 2ºC.
A promessa de 1,5ºC é praticamente inviável, conforme mostra um relatório do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, divulgado antes da COP23.
O Brasil está na
contramão do Acordo de Paris. O país emitiu no ano passado 2,278 bilhões de
toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), contra 2,091
bilhões em 2015. Trata-se de 3,4% do total mundial, o que mantém o Brasil como
sétimo maior poluidor do planeta. O Brasil continua desmatando, investindo em
combustíveis fósseis e fazendo pouco para avançar com a energia solar, que é a
líder do avanço das energias renováveis.
Não existe segredo. Para
manter o aquecimento global abaixo de 2ºC é preciso fazer uma transição
energética global para uma rede elétrica 100% renovável. Esta tarefa que
parecia um sonho distante, é totalmente viável como diz a pesquisa publicada
pela Universidade de Tecnologia de Lappeenranta (LUT) e Energy Watch Group
(EWG). O estudo apresentado em 08/11/17, durante a COP23, mostra que a
eletricidade 100% renovável não é uma possibilidade utópica, mas um potencial
atual e real.
As tecnologias já
existem, de acordo com os autores do estudo que afirmam que o potencial de
energia renovável existente e as tecnologias (incluindo o armazenamento) já
podem gerar energia suficiente e segura para cobrir toda a demanda global de
eletricidade até 2050. Atualmente, os combustíveis fósseis são responsáveis por
mais de dois terços da oferta energética do setor elétrico. A transição para
100% renovável seria liderada pela energia solar fotovoltaica (PV) e
armazenamento de bateria – representando 69% da matriz energética total em
2050, seguida de vento com 18%, hidrelétrica com 8% e bioenergia com 2%
(conforme mostra o gráfico acima).
Os principais
resultados, conforme estabelecido no estudo, são os seguintes:
• O potencial e as
tecnologias de energia renovável existentes, incluindo o armazenamento, podem
gerar energia suficiente e segura para cobrir toda a demanda global de
eletricidade até 2050. Estima-se que a população mundial cresça de 7,3 para 9,7
bilhões de habitantes. A demanda global de eletricidade para o setor de energia
deve aumentar de 24.310 TWh em 2015 para cerca de 48.800 TWh até 2050.
• O custo total nivelado
de eletricidade (LCOE) em uma média global de energia 100% renovável em 2050 é
de € 52/MWh (incluindo redução, armazenamento e alguns custos de grade), em
comparação com € 70/MWh em 2015.
• Devido à rápida queda
dos custos, a energia solar (PV) e o armazenamento de baterias impulsionarão a
maior parte do sistema elétrico.
• As baterias são a
principal tecnologia de suporte para PV solar. A produção de armazenamento
abrange 31% da demanda total em 2050, dos quais 95% são cobertos apenas por
baterias. O armazenamento de bateria fornece principalmente armazenamento
diurno, e o gás à base de energia renovável fornece armazenamento sazonal.
• As emissões globais de
gases de efeito estufa reduziriam significativamente, de cerca de 11 GtCO2eq
em 2015 para zero emissões em 2050 ou mais cedo.
• A transição da matriz
energética global para um sistema de eletricidade 100% renovável tem o
potencial de criar 36 milhões de empregos até 2050 em comparação com 19 milhões
de empregos no sistema elétrico de 2015.
• As perdas totais em um
sistema elétrico 100% renovável são cerca de 26% da demanda total de
eletricidade, em comparação com o sistema atual em que cerca de 58% da entrada
de energia primária é perdida. (ecodebate)
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