terça-feira, 10 de maio de 2011

Chernobyl, o pior acidente nuclear século 20

Memória: Chernobyl, o pior acidente nuclear civil da história do século 20
Cidade fantasma de Pripyat com a usina nuclear de Chernobil ao fundo.
Vinte e seis de abril de 1986, 01h:23:44, o combustível do reator número 4 da central nuclear de Chernobyl (na Ucrânia) se fragmenta: as barras de óxido de urânio se aquecem e provocam uma autocombustão que arrebenta a camada de concreto isolante de 2.000 toneladas do reator.
O núcleo do reator exposto ao ar livre começa a liberar uma nuvem de fumaça e vapor de elementos radioativos pesados, como estrôncio e o cério, que se depositaram nas imediações da central.
Os bombeiros que chegaram para conter o incêndio e impedir que se propagasse para os outros reatores, desprovidos dos equipamentos de proteção apropriados, foram as primeiras vítimas da catástrofe.
Três homens das equipes de socorro, muito expostos à radiação, morreram quase instantaneamente. Outros 28 faleceram pelas mesmas causas na semana seguinte.
Durante várias horas, através de helicópteros, foram lançadas inutilmente grandes quantidades de areia para tentar deter o desastre.
Tudo aconteceu durante um teste de segurança. Depois de uma série de erros de operação em um reator muito instável, o experimento degenerou-se e a interrupção da atividade nuclear foi decidida de forma tardia.
A parte superior do núcleo do reator ficou ao ar livre. Foram registrados 30 focos de incêndio. Cinco mil toneladas de materiais foram jogados de helicópteros durante 15 dias para cobrir o reator.
Cinqüenta milhões de cúrios (12 bilhões de béqueres) – uma potência equivalente a 500 bombas de Hiroshima – causaram uma trágica contaminação em Belarus, no norte da Ucrânia e em uma parte do território russo. As radiações se disseminaram por toda a Europa.
Os quase 50.000 habitantes da cidade de Pripiat, situada a apenas três km da central, só ficaram sabendo da importância da catástrofe no dia seguinte, quando fora evacuados.
As autoridades soviéticas esperaram dois dias antes de reconhecer, por meio de uma nota da agência Tass, que um “acidente” havia ocorrido em Chernobyl e que havia vítimas.
As autoridades suecas foram as que alertaram a comunidade internacional, no dia 28, para a seriedade do ocorrido, quando registraram um importante aumento da radioatividade em seu território.
Os satélites-espiões registraram quase imediatamente o desastre ao captar uma forte emissão de calor no setor de Chernobyl.
Mikhail Gorbachev, o número um soviético da época, foi informado no mesmo dia 26, mas o poder central decidiu manter silêncio.
Cerca de 600.000 pessoas, entre bombeiros, civis e soldados, conhecidos posteriormente como os “liquidadores”, foram mobilizados para enfrentar o desastre e construir um “sarcófago” para encerrar hermeticamente o reator danificado por 20 ou 30 anos.
O balanço exato das vítimas nunca foi estabelecido de maneira confiável e continua provocando debates depois de todos esses anos.
Na época foi anunciado que havia dezenas de milhares de mortos, mas um relatório da ONU, de setembro de 2005, destacava que foram 4.000 as vítimas comprovadas ou futuras na Ucrânia, Belarus ou Rússia, por efeito de cânceres.
Este relatório foi seriamente questionado por inúmeras ONGs, entre elas o Greenpeace, que calculava em 93.000 o número de mortos em potencial por causa de câncer.
O impacto na saúde mental e psicológica das populações afetadas também é considerado algo muito sério, pois cinco milhões de pessoas continuaram vivendo nas zonas contaminadas.
A central da tragédia foi fechada definitivamente em 2000, mas o “sarcófago” corroído pode desabar a qualquer momento.
A construção de um “arco” hermético, cujo custo superaria um bilhão de dólares, segundo o Banco Europeu para a Construção e o Desenvolvimento, poderá solucionar a situação.
De qualquer maneira, continuam pendentes os efeitos a longo prazo sobre a saúde e o meio ambiente.
Alguns especialistas observam um aumento de certas enfermidades como o câncer de tiróide.
Também existem preocupações pela exposição crônica a leves níveis de radioatividade, principalmente dos alimentos.
“Atualmente não se vê nada, mas modificações genéticas poderão aparecer em até 50 anos”, advertiu Rudolph Alexakhine, diretor do Instituto de Radiologia Agrícola de Moscou. (EcoDebate)

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