A Ambev e a unidade de
caminhões do grupo alemão Traton anunciaram a intenção da aquisição em 2018 e
desde então a tecnologia tem sido testada no país. A encomenda, anunciada nesta
sexta-feira pelas companhias, é uma das maiores do tipo no mundo, parte de um
plano da Ambev para reduzir sua pegada de carbono, algo que também inclui 48
usinas de energia solar que a fabricante de bebidas está implementando em seus
centros de distribuição.
O volume de caminhões
elétricos a serem adquiridos representa atualmente 35% da frota que atua para a
Ambev e o plano da companhia é que eles eventualmente substituam os modelos a
diesel da empresa. Os veículos serão comprados por transportadoras que já
prestam serviços para a Ambev, que tem como objetivo que o modelo elétrico seja
pré-requisito para que empresas logísticas atendam a empresa.
Os primeiros 100 caminhões
elétricos da encomenda começam a ser montados em maio de 2021, após a linha de
produção da fábrica da VWCO em Resende (RJ) ser concluída entre março e abril.
As entregas devem ocorrer a partir do final do primeiro semestre, disse o
presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.
Para o veículo, a VWCO se
aliou com a fabricante brasileira de motores elétricos Weg e com a chinesa
CATL, uma das maiores produtoras de baterias de íons de lítio do mundo. A
fabricante brasileira de baterias Moura também integra o desenvolvimento.
Segundo Cortes, a versão
elétrica do caminhão é duas vezes e meia mais cara que o modelo da empresa
movido a diesel, que tem preço de tabela de R$ 220 mil. Isso porque a empresa
está importando a bateria da China. Só o custo da bateria equivale ao preço de
um caminhão convencional, disse o executivo.
“Temos um objetivo de que essa bateria seja produzida no Brasil”, afirmou Cortes, sem poder precisar quando isso poderia acontecer diante de questões de escala de produção.
Apesar do preço mais alto, Cortes afirmou que o modelo elétrico do caminhão urbano Delivery tem um custo de manutenção 60% menor que a versão a diesel ante cálculos iniciais da ordem de economia de 50%. Enquanto isso, o custo de operação, formado principalmente por combustível, é 68% menor que o modelo a combustão.
Segundo Cortes, a bateria do
caminhão elétrico tem autonomia para 200 quilômetros com o veículo carregado.
Como os freios regenerativos devolvem até 43% da energia, os veículos podem
circular fazendo entregas durante o dia sendo recarregados durante a noite nos
centros de distribuição.
Para o vice-presidente de
sustentabilidade e suprimentos da Ambev, Rodrigo Figueiredo, como os custos de
propriedade dos caminhões elétricos são menores, “ao longo da vida útil do caminhão
acaba compensando” o preço maior de aquisição em relação aos modelos a diesel.
Figueiredo não revelou o
valor do investimento da Ambev no projeto, mas afirmou que só nos últimos cinco
anos a companhia aplicou cerca de 1 bilhão de reais em iniciativas voltadas à
sustentabilidade socioambiental. Segundo o executivo, os caminhões elétricos
serão usados inicialmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
A confirmação da encomenda
vai na contramão de defesas de relaxamento de compromissos de redução de gases
estufa acertados anos atrás por governos e companhias do mundo. Em agosto, por
exemplo, o governo alemão admitiu que não teria cumprido sua meta climática de
2020 se o dano econômico causada pela pandemia de coronavírus não tivesse
provocado uma queda acentuada das emissões de gases de efeito estufa.
Cortes afirmou que a VWCO tem
conversado com “vários outros interessados” no caminhão elétrico, incluindo de
países onde a empresa atua na América Latina, mas afirmou que por motivo de
confidencialidade das negociações ainda não poderia citar nomes. “Não são só
empresas de bebidas e alimentos, mas de entrega urbana, empresas logísticas”,
afirmou o executivo.
Do lado da Ambev, que tem atuação em todas as Américas, Figueiredo afirmou que a companhia tem como política compartilhar boas práticas com outras regiões, mas que “a projeção que estamos fazendo, neste momento, é de continuar no desenvolvimento da tecnologia aqui do Brasil”.
A Ambev confirmou a primeira encomenda de caminhões elétricos da Volkswagen.
Ambev (ABEV3) encomenda
caminhões elétricos da Volkswagen.
O executivo citou o Chile,
por exemplo, onde a empresa está desenvolvendo um projeto de caminhões que usam
como combustível gás liquefeito, que é menos poluente que o diesel. (biodieselbr)
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