Estudo feito junto ao Banco Mundial fala em um
atendimento da demanda em 180 mil MW médios com ganhos de eletrificação de 60
mil MW médios a outras indústrias.
Para o Brasil a pouco dependência de petróleo e gás
importado no contexto da guerra trazem oportunidades nas estratégias “no
regret”, que alinham descarbonização, benefícios econômicos e resiliência. É o
caso do hidrogênio, que pode ajudar também na menor dependência de
fertilizantes russos como a amônia. Esse foi o tom da palestra inicial do
Workshop PSR/CanalEnergia, realizado em 19/04/22.
O
fundador e atual diretor de inovação da consultoria, Mário Veiga, destacou a
inserção maior dos biocombustíveis, carros elétricos, usinas reversíveis e na
questão do Net Zero, que na sua visão é muito viável no Brasil, citando um
estudo recente feito entre a empresa e o Banco Mundial.
“O país pode chegar a 100% da matriz elétrica
renovável com atendimento a demanda de 180 mil MW médios e ganhos de
eletrificação de 60 mil MW médios a mais para outras indústrias”, aponta o
executivo, lembrando também da necessidade de valorização dos atributos das
fontes de armazenamento e flexibilidade, representando os impactos climáticos
nas vazões nos estudos de planejamento e operação.
Outra frente que a PSR está se debruçando é numa certificação horária para a produção de renováveis em tempo real, trabalhando nesse momento no desenvolvimento de um token para certificação. Já à médio prazo o ponto é investir em recursos naturais, basicamente reflorestamento. “Tem escala e pode-se criar instrumentos para dar credibilidade”, completa Veiga.
Setor elétrico é líquido
Na visão do especialista, o setor elétrico vive uma
montanha russa de mudanças nos últimos dois anos, saindo do ano de 2020 pessimista
para 2021 com a grande virada otimista a partir da vacina e dos drivers de
descarbonização e transição energética, com a consolidação do Net Zero, ESG e
outras frentes verdes, com as empresas tendo maiores obrigações.
Sobre a invasão russa à Ucrânia, Veiga lembra que a
crise energética é anterior a guerra e que os alertas do IPCC apontam para o
avanço das mudanças climáticas e aumento da temperatura média do planeta.
“Achavam que não precisavam mais de óleo e gás, a Inglaterra entendia que vento
era para sempre, e o desenho do mercado europeu baseado no preço spot não
trouxe proteção para variabilidade”.
Agora ele enxerga algumas mudanças e incoerências
tidas até pouco tempo, como a União Europeia convergindo para os contratos de
longo prazo como solução, a Inglaterra criando subsídios para usinas a diesel
(com a participação até de empresas solares) e a turma do ESG falando em largar
os investimentos em carvão e petróleo ao passo em que essas indústrias tiveram
lucros absurdos nos últimos anos.
“Hoje no Financial Times há também uma notícia de uma
empresa de petróleo que conseguiu enquadrar a caracterização de créditos de
carbono por fazer uma perfuração utilizando o CO2”, comentou Veiga,
arrancando risos da plateia.
Ademais o fundador da PSR citou o avanço tecnológico como um dos fatores que lhe dão esperança no desenvolvimento e melhorias para o setor e que a pressão econômica vai fazer o Brasil entrar de vez na descarbonização, com o processo de inovação recaindo em “juntar tecnologias como digitalização, sensores e nanotecnologia para a área de energia”.
Por outro lado, Veiga enxerga a evolução social do ser humano muito mais lenta do que essa evolução e escalada tecnológica, o que cria riscos mundiais como, por exemplo, a guerra na Ucrânia. “Uma encruzilhada entre o paraíso e a possibilidade de dar tudo errado”, finaliza. (canalenergia)
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