Em 1859 foi descoberto petróleo na Pensilvânia tendo sido
utilizado principalmente para produção de querosene de iluminação.
Durante a Exposição Mundial de Paris, em 1900, um motor
diesel foi apresentado ao público funcionando com óleo de amendoim. Os
primeiros motores tipo diesel eram de injeção indireta. Tais motores eram
alimentados por petróleo filtrado, óleos vegetais e até mesmo por óleos de
peixe.
O combustível especificado como "óleo diesel"
somente surgiu com o advento dos motores diesel de injeção direta, sem
pré-câmara. A disseminação desses motores se deu na década de 50, com a forte
motivação de rendimento muito maior, resultando em baixos consumos de
combustível. Além dos baixos níveis de consumos específicos, os motores diesel
modernos, produzem emissões, de certa forma aceitáveis, dentro de padrões
estabelecidos.
Historicamente, o uso direto de óleos vegetais como
combustível foi rapidamente superado pelo uso de óleo diesel derivado de
petróleo por fatores tanto econômicos quanto técnicos. Àquela época, os
aspectos ambientais, que hoje privilegiam os combustíveis renováveis como o
óleo vegetal, não foram considerados importantes.
Óleos Vegetais e o Biodiesel no Brasil
No Brasil, desde a década de 20, o Instituto Nacional de
Tecnologia –INT já estudava e testava combustíveis alternativos e renováveis.
Nos anos 60, as Indústrias Matarazzo buscavam produzir óleo
através dos grãos de café. Para lavar o café de forma a retirar suas impurezas,
impróprias para o consumo humano, foi usado o álcool da cana de açúcar. A
reação entre o álcool e o óleo de café resultou na liberação de glicerina,
redundando em éster etílico, produto que hoje é chamado de biodiesel.
Desde a década de 70, por meio do INT, do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas – IPT e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira – CEPLAC, vêm sendo desenvolvidos projetos de óleos vegetais como
combustíveis, com destaque para o DENDIESEL.
Na década de 70, a Universidade Federal do Ceará – UFCE
desenvolveu pesquisas com o intuito de encontrar fontes alternativas de
energia. As experiências acabaram por revelar um novo combustível originário de
óleos vegetais e com propriedades semelhantes ao óleo diesel convencional, o
biodiesel.
O uso energético de óleos vegetais no Brasil foi proposto em
1975, originando o Pró-óleo – Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins
Energéticos. Seu objetivo era gerar um excedente de óleo vegetal capaz de
tornar seus custos de produção competitivos com os do petróleo. Previa-se uma
mistura de 30% de óleo vegetal no óleo diesel, com perspectivas para sua
substituição integral em longo prazo.
Com o envolvimento de outras instituições de pesquisas, da
Petrobrás e do Ministério da Aeronáutica, foi criado o PRODIESEL em 1980. O
combustível foi testado por fabricantes de veículos a diesel. A UFCE também
desenvolveu o querosene vegetal de aviação para o Ministério da Aeronáutica.
Após os testes em aviões a jato, o combustível foi homologado pelo Centro
Técnico Aeroespacial.
Em 1983, o Governo Federal, motivado pela alta nos preços de
petróleo, lançou o Programa de Óleos Vegetais – OVEG, no qual foi testada a
utilização de biodiesel e misturas combustíveis em veículos que percorreram
mais de 1 milhão de quilômetros. É importante ressaltar que esta iniciativa,
coordenada pela Secretaria de Tecnologia Industrial, contou com a participação
de institutos de pesquisa, de indústrias automobilísticas e de óleos vegetais,
de fabricantes de peças e de produtores de lubrificantes e combustíveis.
Embora tenham sido realizados vários testes com
biocombustíveis, dentre os quais com o biodiesel puro e com uma mistura de 70%
de óleo diesel e de 30% de biodiesel (B30), cujos resultados constataram a
viabilidade técnica da utilização do biodiesel como combustível, os elevados
custos de produção, em relação ao óleo diesel, impediram seu uso em escala
comercial.
Saiba Mais
O petróleo assim foi adquirindo com o aumento do uso de
motores a diesel, grande importância. A dimensão da importância que o petróleo
adquiriu pôde ser vista com a crise do petróleo, que elevou os preços em mais
de 300% entre 1973 e 1974, porque os países do Oriente Médio descobriram que o
petróleo é um bem não-renovável e que, por isso, iria acabar algum dia. Os
produtores de petróleo então diminuíram a produção, elevando o preço do barril
de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses. As vendas para os EUA e a
Europa também foram embargadas nessa época devido ao apoio dado Israel na
Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Com isso, as cotações chegaram a um valor
equivalente a US$ 40 nos dias de hoje (essa crise aumentou dívida externa
brasileira em mais de 40%).
Essa crise representou um verdadeiro marco na história
energética do Planeta, pois o homem passou a valorizar as energias,
posicionando-as em destaque, com relação aos bens de sua convivência.
No mundo todo, muitos esforços foram dedicados à superação
da crise, os quais incidiram, basicamente, em dois grupos de ações:
(a) conservação ou economia de energia;
(b) usos de fontes alternativas de energia.
A crise do petróleo, juntamente com a crise do açúcar
impulsionou o Proálcool comandados pelo professor José Walter Bautista Vidal,
que era o então secretário de Tecnologia Industrial, com o auxílio de uma
equipe de profundos conhecedores do setor, passaram a adaptar motores para o
uso de combustíveis de origem vegetal, alternativos aos derivados do petróleo.
Daí surgiu o Proálcool, com tecnologia 100% nacional. O programa do Proálcool
consistia em transformar energia armazenada por meio de organismos vegetais
(processo de fotossíntese) em energia mecânica - forma renovável de se obter
energia e, principalmente, um método que não agride o meio ambiente.
Em 79, a paralisação da produção iraniana, consequência da
revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini, provocou o segundo grande
choque do petróleo, elevando o preço médio do barril ao equivalente a US$ 80
atuais. Os preços permaneceram altos até 1986, quando voltaram a cair.
Depois das crises do petróleo de 1974 e de 1979, o mundo
"resolveu" a questão do petróleo de duas formas: aumentando a
produtividade da energia e aumentando as taxas de juros a níveis inéditos. Como
resultado, os donos das reservas aumentaram a taxa de extração de petróleo.
Além disso, a maioria dos países consumidores criou impostos
sobre o petróleo, transformando-se em sócios na valorização do produto, o que
antes pertencia apenas aos países da Opep.
Entretanto, embora o Proálcool tenha sido implementado em
1975, somente a partir de 1979 após o segundo choque do petróleo, que o Brasil,
de forma mais ousada, lançou a Segunda Fase do Proálcool, possuindo uma meta de
produção de 7,7 bilhões de litros em cinco anos. Os financiamentos chegavam a
cobrir até 80% do investimento fixo para destilarias à base de cana-de-açúcar e
até 90% para destilarias envolvendo outras matérias-primas, como a mandioca,
sorgo sacarino, babaçu, e outros. Quanto à parte agrícola, os financiamentos
chegavam até 100% do valor do orçamento, respeitando os limites de 80% e 60% do
valor da produção esperada, respectivamente nas áreas da SUDAM / SUDENE. A
intenção do Estado, ao implementar o Proálcool era, além das metas de aumentar
a produção de alimentos e exportáveis do setor rural, buscando a estabilidade
interna e também equilíbrio nas contas externas, também de transferir para a
agricultura a responsabilidade de tentar superar a crise do petróleo, que
afetara profundamente o Brasil, já que este era grande importador do produto.
A chamada "crise do petróleo" de 1972 foi a mola
propulsora das pesquisas realizadas na época. O lobby canavieiro garantiu o
Proálcool, mas o desenvolvimento de outros combustíveis alternativos não teve a
mesma sorte, apesar dos fatores agroclimáticos, econômicos e logísticos
positivos. O Brasil passou a produzir álcool em grande escala e, em 1979, quase
que 80% da frota de veículos produzida no país eram com motores a álcool.
Porem o governo brasileiro arquivava estudos sobre
combustíveis alternativos, enquanto a Comunidade Econômica Europeia investia,
com sucesso, na pesquisa de combustíveis alternativos vegetais, entre eles o
BIODIESEL de óleo de canola (colza), a matéria prima mais utilizada na Europa.
Na Malásia e nos Estados Unidos foram realizados experimentos bem sucedidos com
palma e soja, respectivamente.
A partir de 1986, o preço do petróleo caiu muito. Os preços
deixaram de criar pressão para economizar energia e aumentar a produtividade.
No Brasil, por várias razões, incluindo -se a diminuição dos
preços do petróleo e o desinteresse da PETROBRAS, as atividades de produção
experimental de óleo diesel vegetal, foram paralisadas.
Quanto ao Proálcool, ele foi ficando de lado nas políticas
governamentais e por pressões internacionais, o programa foi paralisado. (já
que não é interesse internacional a independência energética do Brasil).
Se o programa não tivesse sido interrompido, hoje, com toda
certeza, seríamos independentes dos combustíveis fósseis e talvez não tão
submissos aos organismos econômicos internacionais.
Década de 90
A Primeira guerra do golfo começou em agosto de 1990 com a
tentativa do Iraque de anexar seu vizinho Kuwait. Os Estados Unidos, que até
então eram aliados do Iraque contra o Irã, decidiram intervir na região.
Com a guerra, o golfo pérsico foi fechado e os EUA perderam
dois fornecedores de petróleo: Iraque e o Kuwait.
As especulações sobre o desenrolar da guerra levaram os
preços do petróleo a subir ao patamar próximo aos US$ 40 atuais.
Com a rendição de Saddam Hussein, os preços do petróleo
voltaram a cair.
No final da década de 90 foram realizados testes em frotas
de ônibus no Brasil com BIODIESEL (de soja) dos EUA, doado pela American
Soybean Association (ASA). Qual seria o interesse da ASA em promover
combustíveis de óleo de soja no Brasil? A razão é muito simples e encontra
explicação na ação geopolítica dos EUA, que consiste em estimular seu maior
concorrente a utilizar a produção local de óleo de soja como combustível,
deixando de exportar, isto é, de competir com o produto americano no mercado
mundial de óleos alimentícios. Porém nós temos um potencial gigantesco para
produzir biodiesel a partir de outras fontes que não a soja.
Futuro
Efeito estufa, guerra, desenvolvimento do setor primário e
fixação do homem no campo, fazem com que o investimento na pesquisa, produção e
divulgação do biodiesel se espalhem por todo o país através de feiras,
encontros, seminários, etc.
A atual crise do petróleo não é resultado das tensões
geradas por alguns países árabes em conflito com potências ocidentais, mas um
problema de aumento da demanda e falta de estoques.
O crescimento acelerado nos EUA, aliado ao reaquecimento da
economia mundial e às baixas cotações que o produto vinha apresentando nos
últimos dez anos, gerou um forte aumento do consumo de derivados de petróleo.
A instituição americana World Watch Institute, já prognosticou
que o Brasil liderará as nações do mundo ao lado dos Estados Unidos e da China
como integrante dos GE-8 ("e" significa environment em inglês e trata
da ecologia), bem superior ao G-7 composto pelas nações ricas dominantes deste
final de século no hemisfério norte.
Políticas mundiais com relação ao biodiesel:
A prática de um menor preço para o biodiesel na Alemanha é
explicável pela completa isenção dos tributos em toda a cadeia produtiva desse
biocombustível.
Os EUA criaram o Programa de Biodiesel com a meta de
produção de cinco bilhões de galões anuais (20 bilhões de litros por ano).
Considerando que um litro de biodiesel equivale em capacidade energética
veicular a 2,5 litros de álcool etílico, o programa americano de biodiesel
equivale a sete vezes o máximo atingido do programa brasileiro do álcool.
Alguns estados americanos obrigam que seja adicionado, pelo
menos 2% de biodiesel no óleo diesel mineral.
Para incentivar e divulgar o biodiesel, A NASA e as Forças
Armadas Americanas consideraram oficialmente o biodiesel, um combustível de
excelência para qualquer motor do ciclo diesel. O Programa Americano de
Biodiesel é todo baseado em pequenos produtores e consumidores.
Depois de amplamente testado e aprovado na Europa e nos EUA,
a aceitação brasileira para o biodiesel se torna mais fácil.
Não se trata simplesmente de adicionar biodiesel, ou
substituir o petrodiesel. É necessário entender a revolução que ocorreria no
campo, na indústria, no ambiente, na formação de renda, no nível de emprego, na
oferta de alimentos e outros derivados de oleaginosas após a extração do óleo,
no impacto no preço internacional, entre outros aspectos.
Soluções:
Para que possamos aproveitar todo o potencial energético
brasileiro, devemos isentar dos impostos toda a cadeia produtiva do biodiesel,
constitui uma providência a ser tomada, sem a qual não haverá possibilidade de
competição desse novo combustível com óleo diesel mineral.
Deve-se eliminar qualquer restrição sem justificativas
técnicas ou socioambientais. Promover um maior apoio a programas regionais. Não
se deve dar prioridade para aqueles que concentram os interesses nos negócios
de combustíveis no Brasil.
Uma alternativa viável seria a produção de biodiesel em
sistemas integrados em regiões remotas, pois sabe -se que o custo de
transportes do óleo diesel mineral para tais regiões pode atingir valores
exorbitantes. Não tem sentido privilegiar meia dúzia de usineiros e
corporações.
É necessário trabalhar com comunidades, incentivando o
trabalhador rural a produzir produtos para biomassa. Já que a oferta de
matérias prima parece ser uma das principais dificuldades restritivas para a
implementação de um programa de produção extensiva de biodiesel.
Devemos pensar estrategicamente nossa política de
combustíveis vegetais alternativos, avaliando as potencialidades da produção
agrícola de cada região, o desempenho energético e ambiental de cada cultura,
não abrindo mão dos mercados internacionais já conquistados para nossas
commodities tradicionais.
A reativação de programas de bioenergia é fundamental para
encontrarmos o caminho para o desenvolvimento e soberania nacional.
É preciso que os governantes tenham políticas de
desenvolvimento diretamente ligadas aos nossos interesses, dizer não aos
interesses internacionais, dizer não às políticas neoliberais e passar a
acreditar mais no nosso potencial técnico e humano. Agora é hora de colocar as
ideias em prática.
Preço internacional do barril de petróleo. (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário