O país tem em sua geografia grandes vantagens agrônomas, por
se situar em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e
temperaturas médias anuais. Associada a disponibilidade hídrica e regularidade
de chuvas, torna-se o país com maior potencial para produção de energia
renovável.
O Brasil explora menos de um terço de sua área agricultável,
o que constitui a maior fronteira para expansão agrícola do mundo. O potencial
é de cerca de 150 milhões de hectares, sendo 90 milhões referentes à novas
fronteiras, e outros 60 referentes a terras de pastagens que podem ser
convertidas em exploração agrícola a curto prazo. O Programa Biodiesel visa a
utilização apenas de terras inadequadas para o plantio de gêneros alimentícios.
á também a grande diversidade de opções para produção de
biodiesel, tais como a palma e o babaçu no norte, a soja, o girassol e o
amendoim nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e a mamona, que além de ser a
melhor opção do semiárido nordestino, apresenta-se também como alternativa às
demais regiões do país.
A sinergia entre o complexo oleaginoso e o setor de álcool
combustível traz a necessidade do aumento na produção de álcool. A produção de
biodiesel consome álcool etílico, através da transesterificação por rota
etílica, o que gera incremento da demanda pelo produto. Consequentemente, o
projeto de biodiesel estimula também o desenvolvimento do setor
sucroalcooleiro, gerando novos investimentos, emprego e renda.
A ANP estima que a atual produção brasileira de biodiesel
seja da ordem de 176 milhões de litros anuais.
O atual nível de produção constitui um grande desafio para o
cumprimento das metas estabelecidas no âmbito do Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel, que necessitará de, aproximadamente, 750 ML em sua fase
inicial. Ou seja, a capacidade produtiva atual supre somente 17% da demanda,
considerando a mistura B2. Porém, com a aprovação das usinas cuja solicitação
tramita na ANP, a capacidade de produção coincide com a demanda prevista para 2006.
Esta capacidade terá que ser triplicada até 2012, com a necessidade de adição
de 5% de biodiesel ao petrodiesel.
A fim de conferir uma dimensão à perspectiva de expansão da
produção de biodiesel no Brasil, foram efetuadas projeções para o período 2005
– 2035. Foram considerados os seguintes parâmetros básicos para efetuar a
projeção:
a. Taxa geométrica de crescimento do
consumo de óleo diesel ou sucedâneos de 3,5% a.a.;
b. Mistura de biodiesel ao óleo diesel iniciando
em 2% e finalizando em 40%;
c. Produtividade de óleo iniciando em 600 kg/ha e
finalizando em 5.000 kg.ha-1;
d. Considerou-se grande usina aquela que processa
acima de 100 kt.ano-1;
e. Parcela da produção alocada a grandes usinas
de 80 %;
f. Craqueadores instalados em pequenas
comunidades ou propriedades rurais atingindo 100.000 no final do período, com
produção média de 250 L.dia-1;
g. A Figura 1 mostra que o Brasil poderá
produzir, apenas para o mercado interno, um volume aproximado de 50 GL, sendo a
maior parcela produzida por transesterificação (80%) e o restante por
craqueamento. A produção por transesterificação atenderá o grande mercado
atacadista, direcionado à mistura com petrodiesel, o abastecimento de frotistas
ou de consumidores interessados em aumentar a proporção de biodiesel no
petrodiesel.
Estima-se que a produção de biodiesel para os mercados
externos e internos, no final do período, será equivalente (figura 2).
Entretanto, nos primeiros 10 anos, o mercado interno absorverá a totalidade da
produção. No conjunto do mercado interno e externo, a rota de
transesterificação etanólica responderá por 90% do total do biodiesel
produzido. Nesse cenário, no final do período, haverá uma demanda de 6 GL de
etanol e uma produção 4Mt de glicerol, evidenciando o potencial de integração
de cadeias com a produção de biodiesel.
Mercado automotivo e estações estacionárias
O uso do biodiesel pode atender a diferentes demanda de
mercado, significando uma opção singular para diversas características
regionais existentes ao longo do território nacional.
Conceitualmente o biodiesel pode substituir o diesel de
origem fóssil em qualquer das suas aplicações. No entanto, a inserção deste
combustível na matriz energética brasileira deverá ocorrer de forma gradual e
focada em mercados específicos, que garantam a irreversibilidade do processo.
A utilização do biodiesel pode ser dividida em dois mercados
distintos, mercado automotivo e usos em estações estacionárias. Cada um destes
mercados possui características próprias e podem ser subdivididos em sub
mercados.
O mercado de estações estacionárias caracteriza-se
basicamente por instalações de geração de energia elétrica, e representam casos
específicos e regionalizados.
Tipicamente, pode-se considerar a geração de energia nas
localidades não supridas pelo sistema regular nas regiões remotas do País, que
em termos dos volumes envolvidos não são significativos, mas podem representar
reduções significativas com os custos de transporte e, principalmente, a
inclusão social e o resgate da cidadania dessas comunidades.
Outros nichos de mercado para utilização do biodiesel para
geração de energia podem ser encontrados na pequena indústria e no comércio,
como forma de redução do consumo de energia no horário de ponta, aliado aos
aspectos propaganda e marketing.
O mercado automotivo pode ser subdividido em dois grupos,
sendo um composto por grandes consumidores com circulação geograficamente
restrita, tais como empresas de transportes urbanos, de prestação de serviços
municipais, transporte ferroviário e hidroviário entre outras.
A segunda parcela do mercado automotivo caracteriza-se pelo
consumo a varejo, com a venda do combustível nos postos de revenda
tradicionais. Neste grupo estão incluídos os transportes interestaduais de
cargas e passageiros, veículos leves e consumidores em geral.
Demanda Brasileira
Como um sucedâneo do óleo diesel, o mercado potencial para o
biodiesel é determinado pelo mercado do derivado de petróleo. A demanda total
de óleo diesel no Brasil em 2002 foi da ordem de 39,2 milhões de metros
cúbicos, dos quais 76% foram consumidos no setor de transporte, 16% no setor
agropecuário e 5% para geração de energia elétrica nos sistemas isolados.
A importação de diesel, em 2002, correspondeu a 16,3% do
mercado e significou nos últimos anos um dispêndio anual da ordem de US$ 1,2
bilhão, sem considerar o diesel produzido com petróleo importado, cerca de 8%
do total de diesel consumido.
No setor de transporte, 97% da demanda ocorre no modal
rodoviário, ou seja caminhões, ônibus e utilitários, já que no Brasil estão
proibidos os veículos leves a diesel. Em termos regionais, o consumo de diesel
ocorre principalmente na região Sudeste (44%), vindo a seguir o Sul (20%),
Nordeste (15%), Centro-Oeste (12%) e Norte (9%). O diesel para consumo veicular
no Brasil pode ser o diesel interior, com teor de enxofre de 0,35% ou o diesel
metropolitano, com 0,20% de enxofre, que responde por cerca de 30% do mercado.
A geração de energia elétrica nos sistemas isolados da
região amazônica consumiu 530 mil metros cúbicos de diesel, distribuídos na geração
de 2.079 GWh, no Amazonas (30%), Rondônia (20%), Amapá (16%), Mato Grosso
(11%), Pará (11%), Acre (6%), Roraima (3%), além de outros pequenos sistemas em
outros estados. Estes números se referem à demanda do serviço público. Existem
grandes consumidores privados de diesel para geração de energia elétrica, como
as empresas de mineração localizadas na região Norte.
Como um exercício e sem considerar eventuais dificuldades de
logística ou de produção, podem ser inicialmente considerados os seguintes
mercados:
1. uso
de B5 no diesel metropolitano: 0,45 Mm3
2. uso
de B5 no diesel consumido no setor agropecuário: 0,31 Mm3
3. uso
de B5 para geração nos sistemas isolados: 0,10 Mm3
4. uso
de B5 em todo o mercado de diesel: 2,00 Mm3 (biodieselbr)
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