sábado, 20 de abril de 2013

Eficiência energética X Desenvolvimento econômico

Eficiência energética e o desenvolvimento econômico
Em tempos de revisão tarifária muito tem se falado sobre o custo da energia elétrica e seu papel estratégico no plano traçado pelo governo federal visando fomentar a atividade industrial e o crescimento econômico. Por outro lado, têm sido recorrentes as interrupções no fornecimento de energia elétrica as quais atribuem-se causas diversas, gerando um grau de incerteza sobre os investimentos a serem priorizados pela iniciativa privada.
Temos um sistema elétrico nacional robusto, proporcional às dimensões continentais do pais. No entanto, de forma a sustentar o crescimento econômico estimado no âmbito do Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), deveríamos ser capazes de gerar energia nova na proporção direta desse crescimento. Ocorre que atrasos no andamento das obras das usinas, sejam hidrelétricas, termelétricas, eólicas ou PCHs e mesmo em obras de transmissão, vêm impedindo a concretização dessas metas. Na outra ponta, a despeito dos esforços do Poder Executivo, não se confirmaram os índices previstos para a expansão econômica. De forma que, se houvéssemos crescido o esperado, muito provavelmente, o Sistema Interligado Nacional (SIN) não teria sido capaz de atender à essa demanda.
Na perspectiva de maior crescimento, outros fatores impõem limitações: deficiência da malha ferroviária como alternativa de transporte, portos ineficientes, carga tributária excessiva, mão-de-obra sem qualificação e outros elevam os custos de produção. Mas, no que concerne à questão energética, além da revisão tarifária, outras medidas podem ser consideradas ou mesmo, devem ser consideradas de modo a fortalecer o setor e restaurar a confiança necessária para gerar novos investimentos.
A complexidade cada vez maior na implantação de unidades geradoras, seja pela necessidade de extensas linhas de transmissão ou pelas restrições socioambientais desafia análises e métodos de projeção. Portanto, parece essencial a otimização do uso dos recursos energéticos por meio de medidas de conservação de energia como um caminho natural de desenvolvimento econômico sustentável, seja pela redução dos elevados investimentos na infraestrutura e dos impactos ambientais, seja pelo aumento da produtividade.
Priorizar sistemas mais eficientes é uma porta de oportunidades para o aprimoramento tecnológico através de incentivos para a indústria e o direcionamento de recursos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para áreas prioritárias: bioenergia, eficiência energética e energias renováveis. Em longo prazo, pode contribuir para a tão desejada mudança na matriz de exportação brasileira, reduzindo a participação de produtos primários em detrimento de outros com valor tecnológico agregado. Esse processo poderá fortalecer programas governamentais como o Procel (Programa nacional de Conservação de Energia Elétrica) e o PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem), através dos quais iniciativas sistemáticas vêm sendo empreendidas há mais de 20 anos com resultados expressivos. Com efeito, a Eletrobras avalia em 51,2 bilhões de KWh o montante de energia elétrica conservada no período 1986-2011 com a aplicação do programa (1). Somente em 2011 a energia economizada correspondeu a 6,696 bilhões de KWh, resultado que equivale a 1,56% do consumo total e ao consumo anual de aproximadamente 3,6 milhões de residências, o que permitiu postergar o investimento de R$ 756,5 milhões na expansão da geração de energia elétrica.
Apoiado nesses dados históricos o PNE 2030, estima-se um percentual de 5% de redução da demanda de energia elétrica, a ser atingido até o horizonte do Plano, através de um progresso tendencial, resultado do aprimoramento das práticas de uso e da substituição gradual dos equipamentos por outros mais eficientes. O mesmo percentual de redução seria possível como resultado de um progresso induzido, através de medidas de estímulo a serem aplicadas pelo Poder Executivo. Esse total de 10% representaria a energia conservada, ou seja, a diferença entre o consumo final, incluindo ganhos de eficiência energética e o consumo sem qualquer atualização tecnológica, mantidos os padrões atuais.
Caso este percentual não seja alcançado serão necessários investimentos da ordem de R$ 10 bilhões para uma expansão
adicional da oferta de energia. Por outro lado, confirmando-se as estimativas, é possível deduzir que, mantendo-se a produtividade com menor demanda energética, diminuímos o impacto desse custo nas atividades humanas, assim como do passivo ambiental do setor energético, possibilitando o redirecionamento desses recursos para investimentos, aumento da poupança interna ou mesmo do consumo de bens e serviços e, consequentemente, da atividade econômica como um todo. (ambienteenergia)

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