segunda-feira, 16 de maio de 2022

Matriz 100% renovável é viável

Matriz 100% renovável é viável, aponta PSR.
Matriz energética 100% renovável até 2050 será economicamente viável.

Estudo feito junto ao Banco Mundial fala em um atendimento da demanda em 180 mil MW médios com ganhos de eletrificação de 60 mil MW médios a outras indústrias.

Para o Brasil a pouco dependência de petróleo e gás importado no contexto da guerra trazem oportunidades nas estratégias “no regret”, que alinham descarbonização, benefícios econômicos e resiliência. É o caso do hidrogênio, que pode ajudar também na menor dependência de fertilizantes russos como a amônia. Esse foi o tom da palestra inicial do Workshop PSR/CanalEnergia, realizado em 19/04/22.

O fundador e atual diretor de inovação da consultoria, Mário Veiga, destacou a inserção maior dos biocombustíveis, carros elétricos, usinas reversíveis e na questão do Net Zero, que na sua visão é muito viável no Brasil, citando um estudo recente feito entre a empresa e o Banco Mundial.

“O país pode chegar a 100% da matriz elétrica renovável com atendimento a demanda de 180 mil MW médios e ganhos de eletrificação de 60 mil MW médios a mais para outras indústrias”, aponta o executivo, lembrando também da necessidade de valorização dos atributos das fontes de armazenamento e flexibilidade, representando os impactos climáticos nas vazões nos estudos de planejamento e operação.

Outra frente que a PSR está se debruçando é numa certificação horária para a produção de renováveis em tempo real, trabalhando nesse momento no desenvolvimento de um token para certificação. Já à médio prazo o ponto é investir em recursos naturais, basicamente reflorestamento. “Tem escala e pode-se criar instrumentos para dar credibilidade”, completa Veiga.

Setor elétrico é líquido

Na visão do especialista, o setor elétrico vive uma montanha russa de mudanças nos últimos dois anos, saindo do ano de 2020 pessimista para 2021 com a grande virada otimista a partir da vacina e dos drivers de descarbonização e transição energética, com a consolidação do Net Zero, ESG e outras frentes verdes, com as empresas tendo maiores obrigações.

Sobre a invasão russa à Ucrânia, Veiga lembra que a crise energética é anterior a guerra e que os alertas do IPCC apontam para o avanço das mudanças climáticas e aumento da temperatura média do planeta. “Achavam que não precisavam mais de óleo e gás, a Inglaterra entendia que vento era para sempre, e o desenho do mercado europeu baseado no preço spot não trouxe proteção para variabilidade”.

Agora ele enxerga algumas mudanças e incoerências tidas até pouco tempo, como a União Europeia convergindo para os contratos de longo prazo como solução, a Inglaterra criando subsídios para usinas a diesel (com a participação até de empresas solares) e a turma do ESG falando em largar os investimentos em carvão e petróleo ao passo em que essas indústrias tiveram lucros absurdos nos últimos anos.

“Hoje no Financial Times há também uma notícia de uma empresa de petróleo que conseguiu enquadrar a caracterização de créditos de carbono por fazer uma perfuração utilizando o CO2”, comentou Veiga, arrancando risos da plateia.

Ademais o fundador da PSR citou o avanço tecnológico como um dos fatores que lhe dão esperança no desenvolvimento e melhorias para o setor e que a pressão econômica vai fazer o Brasil entrar de vez na descarbonização, com o processo de inovação recaindo em “juntar tecnologias como digitalização, sensores e nanotecnologia para a área de energia”.

Por outro lado, Veiga enxerga a evolução social do ser humano muito mais lenta do que essa evolução e escalada tecnológica, o que cria riscos mundiais como, por exemplo, a guerra na Ucrânia. “Uma encruzilhada entre o paraíso e a possibilidade de dar tudo errado”, finaliza. (canalenergia)

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