Produção de biogás a partir de dejetos de frangos de corte
Planta em 3D do
sistema modelo para aproveitamento energético de cama de frangos de corte.
Projeto inovador foi
apresentado na Unesp de Jaboticabal.
O zootecnista Airon
Magno Aires, especialista em energias renováveis com ênfase em biogás, defendeu
sua tese de doutorado na Unesp de Jaboticabal sobre o tema ‘Desenvolvimento de
um sistema para o pré-processamento da cama de frangos de corte destinada à
biodigestão anaeróbia e compostagem ‘in-vessel’.
Sob a orientação de
Jorge de Lucas Junior, professor do Departamento de Engenharia Rural, foi
desenvolvido um equipamento em escala industrial para a produção de biogás a
partir de dejetos de frangos de corte (cama de frango), um protótipo de
compostagem ‘in-vessel’ de carcaça de aves. Também foi realizado um estudo de
viabilidade econômica, para instalação de uma unidade modelo, que está em fase
final de aprovação financeira para iniciar ainda nesse semestre.
Para Aires,
atualmente existe uma preocupação muito grande com a escassez de energia
elétrica, visto os desafios relacionados ao crescimento econômico e grandes
eventos (Copa do Mundo 2014, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos 2016) que serão
sediados nos próximos anos e vão exigir grandes picos de energia.
“Nos últimos 15 anos
o consumo de energia não renovável (óleo diesel e lenha) aumentou com a
tecnificação e automação da produção avícola. Além disso, acompanhamos uma
grande oscilação no valor da energia elétrica e do óleo diesel, resultado de
políticas internas”, comenta o especialista.
Aires explica que
alternativas para geração de energia limpa estão sendo geradas no meio
científico para o desenvolvimento de pilotos de equipamentos que auxiliem a
geração de energia (biogás) a partir de dejetos de frangos de corte (cama de
frango).
Os equipamentos em
escala industrial podem demonstrar resultados próximos aos que serão
encontrados no campo, auxiliando o técnico no dimensionamento do biodigestor
para o tratamento dos resíduos e geração de biogás, biofertilizante e adubo
orgânico.
O grande diferencial
da compostagem ‘in-vessel’ é a fabricação de um protótipo 100% nacional, de um
reator de compostagem ‘in-vessel’ que pode ser escalonado e utilizado para o
tratamento de resíduos de qualquer gênero orgânico, em três diferentes formatos
(cilíndrico, container e células fixas), sem precedentes de concorrência no
Brasil. Esse tipo de reator vem sendo utilizado em alguns países como Alemanha,
Itália, EUA e Canadá.
O especialista
esclarece que esta tecnologia possui uma gama de possibilidades para
utilização, como estações de tratamento e aproveitamento energético de
resíduos, dentre eles agroindústrias (incubatórios de aves, frigoríficos,
abatedouros), agropecuários (resíduos de pescado, carcaça de aves e suínos),
frações orgânicas de resíduos sólidos urbanos, resíduos de restaurantes, lodos
de indústrias alimentícias. O produto gerado no processo é utilizado como adubo
orgânico, para nutrição e estruturação física do solo, beneficiando a produção
vegetal.
Quanto à produção de
biogás a partir de cama de frango, o diferencial do projeto é a utilização de
um pré-processo para viabilizar a utilização de resíduos sólidos em
biodigestores tipo tubular horizontal “plug flow” e resolver alguns problemas
ocasionados pela falta de equalização da carga diária.
“Os resultados da
tese influenciam positivamente na viabilidade econômica de produções avícolas,
por meio da sustentabilidade energética e ambiental da produção. Todos os
equipamentos e processos utilizados não possuem precedentes, tornando-se assim
inovadores para o meio científico e para o mercado nacional”, conclui Aires.
(EcoDebate)
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