Para a EPE, tecnologia poderá
encontrar espaço no Brasil, mas ainda esbarra na falta de competitividade.
O investimento em usinas
solar sobre espelhos d’água chega a ser 18% maior do que a produção
fotovoltaica em terra, destaca nota técnica divulgada pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), com base em dados compilados de um estudo realizado pelo
World Bank Group (2019). A diferença de custo é devido à estrutura flutuante
(incluindo sistema de fixação e ancoragem) e à operação e manutenção. Pesquisas
internacionais apontam que os flutuadores representam até 25% do custo total do
projeto.
“Considerando o maior custo
de instalação, o custo da geração das FVF não parece competitivo neste momento.
É necessário monitorar se, com o crescimento do número de instalações no mundo,
os custos de estrutura serão reduzidos até um nível em que haja
competitividade”, conclui a EPE em nota técnica sobre usinas flutuantes,
divulgada nesta semana.
As usinas solares flutuantes
estão em expansão no mundo. De acordo com estudos do Banco Mundial (2019),
estima-se um potencial de capacidade instalada em reservatórios de 4.000 GW no
mundo, se considerar 10% de utilização de uma área total disponível 404.454 Km2 localizados em diversos lugares do globo.
O estudo verificou um salto
de 528 MWp em capacidade instalada em 2017 para 1.314 MWp em 2018 no mundo. A
projeção para os próximos anos prevê incrementos da ordem de 1.500 MWp por ano
até 2022. Estima-se que o potencial brasileiro possa ser de até 4.519 GWp,
utilizando reservatórios de hidrelétricas, com uma geração de 4.443 TWh por
ano.
Segundo a EPE, o avanço da
tecnologia se deu em lugares onde havia restrições de terra, porém, no Brasil,
a escassez de áreas para a implantação desses projetos não é considerada uma
questão particularmente relevante. “De fato, regiões onde existe escassez de
terra, outros usos do solo e o custo de aquisição ou arrendamento de terras são
mais elevados, sob a ótica de viabilidade econômica, podem ser locais mais apropriados
à fotovoltaica flutuante.”
No entanto, existem no Brasil
diversos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para testar a
viabilidade de usinas flutuantes. A maior em operação no país se encontra no
reservatório da hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia. A primeira etapa foi
inaugurada em julho de 2019, com 1 MWp. A segunda etapa ficará pronta neste
ano, totalizando 2,5 MWp. Encontra-se em fase de projeto uma usina no
reservatório da hidrelétrica de Balbina, também com 2,5 MWp, no Amazonas. Outras
usinas menores estão instaladas em Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Para a EPE, não há
impedimentos regulatórios no setor elétrico para esse tipo de tecnologia,
inclusive para participação nos leilões de energia promovidos pelo governo,
ainda que nenhum projeto desse tipo tenha sido cadastrado pela entidade.
(canalenergia)
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