A
geração de energia limpa é central no enfrentamento urgente das mudanças
climáticas globais. O Brasil vai continuar competitivo nesse tema tanto com o
avanço das energias eólica e solar quanto com a modernização das usinas
hidrelétricas.
É provável que o Brasil não aumente, ao longo da próxima década, a participação das modalidades renováveis em sua matriz elétrica, mas isso não necessariamente é uma notícia ruim. O País já se destaca pela matriz limpa e será um grande avanço manter a proporção atual, em meio a um cenário projetado de aumento de demanda por energia elétrica – 3,4% ao ano até 2031, índice superior ao aumento estimado do Produto Interno Bruto (PIB), 2,9% ao ano no período. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia, anunciado pelo Ministério de Minas e Energia no fim de fevereiro, a capacidade instalada do Brasil deve subir dos atuais 200 GW para 275 GW em 2031. A perspectiva é de que essa ampliação ocorra com a preservação do patamar acima de 80% ocupado atualmente pelas fontes renováveis, ante uma média mundial de apenas 27%. Esse desempenho sustentável se deve basicamente às hidrelétricas, já que a energia hidráulica responde por 58% da produção brasileira. Com a desaceleração dos novos projetos de usinas de grande porte, no entanto, essa fatia deve cair para 45% em 2031. A boa notícia é que, de acordo com a projeção anunciada pelo governo, essa queda será quase totalmente compensada pela ampliação das novas modalidades sustentáveis. Essa compensação se dará pelo aumento da fatia composta pela energia solar (de 2% para 4%), pela eólica (10% para 11%) e, principalmente, pelo conjunto que o governo chama de autoprodução e geração distribuída, que engloba projetos de geração própria ou micro e minigeração destinada a clientes cativos. A participação desse conjunto, composto por biomassa (biogás, bagaço de cana, etc.), solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas, deverá subir de 8% para 17% na próxima década. Se os planos anunciados forem cumpridos, a participação das renováveis na matriz elétrica brasileira deverá cair apenas ligeiramente, dos atuais 85% para 83%, apesar do aumento projetado de quase 40% na capacidade instalada. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, essa projeção está alinhada às metas de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) anunciada pelo Brasil em 2021 – redução de 37% nas emissões de carbono até 2025 e de 50% até 2030, tendo como base os parâmetros de 2005.
Energia Solar e Eólica no Brasil
Longo
prazo
Em relação às grandes hidrelétricas, a manutenção e a atualização tecnológica são o caminho para que continuem produzindo ainda por muitos anos. É o caso das usinas de Jupiá e Ilha Solteira, duas das maiores do País, ambas localizadas na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul e inauguradas na década de 1970. “Estamos investindo quase R$ 3 bilhões na modernização dessas hidrelétricas”, conta José Renato Domingues, vice-presidente corporativo da CTG Brasil, empresa de origem chinesa que é a gestora das estruturas. Esse esforço, iniciado em 2017, inclui a manutenção das unidades geradoras, processo que abrange a adoção de uma tecnologia inédita no País: a instalação de mais de 400 sensores de machine learning nas turbinas, para produzir informações sobre diversos aspectos relacionados à operação, como sistemas de controle e ganhos de eficiência. “O foco principal é o aumento da disponibilidade e confiabilidade das operações, demonstração do compromisso de longo prazo que a empresa tem com o Brasil”, observa o executivo. Desde que iniciou as atividades no Brasil, em 2013, a empresa já investiu R$ 23 bilhões no País. Além das hidrelétricas, há também uma série de iniciativas relacionadas às novas modalidades renováveis. A CTG Brasil é a segunda maior geradora privada de energia do País e a maior operação do grupo fora da China – são 17 usinas hidrelétricas e 11 parques eólicos no território brasileiro, totalizando 8,3 GW de capacidade instalada. Em 2021, a receita operacional líquida da CTG Brasil foi de R$ 6,3 bilhões, aumento de 20,1% em relação à do ano anterior.
Presente em mais de 40 países, a empresa é uma das líderes globais em geração de energia limpa, com 140 GW de capacidade instalada, entre operação, construção e participação. (OESP)
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