segunda-feira, 30 de maio de 2022

Enel vê potencial em offshore e hidrogênio

Enel vê potencial em offshore e hidrogênio, mas custos ainda são altos.

Executivo avalia país com posição privilegiada na transição energética, considerada momento de oportunidades de fortalecimento à indústria.
Apesar de ver o Brasil com grande potencial nas eólicas offshore e no hidrogênio verde, o Country Manager da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, avalia que o fator financeiro ainda é preponderante. Em conversa com jornalistas após o lançamento do estudo “Caminhos para a Transição Energética no Brasil”, o executivo revelou que a empresa tem obrigação de buscar os recursos mais econômicos e a eólica offshore tem custos e manutenção mais caros. “Hoje temos alternativas mais baratas e nossa missão é fornecer energia a um preço o mais baixo possível”, explica.

O executivo acredita que no futuro o Brasil poderá produzir e exportar H2 ou amônia verdes para a Europa ou Japão, caso em alguma região a equação financeira de uma eólica offshore chegue a um valor competitivo. Ele conta que hoje o custo da tecnologia para produção do hidrogênio é alto, o que o inviabiliza. O energético verde é definido por Cotugno como um vetor e não uma fonte de energia, já que se usa uma fonte de energia para criar hidrogênio. O executivo elogiou as movimentações do governo em direção a novas tecnologias como eólicas offshore e o próprio H2 verde.

Na transição energética, tema que a empresa desenvolve estudo com a Deloitte, o Brasil é classificado pelo Country manager como privilegiado, já que os pontos de partida para a descarbonização são os recursos eólicos e solares, que há em excesso por aqui. “Temos em abundância, por quantidade e eficiência”, comenta. Para ele, a transição aparece como uma oportunidade de mudar a sociedade e trazer um resultado que alia mais digitalização, oportunidades e empresas mais fortes. O Brasil aparece como o país da região com mais capacidade de desenvolver indústrias. “Ser ativo nessa transição energética é importante para desenhar o futuro industrial e econômico do país”, ressalta.

Cotugno avalia que hoje todos entendem mais o que deve ser feito sobre a transição e as empresas estão internalizando a sustentabilidade nas suas estratégias como linha fundamental de desenvolvimento. “O Brasil é sensível a isso”, aponta. Mas salienta que os esforços devem ser coordenados, já que a solução não passa por apenas uma empresa, devendo ser dividida com os vários atores. O líder da Enel dá como exemplo a mobilidade elétrica, em que deve haver o engajamento não só da fabricante do veículo, mas da operadora e do governo local no tema, de modo que uma solução seja construída. “Temos que buscar com quem fazer. É fundamental a ideia do trabalho conjunto, trabalhar de forma aberta é fundamental para acelerar”, avisa.

Em Santiago, no Chile, a Enel X fornece infraestrutura para uma frota de ônibus elétricos da operadora Metbus. O movimento vem se expandindo para outros países da América Latina, como a Colômbia e o Brasil. Em 2020. o país anunciou a meta de ter todo seu transporte público eletrificado até 2040. (canalenergia)

sábado, 28 de maio de 2022

A energia nuclear tem lugar na transição energética?

A urgência da mudança climática, a guerra da Ucrânia e novas usinas menores e mais baratas revivem a discussão em torno de uma fonte de energia que causa controvérsias há 80 anos.
É difícil não notar a ironia: a guerra na Ucrânia, palco do maior acidente nuclear da história, o desastre de Chernobyl, talvez seja o melhor argumento em décadas a favor da energia atômica.

O conflito deu novo senso de urgência a planos ambiciosos de reduzir a queima de combustíveis fósseis, especialmente na Europa. Usinas solares e eólicas e tecnologias como o hidrogênio verde ganharam ainda mais importância.

Mas governos, reguladores e investidores cada vez mais olham para os reatores nucleares como parte da solução para um mundo sem emissões de gases de efeito-estufa.

O interesse nessa tecnologia controversa já vinha aumentando desde antes da invasão ordenada por Vladimir Putin, em boa medida por se tratar de uma fonte de fornecimento contínuo, diferentemente da eólica e da solar, com geração intermitente. Startups desse segmento receberam US$ 3,4 bilhões em aportes no ano passado, mais que a soma dos dez anos anteriores, de acordo com a empresa de pesquisa Pitchbook.

A França vai construir pelo menos seis novas usinas nucleares nas próximas décadas, parte do esforço do país de atingir a neutralidade de carbono até 2050.

Esses projetos poderão receber financiamento em condições especiais caso seja ratificada a classificação de investimentos da União Europeia que considera a energia nuclear uma fonte verde.

Desde a demonstração do primeiro reator nuclear, há 80 anos, a tecnologia inspira reações apaixonadas de temor e fascinação. Agora, à luz da segurança energética e da ameaça de uma mudança irreversível no clima do planeta, a discussão acontece em outro plano: o do pragmatismo e da inovação.

Um novo tipo de usina, menor e mais barato para construir e operar, pode ter papel importante na descarbonização – mas antes será necessário vencer a batalha da opinião pública e provar que essa versão miniaturizada merece os investimentos bilionários exigidos.

Questão de percepção

Das quase 20 mil mortes provocadas pelo tsunami que atingiu o Japão em 2011, somente uma foi causada pelo vazamento de radiação da usina nuclear de Fukushima.

Em comparação, uma análise da literatura científica feita pela ONU no ano passado concluiu que a poluição do ar causa milhões de mortes e de anos de vida saudáveis perdidos todo ano. A má qualidade do ar é “a principal ameaça ambiental à saúde humana”, conclui o levantamento.

Apesar disso, a Alemanha, país com a maior dependência da importação de gás natural russo, decidiu seguir em frente com o fechamento de suas últimas usinas atômicas, no final deste ano.

Para garantir que as casas tenham aquecimento no inverno e as indústrias sigam funcionando, o governo do país prefere estender a vida das termelétricas que queimam carvão além do prazo anunciado de 2030.

A postura estritamente antinuclear dos alemães, porém, é uma exceção.

O governo britânico decidiu colocar pequenos reatores modulares (também conhecidos como SMRs, da sigla em inglês) no centro de sua estratégia energética.

A expectativa é que essas pequenas centrais nucleares elevem de 16% para 25% a participação da eletricidade de fonte nuclear na matriz energética do Reino Unido.

A aposta é estratégica em duas dimensões: além da segurança energética, o país quer se estabelecer como um grande fornecedor de SMRs para o resto do mundo.

24/7

A empresa por trás da iniciativa é a Rolls-Royce. A companhia submeteu para a aprovação dos reguladores britânicos um modelo de usina que se propõe a resolver os dois grandes problemas da energia atômica.

O primeiro é o custo. As usinas são instalações complexas, projetadas sob medida e construídas de forma quase artesanal, in loco. Não é raro que se passem 20 anos entre o início das obras e a produção do primeiro elétron.

A Rolls-Royce espera ter seu design aprovado em 2024. A ideia é que cada projeto leve apenas quatro anos para começar a produzir.

Parte da velocidade tem a ver com o tamanho. Os reatores ocuparão uma área equivalente a dois campos de futebol e produzirão algo como 470 MW, um terço da energia gerada por uma usina tradicional (e o mesmo que 150 turbinas eólicas de terra).

Partes inteiras da estrutura poderiam ser produzidas em fábricas e montadas no local, o que explica o “modular” do nome e representa uma enorme economia potencial.

A Rolls-Royce promete terminar a obra ainda mais rápido erguendo uma espécie de tenda sobre o canteiro de obras, evitando paradas por causa do mau tempo.

Em tese, a ideia é aproximar a geração de eletricidade do consumo, como fazem fazendas solares ou eólicas – mas ocupando uma área potencialmente menor e gerando energia para manter acesas as luzes de 1 milhão de casas, 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Outras companhias propõem reatores ainda menores. Fundada em 2007, a americana NuScale Power tem um design de reator que produziria cerca de 80 MW de eletricidade.

100 mil anos

O segundo grande problema, ao lado do custo, é o que fazer com o lixo radioativo. Dos 38 milhões de toneladas de dejetos radioativos produzidos nas últimas décadas, 7,2 milhões ainda precisam encontrar um destino definitivo, ou ao menos seguro o bastante pelas próximas dezenas de milhares de anos.

A Rolls-Royce diz ter encontrado uma solução também para isso: ele será enterrado e guardado nas próprias instalações da usina.

A companhia pretende ter em operação pelo menos 16 pequenas centrais nucleares na próxima década (cada uma a um custo estimado de US$ 2,4 bilhões).

Um complicador é que, dado o pequeno porte, essas usinas estejam mais próximas de centros urbanos, o que certamente vai colocar à prova a habilidade política dos responsáveis por convencer os vizinhos de que  o armazenamento dos dejetos é seguro.

Mas uma parte dos críticos dificilmente será convencida da necessidade de dar nova vida à energia nuclear. Paul Dorfman, presidente do centro de estudos Nuclear Consulting Group, disse que o mundo pode estar diante de um clássico problema do cobertor curto.

Quanto mais dinheiro investido nessas novas usinas, afirma ele, “menos sobra para o tipo de coisa que sabemos que funciona tanto em termos tecnológicos quanto práticos”.

O Greenpeace, que nasceu há 50 anos de um protesto contra testes de armas nucleares, aponta o problema dos dejetos radioativos, mas também fala da urgência.

“Não teremos nem mesmo um protótipo [dos SMRs] tão cedo”, afirmou o cientista-chefe da organização, Doug Parr. “Precisamos fazer grandes cortes de emissões até 2030, e os reatores pequenos não vão nos ajudar nisso”. (capitalreset)

9 empresas de mobilidade se unem para viabilizar carro elétrico

Nove empresas lançam aliança para democratizar carro elétrico no Brasil.
Executivos em reunião de assinatura do acordo, na Casa99 em São Paulo.

• Fundada pela 99, união vai impulsionar produção, adoção e infraestrutura para veículos sustentáveis.

• Entre as empresas aliadas estão CAOA Chery, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric.

• Com pacto, 99 visa aumentar participação de elétricos para 10% das vendas, criar 10 mil pontos de carregamento e chegar a 100% da frota do app até 2030.

9 empresas do setor de mobilidade urbana estão se unindo para lançar uma coalizão que pretende democratizar os carros elétricos no Brasil. Chamada Aliança pela Mobilidade Sustentável, a iniciativa é liderada pela 99 e visa impulsionar a infraestrutura para veículos sustentáveis no país. Entre as empresas aliadas, estão CAOA Chery, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric. As principais metas da 99 com a parceria são: aumentar a participação de carros elétricos para 10% das vendas, criar 10 mil estações públicas de carregamento e ter 100% da frota do app até 2030.

De acordo com os membros da aliança, o objetivo é que veículos de matriz energética mais limpa sejam acessíveis aos motoristas parceiros da 99, em termos financeiros e de infraestrutura. A missão da parceria contribuir para o desenvolvimento do futuro do transporte urbano tornando as cidades mais verdes e seguras, e se inspira em dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas:

• Garantir o acesso a fontes de energia limpas e acessíveis (item 7);

• Tornar as cidades e comunidades mais inclusivas e sustentáveis (Item 11).

Para viabilizar o modelo no país, a aliança mira discutir formas para impulsionar toda a infraestrutura necessária à eletrificação da frota brasileira: criando postos públicos de recarga, diminuindo as barreiras para a aquisição de carros elétricos, facilitando seu aluguel entre motoristas de aplicativo, fornecendo apoio às montadoras e às outras empresas da cadeia, como fornecedores de peças para esses veículos, além do monitoramento da recepção pelo público.

“A adoção de carros elétricos subiu 100% em um ano. Esses automóveis possuem menos impacto ambiental, preservam a saúde das pessoas e também reduzem custos com combustível em até 75%, mas ainda são muito mais caros do que os convencionais”, diz Thiago Hipólito, diretor do DriverLAb da 99. “Construímos a aliança para deixar esses modelos mais acessíveis para os motoristas e para as pessoas que mais precisam deles.”

A parceria é mais uma ação construída por meio do DriverLAB, centro de inovações da 99 que é 100% focado nos motoristas parceiros. Anunciado em 15/03/22 com investimento previsto de R250 milhões nos próximos 3 anos, sendo R100 milhões em 2022, o objetivo do DriverLAB é proporcionar mais bem-estar aos motoristas parceiros, com soluções de cuidado que ampliam seus ganhos, diminuem seus custos e promovem mais acesso a serviços.

Para alcançar compromissos e fornecer benefícios de longo prazo, por meio da aliança, a 99 tem uma série de metas para os próximos anos:

Aumentar a participação dos veículos elétricos entre carros novos para 10% das vendas até 2025 (hoje o índice é de 2%);

Criar 10 mil estações públicas de carregamento em todo o Brasil até 2025 (atualmente existem cerca de 1.500);

Lançar, no mínimo, 300 automóveis elétricos da 99 ainda esse ano, com objetivo de chegar a 10 mil até 2025 e 100% da frota até 2030;

Chegar à emissão zero de carbono pela 99 até 2030 (hoje, 48% das emissões de CO2 são do setor de transporte no Brasil);

Adotar a cidade de São Paulo como polo pioneiro para implementação de programas a fim de inspirar outras regiões do país.

Compromisso com um futuro sustentável

Segundo Hipólito, da 99, o fato de o aplicativo ter 750 mil motoristas parceiros em atuação fornece grande escala para incentivar a demanda por carros elétricos e negociar melhores margens de custos de produção: “a gente é capaz de girar toda a indústria e favorecer o consumidor, seja ele condutor de app ou não”.

A ideia é unir a indústria — incluindo setores de abastecimento, manufatura, locação e transporte por aplicativo — para combinar especialidades de diferentes mercados e alavancar o desenvolvimento de todo o ecossistema. Por exemplo, assim como os motoristas de aplicativo dependem das montadoras e locadoras para conseguir veículos, os automóveis dependem de combustível — é um ciclo.

Temos experiência no mercado chinês, onde operamos mais de 30% de todas as estações de carregamento públicas por uma rede de parcerias. Esse conhecimento é vital para planejar a infraestrutura no Brasil”, afirma Hipolito.

Aliança pretende envolver cada vez mais parceiros ao longo do tempo, incluindo a iniciativa privada, o poder público e o 3º setor.

Veja o infográfico abaixo:

(folhadocerrado)

Grupo de empresas faz aliança para estimular vendas de carros elétricos

Grupo de empresas lança parceria para aumentar a venda de carros elétricos no Brasil.

Liderada pela 99, a Aliança pela Mobilidade Sustentável tem participação de CAOA Cherry, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric.
Um dos objetivos da parceria é ter 100% da frota do app em carros elétricos até 2030.

Apesar de ainda representar uma fatia pequena do mercado, a venda de carros elétricos e híbridos vem crescendo — aumentou de 1% em 2020 para 2,2% em janeiro de 2022. Agora, uma parceria entre empresas do setor de mobilidade quer aumentar esse número para 10% das vendas até 2025. Liderada pela 99, a Aliança pela Mobilidade Sustentável tem participação de CAOA Cherry, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric.

A parceria também pretende criar 10 mil estações públicas de carregamento até 2025 (atualmente existem cerca de 1.500).

Para a 99, o objetivo é ter, no mínimo, 300 automóveis elétricos no aplicativo ainda este ano, chegar a 10 mil até 2025 e ter 100% da frota elétrica até 2030.

Executivos em reunião de assinatura do acordo, na Casa99 em São Paulo.

De acordo com as empresas, o objetivo é que veículos elétricos sejam acessíveis aos motoristas parceiros da 99, em termos financeiros e de infraestrutura.

“Esses automóveis possuem menos impacto ambiental, preservam a saúde das pessoas e também reduzem custos com combustível em até 75%, mas ainda são muito mais caros do que os convencionais”, diz Thiago Hipólito, diretor do centro de inovação da 99, o DriverLAb. Hoje, 48% das emissões de CO2 são do setor de transporte no Brasil.

O grupo quer discutir temas como a criação de postos públicos de recarga, redução de barreiras para a aquisição de carros elétricos, facilidade do aluguel para motoristas de aplicativo e apoio às montadoras e empresas da cadeia, como fornecedores de peças. A ideia é unir a indústria, incluindo setores de abastecimento, manufatura, locação e transporte por aplicativo para combinar especialidades e melhorar o desenvolvimento do sistema.

Temos experiência no mercado chinês, onde operamos mais de 30% de todas as estações de carregamento públicas por uma rede de parcerias. Esse conhecimento é vital para planejar a infraestrutura no Brasil”, afirma Hipólito. (globo)

quinta-feira, 26 de maio de 2022

“O Brasil será um polo dominante de veículos elétricos”

Para Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil, fala sobre como a marca entrou no jogo dos carros movidos a bateria e diz que o País terá protagonismo na América Latina.
Depois de Tan e Han, o SUV Song Plus ajudará a BYD a avaliar a competitividade de seus modelos elétricos no País.

Desde 2014, quando se estabeleceu no Brasil, a companhia chinesa BYD colocou em prática seu know-how na fabricação de equipamentos elétricos, como caminhões, chassis para ônibus, painéis fotovoltaicos e módulos de bateria.

“Foi um eficiente laboratório que impulsionou o projeto de trazer automóveis de passeio elétricos”, afirma Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil, que fez a estreia do SUV Tan EV, com capacidade para sete pessoas, no início do ano.

BYD pretende atuar com agressividade no mercado brasileiro. Até o fim do ano, a marca quer abrir 45 pontos de venda, que oferecerão ao consumidor outros modelos, como o sedã Han, também 100% elétrico, e os híbridos Song Plus e Qin Plus, além da nova geração do furgão eT3. E, em 2023, mais novidades vêm por aí, conforme Antunes revelou nesta entrevista ao Mobilidade.

A BYD vende ônibus e outros produtos elétricos no Brasil desde 2014. Como foi a decisão de importar automóveis movidos a bateria da China?

Henrique Antunes: Fomos os primeiros a vender caminhões e ônibus elétricos no País, e nossas decisões são muito estudadas. O planejamento de trazer carros elétricos tem duas fases. A primeira é oferecê-los nas principais capitais do Sul e do Sudeste e em capitais como Goiânia, Salvador, Recife, Fortaleza e Manaus. A segunda etapa é abrir 45 pontos de venda até o final do ano, a fim de ganhar capilaridade no Brasil e criar uma boa rede de recarga. Cada uma das revendas terá, ao menos, um ponto de recarga de alta potência (DC), capaz de reabastecer 50% da bateria em 40 minutos.

Além dos pontos nas lojas, a BYD pretende investir na infraestrutura de recarga nas estradas, por exemplo?

Antunes: Essa necessidade caminhará junto com a demanda por automóveis elétricos. Não vamos sair por aí instalando pontos de recarga. Não temos nenhuma malha rodoviária dotada com essa infraestrutura porque a frota de carros elétricos é pequena. A propósito, um carro com autonomia de 1.000 quilômetros não é necessário no Brasil. O alcance de 400 a 600 quilômetros já é bastante razoável.

A BYY lançou o SUV Tan EV e o sedã Han. Quais outros modelos eletrificados estão previstos para o mercado brasileiro?

Antunes: Estamos avançando rapidamente. Em 2017, a equipe de design da China começou um trabalho do zero, visando um modelo de negócios para a América Latina. A companhia tinha a tecnologia do motor elétrico, mas era preciso também um carro bonito e atraente. No ano seguinte, surgiu um primeiro automóvel, mas a segunda onda aconteceu em 2021, com o Tan, destinado, enfim, ao consumidor final. A BYD já vende o SUV de sete lugares Tan EV e importará o Han. Mas há outros veículos engatilhados e em fase de homologação.

Quais são os próximos lançamentos?

Antunes: Apostamos também na tecnologia híbrida, que é ponte para mobilidade totalmente elétrica. Nesse caso, a bateria é um décimo do tamanho da de um carro elétrico. O motor híbrido é uma espécie de alavancador. Depois, quem tem a experiência de dirigir um elétrico não quer outra coisa. Nossa linha é composta de dez híbridos e, para o Brasil, virão o SUV Song Plus, o sedã médio Qin Plus e um monovolume de trabalho, além da versão nova do eT3, de aplicação corporativa. Por mais que o motor elétrico evolua, o híbrido sempre terá espaço no mercado.

O sedã médio Qin Plus também está previsto para ser importado ao Brasil.

Como a BYD encara a política sobre a eletromobilidade no Brasil?

Antunes: Pensando em longo prazo, o País será um polo dominante de vendas de híbridos e elétricos na América Latina. Futuramente, o Brasil tem todo o potencial para fabricar baterias também. Vale ressaltar que não queremos pagar menos impostos, mas sim o equivalente ao de um veículo com motor a combustão. Hoje, um hatch 100% elétrico custa de duas a três vezes mais do que um similar com motor térmico. Um desafio global é deixar os preços dos compactos elétricos mais acessíveis. A queda no valor do quilowatt (kW) da bateria levará a um preço melhor. Enquanto isso não acontece, os dois pilares dos elétricos são os veículos de luxo e trabalho. Os de trabalho pagam a conta porque rodam muito no dia a dia.

A BYD vem investindo em tecnologias para os veículos elétricos?

Antunes: Tecnologias estão alinhadas com as dos automóveis de luxo com motor convencional. Sensor que deixa a iluminação mais potente pode ser instalado tanto em um como no outro. Os limitadores do modelo movido a bateria são outros: os custos da bateria e a infraestrutura de recarga. De toda forma, a BYD desenvolveu a tecnologia da bateria Blade, projetada para aumentar a leveza e a segurança. Construída em lâminas, ela organiza células em uma matriz e as insere em um pacote, criando uma densidade energética mais eficiente. A bateria precisa ser altamente segura, porque, afinal de contas, motorista e passageiros se acomodam acima dela.

De algum modo, a guerra entre Rússia e Ucrânia interfere nas operações de uma marca chinesa como a BYD?

Antunes: Ela não impactou na cadeia produtiva, mas a volatilidade do câmbio prejudica, porque os fretes são cotados em dólar. Felizmente, estamos no vale do silício chinês, e a produção de módulos de bateria acontece dentro de casa.

Existem planos para a BYD fabricar automóveis elétricos no Brasil?

Antunes: Isso exige uma discussão detalhada sobre custos e benefícios. Por enquanto, não existe essa previsão, pois o que impulsiona a instalação de uma fábrica, no Brasil, é o volume de vendas, a produção em escala. Isso ainda está longe de acontecer no País.

A ofensiva da BYD no mercado brasileiro é uma prova de que o preconceito contra carros chineses acabou?

Antunes: Os produtos melhoraram exponencialmente e aqui é preciso fazer justiça: desde que a Caoa assumiu as operações da Chery no Brasil, a imagem sobre o carro chinês está em alta. É a de um produto de qualidade.

Com os carros que virão, qual é a estimativa de vendas da BYD no Brasil?

Antunes: Falar de volume de vendas, agora, é precoce, mas queremos conquistar de 3% a 5% dos segmentos nos quais atuaremos. Em 2023, faremos mais dois ou três lançamentos, quando poderemos avaliar a competitividade dos nossos carros no Brasil.

(OESP)

“Desafio global é deixar os preços dos compactos elétricos mais acessíveis”

Um desafio global é deixar os preços dos compactos elétricos mais acessíveis.
A queda no valor do quilowatt (kW) da bateria levará a um preço melhor.
Enquanto isso não acontece, os dois pilares dos elétricos são os veículos de luxo e trabalho.
Os de trabalho pagam a conta porque rodam muito no dia a dia. (canalenergia)

Empresas lançam aliança para democratizar carro elétrico no Brasil

Fundada pela 99, união vai impulsionar produção, adoção e infraestrutura para veículos sustentáveis.
Empresas se unem para de expandir mercado do carro elétrico no Brasil.

Aliança pela Mobilidade Sustentável, assim é chamada a iniciativa de nove empresas do setor de mobilidade urbana que estão se unindo para lançar uma coalizão que pretende democratizar os carros elétricos no Brasil. O projeto é liderado pela 99 e visa impulsionar a infraestrutura para veículos sustentáveis no país.

De acordo com os membros da aliança, o objetivo é que veículos de matriz energética mais limpa sejam acessíveis aos motoristas parceiros da 99, em termos financeiros e de infraestrutura. Entre as empresas aliadas, estão CAOA Chery, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric. As principais metas da 99 com a parceria são: aumentar a participação de carros elétricos para 10% das vendas, criar 10 mil estações públicas de carregamento e ter 100% da frota do app até 2030. A missão da parceria é contribuir para o desenvolvimento do futuro do transporte urbano tornando as cidades mais verdes e seguras.

99 e outros apps querem ampliar uso do carro elétrico no Brasil.

Iniciativa busca instalar 10 mil pontos de recarga e aumentar participação dos modelos para 10% das vendas até 2025.

Para viabilizar o modelo no país, a aliança mira discutir formas para impulsionar toda a infraestrutura necessária à eletrificação da frota brasileira: criando postos públicos de recarga, diminuindo as barreiras para a aquisição de carros elétricos, facilitando seu aluguel entre motoristas de aplicativo, fornecendo apoio às montadoras e às outras empresas da cadeia, como fornecedores de peças para esses veículos, além do monitoramento da recepção pelo público.

A parceria é mais uma ação construída por meio do DriverLAB, centro de inovações da 99 que é 100% focado nos motoristas parceiros. Anunciado em 15 de março com investimento previsto de R$ 250 milhões nos próximos 3 anos, sendo R$100 milhões em 2022, o objetivo do DriverLAB é proporcionar mais bem-estar aos motoristas parceiros, com soluções de cuidado que ampliam seus ganhos, diminuem seus custos e promovem mais acesso a serviços. (canalenergia)

terça-feira, 24 de maio de 2022

Mercado global deverá priorizar consumo de energia verde

Brasil tem a possibilidade de ser a segurança energética do mundo, diz ministro de Meio Ambiente em evento da 2W.
“O Projeto de Lei 414 trará uma oportunidade única para o Brasil”, disse o deputado Danilo Forte, do União-CE. Caso aprovado, o Projeto regulamentará o Mercado Livre de Energia no Brasil e permitirá a chamada portabilidade da conta de luz. “Temos condições de criar um universo novo e o Brasil não pode perder essa oportunidade”.

O deputado afirmou que a energia é um dos principais fatores do desenvolvimento econômico. “Agora temos um período propício para isso com a chegada das eleições e devemos debater os temas como geração de emprego, economia e energia, pois é o novo momento”, ressaltou.

Segundo Danilo Fortes, o mercado global vai priorizar o consumo de energia verde e o PL 414 tem a oportunidade de mudar a economia do País. “A energia limpa tem transformado a realidade do nordeste, em especial o Ceará. Por lá já podemos observar essa mudança”, explicou. Ele declarou que no Ceará o setor energético gera muitos empregos e lá os projetos fotovoltaicos já geraram empregos para 14.680 pessoas nesse segmento.

Oportunidades

Esteve presente também no evento realizado pela 2W Energia o Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Segundo ele, o Brasil tem a possibilidade de instalar 50 Itaipu no mar, com a eólica offshore. “Temos planos para acelerar essa oportunidade e nenhum País do mundo tem a característica que o Brasil tem para a geração de energia”, disse.

Brasil tem a possibilidade de ser a segurança energética do mundo. “Temos a oportunidade de exportar energia para a Europa que busca segurança energética. Num futuro próximo seremos exportadores de energia renovável e hidrogênio verde”, ressaltou.

Ele também deixou claro que discutiu sobre o assunto na reunião com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Temos que olhar para o mercado externo”, alertou.

2W Energia e o futuro

A 2W Energia lançou recentemente a 2Wbank, que é uma fintech ESG que oferece aos clientes acesso a economia e maior eficiência energética trazida pelo mercado livre de energia, linhas de crédito especiais GREEN para apoiar os objetivos de negócio e acesso a consultorias para levar o ESG ao coração do negócio.

“Naturalmente, somos a porta de entrada para este mundo mais sustentável através da energia limpa e da descarbonização. Com a 2Wbank, a empresa avança a outro patamar em termos de inovação e sustentabilidade trazendo um diferencial importante no mercado”, afirma Cláudio Ribeiro, CEO da 2W Energia.

Além disso, a companhia afirmou que atualmente possui dois projetos eólicos, um no Rio Grande do Norte, que produz 140 MW e outro no Ceará, que alcança a marca de 260 MW. Ao todo, os investimentos chegam na casa de R$ 2 bilhões.

A 2W também afirmou que está preparando o terceiro projeto eólico que deverá ficar no Rio Grande do Norte. “Logo mais vamos anunciar mais projetos”, destacou Walter Tatoni, CIO da 2W Energia. Segundo ele, o Brasil é o País da América Latina que mais gera energia eólica. Aqui temos cerca de 21GW de capacidade instalada e ocupamos a sexta posição no ranking mundial. (canalenergia)

PL pode destravar potencial da recuperação energética do lixo

Projeto apresentado prevê estimular municípios brasileiros a licitarem usinas que utilizam os resíduos urbanos para gerar energia elétrica

Programa para gerar energia a partir do lixo pode destravar investimentos no setor.

Poderão ser demandados investimentos de R$ 78,3 bilhões em 274 usinas, segundo dados da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos. (canalenergia)

Mudanças legais destravam geração de energia e gás a partir do lixo

Mudanças legais podem destravar investimentos em geração de energia e gás a partir do lixo urbano em 2021 (MEGAWHATT).
O ano de 2021 traz boas perspectivas para investimentos em fontes renováveis de energia ainda não consolidadas no Brasil. Enquanto as tecnologias de geração solar e eólica ganham cada vez mais espaço no mercado, devido ao custo competitivo, outras fontes, como biometano e recuperação energética de resíduos sólidos, podem despontar este ano, a partir de mudanças propostas na legislação e medidas infra legais.

Uma das medidas já foi aprovada no fim do ano passado, por meio da portaria 435 do Ministério de Minas e Energia, que estabeleceu o cronograma de leilões de energia para o período de 2021 a 2023. A norma prevê a participação de projetos de geração a partir de recuperação energética de resíduos sólidos nos leilões de energia nova A-5 e A-6, em setembro deste ano.

Com relação a mudanças na legislação, a Medida Provisória 998/2020, aprovada na Câmara e que está em tramitação no Senado, determina que o governo federal defina diretrizes para a implementação, no setor elétrico, de mecanismos para a consideração dos atributos ambientais dos empreendimentos, o que pode beneficiar o segmento de geração de energia a partir do lixo.

As duas iniciativas foram elogiadas pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren). Segundo a entidade, o Brasil tem potencial para a construção de até 250 usinas “waste-to-energy” (WTE), com 20 megawatts (MW) de potência instalada. Somadas ao potencial de usinas de biogás a partir de recursos sólidos urbanos, elas podem atender até 7,9% da demanda de eletricidade do país e gerar investimentos de cerca de R$ 200 bilhões.

“Queremos mudar a concepção que se tem do lixo hoje”, afirma o presidente da Abren, Yuri Schmitke.

Biometano

Em outra frente, a versão aprovada pelo Senado do projeto de lei 4.476/2020, relativo à Nova Lei do Gás, abre espaço para novos investimentos para a produção de biometano no país.

“A inserção da pauta de biometano na Lei do Gás é importante passo para o desenvolvimento de políticas que ampliarão a produção deste biocombustível. O texto aprovado no Senado, que esperamos que seja aprovado pelos deputados, dá força para a utilização do biometano como substituto do gás para todos os usos”, diz Manuela Kayath, presidente da holding MDC.

A companhia, por meio da Ecometano, planeja assinar este ano contrato com um aterro sanitário em São Paulo para a construção de uma planta de biometano a partir do biogás produzido no local. O empreendimento está previsto para entrar em operação em 2024, com a produção em torno de 50 mil m³ diários de gás natural renovável (GNR).

A companhia já possui dois projetos do tipo. O primeiro está instalado em São Pedro da Aldeia (RJ), com capacidade de 15 mil m³/dia. O outro funciona em Caucaia (CE), com capacidade de 100 mil m³/dia.

“Nosso objetivo é oferecer soluções sustentáveis para clientes”, conta Kayath. A MDC possui faturamento anual da ordem de R$ 450 milhões e Ebitda [sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] de cerca de R$ 110 milhões por ano.

Biogás na Amazônia

Apesar do cenário promissor, o desenvolvimento do biogás ainda traz desafios no país. Instituto Escolhas, associação civil sem fins econômicos que tem como objetivo qualificar o debate sobre sustentabilidade, pretende concluir em abril um estudo sobre potencial de desenvolvimento do biogás em toda a Amazônia. A primeira etapa do levantamento, concluída em dezembro e que abarcou quatro estados (Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima), indicou um potencial para gerar 136 milhões de m³/ano de biogás, o equivalente a 5 milhões de botijões de cozinha. Esse volume seria suficiente para produzir 283 GWh/ano, ou o suficiente para atender 107 mil residências.

O potencial levantado na primeira fase do estudo considerou apenas resíduos sólidos urbanos e rejeitos da psicultura nos quatro estados mencionados. Com relação aos resíduos sólidos urbanos, o instituto analisou aterros sanitários e lixões. Do potencial identificado, apenas 20% é aproveitado energeticamente.

Sobre o biogás para a piscicultura, nenhum dos frigoríficos analisados pelo instituto aproveita o biogás de restos de peixes. Apenas nesses quatro estados, os frigoríficos poderiam gerar 7,5 GWh/ano a partir dos resíduos para atender o seu próprio consumo de energia.

“Estamos debruçados na agenda da bioeconomia na Amazônia. Analisamos atividades que gerem renda e preservem a Amazônia. Um dos fatores críticos é a energia. Para alavancar as atividades [econômicas] é necessário energia. E o biogás é uma fonte limpa, flexível e descentralizada”, conta Larissa Rodrigues, gerente de projetos e produtos do Escolhas.

A especialista cita, por exemplo, o caso do Amapá, onde um incêndio em um transformador no único ponto de ligação do estado com o sistema nacional causou um blecaute, afetando 90% da população local por cerca de 20 dias. O estado, de acordo com o levantamento do Escolhas, tem potencial para gerar 15 milhões de m³/ano de biogás, volume suficiente para gerar 31 GWh/ano de eletricidade e abastecer 12 mil residências ou 50 mil pessoas.

“Grandes projetos de geração de energia na Amazônia não foram capazes de atender a toda a população local. Sem um programa de incentivos é impossível quebrar essa lógica e impulsionar projetos pilotos”, acrescenta Rodrigues.

O objetivo do instituto no momento é concluir o estudo incluindo os demais estados da Amazônia. Em seguida, o material será apresentado às autoridades.

Schmitke da Abren, no entanto, diverge da conclusão do estudo do Escolhas. Segundo ele, a região amazônica possui solo muito permeável, o que agrava a construção de aterros sanitários nessa área. Além disso, o especialista explica que as usinas de WTE têm potencial de geração entre sete e dez vezes maior em comparação com aterros com recuperação de energia a partir do gás. De acordo com a Abren, uma tonelada de lixo de biogás oriundo de aterro é capaz de gerar 65 quilowatts-hora (kwh), enquanto a tecnologia WTE tem potencial de geração de 600 kwh por tonelada de lixo. (abren)

domingo, 22 de maio de 2022

Kora Saúde quer usar energia renovável em todos hospitais

Plano da empresa é migrar todas as unidades para o ambiente de contração livre até o final de 2023.
A Kora Saúde prevê chegar a 2023 com todos os seus hospitais abastecidos com energia renovável por meio da migração para o mercado livre. O objetivo é contribuir com o meio ambiente e reverter a economia com energia para melhorias na infraestrutura hospitalar.

Kora Saúde prevê migrar unidades hospitalares para infraestrutura de energia sustentável.

Contar com fontes de energia alternativa é uma ação de extrema importância para quem presta serviços essenciais para a população. No caso dos hospitais, garantir que nenhuma queda de energia elétrica cause paradas em equipamentos é uma ação vital para os pacientes. A Kora Saúde, uma das maiores redes hospitalares do Brasil, está atenta a essa demanda e prevê chegar a 2023 com 100% de seus hospitais abastecidos com energia sustentável. A primeira unidade a passar 100% para energia solar é o Hospital Anchieta, no DF, capaz de gerar até 510,6 MWh por mês.

No Anchieta, no total, serão 9.000 módulos fotovoltaicos de 335 Wp, para a captação de energia solar, que correspondem a uma potência instalada de 3.015 kWp, capaz de gerar aproximadamente 6132,5 MWh/ano, suficiente para abastecer o consumo de mais 1.800 residências em Brasília. Com esse sistema de geração de “energia limpa”, evita-se a emissão de 280 toneladas de CO2 no ano, o equivalente ao plantio de quase 2.000 árvores.

O contrato de fonte de energia alternativa e limpa para o estabelecimento de saúde entra em vigor ainda no primeiro trimestre deste ano. A nova modalidade tem o objetivo de contribuir com o meio ambiente e reverter a economia para melhorias na infraestrutura do hospital em prol dos pacientes e colaboradores.

Unidades Kora Saúde já com energia limpa

Além do Hospital Anchieta, outras 8 unidades da Kora Saúde já atuam no mercado livre de energia, desde 2019. São elas: Hospital Meridional Cariacica (ES), Hospital Meridional Praia da Costa (ES), Hospital São Mateus Cuiabá (MT), Hospital Meridional São Mateus (ES), Hospital Meridional Vitória (ES), Hospital Meridional São Francisco (ES), Hospital São Mateus (CE) e Hospital OTOclínica (CE).



Kora Saúde prevê migrar todas as suas unidades hospitalares para infraestrutura de energia sustentável.

Neste ritmo, a expectativa da Kora Saúde é que, até o final de 2023, as seis unidades restantes também estejam com o fornecimento do mercado livre de energia em vigor. Com tal iniciativa, a redução da  conta de energia deve ser de até 25% em cada unidade. (portalhospitaisbrasil)

Desafio da nuclear é economia de escopo demonstrável

Para presidente da Eletronuclear, novos reatores modulares podem mudar paradigma da economia por escala, com ganhos em produção e no fluxo de caixa dos futuros projetos.

Com o tripé de acontecimentos envolvendo crise climática, pandemia e guerra na Ucrânia, a discussão sobre dependência energética aos combustíveis fósseis acelerando a adoção de outros mercados voltou à tona no debate energético global, com os pequenos e micro reatores modulares estando no centro da discussão por seus potenciais ganhos de eficiência, segurança e custo em relação aos modelos nucleares tradicionais.

Na visão do presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, a transição energética demonstra um gap que poderia ser suprido pela fonte nuclear, sobretudo com as novas tecnologias vindas a partir dos SMRs – Small Modular Reactors, os quais podem ser alocados perto dos centros de carga por seu espaço físico mínimo, diferentemente do que acontece com renováveis como a eólica, solar ou hidráulica.

“Esses reatores mudam o paradigma da economia por escala pela busca pelas economias de escopo. Ao invés de uma usina maior podemos fazer sete menores, com ganhos em produção, fluxo de caixa do projeto e na geração individual”, disse o executivo durante o Nuclear Summit 2022 em 25/04/22, afirmando que o desafio no momento é demonstrar de forma clara que essa metodologia de negócio compensa a de escala desenvolvida no passado.

Guimarães lembra que a crise hídrica foi um fator de percepção de que a energia nuclear pode desempenhar, com elevados fatores de capacidade, uma pequena ocupação de espaço físico para aproximação de grandes centros consumidores, não dependendo também de condições climáticas. Até por isso ele credita um “aumento tímido” da participação da fonte no PDE 2031, com a novidade Angra 4, e no PNE 2050, que prevê de 8 GW a 10 GW, o que no futuro não representará uma mudança significativa frente aos 2,7% atuais na matriz.

“No passado já foram feitos estudos para novas centrais e que precisam ser retomados para seleção dos melhores locais, sejam centrais de grandes potências ou pequenos reatores operando em clusters”, refere, salientando o momento de oportunidades que dependem de aproveitamento, citando também os usos não elétricos da energia nuclear, como no mercado de calor ou dessalinização de águas salgadas ou salobras e como produtora de hidrogênio.

Brasil deve ser exportador de energia e urânio

Ademais Guimarães vê o Brasil com significativo espaço para crescer também como fornecedor e exportador de urânio e seus enriquecimentos a médio e longo prazo, sobretudo com a inserção dos pequenos reatores modulares que exigem um elemento combustível diferenciado e que o país poderá fornecer.

“Em termos econômicos é difícil competir com preço em relação a outras fontes mas utilizando as tecnologias atuais a história é diferente, com até mais condições de reciclagem de combustível”, complementa.

Essa mesma oportunidade foi ressaltada pelo diretor de Engenharia da Chesf, Reive Barros, que afirmou que o mundo reencontrou na geração termonuclear oportunidades para consumidores tradicionais e processos industriais dada as características da fonte, inclusive permitindo no futuro a exportação do hidrogênio para o exterior.

“Com escala será desenvolvida toda estratégia para o combustível vocacionado ao mercado interno e externo, com uma visão de médio e longo prazo há cada 10 anos permitindo uma reavaliação do passado e o que pode ser incorporado para o futuro, sendo essa é a principal diferença do planejamento brasileiro em relação a outros países”, salientou o especialista, lembrando que o país possui a nona maior reserva de urânio no mundo.

Contrato assinado em fevereiro prevê conclusão do edifício do reator e parte da montagem eletromecânica de Angra 3.

Segundo ele, as políticas públicas estão definidas por aqui, assim como a estabilidade jurídica e regulatória, nesse caso precisando aprofundar para a questão nuclear, criando as condições necessárias e um modelo institucional para competição e participação da iniciativa privada na expansão da fonte nos próximos anos.

“Não tem país no mundo que tem contratos de longo prazo como o Brasil, o que é música para os ouvidos do investidor, com a garantia de recebíveis”, destaca Barros, ressaltando também a previsibilidade do MME quanto a definição dos leilões pelos próximos três anos, um arcabouço legal que dá ao Brasil competividade e atratividade aos players.

Para Barros, o tema dos pequenos reatores é importante num conceito de Geração Distribuída mais próximo aos centros de carga, atendendo não só ao mercado mas ampliando a segurança energética, além do que a retomada de Angra 3 e 4 poderá colocar o país na liderança do protagonismo da geração nuclear na América Latina, visto ter a tecnologia, o conhecimento e o combustível.

“O desafio do Brasil hoje é gerenciar as oportunidades das renováveis administradas no sistema. Nossa oferta é quase que o dobro da necessidade e devemos ter uma estratégia de exportador de energia”, pontua Reive Barros, da Chesf, afirmando ser necessário aproveitar a vocação das fontes limpas para exportação de energia, via H2 ou interligações por toda América Latina.

EUA investe US$ 6 bilhões

Já no contexto da recente estratégia norte-americana, que prevê US$ 6 bilhões na área de energia nuclear, Reive Barros entende que o Brasil pode importar a ideia de aproveitamento desse tipo de geração para os sítios que utilizam ainda carvão, ajudando também na questão do desemprego após o abandono da atividade, o que pode acontecer no médio e longo prazo.

Sobre esse pacote anunciado nos Estados Unidos, a presidente-executiva do Nuclear Energy Insitute (NEI), Maria Korsnick, disse que um dos projetos pilotos do programa, o Tera Power, será construído na localidade de uma mina de exploração de carvão, demonstrando sinergia entre a frota nuclear para regiões onde haviam apenas estações de combustíveis fósseis.

“A vantagem competitiva desses reatores modulares é a simplicidade, podendo ser implementados de forma eficiente com relação a custos”, sustenta, afirmando que a nova tecnologia pode melhorar os preços atuais de US$ 35 a US$ 40 MWh e promover parcerias de complementaridade com eólica e solar.

Na avaliação da especialista o Brasil tem na mão uma oportunidade de demonstrar ao restante do mundo que está revigorando seu interesse na energia nuclear e começar a pensar em fornecer o combustível após o contexto da guerra, visto ter também a capacidade de enriquecimento e fabricação de elementos derivados do urânio.

Por sua vez a diretora-geral da World Nuclear Association, Sama Bilbao y Leon, destacou que a indústria nuclear precisa acelerar seu desenvolvimento para a matriz energética mundial, o que envolve muitos aspectos, como governos pragmáticos e determinados em criar planos efetivos para o mercado de baixo carbono investir na escala apropriada para cumprir os objetivos.

“Essa governança assertiva deve dar os sinais que vão guiar as políticas, mercados e estruturas financeiras que vão ajudar a criar a base para as fontes de baixo carbono”, define.

 

Nuclear é verde, mas tema é politizado.

Ela citou também a recente atualização da taxonomia europeia reconhecendo a fonte como uma tecnologia verde, mas entende faltar ainda alguns passos para a efetiva implementação, esperando que tudo seja concluído da melhor forma. “Tem sido um processo frustrante e uma questão politizada, sem examinar o que importa mesmo, que é sustentabilidade da energia nuclear”, aponta a executiva.

Para Sama, esse movimento pode ser influente para outros que estão sendo desenvolvidos ao redor do mundo, com a associação realizando no momento um mapeamento das atividades nessa área, afirmando existir mais de 20 taxonomias de fornecimento sustentável sendo delineadas e que se diferenciam muito entre si.

Pensando na parte dos problemas, o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e atual Professor Titular da COPPE-UFRJ, Maurício Tolmasquim, falou em dois pontos centrais. O primeiro seria o histórico atraso de construção e em como o planejamento do setor poderia ser feito com esse grau de incerteza, como nos 13 anos para erguer Angra 1 e 25 anos para Angra 2, sem falar nos 37 anos que se arrastam para a terceira unidade.

“Outra questão fundamental é o custo. Se temos R$ 349/MWh para Angra 1 e 2, são 60% a mais que uma térmica a gás e mais do que o dobro da eólica e solar. Mas o planejador não pode ter preconceito com nenhuma das fontes, devendo analisar todos os pontos e suas externalidades”, ressalta, citando a confiabilidade da nuclear como fonte de base e a confiabilidade, podendo funcionar sem interrupção por um ano ou mais, em 93% do tempo.

Entre outros problemas à vista o professor cita que o urânio é um elemento esgotável, apesar das reservas no país, e que a questão do resíduo nuclear ainda é um ponto sem resolução à nível mundial. “Outro fator é que o risco de ocorrer uma falha é muito baixo, mas quando ocorrem os acidentes podem ter dimensões catastróficas, o que fica na cabeça de todo mundo”, completa Tolmasquim.

Por outro lado, ele se lembra da leitura de analistas que apontam os pequenos reatores modulares como equipamentos mais seguros, com argumentos de serem menos propensos ao aquecimento com os eventos de calor, podendo reduzir também outros riscos de engenharia como falhas nas bombas, além de ter menos peças móveis do que os reatores tradicionais. O quarto argumento é que depende mais de sistemas passivos, não dependendo de intervenção humana em caso de alguma ocorrência.

“Não tenho dúvidas de que a descarbonização vai ditar a política energética daqui em diante. A experiência com a pandemia e da crise climática reforça o quão importante é enfrentar as questões globais com antecedência”, finaliza Mauricio Tomasquim, da COPPE/UFRJ. (canalenergia)