domingo, 14 de abril de 2013

Brasil precisa diversificar geração de energia

Brasil precisa diversificar geração de energia, aponta estuda da Cebds
Dependência de 81,9% da fonte hidráulica pode colocar em risco o fornecimento. PCHs podem gerar energia assegurada apenas 4 meses do ano em 2050.
As mais diversas fontes de geração de energia elétrica serão cada vez mais importantes para que o Brasil consiga alcançar a segurança energética. Essa é a conclusão a que chegou o "Estudo sobre a adaptação e vulnerabilidade à mudança climática: o caso do setor elétrico brasileiro", lançado nesta quarta-feira, 10 de abril, em São Paulo, pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).
De acordo com a consultora Marcela Paranhos, da WayCarbon, consultoria que realizou o estudo, o país deverá buscar fontes que nem sempre são as mais baratas, ou ambientalmente amigáveis para a composição de sua matriz energética no longo prazo. Isso porque as variações climáticas deverão trazer restrições operativas à base da atual matriz, que está calcada em geração hidrelétrica, ainda mais agora, com a construção de usinas a fio d´água no lugar de grandes reservatórios.
Um dos dados apurados e que é destacado refere-se às Pequenas Centrais Hidrelétricas no horizonte de 2050, quando estas centrais poderão ter uso de total de sua capacidade em apenas 4 meses do ano, sendo necessário recorrer a fontes complementares para alcançar a geração de energia assegurada. A análise foi feita com base em um cenário extremo e moderado de variações climáticas tendo como base o modelo do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
O estudo apresentou dois horizontes, para 2020 e 2050. Para o primeiro, foi analisado o impacto e a exposição de cada usina, bem como suas sensibilidades e as variações de produção. Para o segundo, a análise dessas variações de produção foi feita por meio de três cenários: cenário de mudança zero, que utilizou a condição de média histórica; cenário de mudança moderada e cenário de mudança extrema.
Foram analisadas ainda outros dois tipos de usinas, uma de capacidade de 100 MW com reservatório, que apresentaria déficit por dois meses do ano, mas com geração 20% acima da energia assegurada no ano. No caso hidrelétricas de maior porte, acima de 1.000 MW, o déficit seria registrado, no cenário moderado, entre maio e outubro, e de maio a novembro para o cenário extremo de mudanças climáticas, mas não indicaram o volume desse déficit.
"Sabemos que existe uma variabilidade menor em termos segurança energética com a adoção de usinas térmicas a combustíveis fósseis, que é a fonte mais segura. Por outro lado, temos mais efeito estufa. O trade off, nesse caso, é avaliar até que ponto vale a pena investir em fontes de geração de energia fóssil de forma a complementar as usinas sem reservatórios", apontou Marcela Paranhos à Agencia CanalEnergia.
O estudo, explicou a consultora, mostra que a vulnerabilidade das usinas hidrelétricas será diferenciada em função das características e dimensões da capacidade instalada, em relação à exposição das variações de vazão dos rios onde estão localizadas. Com isso, as usinas com reservatórios manterão a maior capacidade de gerenciamento dessa vulnerabilidade a variação climática.
Contudo, disse ela, a crise com os reservatórios que o país vive atualmente é uma demonstração clara de que o Brasil não pode focar seus esforços apenas na hidreletricidade, que é necessário ter uma base diversificada de fontes de geração para poder alcançar a segurança de fornecimento.
Nesse sentido, o estudo aponta que embora o setor elétrico nacional dependa da energia hídrica, as características do Sistema Interligado Nacional favorecem a complementariedade dos regimes hidrológicos entre as diferentes regiões, fato que pode resultar em uma menor exposição do sistema às questões ambientais.
Em decorrência desses resultados, a Cebds defende que o governo deveria adotar as mudanças climáticas em seu planejamento energético para trazer menor risco de insegurança quanto à energia elétrica.
"A conclusão em relação ao custo de geração é de que nem sempre o mais barato, o mais seguro e o mais limpo é o melhor. A saída mais viável é diversificar, pois assim, conseguiríamos alcançar um melhor equilíbrio", acrescentou a consultora.
O alerta á dado pela entidade em função da alta dependência do Brasil pela fonte hidráulica, que adotando dados da Empresa de Pesquisa Energética, de 2012, aponta que 81,9% da geração de energia elétrica depende da fonte hídrica, enquanto os 18,1% restantes estão divididos entre a biomassa, gás natural, nuclear, derivados do petróleo, carvão e eólica. No estudo, disse Paranhos, a fotovoltaica ainda não é considerada em função de seu alto custo.
A WayCarbon destacou a restrita base de dados utilizados nos últimos 80 anos de vazão dos rios onde essas usinas estão implantadas, na bacia do Paraná e na bacia Atlântico Leste/Sudeste, na região do submercado Sudeste/Centro-Oeste, o de maior demanda por eletricidade. (canalenergia)

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