segunda-feira, 30 de maio de 2011

Energia eólica recebe bilhões em investimentos

Energia eólica recebe R$ 25 bilhões em investimentos e vai produzir mais que Belo Monte
No momento em que são cada vez mais questionadas as construções de usinas hidrelétricas e nucleares, as fontes renováveis de energia, como eólica, biomassa e solar, começam a ganhar espaço no Brasil.
Dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), por exemplo, revelam que, até 2013, serão investidos no País R$ 25 bilhões em 141 projetos do setor, espalhados pelos estados de Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Rio Grande do Sul, informa a reportagem de Ramona Ordoñez. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, informou que, dentro de dois anos, o País produzirá 5.272 megawatts (MW) de energia eólica, um grande avanço se for considerado que, em 2005, o Brasil gerava apenas 29 MW.
O volume total de energia que será gerada a partir dos ventos – os novos projetos proporcionarão um incremento de 4.343 MW – é superior aos cerca de 4.500 MW previstos para a polêmica Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Além disso, chega perto do total a ser produzido pelas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia: 6.300 MW.
Estrangeiros investem em fontes renováveis no Brasil
Atualmente, a capacidade de geração de energia eólica no Brasil é de 928,9 MW. Segundo o presidente da EPE, estatal federal, as fontes renováveis de energia representam, hoje, aproximadamente 8% da eletricidade produzida no País. Em dez anos, devem chegar a 14%. Só a CPFL Energias Renováveis está investindo R$ 5,8 bilhões no setor. Já a Renova Energia planeja aplicar R$ 1,2 bilhão em vários projetos, principalmente parques eólicos.
- A energia eólica vai reduzir a operação das usinas térmicas a gás natural que são acionadas de forma complementar às hidrelétricas – destacou Tolmasquim.
O presidente da Abeeólica, Ricardo Simões, disse que a energia produzida a partir dos ventos corresponde hoje a 0,7% do total de eletricidade do país, mas, em 2013, esse percentual passará para 4,3%. Segundo ele, diversos fabricantes estrangeiros de equipamentos começam a se instalar no Brasil, o que permitirá uma redução gradual dos custos do setor.
- É uma energia limpa, que não depende do petróleo. Por isso defendemos que o governo realize um leilão só para a oferta de projetos de energia eólica. A tendência é de os preços caírem cada vez mais – afirmou Simões (EcoDebate)

Potencial eólico no País

Potencial eólico no País equivale a até 30 usinas de Itaipu
Segundo EPE, potencial mapeado no País seria equivalente a 143 mil MW
O Brasil tem potencial para gerar até 300 mil MW de energia elétrica a partir de parques eólicos, estima o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. O potencial mapeado no País seria equivalente a 143 mil MW, segundo ele. Reportagem de Daniela Amorim e Alexandre Rodrigues, da Agência Estado.
“Para efeito de comparação, a usina hidrelétrica de Itaipu tem capacidade de 14 mil MW, ou seja, o potencial eólico seria equivalente a 10 Itaipus. Mas com os geradores mais modernos que temos hoje, estimamos que a capacidade poderia mais chegar a 300 mil MW, ou 30 usinas de Itaipu”, disse Tolmasquim.
Ele defendeu em 29/04/11, a construção de usinas hidrelétricas, mesmo em regiões com ecossistema sensível, como a Amazônia. Segundo Tolmasquim, é possível criar contrapartidas ambientais, que permitiriam recuperar áreas degradadas e ainda obter a geração elétrica para o desenvolvimento do País. Tolmasquim lembrou que 60% do potencial hidrelétrico brasileiro estão na região amazônica.
“Há um preconceito contra as hidrelétricas. É possível conciliar a construção de usinas com a preservação do meio ambiente. Algumas vezes, há como exigir na construção a recuperação de áreas degradadas”, disse.
O presidente da EPE contou ainda que o Brasil tem o terceiro maior potencial mundial para construção de hidrelétricas, ficando atrás só da China e da Rússia. Mas o País utilizaria atualmente apenas um terço desse potencial. “A energia hidrelétrica é uma energia limpa e altamente competitiva”, defendeu. (EcoDebate)

sábado, 28 de maio de 2011

(Ir) responsabilidade nuclear

Não podemos nos esquecer dos trágicos e desastrosos acidentes nucleares ocorridos nos últimos anos, em Three Mile Island, na Pensilvânia – Estados Unidos em 1979, em Chernobyl-Ucrânia em 1986, e mais recente em Fukushima-Japão.
Para se ter uma ideia da dimensão dos problemas, o acidente em Three Mile Island, ficou no nível 5. O de Chernobyl e o de Fukushima no nível máximo 7, considerado como acidente grave pela Escala Internacional de Eventos Nucleares – INES, que mede a gravidade de desastres atômicos.
Os acidentes de 1979 e de 1986 foram causados por falhas humanas que provocaram um superaquecimento no reator, e vazamento de material radioativo para a atmosfera. Já o mais recente e dramático acidente em Fukushima, ocorreu depois de um terremoto seguido de Tsunami. Também neste caso houve liberação de radioatividade para o meio ambiente, levando a evacuação de mais de 170.000 pessoas no entorno de 30 km do local do acidente.
Pouco divulgadas são as anomalias menos graves que ocorrem nas 442 usinas nucleares espalhadas pelo mundo. Mesmo assim, há de se considerar que a segurança destas usinas teve avanços importantes nos últimos anos. Todavia, continuam suscetíveis a erros humanos, erros técnicos e desastres naturais.
Mesmo com as evidências e com as imagens instantâneas vistas da explosão de reatores da usina de Fukushima, os (ir) responsáveis e defensores da construção de novas usinas, continuam minimizando os riscos desta fonte de geração de energia elétrica. Afirmam que a segurança das centrais nucleares é perfeita, e que o risco é praticamente zero. Tentam tranquilizar as pessoas, afirmando que a evolução tecnológica levou as usinas nucleares a se modernizarem e serem praticamente imunes a acidentes. É citado nos discursos “o perigo zero” que representa as centrais nucleares.
No acidente de Fukushima o que vimos na realidade, foi à impotência dos técnicos de nada poderem fazer para evitar a liberação de radioatividade para o meio ambiente.  Portanto, os perigos ainda existem, e ocorrendo acidentes provocam graves danos à saúde e uma enorme devastação com a contaminação da água, solo e ar. Esta fonte energética é desastrosa para a vida.
Mesmo não ocorrendo acidentes, para os rejeitos produzidos durante a geração elétrica, não se pode garantir sua segurança nos depósitos por milhares de anos.  A atividade radioativa do lixo atômico sobreviverá muito tempo, mesmo depois que a usina for desativada, legando assim para as gerações futuras um problema considerável. Sem falar no desastre ambiental produzido já na mineração do urânio.
No caso brasileiro o elevado custo de construção de usinas nucleares (aproximadamente 8 bilhões de dólares cada uma), associado a uma tendência de alta devido ao rigor que será exigido com relação aos padrões de segurança pós-Fukushima, não compensará o uso que se fará da energia. Sem dúvida o impacto imediato será “sentido” nas tarifas elétricas. Pagamos uma das mais altas tarifas do mundo, e com tendência de aumento para os próximos anos. Sem nenhuma dúvida pode-se afirmar que o uso da eletricidade nuclear irá contribuir ainda mais para a elevação das tarifas de energia elétrica.
A história do nuclear mostra que sempre foi e continua sendo, mesmo com a nova geração de reatores, uma indústria altamente dependente de subsídios públicos. O que significa dizer que quem vai pagar a conta da imensa irresponsabilidade de se implantar estas usinas em nosso país será a população de maneira geral, e em particular os consumidores. (EcoDebate)

Regule-se o nuclear, não as bananas

A União Europeia harmoniza a regulamentação de frutas e legumes, mas não a segurança nuclear. Após Fukushima, é aberrante que os Estados continuem a tomar esse tipo de decisões sozinhos, sem controlo nem transparência, defende um jornalista alemão.
Toda a banana vendida em território da União Europeia deve ter pelo menos 14 centímetros de comprimento e 27 milímetros de grossura. É o que consta na regulamentação europeia em matéria de padrões de qualidade para bananas. Em compensação, sobre as centrais nucleares em funcionamento na UE, não existe uma política de segurança comum. Cada país faz o que quiser, que o aparelho comunitário, geralmente obcecado com a uniformização – em muitos casos, com resultados cómicos –, de repente declara-se sem qualquer competência formal.
Não há nada mais absurdo. Se perdermos o controlo de um reator nuclear, não importa em que lugar esteja na Europa, porque todo o continente será afetado. Ora é precisamente neste domínio que os Estados-membros podem decidir, cada um por si, o que fazem e o que permitem. Esta conceção de União Europeia, que só estabelece normas em áreas desprovidas de importância, é insuportável. Sobretudo depois de Fukushima. De outro modo, a comunidade arrisca-se a transformar-se, a prazo, numa república das bananas.
E já que falamos de poder de decisão: também na cena política interna não sabemos muito bem – e desde há muito – quem dirige o nuclear alemão. Qual a autoridade do Governo federal em matéria de política energética? Ou melhor: até que ponto está já nas mãos dos grupos de pressão do nuclear?
Acabar para sempre com a era da insanidade nuclear
Recordemos que, numa reunião secreta realizada no ano passado, os patrões do setor ditaram ao Governo a inscrição legal do prolongamento do período de vida útil das centrais de energia nuclear. No rescaldo de Fukushima, Angela Merkel e companhia, visivelmente levados ao arrependimento pelas sondagens, quiseram evitar dar a impressão de estarem sob o domínio dos grupos de pressão e manifestaram a intenção de acelerar a saída do nuclear.
Mas ressurge hoje a terrível suspeita: eis que, subitamente, o imposto sobre o combustível nuclear, que acabava de ser aprovado, está prestes a desaparecer – o Governo amarelo e preto [democrata cristão – liberal] prepara-se, pois, para votar ao esquecimento o seu único avanço relevante no campo da política energética. Mais uma prova de incompetência.
Mais do que nunca, parece óbvio que a reformulação energética precisa hoje, acima de tudo, de pessoas que se empenhem ativamente em banir pura e simplesmente o nuclear, utilizando fontes de energia alternativas. Ontem, por exemplo, as instalações fotovoltaicas alemãs produziram 120 milhões de quilowatts/hora de energia solar – ou seja, a produção diária de quatro centrais nucleares. Criar precedentes concretos é hoje, sem dúvida, a melhor maneira de acabar de uma vez por todas com esta era de insanidade nuclear. Na Alemanha como na Europa.
Suíça
Berna anuncia retirada do nuclear
A Alemanha falou nisso, a Suíça vai fazê-lo: é oficial, Berna vai abandonar a energia nuclear até 2034. Tem hoje cinco reatores em funcionamento, que representam mais de 40% da eletricidade produzida. Foi a ministra da Energia, Doris Leuthard, quem o anunciou, em 25 de maio, no âmbito da nova estratégia da Suiça até 2050, diz La Tribune de Genève. Para o diário, a "Suíça é pioneira. É a primeira a tomar uma decisão radical, dois meses após o desastre de Fukushima. A Alemanha pode ser a próxima”. Para La Tribune de Genève, trata-se de uma "decisão histórica que faz da Suíça um dos primeiros países do mundo a optar por um futuro sem o átomo”, apesar de que "o quadro ainda não é claro", porque o lugar das energias renováveis e das centrais a gás ainda não está definido, bem como os meios financeiros para realizar a conversão energética.
A decisão suíça evidencia as "divisões na Europa sobre o nuclear", que se “aprofundaram desde Fukushima" observa The Guardian, que resume deste modo a situação: "O Reino Unido e a França continuarão a apoiar firmemente" o nuclear; "a Itália pôs de lado os projetos de construção de novas centrais e a Alemanha procura uma saída”. Estas divisões, segundo o diário londrino, traduziram-se também no debate sobre a natureza dos novos testes de segurança reforçada às centrais nucleares existentes, aprovados em 24 de maio pelos Vinte e Sete. Por pressão de Londres, Paris e Praga, concordaram que os testes só avaliarão riscos naturais, e não ataques terroristas, pois “estes últimos dependem das autoridades nacionais responsáveis pela segurança e não da Comissão Europeia ou das autoridades atómicas nacionais". (presseurop.eu)

Europa discute a exportação de lixo nuclear

Europa discute proposta que permite exportar lixo nuclear
A comissão da indústria do Parlamento Europeu aprovou, por 31 votos a favor e 7 contra, proposta de exportar resíduos nucleares para países fora do bloco
Os 27 países que compõem a União Europeia pretendem exportar resíduos nucleares para países que não fazem parte do bloco. Em 26/05/11, a comissão da indústria do Parlamento Europeu aprovou, por 31 votos a favor, 7 contra e 10 abstenções, uma proposta elaborado pela deputada eslovena Romana Jordan sobre a disposição do lixo nuclear.
A Comissão Europeia introduzir um projeto de lei sobre a questão em novembro do ano passado, mas o texto defendia o oposto: que os Estados-membros não poderiam exportar seu lixo nuclear para países que não fazem parte do bloco. Após o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, aumentou a preocupação da comunidade internacional com o lixo nuclear.
O Parlamento Europeu votará a questão em sua segunda sessão plenária de junho. Na ocasião, o Conselho da UE também se pronunciará sobre a questão. As 143 centrais nucleares que hoje estão em operação na União Europeia produzem em torno de 7 mil metros cúbicos de resíduos nucleares. A maior parte deles fica armazenada temporariamente nas próprias usinas. Na Espanha, que concentra oito centrais nucleares, o governo discute a construção de um armazém para receber os resíduos de todas as usinas. (OESP)

Papel da energia nuclear é contestado

Papel da energia nuclear é cada vez mais contestado no Japão
O governo continua sendo favorável à energia nuclear, mas não faz mais dela uma prioridade. Cientistas se preocupam com a veracidade das medições de radioatividade realizadas ao redor da usina de Fukushima
O caso do desastre nuclear de Fukushima está longe de ser encerrado. Não só o país vem reconsiderando a importância a ser dada à energia atômica agora, como as críticas relativas a como o governo administrou a crise não estão enfraquecendo. Cientistas, sobretudo da Universidade de Tóquio, vêm questionando a veracidade das medições de radioatividade e as condições nas quais elas estão sendo realizadas – a 18 metros de altitude, um nível elevado demais, de acordo com alguns. Essas reconsiderações trazem de volta à tona a questão das ligações entre a indústria nuclear, as autoridades reguladoras e o poder público dentro do país.
Embora o primeiro-ministro Naoto Kan tenha declarado, na quarta-feira (18), que “a energia nuclear continuará a ser utilizada”, ele manteve seu apelo por uma revisão da política energética japonesa, que tem como um dos objetivos aumentar a participação da energia atômica de 28% para 50%, desenvolvendo o uso das energias renováveis.
Kan condicionou a preservação da energia nuclear a rigorosas garantias de segurança, que passariam pela criação de uma entidade de controle realmente independente. Até o acidente da usina de Fukushima, essa missão cabia à Agência de Segurança Nuclear e Industrial (NISA), uma estrutura sob tutela do ministério da Economia, do Comércio e da Indústria (METI) e cuja ação se concentrou mais na promoção da energia atômica do que no controle das instalações.
Ao afirmar que o programa nuclear será mantido, o primeiro-ministro quer acalmar os partidários dessa energia, descontentes com o pedido feito no dia 6 de maio, para surpresa geral, para que a usina de Hamaoka, no centro do Japão, tivesse suas operações suspensas, em razão dos fortes riscos sísmicos que a ameaçam. O presidente do Keidanren (a principal organização patronal japonesa), Hiromasa Yonekura, chamou a atitude do governo de “irresponsável”. A montadora de automóveis Toyota, cujas fábricas se situam em grande parte na zona servida pela Companhia Elétrica de Chubu (Chuden), operadora da Hamaoka, lamentou a falta de coordenação. Os produtores de eletricidade temem o aumento dos custos de se reiniciar as usinas térmicas.
A interrupção de Hamaoka também teria desagradado os parceiros do Japão, sobretudo os Estados Unidos, o Reino Unido e a França. “A decisão de Kan contraria os planos franceses de promover a energia nuclear durante a cúpula do G-8 em Deauville, nos dias 27 e 28 de maio”, acredita Yasuhiko Ota, analista do jornal de economia “Nihon Keizai Shimbun”. Ota lembra que “a visita do presidente Nicolas Sarkozy no centro da crise nuclear, no dia 31 de março, era destinada a evitar uma reação excessiva ao acidente e a atenuar os temores inúteis sobre a contaminação radioativa”.
Longe dessas considerações, a reação da opinião pública sobre a interrupção de Hamaoka é mais positiva. Segundo uma pesquisa do jornal “Asahi Shimbun”, 62% dos japoneses aprovam a decisão tomada, e os partidários da energia nuclear agora são minoria. Essa percepção nova se traduz nas manifestações que reúnem milhares de pessoas contra a energia atômica.
Nesse contexto, mesmo a grande mídia tem se distanciado da energia nuclear. A publicação semanal “Economisuto” do dia 24 de maio dedicou um dossiê aos meios de não se depender mais dessas energias. E a revista citou um estudo do professor Hidefumi Kurasaka, da Universidade de Chiba, para que o desenvolvimento das energias renováveis, que hoje geram somente 1% de eletricidade japonesa, possa compensar até 2040 a interrupção dos 54 reatores atualmente em serviço.
Um ponto reafirmado pelo Instituto para uma Política Energética Sustentável (ISEP), que acredita ser possível reduzir pela metade o consumo de eletricidade até 2050: o Japão tem uma capacidade de produção de energia elétrica de 237 gigawatts (49 GW em energia nuclear) mas um consumo diário máximo de 165 GW.
Em seu pronunciamento do dia 18 de maio, Kan pediu por uma “revisão da regulamentação da eletricidade”, que poderá significar uma separação da produção e da distribuição. Em abril de 2012, uma nova legislação obrigará os produtores a comprarem a um preço fixo a eletricidade produzida a partir de energias renováveis. Isso deve favorecer seu desenvolvimento e pode dar a entender que no Japão, apesar das posições oficiais, a energia nuclear não é mais uma prioridade. (EcoDebate)

Continua impasse do destino da carga nuclear

Caetité, Bahia: continua o impasse sobre o destino da carga nuclear
A reunião ocorrida no dia de hoje na Prefeitura de Caetité não decidiu o destino da carga radioativa que mantem populações de municípios baianos em estado de alerta contra a presença do comboio nuclear em seus territórios. O setor nuclear, com seus apoiadores históricos em Caetité, tenta ganhar o controle da situação em nome de um suposto consenso sobre o rumo que a carga tomará. Mas, uma solução parece ficar cada dia mais difícil, especialmente pela omissão dos poderes públicos responsáveis pela fiscalização da atividade da mineração radioativa.
Depois de ter deixado a região em polvorosa, ao trazer de São Paulo para Caetité, toneladas de material radioativo, sem nenhuma comunicação pública à sociedade e autoridades municipais e estaduais, pela primeira vez, a INB, em lugar de impor suas ações “sigilosas”, se viu obrigada a negociar com a população afetada pelos impactos sócio-ambientais da mineração. Na reunião de hoje, conseguiu formalizar “uma comissão para análise e posteriormente deliberar sobre o destino do material radioativo, após inspeção “in loco” e com o apoio de técnicos para verificar quanto à existência, ou não, de riscos adicionais no processo de reentamboramento do material”, segundo ata da reunião, divulgada no site da Prefeitura.
A comissão tem representantes do Poder Executivo, Legislativo, Ministério Público Federal, Comissão Pastoral do Meio Ambiente, Conselho de Segurança, Sindicato dos Mineradores, do Executivo Municipal de Guanambi e da Sociedade Civil de Guanambi. Nova reunião vai ocorrer amanhã, 9 horas, na sede da Prefeitura de Caetité, para dar sequência a negociação. Ainda segundo o documento, a INB se comprometeu a não transportar o material radioativo para o município de Caetité, no prazo de vinte e quatro horas, ou durante o tempo que a comissão depender para concluir seus trabalhos, os quais deverão ser realizados com a maior brevidade possível, sem prejuízo do suporte técnico que se fizer necessário para responder às indagações da sociedade sobre o transporte, processamento e posterior exportação do referido material”. Mas a situação não parece estar superada, como informa matéria abaixo de representantes do Greenpeace que estão região, acompanhando o desenrolar dos fatos. A população está aguardando providências por parte dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, a quem reivindicaram uma inspeção da carga e as providências cabíveis diante situação.
“Descaso a céu aberto”
Do Greenpeace
Carga de urânio altamente radioativa aguarda destinação estacionada em delegacia do interior da Bahia. O material veio de São Paulo, mas não apresentou autorização oficial de transporte.
Nove caminhões carregados de material radioativo estacionados no pátio de uma delegacia no interior da Bahia aguardam indefinidamente um rumo. Este é o cenário desolador do caótico programa nuclear brasileiro. O comboio veio de São Paulo, tentou entrar no município de Caetité (BA) na noite do dia 15 de maio e foi rejeitado pela população, que aguardava em vigília. Até o momento, nenhuma autorização de transporte foi apresentada pelos órgãos responsáveis.
Segundo a Indústria Nuclear do Brasil (INB), o comboio com cem toneladas de urânio saiu de uma reserva da marinha em Iperó (SP) para ser embalado em Caetité, única cidade do país onde há minas de urânio, e depois enviado para fora do país. Mas o tal carregamento está rodeado de incertezas: Não há provas de que não se trate de lixo radioativo e, até o momento, não se viu a cara de qualquer autorização do IBAMA para o transporte de uma carga letal que percorreu cerca de 1500 km por estradas brasileiras.
O clima em Caetité é de apreensão total. O Greenpeace esteve na delegacia onde repousam os caminhões, em Guanambi, a 30 km de Caetité, e o comando principal do batalhão pouco sabe sobre o elefante branco que está em seu pátio. O mesmo vale para a população, que exige a retirada imediata do material. Originalmente, o comboio tinha 13 veículos, dos quais 4 provavelmente conseguiram entrar na sede da INB.
“O episódio revela a falta de governança do programa nuclear brasileiro. Primeiro, um grande carregamento de material altamente tóxico empreende uma jornada pelas rodovias brasileiras sem autorização clara de transporte. É levada para uma cidade que rejeita o material e agora é mantida exposta a céu aberto no pátio de uma delegacia, colocando em risco a população”, diz Pedro Torres, da Campanha de Energia do Greenpeace.
Padre Osvaldino, liderança local convidada pela prefeitura a participar de audiência com a INB sobre o caso esta manhã, acredita que a tática da Indústria Nuclear é a de vencer a população pelo cansaço. “As pessoas não podem ficar em vigília por muito tempo para evitar que a carga saia do lugar”, diz. O Greenpeace foi barrado na porta da audiência. O impasse – leia-se, a carga radioativa – permanece pelo menos até amanhã, dia 18 de maio, quando as negociações entre prefeitura, INB e representantes da população local recomeçarem”. (EcoDebate)

O futuro da energia nuclear

O futuro da energia nuclear
Existem tecnologias que resolvem problemas importantes e vieram para ficar. Outras atravessam um “período de ouro”, perdem importância ou até desaparecem.
Automóveis, por exemplo, desenvolvidos no início do século 20, mudaram a face da civilização como a conhecemos. E mesmo que as reservas mundiais de petróleo se esgotem, soluções técnicas vão ser encontradas para mantê-los circulando.
Outras tecnologias promissoras enfrentaram problemas e foram abandonadas. Um bom exemplo é o dos zepelins, enormes balões cheios de hidrogênio que abriram caminho para viagens aéreas intercontinentais na década de 1930, época em que a aviação comercial ainda engatinhava. Mas bastou o acidente com o Hindenburg, zepelim alemão que se incendiou em Nova Jersey (EUA), em 1937, para selar o destino dessa tecnologia.
A energia nuclear parece atravessar um desses períodos críticos: ela teve uma “época de ouro” entre 1970 e 1980, quando entraram em funcionamento cerca de 30 novos reatores nucleares por ano. Após o acidente nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979, e em Chernobyl, na Ucrânia, então parte da União Soviética, em 1986, o entusiasmo por essa tecnologia diminuiu muito e desde então apenas dois ou três reatores entraram em funcionamento por ano. Houve uma estagnação da expansão do uso dessa energia.
As causas dessa estagnação são complexas: por um lado, a resistência do público, preocupado com os riscos da energia nuclear; e, por outro, razões mais pragmáticas, como o seu custo elevado.
Apesar desses problemas, a produção de energia nuclear não resulta em emissões de gases responsáveis pelo aquecimento da Terra, que é o caso quando se produz energia elétrica com combustíveis fósseis, como carvão ou gás natural. As preocupações com o efeito estufa levaram vários ambientalistas a apoiar uma “renascença nuclear”.
Mas eis que acontece o desastre de Fukushima, com gravidade comparável à de Chernobyl, afetando diretamente centenas de milhares de pessoas e espalhando inquietações sobre o efeito da radiação nuclear numa vasta área do Japão e de países vizinhos.
O setor nuclear tem tentado minimizar a gravidade do acidente no Japão, atribuindo-o a eventos raríssimos, como um terremoto de alta intensidade seguido por tsunami, que dificilmente ocorreriam em outros locais. Essa é uma estratégia equivocada, que pode satisfazer engenheiros nucleares, mas não os setores mais esclarecidos da população e governos de muitos países.
Reatores nucleares contêm dentro deles uma enorme quantidade de radioatividade e o problema é sempre o de evitar que ela se espalhe, como se verificou em Chernobyl. Sucede que não é preciso um terremoto e um tsunami para que isso aconteça. Bastam falhas mecânicas e erros humanos, como ocorreu em Three Mile Island. Segurança total não existe.
É possível melhorar o desempenho dos reatores e torná-los mais seguros, mas isso acarretará custos mais elevados, o que tornará a energia nuclear ainda menos competitiva do que já é em relação a outras formas de geração de eletricidade. Além disso, a grande maioria dos reatores nucleares atualmente em uso começou a funcionar 30 ou 40 anos atrás e forçosamente eles terão de ser “aposentados” em breve – os de Fukushima funcionam há mais de 40 anos. A redução da vida útil dos reatores diminuirá, certamente, sua competitividade econômica.
Mais ainda, será preciso resolver de vez o problema do armazenamento permanente dos resíduos nucleares, que se arrasta há décadas. Até hoje os elementos combustíveis usados, que são altamente radiativos, são depositados em piscinas situadas ao lado dos reatores – e um dos problemas em Fukushima foi a radioatividade liberada quando o nível da água da piscina baixou. Só nos Estados Unidos existem essas piscinas ao lado dos 104 reatores lá existentes. Em Angra dos Reis a situação é a mesma.
Finalmente, há o problema de quem pagará pelas compensações para a população atingida pelos acidentes nucleares. Os limites fixados pelos governos para cobrir esses danos são atualmente muito baixos e deverão aumentar muito.
Como resultado dessas inquietações e incertezas, está em curso uma reavaliação, em grande número de países, sobre o futuro da “renascença nuclear” e da sobrevivência da própria opção do uso de reatores nucleares para a geração de eletricidade. Alguns países já adotaram o que se chama de “estratégia de saída”, pela qual novos reatores não serão construídos.
A Bélgica e a Suíça já adotaram essa política, bem como o Chile e a Alemanha. A China suspendeu a autorização para a construção de mais usinas até que seja feito um reestudo completo das suas condições de segurança. Nos Estados Unidos, acaba de ser abandonado o projeto de construção de dois reatores no Estado do Texas, os primeiros a serem iniciados após mais de 30 nos de moratória nuclear.
Outros países, provavelmente, seguirão o mesmo caminho, sobretudo os que dispõem de outras opções mais econômicas e menos perigosas para a geração de energia elétrica. Esse é, claramente, o caso do Brasil, onde existe um amplo potencial hidrelétrico a explorar, bem como a cogeração de eletricidade nas usinas de açúcar e álcool, e também a energia eólica. A Agência Internacional de Energia Atômica reduziu sua projeção de novos reatores nucleares no mundo para 2035 em 50%.
Alguns países, como a França, onde quase 75% da eletricidade tem origem nuclear, e até mesmo o Japão, que não tem muitos recursos naturais, aumentarão o uso do gás, o que, consequentemente, aumentará as emissões de carbono. Haverá, nesse caso, escolhas difíceis. Mas o aquecimento global ocorrerá num horizonte de tempo longo e prevenir novos acidentes nucleares é uma tarefa urgente. (EcoDebate)

O ‘indescartável’ descarte do lixo atômico

O principal problema da fissão nuclear é a produção de rejeitos radiativos (também chamado lixo atômico), que podem emitir radiações ionizantes por milhares de anos. Como exemplo crucial mencionamos o plutônio 238, cuja meia-vida é de 88 anos. Caso mais dramático ainda é o do plutônio 239, com meia-vida de 240 séculos. Inexiste solução prática e, tampouco, em nível mundial para o problema. Pois não se pode acelerar o processo do decaimento radioativo de um isótopo senão respeitar o seu tempo de meia-vida. Parte dos rejeitos pode ser reaproveitada, como o 239Pu gerado nos reatores. E essa foi a opção adotada pelas autoridades nucleares do Japão, de empregar o MOX numa das unidades do complexo de Fukushima.
Tradicionalmente os rejeitos nucleares são classificados em três tipos: (1) HLW (High Level Waste), que é o combustível irradiado pelo núcleo; (2) ILW (Intermediate Level Waste), representado pelo material metálico que entrou em contato com o combustível nuclear ou com o reator; e (3) LLW (Low Level Waste), que engloba as roupas de proteção, equipamentos de laboratório ou algum outro material que tenha tido contato com o material radiativo.
Os rejeitos do tipo ILW e LLW devem ser armazenados em locais fechados e blindados até que a atividade radiativa decaia em nível de baixo impacto ambiental. Já os rejeitos HLW devem ser isolados por milhares de anos. Algumas soluções já foram levantadas por pesquisadores. Até mesmo a possibilidade de enviar o lixo atômico para o espaço sideral, onde em elevadíssimas altitudes a radiatividade é mais intensa ainda. Essa saída, contudo, esbarra na baixa confiabilidade no lançamento de foguetes. Prova disso é que, por volta de 1985, uma espaçonave tripulada norte-americana da missão Challenger explodiu 30 segundos após o seu lançamento da base de Cabo Canaveral. 
Outras soluções sempre temporárias envolvem o sepultamento dos resíduos de alta radiatividade em minas subterrâneas de sal. É o que faz a Alemanha, por supor que, como estruturas geológicas antigas e estáveis, as minas salinas desativadas se manterão íntegras por longo período de tempo. Já os Estados Unidos optaram por enterrar os rejeitos em regiões desérticas. Há décadas eles depositam o lixo atômico em túneis construídos no deserto do Arizona. E ainda está em fase de discussões acaloradas e de grandes polêmicas a escolha como local para depósito desse tipo de rejeito em Yucca Mountain (no Estado de Nevada e a cem quilômetros de região habitada).
Em Angra dos Reis, que conta com duas centrais nucleares em operação e a terceira planta em fase de construção, os resíduos de baixa radiatividade (na maior parte luvas e equipamentos contaminados) são guardados em contêineres alojados em galpões de concreto construídos em prédio anexo às usinas.
Os de média atividade também ficam em galpões, mas recebem tratamento especial. “Garras” de metal empilham os recipientes que armazenam os líquidos do circuito fechado que passam pelos reatores, em galpões envoltos por concreto. O operador dessas “garras” fica em uma antessala protegida por vidros reforçados por chumbo para evitar contato com a radiação.
Ainda não foi definido, segundo o governo, o destino final do preocupante e sempre perigoso lixo nuclear brasileiro. Porém, as usinas são obrigadas a armazenar o material provisoriamente. Em 2019, esgota-se o espaço nos depósitos intermediários de Angra 1 e 2. Ainda estão em andamento (sempre segundo o poder público) estudos para a construção de um depósito definitivo, onde os rejeitos de baixa e média atividade descansarão até que se tornem menos nocivos. Mas por enquanto nada foi decidido. O início do funcionamento de Angra 3, previsto para dezembro de 2015, está condicionado à construção de um depósito definitivo.
Já os rejeitos de alta radiatividade, constituídos pelo combustível nuclear após sua utilização, são armazenados em uma “piscina” junto aos reatores. Embora alguns países reutilizem esse tipo de rejeito, o Brasil diz ainda não ter planejado reciclá-lo. O certo é que esse tipo de material deve permanecer com a usina permanentemente e sob cuidado, mesmo depois de ela ser descomissionada (o que no jargão técnico significa ser desativada). Além de depósitos em piscinas, Angra 1 e 2 contam com sarcófagos reforçados que abrigam o maquinário utilizado nas usinas.
Como imagens valem mais que palavras, sugerimos que os interessados pelo tema assistam pela internet ao curtíssimo vídeo, disponível apenas em inglês, Johnston island and radioactive residues, como adequadamente nos lembrou o destacado docente do Instituto de Química da USP (do qual foi um dos diretores) Paulo Sérgio Santos. Preparem-se, contudo, para assistir a imagens estarrecedoras. Seja como for, somos reconhecidos ao professor Paulo Sérgio, a quem agradecemos pela feliz e oportuna lembrança. E com quem, aliás, concordamos em gênero, número, grau e caso. (EcoDebate)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A energia geotérmica

O que é?
Como se pode aproveitar?
Energia geotérmica ou energia geotermal é a energia obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra. Devido à necessidade de se obterem quantidades cada vez maiores de energia, foi desenvolvida uma forma de aproveitar esse calor para a produção de eletricidade.
Atualmente a grande parte da energia eléctrica que consumimos, provem da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, métodos esses muito poluentes (Energias não renováveis).
Para que possamos entender como é aproveitada a energia do calor da Terra devemos primeiramente entender como nosso planeta é constituído. A Terra é formada por grandes placas, que nos mantém isolados do seu interior, no qual encontramos o magma, que consiste basicamente em rochas derretidas. Com o aumento da profundidade a temperatura dessas rochas aumenta cada vez mais, no entanto, há zonas de intrusões magmáticas, onde a temperatura é muito maior. Essas são as zonas onde há elevado potencial geotérmico.
Central Geotérmica - Islândia
A primeira tentativa de gerar eletricidade desta forma foi em 1904 em Larderello na região da Toscana, na Itália. Contudo, os esforços para produzir uma máquina para aproveitar tal fonte de energia foram mal sucedidos, pois as máquinas utilizadas sofreram destruição devido à presença de substâncias químicas contidas no vapor. Já em 1913, uma estação de 250 kW foi produzida com sucesso e por volta da Segunda Guerra Mundial a produção já se situava em 100 MW, no entanto a central foi destruída durante a Guerra.
Vários países, como o México, Japão, Filipinas, Quénia e Islândia têm expandido a sua produção de eletricidade por meio geotérmico.
Portugal conta com uma moderna central geotérmica em funcionamento na Ilha de São Miguel, Açores, isto para além de outra mais antiga, e está em fase de conclusão uma nova central geotérmica na Ilha Terceira, Açores.
Fontes de Energia Geotérmica
Rocha seca quente
Quando não existem gêiseres, e as condições são favoráveis, é possível "estimular" o aquecimento d'água usando o calor do interior da Terra. Uma experiência realizada em Los Alamos, na Califórnia, provou a viabilidade de execução deste tipo de central de produção de energia.
Em terreno adequado, foram perfurados dois poços vizinhos, distantes 35 metros lateralmente e 360 metros verticalmente, de modo a poderem ambos alcançar uma camada de rocha quente. Num dos poços é injetada água, que aquece em contato com a rocha quente e é posteriormente expelida pelo outro poço, onde há uma central geotérmica instalada na saída do mesmo.
Esta experiência de Los Alamos é apenas um projeto piloto e não gera energia para uso comercial. A previsão de duração desse campo geotérmico é de dez anos. No entanto abre a possibilidade que outras instalações deste tipo, venham a produzir energia eléctrica, num futuro próximo, com fins comerciais.
Rocha húmida quente
Também é possível perfurar um poço para que ele alcance uma "caldeira" naturalmente formada? Um depósito de água aquecido pelo calor terrestre. A partir daí, energia eléctrica é gerada como em todos os outros casos.
Vapor seco
Em casos raríssimos pode ser encontrado o que os cientistas chamam de fonte de "vapor seco", em que a pressão do vapor é suficientemente alta para movimentar as turbinas da central geotérmica com excepcional força, sendo assim uma fonte eficiente na geração de eletricidade. São encontradas fontes de vapor seco em Larderello, na Itália e em Cerro Prieto, no México.
Vantagens e desvantagens
Aproximadamente todos os fluxos de água geotérmicos contem gases dissolvidos, sendo que estes gases são enviados para a central geotérmica juntamente com o vapor de água, acabando por se libertar para a atmosfera.
Por outro lado, o odor desagradável, a natureza corrosiva, e as propriedades nocivas do ácido sulfídrico (H2S) são causas que preocupam. Nos casos onde a concentração de ácido sulfídrico (H2S) é relativamente baixa, o cheiro do gás causa náuseas. Em concentrações mais altas pode causar sérios problemas de saúde e até a morte por asfixia.
É igualmente importante que haja tratamento adequado a água vinda do interior da Terra, que invariavelmente contém minérios prejudiciais a saúde. Estes caudais não devem simplesmente ser eliminados para os cursos de água locais, por forma a que isso não prejudique a fauna local.
Quando uma grande quantidade de fluído aquoso é retirada da Terra, sempre existe a possibilidade de ocorrer subsidência na superfície. O mais drástico exemplo de um problema desse tipo ocorreu numa central geotérmica em Wairakei, Nova Zelândia. O nível da superfície baixou 14 metros entre 1950 e 1997 e continua a baixar a uma taxa de 0,22 metros por ano. Acredita-se que este problema pode ser atenuado com reinfecção de água no local.
Há ainda o inconveniente da poluição sonora que afligiria toda a população vizinha ao local de instalação da central geotérmica, pois, para a perfuração do poço é necessário o uso de maquinaria semelhante aquela que se utiliza para a perfuração de poços de petróleo. (explicatorium.com)

Vantagens e Desvantagens da Geotérmica

Vantagens e Desvantagens da Energia Geotérmica
Vantagens e Desvantagens do uso da Energia Geotérmica nas suas diversas aplicações.
Energia geotérmica é a energia obtida a partir do calor proveniente da Terra, mais precisamente do seu interior. Funciona graças à capacidade natural da Terra e/ou da sua água subterrânea em reter calor.
Para que possamos entender como é aproveitada a energia do calor da Terra devemos primeiramente entender como nosso planeta é constituído. A Terra é formada por grandes placas, que nos mantém isolados do seu interior, no qual encontramos o magma, que consiste basicamente em rochas derretidas.
Com o aumento da profundidade a temperatura dessas rochas aumenta cada vez mais, no entanto, há zonas de intrusões magmáticas, onde a temperatura é muito maior. Essas são as zonas onde há elevado potencial geotérmico.
VANTAGENS DE USAR ENERGIA GEOTÉRMICA
Limpa
As centrais geotérmicas, como vento e centrais solares, não têm de queimar combustíveis para manufacturar o vapor para mover as turbinas. A geração de electricidade com a energia geotérmica ajuda a conservar combustíveis fósseis não renováveis, e reduzindo o uso desses combustíveis, reduzimos emissões que prejudicam a nossa atmosfera. Não há nenhum ar fumegante à volta de centrais geotérmicas – de facto algumas são construídas no meio de colheitas de quintas e florestas, e partilham terreno com o gado e vida selvagem local.
Não prejudica a terra. A área de terreno necessária para centrais geotérmicas é mais pequena por megawatt do que para quase cada outro tipo de centrais. As instalações geotérmicas não precisam de barrar rios ou de colher florestas – e não há cabos de minas, túneis, covas abertas, pilhas de lixo ou derramamentos de óleo.
Fiável
As centrais geotérmicas são projectadas para funcionar 24 horas por dia, durante todo o ano. Uma central geotérmica situa-se directamente por cima da sua fonte de combustível. É resistente a interrupções de geração de energia devido a condições atmosféricas, catástrofes naturais ou cisões políticas que podem interromper o transporte de combustíveis.
Flexível
As centrais geotérmicas podem ter desenhos modulares, com unidades adicionais instaladas em incrementos quando necessário para se ajustar à crescente procura de electricidade.
Mantém os Euros em Casa. O dinheiro não tem de ser exportado para importar combustível para centrais geotérmicas. O “combustível” geotérmico – como o sol e o vento – está sempre onde a central está; os benefícios económicos permanecem na região e não há nenhum choque de preços de combustível.
Ajuda os Países em Desenvolvimento. Os projectos geotérmicos podem oferecer todos os benefícios acima mencionados para ajudar os países em desenvolvimento a crescer sem poluição. E as instalações em localizações remotas podem levantar o nível e qualidade de vida trazendo electricidade a pessoas longe dos centros demográficos “electrificados”.
Desde que a primeira electricidade gerada geotermicamente no mundo foi produzida em Larderello, a Itália, em 1904, que o uso da energia geotérmica para electricidade cresceu a nível mundial para aproximadamente 7,000 megawatts em vinte e um países em todo o mundo. Só os Estados Unidos produzem 2700 megawatts de electricidade de energia geotérmica, electricidade comparável a queimar sessenta milhões de barris de petróleo por ano.
DESVANTAGENS DOS SISTEMAS GEOTÉRMICOS
Se não for usado em pequenas zonas onde o calor do interior da Terra vem á superfície através de géiseres e vulcões, então a perfuração dos solos para a introdução de canos é dispendiosa.
Os anti-gelificantes usados nas zonas mais frias são poluentes: apesar de terem uma baixa toxicidade, alguns produzem CFCs e HCFCs.
Este sistema tem um custo inicial elevado, e a barata manutenção da bomba de sucção de calor (que por estar situada no interior da Terra ou dentro de um edifício não está exposta ao mau tempo e a vandalismo), é contrabalançada pelo elevado custo de manutenção dos canos (onde a água causa corrosão e depósitos minerais). (portal-energia.com)

Energia geotérmica

Princípio do uso da energia geotérmica
Energia geotérmica ou energia geotermal é a energia obtida a partir do calor proveniente da Terra, mais precisamente do seu interior. Devido a necessidade de se obter energia elétrica de uma maneira mais limpa e em quantidades cada vez maiores, foi desenvolvido um modo de aproveitar esse calor para a geração de eletricidade. Hoje a grande parte da energia elétrica provém da queima de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, esses métodos são muito poluentes.
Para que possamos entender como é aproveitada a energia do calor da Terra devemos primeiramente entender como nosso planeta é constituído. A Terra é formada por grandes placas, que nos mantém isolados do seu interior, no qual encontramos o magma, que consiste basicamente em rochas derretidas. Com o aumento da profundidade a temperatura dessas rochas aumenta cada vez mais, no entanto, há zonas de intrusões magmáticas, onde a temperatura é muito maior. Essas são as zonas onde há elevado potencial geotérmico.
A primeira tentativa de gerar eletricidade de fontes geotérmicas se deu em 1904 em Larderello na região da Toscana, na Itália. Contudo, esforços para produzir uma máquina para aproveitar tais fontes foram mal sucedidos, pois as máquinas utilizadas sofreram destruição devido a presença de substâncias químicas contidas no vapor. Já em 1913, uma estação de 250 kw foi produzida com sucesso e por volta da Segunda Guerra Mundial 100 MW estavam sendo produzidos, mas a usina foi destruída na Guerra.
Por volta de 1970, um campo de gêiseres na Califórnia estava produzindo 500 MW de eletricidade. A exploração desse campo foi dramática, pois em 1960 somente 12 MW eram produzidos e em 1963 somente 25 MW. México, Japão, Filipinas, Quenia e Islândia também têm expandido a produção de eletricidade por meio geotérmico.
Na Nova Zelândia o campo de gases de Wairakei, na Ilha do Norte, foi desenvolvido por volta de 1950. Em 1964, 192 MW estavam sendo produzidos, mas hoje em dia este campo está acabando.
Portugal conta com uma moderna central geotérmia em funcionamento na Ilha de São Miguel, Açores. Esta central foi construída pela multinacional israelita Ormat. Isto para além outra mais antiga, e está a ser acabada uma nova na Ilha Terceira, Açores.
Fontes de energia geotérmica
Quando não existem gêiseres, e as condições são favoráveis, é possível "estimular" o aquecimento d'água usando o calor do interior da Terra. Um experimento realizado em Los Angeles, Califórnia, provou a possibilidade de execução deste tipo de usina. Em terreno propício, foram perfurados dois poços vizinhos, distantes 35 metros lateralmente e 360 metros verticalmente, de modo que eles alcancem uma camada de rocha quente. Em um dos poços é injetada água, ela se aquece na rocha e é expelida pelo outro poço e quando esta função acontece a água predominante na pedra penetra na mesma ocorrendo o processo de metabolização geotermica.
Esta é a melhor maneira de obter energia naturalmente. É necessário perfurar um poço que já contenha água e a partir daí a energia é gerada normalmente.
Vapor seco
Em casos raríssimos pode ser encontrado o que os cientistas chamam de fonte de "vapor seco", em que a pressão é alta o suficiente para movimentar as turbinas da usina com excepcional força, sendo assim uma fonte eficiente na geração de eletricidade. São encontradas fontes de vapor seco em Larderello, na Itália e em Cerro Prieto, no México.

Vantagens e desvantagens
A usina geotérmica de Nesjavellir, próxima a Pingvellir, na Inslândia.
Aproximadamente todos os fluxos de água geotérmicos contem gases dissolvidos, sendo que estes gases são enviados a usina de geração de energia junto com o vapor de água. De um jeito ou de outro estes gases acabam indo para a atmosfera. A descarga de vapor de água e CO2 não são de séria significância na escala apropriada das usinas geotérmicas.
Por outro lado, o odor desagradável, a natureza corrosiva, e as propriedades nocivas do ácido sulfídrico (H2S) são causas que preocupam. Nos casos onde a concentração de ácido sulfídrico (H2S) é relativamente baixa, o cheiro do gás causa náuseas. Em concentrações mais altas pode causar sérios problemas de saúde e até a morte por asfixia.
É igualmente importante que haja tratamento adequado a água vinda do interior da Terra, que invariavelmente contém minérios prejudiciais a saúde. Não deve ocorrer simplesmente seu despejo em rios locais, para que isso não prejudique a fauna local.
Quando uma grande quantidade de fluido aquoso é retirada da Terra, sempre há a chance de ocorrer subsistência na superfície. O mais drástico exemplo de um problema desse tipo numa usina geotérmica está em Wairakei, Nova Zelândia.   O nível do superfície afundou 14 metros entre 1950 e 1997 e está deformando a uma taxa de 0,22 metro por ano, após alcançar uma taxa de 0,48 metros por ano em meados dos anos 70. Acredita-se que o problema pode ser atenuado com re-injeção de água no local.
Há ainda o inconveniente da poluição sonora que afligiria toda a população vizinha ao local de instalação da usina, pois, para a perfuração do poço, é necessário o uso de maquinário semelhante ao usado na perfuração de poços de petróleo. (wikipedia)

Energia suja em Pernambuco

Termoelétricas: Energia suja em Pernambuco
As mudanças climáticas relacionadas com a degradação ambiental será o tema dominante a ser discutido nos próximos anos pela humanidade. Níveis crescentes de emissões de dióxido de carbono e gás metano na atmosfera têm provocado consequências desastrosas à raça humana, resultando no aumento da intensidade e da frequência dos fenômenos como terremotos, furacões, erupções, tornados, inundações, entre outros.
Boa parte dos atuais problemas é provocada pelas atividades humanas, particularmente devido ao modo de produzir e consumir. O que esta levando o planeta a uma situação tal, que poderá se nada for feito, provocar uma alteração irreversível no clima com consequências físicas, econômicas e sociais catastróficas. São as fontes energéticas atuais como o petróleo/derivados, gás natural, carvão mineral responsável por mais de 2/3 das emissões de gases de efeito estufa no mundo.
O atual momento de investimentos e crescimento econômico que passa o Estado de Pernambuco deve ser analisado criticamente, pois obedece a uma mentalidade desenvolvimentista, ainda calcada na visão do século passado do “crescimento a qualquer custo”, ignorando a dimensão sócio-ambiental. Temos que posicionar contra clichês alardeados e flagrantemente falsos, que diz respeito ao modo de governar o Estado, de ser o novo, de se proclamar como exemplo para “um novo caminho para um novo Brasil”.
Além do desmatamento permitido (mangues e o pouco que resta de fragmentos da Mata Atlântica) para a ampliação do Complexo Industrial e Portuário de Suape, o governo do Estado tem incentivado e justificado empreendimentos de geração de energia elétrica, como a implantação das termoelétricas movidas a combustíveis fósseis. Em maio de 2010 foi anunciado pelo grupo finlandês Wärtsilä, a construção da usina termelétrica Suape II, com uma potência instalada de 380 MW, em um terreno localizado às margens da rodovia PE-60, funcionando com óleo combustível: uma sujeira só para o meio ambiente. O projeto do tipo “chave na mão” (turnkey) pertence a um grupo formado pela Petrobrás e a Nova Cibe Energia (Grupo Bertin), prevendo o início de operação comercial para 1º de janeiro de 2012.
O óleo combustível, que dentre os combustíveis fósseis é o que mais contribui ao efeito estufa e para as mudanças climáticas, emite para cada 0,96 m3 de óleo consumido 3,34 toneladas de CO2, segundo a Agência Internacional de Energia. Estima-se que a emissão anual desta instalação será de pelo menos 2 milhões de toneladas de CO2.
A construção no município do Cabo da Usina Termoelétrica Suape II, e com previsão de outra Termoelétrica a Suape (III ?) também movida com óleo combustível, são exemplos de empreendimentos que vão na contramão, do grande desafio atual que é da substituição dos combustíveis fosseis pelas fontes renováveis de energia.
Em nome de alavancar o desenvolvimento do Estado, com investimentos sendo realizados na região e a criação de novos postos de trabalho e geração de renda, se perpetua um modelo predatório, cujas consequências podem ser traduzidas na aceleração da degradação ambiental e no aumento das emissões de gases de efeito estufa, responsável pelas mudanças climáticas; além de pressionar os problemas econômicos e sociais com mais concentração da riqueza gerada.
Apesar do discurso pela busca de sustentabilidade entre empresas e governo ser cada vez mais recorrente, Pernambuco tem aumentado a produção e o consumo de energia suja. Aqui o crescimento econômico não combina com preservação ambiental, pois tem gerado um aumento da poluição, que torna seu desenvolvimento insustentável. (EcoDebate)

Energia geotérmica no Japão

Apesar do potencial de energia geotérmica Japão extrai pouca eletricidade de suas águas termais
Como os visitantes de algumas das milhares de termas do Japão sabem, este país esta situado sobre muita água quente.
Até o momento, entretanto, elas foram pouco exploradas para produção de energia. Há apenas 18 usinas elétricas geotérmicas no país, e juntas elas representam apenas 0,3% da produção de eletricidade do país.
Mas alguns dizem que à medida que a dependência do Japão de usinas nucleares passa a ser questionada, o país deveria explorar mais seu recurso natural geotérmico para fornecimento de energia limpa e renovável. Reportagem de Andrew Pollack, The New York Times.
“O Japão conta com 10% da atividade vulcânica mundial, então eu acho que há possibilidade de maior desenvolvimento”, disse Kengo Aoyama, chefe do setor de engenharia da usina geotérmica de Yanaizu-Nishiyama, localizada aqui, em uma área cheia de balneários termais.
Aproximadamente 300 toneladas de vapor e água quente emergem a cada hora aqui dos 21 poços perfurados com profundidades de 2,4 quilômetros. O vapor passa por um labirinto de canos até chegar a uma usina elétrica próxima da companhia elétrica regional, para mover uma turbina elétrica.
Virtualmente não há nenhum som indicando a circulação de todo o vapor. E a usina é simples o suficiente para poder ser controlada de modo remoto, de centenas de quilômetros de distância.
O Instituto de Política da Terra, um grupo de Washington iniciado pelo ambientalista Lester Brown, argumenta que a energia geotérmica pode fornecer até 80 mil megawatts de capacidade ao Japão –em comparação a apenas 535 megawatts atualmente– e se tornar um esteio de sua produção de energia.
Os defensores no Japão são mais cautelosos. Sachio Ehara, um especialista da Universidade Kyushu, disse que o potencial para a energia geotérmica é de cerca de 23 mil megawatts, apesar de que novas tecnologias podem vir a aumentá-la. As usinas geotérmicas poderiam fornecer de 10% a 20% da eletricidade do Japão em 2050, ele disse.
Os obstáculos incluem os operadores dos balneários termais, que temem que os projetos geotérmicos possam desviar sua água quente. E muitos dos melhores reservatórios de água quente estão em parques nacionais, portanto fora dos limites para desenvolvimento.
Diferente da energia solar e eólica, a energia geotérmica não pode ser desenvolvida rapidamente, porque leva anos para exploração e desenvolvimento de um campo –semelhante à exploração de petróleo.
E especialmente devido aos custos de prospecção, uma estação de energia geotérmica custa aproximadamente três vezes mais para ser construída do que uma usina a carvão de capacidade semelhante, disse Masaho Adachi, presidente da Okuaizu Geothermal Company, que é dona da usina geotérmica daqui. Mas ele disse que o alto custo inicial é compensado com o tempo, já que as usinas geotérmicas não consomem combustíveis.
Todavia, a Okuaizu, uma subsidiária da MitsuiMining and Smelting, está perdendo dinheiro. Mas Adachi disse que as empresas geotérmicas seriam mais viáveis se o Parlamento, como esperado, aprovasse uma lei obrigando as companhias elétricas a comprarem energia geotérmica com um ágio.
A energia geotérmica, apesar de ser considerada limpa, não é sempre perfeitamente renovável, pois um campo de água quente pode ser explorado mais rapidamente do que pode ser renovado. A usina elétrica daqui, que começou a operar em 1995, tem capacidade de 65 megawatts, mas a produção caiu para apenas metade desse nível.
Além disso, a energia geotérmica não é sem risco. Um trabalhador em outra instalação morreu e outro ficou seriamente ferido em outubro, quando vapor escapou com pressão do solo onde estavam trabalhando. E há o medo de que a prospecção, ou a prática de injeção de água fria de volta ao solo, possa induzir terremotos.
Mas ao menos Aoyama não precisa se preocupar com a liberação de radiação mortal como na usina nuclear de Fukushima Daiichi, a 120 quilômetros a leste daqui. Sua maior preocupação ambiental é o cheiro de ovo podre do sulfeto de hidrogênio, que pode ser prejudicial em altas concentrações, mas não nas quantidades que costumam escapar da usina geotérmica.
“Fede um pouco”, disse Aoyama, “mas não tanto a ponto dos vizinhos se queixarem”. (EcoDebate)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Efeito garrafa térmica

Nova geração de usinas solares garante eletricidade mesmo quando o sol se põe.
A usina solar térmica PS10, na Espanha: movida pelo calor, e não pela luz, como as usinas fotovoltaicas.
A energia solar, captada por painéis de silício, é apontada como uma das melhores alternativas para diminuir a dependência mundial dos combustíveis fósseis na produção de eletricidade. Seu uso doméstico se disseminou, mas usinas de painéis solares com potência suficiente para iluminar milhares de casas ainda são caras e têm baixa capacidade de armazenamento. Além disso, elas têm uma grande limitação: não funcionam à noite. Uma nova geração de usinas solares, chamadas de térmicas, vem se firmando como uma opção para produzir eletricidade com a ajuda do sol. Ao contrário das convencionais, que usam a luz para ativar painéis fotovoltaicos, as usinas térmicas utilizam o calor dos raios solares, refletidos por espelhos e captados por uma torre receptora. Esse calor é usado para aquecer um fluido, geralmente sal liquefeito, que permanece estocado em reservatórios em alta temperatura – como café quente numa garrafa térmica. Quando há demanda por eletricidade, o fluido é conduzido até um gerador e o vapor que ele desprende move uma turbina, produzindo eletricidade. O fluido é reaproveitado e, ao longo do dia, o conjunto de espelhos se movimenta para manter o melhor ângulo de captação da luz e do calor do sol. Esse sistema, com tecnologia bem mais simples que a empregada nas usinas fotovoltaicas, é semelhante ao usado nas termelétricas, com a enorme vantagem de não produzir poluição atmosférica. Há atualmente no mundo cerca de cinquenta usinas solares térmicas em diferentes estágios de planejamento ou construção. A PS10, próxima a Sevilha, na Espanha, está em operação há um ano. Por enquanto, ela consegue armazenar o calor produzido durante meia hora. Quando novas tecnologias já em desenvolvimento forem utilizadas, prevê-se que usinas como a PS10 serão capazes de estocar calor por até vinte horas.
Como ocorre com todas as formas de energia renováveis, o desafio da energia solar térmica é chegar a um custo de produção competitivo. Hoje, o preço médio por quilowatt-hora de uma usina solar térmica é de 17 centavos de dólar, contra 7 nas termelétricas a carvão e 5 nas hidrelétricas. Ainda assim, a eletricidade gerada pelas usinas térmicas é 40% mais barata do que a produzida pelas usinas fotovoltaicas. Atualmente, menos de 1% da eletricidade consumida no mundo provém da energia solar, mas, segundo os especialistas, essa porcentagem deverá crescer significativamente. "Minha aposta é que, em alguns anos, a energia produzida com o sol representará 5% da eletricidade usada no planeta", disse a VEJA o engenheiro William A. Beckman, diretor do laboratório de energia solar da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos. Um estudo do Instituto de Energia da Universidade da Califórnia, divulgado no início do ano, mostra que a energia solar térmica se tornará economicamente competitiva muito antes que a fotovoltaica. O custo de construção das usinas é menor, e o aproveitamento da eletricidade gerada, maior. Uma usina solar térmica a ser construída no estado americano do Arizona, anunciada como a maior do mundo, vai produzir 280 megawatts de eletricidade. Para efeito de comparação, as maiores usinas fotovoltaicas hoje em operação produzem 20 megawatts.
Espelhos de uma usina solar térmica: movimento contínuo para procurar o melhor ângulo em relação ao sol.
Embora no Brasil ainda não haja projetos de construção de usinas solares térmicas, o país tem enorme potencial para se beneficiar delas. Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, produzido recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a média diária de radiação solar que incide sobre o território brasileiro ao longo de um ano é de 5,5 quilowatts-hora por metro quadrado. Em regiões como o oeste da Bahia, a média é ainda maior. São índices equivalentes aos do Deserto do Saara. A Alemanha, um dos países que mais usam energia produzida a partir do sol, recebe, por metro quadrado de território, a metade da radiação solar verificada no Brasil.
Pesquisas indicam que, daqui a vinte anos, o mundo vai consumir 50% mais energia do que hoje. Num planeta de recursos naturais limitados e assombrado pelo aquecimento global, os investimentos em fontes renováveis de energia recebem cada vez mais atenção de governos e da iniciativa privada. Atualmente, 20% da eletricidade que ilumina e aquece a Dinamarca vem de usinas de energia eólica. Na Islândia, a energia geotérmica retirada de seus gêiseres se popularizou nos últimos anos. As primeiras usinas de energia marinha, produzida com as marés, as correntes e as ondas dos oceanos, já estão funcionando em fase experimental (veja o quadro abaixo). Segundo estimativas do Departamento de Energia dos Estados Unidos, em menos de vinte anos o consumo de eletricidade originária de fontes renováveis de energia vai dobrar. "No mundo todo acabou a era da energia barata e do descaso com o meio ambiente. Por isso, o uso de fontes energéticas renováveis terá de se expandir nos próximos anos", diz o engenheiro Sergio Colle, coordenador do laboratório de energia solar da Universidade Federal de Santa Catarina. As usinas solares térmicas devem ter um papel de destaque nesse novo cenário energético global. (veja)

Solar térmica na rota da evolução

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) publicou este mês Relatório Solar Heat Worldwide – 2011, com dados de 53 países sobre a evolução do mercado mundial de energia solar Térmica de 2009, que respondem por 85% a 90% da capacidade instalada no mercado solar térmico.
A América Central e América do Sul possuem capacidade de 4,7 GWth, dos quais 3,7 GWth referentes às instalações do Brasil em 2009; ou seja 78,7% do total da região. Segundo o relatório, o país está sétimo lugar no ranking de capacidade instalada de coletores fechados. Em termos de coletores abertos, o Brasil ocupa a terceira colocação.
O relatório aponta que, em 2009, houve um crescimento mundial de 25,3% nas instalações de coletores. No Brasil, nesse mesmo período, o crescimento foi de 18,9%, de acordo com dados do Departamento Nacional de Aquecimento Solar da Associação Brasileira de Refrigeração, ar condicionado, ventilação e aquecimento (Dasol/Abrava), comparados com o ano de 2008. (ambienteenergia)

‘Estética’ de painéis solares

Moradores de Nova Jersey reclamam da ‘estética’ de painéis solares
Painéis solares instalados em rua na cidade de Fair Lawn, em Nova Jersey
Nancy e Eric Olsen não sabem dizer exatamente quando ou como tudo aconteceu. Tudo o que eles sabem é que num momento tinham uma visão bucólica de um campo de futebol e bosques a partir de sua casa em estilo colonial de 1920; e no momento seguinte, tudo o que podiam ver eram três painéis solares.
“Eu os odeio”, disse Eric Olsen, 40, sobre a fileira de painéis ligada a postes de eletricidade do outro lado da rua. “É uma coisa muito feia.”
Virando a esquina, mora Tom Trobiano, 61, um vendedor de bebidas que agora está se adaptando ao único painel solar pendurado acima da entrada de sua casa.
“Quando está tão perto assim”, diz ele, “o painel tem uma vida própria”.
Como um imenso projeto do artista plástico Christo, mas sem a publicidade que ele costuma atrair, as instalações têm aparecido por toda Nova Jersey há cerca de um ano, cortesia da maior empresa de eletricidade de Nova Jersey, a Public Service Electric and Gas Co. Diferente de outros projetos de energia solar instalados em telhados ou áreas industriais, a indústria está montando 200 mil painéis individuais em bairros ao longo de toda sua área de serviço, que cobre quase três quartos do estado.
As instalações solares, as primeiras e mais extensas desse tipo no país, fazem parte de um investimento de US$ 515 milhões em projetos solares feitos pela PSE&G por conta de uma ordem do governo estadual para que, até 2021, os fornecedores de energia elétrica tenham 23% de sua energia gerada a partir de fontes renováveis. Se fossem colocados lado a lado, os painéis de 1,5 metro por 75 centímetros cobririam 170 acres.
Nova Jersey só perde para a Califórnia em capacidade solar graças aos incentivos financeiros e o compromisso da política pública com as indústrias de energia renovável, que teve início durante o mandato do ex-governador Jon S. Corzine. Mas o que poderia ser um motivo de orgulho no Estado mais conhecido por ser o líder em lixo tóxico do país, em vez disso causou irritação por conta da estética nos subúrbios.
Alguns moradores consideram os painéis pendurados “feios” e “horrendos” e temem o seu efeito sobre o valor das propriedades.
Embora metade do trabalho já tenha sido feito, os funcionários da companhia encontraram resistência em Bergen County, onde as cidades, vilarejos e bairros estão em vários estágios de rejeição. As autoridades locais obrigaram a interrupção da instalação em muitas cidades, enquanto buscam garantias de que não serão responsáveis caso alguém se machuque e também tentam ganhar tempo para sugerir lugares alternativos – como aterros sanitários, por exemplo – para poupar suas ruas arborizadas.
E aqui em Oradell, pelo menos um painel desapareceu.
Quando e onde os painéis aparecerão em seguida pode ser um mistério, desencadeando reclamações por conta da falta de aviso prévio.
“Eu voltei da corrida e lá estavam eles”, disse Nancy Olsen, 37. “Não está certo. Eles deveriam ter nos avisado.”
Na vizinha Ridgewood, o vice-prefeito Mayor Thomas Riche disse que os moradores telefonaram, enviaram e-mails e o pararam na rua para pedir que ele impeça a instalação intrusiva. Ridgewood, um vilarejo fico de cerca de 24 mil pessoas, fez com que a PSE&G cessasse as instalações depois que poucos painéis haviam sido colocados, com temores de que eles interferissem nas caixas de comunicação de emergência nos postes.
As negociações continuam, disse Riche, acrescentando que está tentando fazer com que os painéis de Ridgewood sejam instalados num estacionamento e nas escolas públicas.
“Uma série de painéis numa área só é melhor do que painéis sozinhos por toda a cidade”, disse ele. “Não somos contra a energia solar, mas há formas mais eficientes do que ter painéis nos postes de eletricidade”.
Funcionários da PSE&G disseram que sua busca pela exposição solarmáxima não poderia deixar de lado as áreas residenciais de um lugar tão povoado como Nova Jersey. Apenas um quarto dos 800 mil postes da companhia são apropriados para a instalação dos painéis que ficam a 4,5 metros de altura, e precisam ser dispostos com a face para o sul.
Especialistas do setor aprovam a abordagem descentralizada de instalação em postes individuais e disseram que ela pode ser tão eficiente e custar o mesmo que as instalações maiores.
“A energia solar é extremamente flexível”, disse Monique Hanis, porta-voz da Associação das Indústrias de Energia Solar, um grupo do setor, com sede em Washington. “A usina já é dona da propriedade, e os painéis podem alimentar as linhas de transmissão diretamente.”
Ralph LaRossa, presidente e diretor-executivo da PSE&G, disse que a companhia também está colocando painéis, que transmitem a energia que geram diretamente para a rede elétrica, em suas áreas industriais e telhados de instalações, e que está alugando telhados planos em prédios grandes, incluindo de várias escolas em Newark.
“Estamos buscando formas de instalar a tecnologia da forma mais barata e mais acessível”, disse ele.
LaRossa concordou que sua companhia poderia ter se comunicado melhor, mas acrescentou que Bergen County se tornou um centro de oposição, ao passo que normalmente a instalação dos painéis é bem recebida.
E nem todos os bairros de Bergen County estão se rebelando. Em Fair Lawn, a prefeita Lisa Swain disse que sua área não interferiu no programa e que ela estava tentando tornar a comunidade sustentável de outras formas, usando sensores de luz nos prédios da prefeitura.
“Vou fazer o que eu puder”, disse ela.
Sean Smith, supervisor de vendas de uma companhia aérea em Fair Lawn, disse que não se importa com os sete painéis de sua rua, especialmente “se eles estão ajudando a combater o efeito estufa”.
“Precisamos pensar nas crianças”, disse ele.
Mas seu vizinho Tony Christofi, de 47 anos, pergunta-se se Fair Lawn, que não protestou, pode estar recebendo mais painéis do que deveria.
“Eu apoio a energia sustentável”, disse ele, “mas será que a economia será repassada aos consumidores?”
Funcionários da OSE&G disseram que a energia solar continua sendo mais cara para ser produzida do que a energia das fontes tradicionais e reconheceu que as contas mensais aumentariam 29 centavos. Cada painel produz 220 watts de energia, o suficiente para iluminar cerca de quatro lâmpadas de 60 watts por cerca de seis semanas. Quando completo, o projeto deve fornecer metade dos 80 megawatts de eletricidade necessários para 6.500 casas.
Embora ele apoie a energia renovável, o governador Chris Christie, disse por meio de um assessor de imprensa que as determinações estaduais que incentivaram a criação do projeto dos painéis solares foram “extremamente agressivas”. Ele já pediu que sejam reavaliadas.
Em Oradell, a população de cerca de 8 mil moradores diz que as novas unidades não valem o esforço, produzindo muito pouca energia em relação ao inconveniente que causam.
O caso do painel que desapareceu foi encaminhado à polícia local.
“A PSE&G desaprova que as pessoas mexam no equipamento”, disse Francis Sullivan, assessor de imprensa da companhia, “mas isso é secundário em relação ao fato de que se trata de uma ideia perigosa”.
Todas as unidades estão conectadas a fios de alta tensão.
Richard Joel Sr., advogado que mora no local, disse que um painel perto de sua casa foi removido, mas esquivou-se ao ser questionado sobre mais detalhes.
“Não vou dizer o que aconteceu”, disse ele. (EcoDebate)

Uso de ‘chaminé solar’

Uso de ‘chaminé solar’ para estimular a ventilação em ambientes pode reduzir a conta de luz
Uso de chaminé solar para estimular a ventilação em ambientes pode reduzir a conta de luz, proporcionar conforto térmico e contribuir para a preservação do meio ambiente, indica pesquisa feita na UFSCar
Ar-condicionado natural – Morar em um país como o Brasil, onde cada região possui um clima diferente, pode ser bom para uns e ruim para outros. Um estudo realizado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sobre chaminés solares,  no entanto, pode ajudar a refrescar quem vive em áreas mais quentes.
A chaminé solar desenvolvida pelo professor Maurício Roriz e seus orientandos Fernando Sá Cavalcante e Letícia de Oliveira Neves, do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da UFSCar, adota o mesmo princípio de um aquecedor solar de água e pode ser instalada para estimular a ventilação natural em residências ou escritórios.
“A chaminé funciona como um coletor solar: os raios solares atravessam um vidro e aquecem uma placa metálica preta, situada abaixo dele. Aquecida, a placa emite calor, mas em frequência diferente da que vem do sol e para a qual o vidro é opaco. Assim, o calor entra, mas não consegue sair”, disse Roriz à Agência FAPESP.
Nos coletores solares convencionais a água se aquece ao circular em tubos que passam sob a placa quente. “Na chaminé solar, em vez de água passa o ar”, disse.
Esse ar-condicionado natural se baseia no chamado “efeito chaminé”: no interior da estrutura, o ar aquecido se torna mais leve e tende a subir, aspirando o ar dos ambientes e substituindo-o pelo ar exterior, mais puro e geralmente mais confortável, particularmente nos climas típicos do Brasil.
“Trata-se, portanto, de um processo de ventilação provocado por diferenças de temperatura e de pressão, sendo muito eficiente para promover o conforto térmico nas horas quentes, mesmo em áreas urbanas densamente ocupadas, onde os obstáculos impedem o aproveitamento da ação direta do vento”, comentou Roriz. 
Arquitetura bioclimática
Por uma conjugação de diversos fatores, as cidades se tornam cada vez menos confortáveis, provocando as chamadas ilhas urbanas de calor. “Além dos obstáculos à ventilação natural, as áreas com pavimentação impermeável crescem, invadindo os espaços onde havia parques, bosques e jardins, cuja vegetação contribuiria significativamente para amenizar o clima”, disse o pesquisador.
De modo geral, os edifícios também não são projetados e construídos de modo a favorecer os processos naturais de promoção do conforto térmico. O uso indiscriminado do vidro, sem o devido sombreamento, transforma a edificação em verdadeiro coletor solar.
“Tentando se proteger, o usuário fecha cortinas, interrompendo a ventilação natural e escurecendo o ambiente. Então, acende lâmpadas, que também geram calor, assim como os outros equipamentos elétricos que usamos em nossos escritórios e residências. Desse círculo vicioso resultam desconforto e desperdício de energia”, disse Roriz.
Segundo ele, existem diversas técnicas e estratégias, denominadas bioclimáticas, que poderiam contribuir para elevar a qualidade dos edifícios, mas que ainda são pouco conhecidas e aplicadas no Brasil. Essas técnicas têm como objetivo contribuir com a preservação do meio ambiente e a eficiência energética do ambiente construído, obtidas por meio do uso racional dos recursos naturais, além de proporcionar o conforto térmico aos ocupantes das edificações.
A chaminé solar é uma das técnicas da arquitetura bioclimática, assim como as coberturas “verdes” (uso de vegetação sobre as coberturas das edificações), a refrigeração evaporativa (sistema natural de resfriamento baseado na evaporação da água) e a inércia térmica do solo e dos sistemas construtivos (que guarda o calor nas horas quentes para combater o frio das madrugadas, ou vice-versa).
De acordo com Roriz, é possível construir edifícios confortáveis sem condicionador de ar, aproveitando a ventilação natural. “Os condicionadores convencionais de ar ressecam o ambiente e prejudicam o sistema respiratório humano, além de impactarem negativamente o meio ambiente. A chaminé solar proporciona ventilação, sem consumir eletricidade e sem agredir a natureza”, afirmou.
Como um dos resultados da pesquisa, o professor desenvolveu um software, chamado Chaminé, que calcula a ventilação provocada por diferentes situações de uma chaminé solar, contém dados climáticos de mais de 300 cidades de todo o país e pode ser baixado gratuitamente no endereço www.roriz.eng.br/download_6.html (EcoDebate)