Após
se consolidar como uma das principais empresas no mercado de tecnologia 5G, a
Huawei quer dar o próximo passo. A gigante chinesa está de olho no cobiçado
setor de energia solar, que deve se tornar nos próximos anos, diante da busca
internacional por energia limpa e sustentável, o motor das principais economias
no mundo.
Em
entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o engenheiro e especialista Rodrigo
Lopes Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(ABSOLAR), afirmou que este é um movimento natural entre as maiores empresas do
setor de energia.
Segundo
ele, "isso acontece em função dos ganhos de competitividade da energia
limpa, e também como uma solução para as questões climáticas e ambientais que o
mundo enfrenta. Há uma pressão crescente neste sentido, de consumidores,
investidores e governos. Esse movimento é, hoje, uma tendência
internacional".
A
respeito da participação chinesa no mercado brasileiro, Rodrigo Lopes destacou
que a "China hoje é o pais que mais investe em novas tecnologias".
Apesar
da chegada da Huawei neste segmento de energia sustentável, o Brasil possui uma
trajetória recente quando o assunto é produção de eletricidade limpa.
"Essa
virada de competitividade da energia solar, aliada com suas características
sustentáveis e ambientais, produz um efeito positivo na fonte, e conferindo-lhe
um grande potencial para investidores", afirmou Rodrigo Lopes.
Em
sua entrevista, o presidente da ABSOLAR fez elogios ao recente mercado de
energia solar brasileiro: "temos um crescimento neste setor apesar da
pandemia, um crescimento de 47%, o que mostra a nossa resiliência. A meta do
Brasil é estar entre os dez maiores países em energia solar. O Brasil tem total
condição de cumprir este papel, mas é preciso correr atrás do atraso",
concluiu.
O atraso ao qual o especialista se refere diz respeito também às tecnologias que são lançadas concomitante ao desenvolvimento das fontes de energia limpa. Segundo informações publicadas pela Agência Brasil, a Huawei pretende apresentar em novembro ao mercado brasileiro a bateria Luna 2000, voltada para clientes residenciais. O objeto consiste em um design modular com capacidade de até 30 kwh, com módulos de 5 kwh cada. A Luna 2000 será feita de fosfato de ferro-lítio, normalmente usado em veículos elétricos.
Estação de painéis de energia solar nos EUA.
Avião suíço SolarStratos, movido a energia solar, para voos à estratosfera.
Manutenção de baterias solares no norte da Espanha.
Usina de Energia Eólica (UEE) em Icaraí, no Ceará (CE).
Turbinas da Usina Nuclear Angra 2, em Angra dos Reis/RJ.
Usina Hidrelétrica de Belo Monte em Vitória do Xingu/PA.
Ainda
de acordo com a publicação, a Huawei prevê para primeiro semestre de 2021 o
lançamento de baterias para aplicações comerciais, incluindo em grandes usinas
de geração centralizada. A empresa chinesa garante que as soluções com o
advento das baterias podem, por exemplo, incluir o fornecimento de energia para
regiões remotas que não fazem parte do sistema elétrico interligado, como a
Amazônia, onde muitas vezes a energia é gerada por usinas térmicas caras e
poluentes.
Para
o professor da faculdade de engenharia da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UERJ), Allan Cascaes, em conversa com a Sputnik Brasil, "a
participação dos chineses é extremamente benéfica. Esse é um mercado em
crescimento no Brasil, e a participação da Huawei é uma indicação positiva, um
estímulo para que outras empresas também demonstrem interesse".
O
professor também destacou em seu argumento a oportunidade que vislumbra no
horizonte para o Brasil: construir usinas de grande porte, e limpas, com os
investimentos do mercado asiático, em especial a Huawei. A empresa chinesa é
dona, atualmente, de 30% do mercado de energia solar no Brasil.
Segundo
Allan Cascaes, "com ao lançamento das baterias chinesas, podemos reduzir o
custo das plantas de usinas solares. O crescimento das plantas solares vai
reduzir a energia gerada por outros meios que não sejam limpos".
O
funcionamento do sistema de energia solar fotovoltaica baseia-se na utilização
de painéis solares que captam a luz e, por meio do efeito fotovoltaico, geram
energia elétrica. Com advento e a popularização das baterias, Allan Cascaes
garante haverá um crescimento na demanda por energia solar no Brasil.
Segundo ele, "baterias são fundamentais para produção de energia solar. A energia nas residências é mais utilizada a noite, quando não há mais sol. Se conseguirmos armazenar energia nessas baterias, e a um custo mais baixo, será uma grande contribuição para expansão da energia solar no Brasil".
O especialista Rodrigo Lopes Sauaia também falou sobre o assunto das baterias, e pontou que "a energia solar fotovoltaica será cada vez mais versátil para os consumidores. Um exemplo são os veículos elétricos, compatíveis com a energia solar, limpa, renovável e produzida, às vezes, pela própria residência do consumidor", afirmou.
"Imagine,
por exemplo, um hospital. Ele não pode ser desligado. Portanto, sistemas de
armazenamento de energia solar vão aparecer como ferramentas estratégicas para
serem utilizadas em conjunto com a energia elétrica", concluiu.
(sputniknews)
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