Bom, bonito e barato: um protótipo de carro
elétrico
Dizem que tamanho não
é documento. E o carro elétrico, batizado como El Rio, está aí para
provar que esta máxima pode ser verdade. Menor do que um Land Rover, mas com
estrutura de aço 20 vezes mais resistente, ele é um “pequeno gigante”, que alia
uma solução ecologicamente correta – já que não faz uso de combustível –, a um
preço bastante acessível: menos de R$ 20 mil.
Desenvolvido pela
empresa Fontes Renováveis Soluções Tecnológicas e Ambientais, o projeto conta
com apoio do programa de Apoio ao Desenvolvimento de Design – FAPERJ,
Firjan e SEBRAE.
A bateria do carro
elétrico, acima ainda sem revestimento, pode ser trocada facilmente
O El Rio alcança uma
velocidade máxima de 50 quilômetros por hora. Mas se não é um carro para quem
gosta de altas velocidades, como explicam Roberto Tinoco, engenheiro mecânico,
com MBA em Empreendedorismo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Marco Sombra,
detentor de diversas patentes, e o engenheiro elétrico Luciano Monteiro,
trata-se de um veículo ideal para locais urbanos e trajetos de curta distância.
Sua bateria, na parte frontal, pode ser trocada rapidamente ou recarregada na
eletricidade, com um gasto semelhante ao de um aparelho de ar-condicionado,
ligado durante a noite.
Por suas
características, o El Rio é direcionado a diversos tipos de clientes,
como empresas de turismo, instituições, a Empresa Brasileira de Correios e
empresas de serviços, particularmente as que fazem pequenas entregas. “Estamos
propondo um veículo elétrico, com design customizado para diferentes
aplicações, de baixo custo e alta resistência para uso em grandes centros
urbanos. Para aumentar sua autonomia, ele também poderá ter uma versão híbrida,
e ser equipado com um pequeno gerador portátil movido a biocombustível”,
ressalta Marco Sombra. Mas o que talvez seja mais importante é que se trata de
um veículo sustentável e ecologicamente correto, por usar energia limpa e não
emitir gases poluentes.
“Entre as inovações
mais importantes que o El Rio traz está seu projeto estrutural, com a
confecção de um chassi perimetral de viga lateral, de grande altura. Em caso de
colisões laterais, isso permite maior proteção ao motorista”, explica Roberto
Tinoco. Outra vantagem é que a maior espessura dessa estrutura também é
garantia de sua longevidade para resistir à ferrugem.
A essa estrutura de
aço, que é forte, são fixadas as peças da carroceria, em fibra de vidro
flexível, que absorvem melhor os impactos. O contrário também é verdadeiro. O
que quer dizer que o material flexível de suas peças frontais minimizam
ferimentos, em caso de atropelamento.
O projeto mecânico
também tem facilidades. O motor do El
Rio, alimentado a energia elétrica, não utiliza as caixas tradicionais
automáticas, mas as do tipo CVT (Continuous
Variation Transmition), o que permite variação de velocidade sem a necessidade de mudanças de marchas. Em outras
palavras, a tração sem comutação, como afirma Sombra. Por comportar soluções de
diversos fabricantes e diferentes tecnologias, já que foi concebido de forma
aberta, o El Rio possibilita
também a adaptação do veículo para o uso alternativo de biocombustíveis –
igualmente não poluentes, especialmente quando ele trafega por terrenos em que
haja necessidade de tração nas quatro rodas. “Nesses casos, isso é feito de
forma inteligente, usando motores hidráulicos, mas essa alternativa de motor
hidráulico é necessária apenas quando o veículo for adaptado”, explica Sombra.
Montagem inicial do
protótipo: a proposta é desenvolver um veículo elétrico mais seguro e bem mais
barato
Eles acrescentam
ainda que o desenho traz sua maior contribuição em design, já que a
solidez da estrutura permitirá a um desenhista modificar, adaptar, acrescer e
otimizar a aparência e forma do carro, sem a necessidade de novos testes
estruturais, ou mesmo de um apurado conhecimento das leis de mecânica. “Usando
o conceito de sobreteto rígido, formamos uma proteção isolante dos rigores do
sol e, com a instalação de ventiladores, criamos insuflação de ar sobre os
ocupantes, possibilitando a substituição do ar-condicionado, já que numa versão
de carro elétrico, isso geraria um consumo energético proibitivo”, explica
Tinoco.
Segundo os
empresários das Fontes Renováveis, o El Rio é ainda um veículo
camaleônico, que pode ser complementado com peças frontais e traseiras em fibra
de vidro, mudando sua aparência e adaptando-a aos diferentes tipos de uso. Um cata-vento
no teto, por exemplo, pode captar energia eólica para recarregar a bateria com
uma opção de fonte energética natural.
“Todos esses fatores
possibilitam descentralizar a produção, já que por ser um veículo simples, o El
Rio dispensa uma grande linha de produção e altos investimentos em
equipamentos, e pode ser feito em pequenas montadoras, em qualquer lugar do
país. E pode até usar peças de outras montadoras em sua parte não-estrutural”,
explica Tinoco. “Nosso protótipo já está pronto. Estamos pensando em criar
postos de recarga em pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro, como
Aterro do Flamengo e a orla da Zona Sul”, refere Sombra. Tudo o que os
empresários agora querem é, dentro de mais algum tempo, ver o El Rio
pelas ruas da cidade. (EcoDebate)
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