Apesar do potencial de energia geotérmica Japão extrai pouca eletricidade de suas águas termais
Como os visitantes de algumas das milhares de termas do Japão sabem, este país esta situado sobre muita água quente.
Até o momento, entretanto, elas foram pouco exploradas para produção de energia. Há apenas 18 usinas elétricas geotérmicas no país, e juntas elas representam apenas 0,3% da produção de eletricidade do país.
Mas alguns dizem que à medida que a dependência do Japão de usinas nucleares passa a ser questionada, o país deveria explorar mais seu recurso natural geotérmico para fornecimento de energia limpa e renovável. Reportagem de Andrew Pollack, The New York Times.
“O Japão conta com 10% da atividade vulcânica mundial, então eu acho que há possibilidade de maior desenvolvimento”, disse Kengo Aoyama, chefe do setor de engenharia da usina geotérmica de Yanaizu-Nishiyama, localizada aqui, em uma área cheia de balneários termais.
Aproximadamente 300 toneladas de vapor e água quente emergem a cada hora aqui dos 21 poços perfurados com profundidades de 2,4 quilômetros. O vapor passa por um labirinto de canos até chegar a uma usina elétrica próxima da companhia elétrica regional, para mover uma turbina elétrica.
Virtualmente não há nenhum som indicando a circulação de todo o vapor. E a usina é simples o suficiente para poder ser controlada de modo remoto, de centenas de quilômetros de distância.
O Instituto de Política da Terra, um grupo de Washington iniciado pelo ambientalista Lester Brown, argumenta que a energia geotérmica pode fornecer até 80 mil megawatts de capacidade ao Japão –em comparação a apenas 535 megawatts atualmente– e se tornar um esteio de sua produção de energia.
Os defensores no Japão são mais cautelosos. Sachio Ehara, um especialista da Universidade Kyushu, disse que o potencial para a energia geotérmica é de cerca de 23 mil megawatts, apesar de que novas tecnologias podem vir a aumentá-la. As usinas geotérmicas poderiam fornecer de 10% a 20% da eletricidade do Japão em 2050, ele disse.
Os obstáculos incluem os operadores dos balneários termais, que temem que os projetos geotérmicos possam desviar sua água quente. E muitos dos melhores reservatórios de água quente estão em parques nacionais, portanto fora dos limites para desenvolvimento.
Diferente da energia solar e eólica, a energia geotérmica não pode ser desenvolvida rapidamente, porque leva anos para exploração e desenvolvimento de um campo –semelhante à exploração de petróleo.
E especialmente devido aos custos de prospecção, uma estação de energia geotérmica custa aproximadamente três vezes mais para ser construída do que uma usina a carvão de capacidade semelhante, disse Masaho Adachi, presidente da Okuaizu Geothermal Company, que é dona da usina geotérmica daqui. Mas ele disse que o alto custo inicial é compensado com o tempo, já que as usinas geotérmicas não consomem combustíveis.
Todavia, a Okuaizu, uma subsidiária da MitsuiMining and Smelting, está perdendo dinheiro. Mas Adachi disse que as empresas geotérmicas seriam mais viáveis se o Parlamento, como esperado, aprovasse uma lei obrigando as companhias elétricas a comprarem energia geotérmica com um ágio.
A energia geotérmica, apesar de ser considerada limpa, não é sempre perfeitamente renovável, pois um campo de água quente pode ser explorado mais rapidamente do que pode ser renovado. A usina elétrica daqui, que começou a operar em 1995, tem capacidade de 65 megawatts, mas a produção caiu para apenas metade desse nível.
Além disso, a energia geotérmica não é sem risco. Um trabalhador em outra instalação morreu e outro ficou seriamente ferido em outubro, quando vapor escapou com pressão do solo onde estavam trabalhando. E há o medo de que a prospecção, ou a prática de injeção de água fria de volta ao solo, possa induzir terremotos.
Mas ao menos Aoyama não precisa se preocupar com a liberação de radiação mortal como na usina nuclear de Fukushima Daiichi, a 120 quilômetros a leste daqui. Sua maior preocupação ambiental é o cheiro de ovo podre do sulfeto de hidrogênio, que pode ser prejudicial em altas concentrações, mas não nas quantidades que costumam escapar da usina geotérmica.
“Fede um pouco”, disse Aoyama, “mas não tanto a ponto dos vizinhos se queixarem”. (EcoDebate)
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