quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Helte compra 40 mil módulos da Sengi e impulsiona vendas de módulos nacionais

Helte adquire 40 mil módulos da Sengi e quer impulsionar vendas de módulos nacionais.

Para enfrentar concorrência chinesa e mitigar o aumento na tarifa de importação de painéis solares, a distribuidora pretende aumentar a participação de produtos nacionais em seu portfólio, saltando de 5% para 20% de participação até o final de 2025. Estão previstos R$ 100 milhões de investimentos até o final de 2025.
A Helte, parte do grupo Grupo HLT, formado também pelas empresas Inemex e Ângulo, anunciou que está investindo R$ 100 milhões até o final de 2025 na aquisição de módulos e sistemas fotovoltaicos fabricados no Brasil, em uma parceria com a Sengi Solar. Até o segundo semestre deste ano, já foram aplicados R$ 25 milhões.

De acordo com o CEO do Grupo HLT, Junior Helte, o investimento em 53 carretas, correspondente a 40 mil módulos, visa impulsionar o desenvolvimento da indústria solar no Brasil. “Os painéis e geradores que produzimos aqui são tão bons quanto os importados da China. Mas como os chineses dominam a fabricação e exportam em grande escala, conseguem reduzir o custo final. A ideia é, por meio dessa iniciativa, ajudar a tornar a indústria nacional mais competitiva”, explica Helte.

Especial Módulos: as certificações dos painéis solares fabricados no Brasil pela BYD e Sengi Solar.

Atualmente, apenas 5% do faturamento da Helte vem da comercialização de módulos nacionais. Com a nova parceria, a meta é aumentar essa participação para 20% até o final de 2025. “Nosso objetivo é valorizar a produção brasileira, fortalecendo a mão de obra local e impulsionando a cadeia produtiva”, afirma o CEO. Outro fator que pode favorecer a indústria nacional é o recente aumento na tarifa de importação de painéis solares, que em janeiro deste ano subiu para 10,8%.

Os módulos nacionais adquiridos pela Helte utilizam a tecnologia monofacial, que capta luz exclusivamente pela face frontal do equipamento. Com uma potência de 550 watts, esses painéis são adequados e eficientes para aplicações residenciais, comerciais e industriais.

Outra iniciativa da Helte para fortalecer o mercado nacional de energia solar foi a entrada no segmento de energia por assinatura, anunciada em agosto. Em parceria com a cooperativa OpenGD, a empresa passou a oferecer uma nova forma de acesso à energia limpa. Sem a necessidade de investir em infraestrutura própria, como painéis solares, a geração compartilhada se apresenta como uma solução para democratizar a fonte solar no Brasil. A previsão é atender 5 mil clientes até o final de 2024 com esse novo modelo de negócio.

Os testadores configuram módulos no simulador solar para determinar sua saída máxima real.

Plataforma Helte possibilita acessar relatório de testes de módulos.

Funcionalidade já está disponível para todos os profissionais que atuam no mercado de energia solar. (pv-magazine-brasil)

Renováveis atenderão quase metade da demanda global de eletricidade até 2030

Renováveis ​​devem atender quase metade da demanda global de eletricidade até 2030, diz novo relatório da AIE.

O relatório Renewables 2024, publicação anual da Agência Internacional de Energia (IEA), conclui que o mundo deve adicionar mais de 5.500 GW de nova capacidade de energia renovável entre 2024 e 2030.
O mundo deve adicionar mais de 5.500 GW de nova capacidade de energia renovável entre 2024 e 2030, segundo o relatório Renewables 2024, publicação anual da Agência Internacional de Energia (IEA). A China deve ser responsável por quase 60% dessa capacidade, com base nas tendências atuais do mercado e nas configurações de políticas atuais dos governos. Isso levaria a China a concentrar quase metade da capacidade total de energia renovável do mundo até o final desta década. Em 2010, essa participação era um terço. Enquanto a China está adicionando os maiores volumes de energias renováveis, a Índia tem a taxa mais rápida de crescimento entre as principais economias.

Em termos de tecnologias, a energia solar fotovoltaica sozinha deve ser responsável por 80% do crescimento da capacidade renovável global entre agora e 2030 — o resultado da construção de novas grandes usinas de energia solar, bem como um aumento nas instalações solares em telhados por empresas e residências. E, apesar dos desafios contínuos, o setor eólico também está pronto para uma recuperação, com a taxa de expansão dobrando entre 2024 e 2030, em comparação com o período entre 2017 e 2023. Já, a energia eólica e a energia solar fotovoltaica são as opções mais baratas para adicionar nova geração de eletricidade em quase todos os países.

Energia renovável atenderá metade da demanda global

Metas para energias renováveis não alinhadas com a COP 28

Quase 70 países que coletivamente respondem por 80% da capacidade global de energia renovável estão prestes a atingir ou superar suas ambições renováveis atuais para 2030.

O crescimento não está totalmente alinhado com a meta definida por quase 200 governos na conferência sobre mudanças climáticas COP28 em dezembro de 2023 para triplicar a capacidade renovável mundial nesta década – o relatório prevê que, até 2030, a capacidade global atingirá 2,7 vezes o nível observado em 2022.

Mas a análise da AIE indica que atingir totalmente essa meta é inteiramente possível se os governos aproveitarem as oportunidades de ação de curto prazo. Isso inclui delinear planos ousados na próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas sob o Acordo de Paris, com vencimento no próximo ano, e reforçar a cooperação internacional para reduzir os altos custos de financiamento em economias emergentes e em desenvolvimento, que estão restringindo o crescimento das energias renováveis em regiões de alto potencial, como África e Sudeste Asiático.

A Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que, até o final desta década, a capacidade global de produção de energia renovável deve crescer mais de 5.500 gigawatts (GW). Além disso, as chamadas fontes limpas poderão atender quase metade da demanda global de eletricidade até 2030. Os dados foram apresentados no mais recente relatório sobre o tema (clique aqui para conferir o documento na íntegra).

“As energias renováveis estão se movendo mais rápido do que os governos nacionais podem definir metas. Isso é impulsionado principalmente não apenas por esforços para reduzir emissões ou aumentar a segurança energética – é cada vez mais porque as energias renováveis hoje oferecem a opção mais barata para adicionar novas usinas de energia em quase todos os países do mundo”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol. “Este relatório mostra que o crescimento das energias renováveis, especialmente a solar, transformará os sistemas elétricos em todo o mundo nesta década. Entre agora e 2030, o mundo está a caminho de adicionar mais de 5.500 gigawatts de capacidade de energia renovável – aproximadamente igual à capacidade de energia atual da China, União Europeia, Índia e Estados Unidos combinados. Até 2030, esperamos que as energias renováveis atendam metade da demanda global de eletricidade”.

Energia renovável: Avanço ficará aquém da meta, diz AIE.

Renováveis irão gerar metade da eletricidade global até 2030

As energias renováveis estão a caminho de gerar quase metade da eletricidade global até 2030, com a participação da energia eólica e solar fotovoltaica dobrando para 30%, de acordo com a previsão. No entanto, o relatório enfatiza a necessidade de os governos aumentarem seus esforços para integrar com segurança fontes renováveis variáveis, como energia solar fotovoltaica e eólica, aos sistemas de energia.

No geral, liderada pelo crescimento massivo da eletricidade renovável, a parcela de energias renováveis no consumo final de energia deve aumentar para quase 20% até 2030, ante 13% em 2023. Enquanto isso, os combustíveis renováveis — assunto de um capítulo especial no relatório — estão ficando para trás, ressaltando a necessidade de suporte político dedicado para descarbonizar setores que são difíceis de eletrificar.

Atingir as metas climáticas internacionais exigiria não apenas acelerar a implementação de energia renovável, mas também acelerando significativamente a adoção de biocombustíveis sustentáveis, biogases, hidrogênio e e-combustíveis, observa o relatório. Como esses combustíveis continuam mais caros do que seus equivalentes fósseis, sua participação na energia global deve permanecer abaixo de 6% em 2030.

Espera-se que a capacidade global de fabricação de energia solar ultrapasse 1.100 GW até o final de 2024, mais que o dobro da demanda projetada. Embora esse excesso de oferta, concentrado na China, tenha apoiado um declínio nos preços dos módulos — que caíram mais da metade desde o início de 2023 como resultado — também significa que muitos fabricantes estão vendo grandes perdas financeiras.

Dado o crescente foco internacional na competitividade industrial, a capacidade de fabricação de energia solar fotovoltaica deve triplicar na Índia e nos Estados Unidos até 2030, ajudando na diversificação global. No entanto, produzir painéis solares nos Estados Unidos custa três vezes mais do que na China e, na Índia, é duas vezes mais caro. De acordo com o relatório, os formuladores de políticas devem considerar como encontrar um equilíbrio entre os custos e benefícios adicionais da fabricação local, ponderando prioridades importantes como a criação de empregos e a segurança energética.
Curtailment é um desafio crescente

Recentemente, as taxas de redução da geração ou curtailment— onde a geração de eletricidade renovável não é utilizada — têm aumentado substancialmente, já atingindo cerca de 10% em vários países hoje. Para lidar com isso, os países devem se concentrar em medidas de integração, como aumentar a flexibilidade do sistema de energia. Fazer um esforço concentrado para lidar com incertezas políticas e agilizar os processos de licenciamento — e construir e modernizar 25 milhões de quilômetros de redes elétricas e atingir 1.500 GW de capacidade de armazenamento até 2030, conforme destacado em análises anteriores da AIE — permitiria parcelas ainda maiores de geração de energias renováveis. (pv-magazine-brasil)

Vulnerabilidade das células solares TOPCon à corrosão por contato

Nova pesquisa mostra vulnerabilidade das células solares TOPCon à corrosão por contato.

Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul afirmam ter identificado novos mecanismos de degradação de contato TOPCon que são significativamente influenciados pela combinação de íons e composições de pasta de alumínio-prata. O mecanismo primário de degradação foi um aumento significativo na resistência em série.
Imagens de fotoluminescência de células TOPCon obtidas em vários estágios durante o teste de calor de despejo.

Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW) da Austrália e do fabricante sino-canadense de módulos fotovoltaicos Canadian Solar investigaram a degradação de células solares industriais TOPCon submetidas a condições de teste acelerado de 85ºC e 85% de umidade relativa sob o chamado teste de calor úmido (DH85).

“Nossas descobertas destacam a vulnerabilidade das células solares TOPCon à corrosão por contato, enfatizando a reatividade eletroquímica da metalização como um risco potencial para a operação do módulo a longo prazo”, disse o principal autor da pesquisa, Bram Hoex, à pv magazine. “Este estudo fornece informações cruciais sobre os mecanismos de degradação celular do TOPCon, essenciais para otimizar o desempenho e aumentar a confiabilidade a longo prazo desses módulos”.

Hoex explicou que o estudo é complementar ao trabalho anterior do grupo de pesquisa e o expande usando dois tipos de sais contendo sódio, o que permitiu aos pesquisadores observar diferenças nas reações químicas que ocorrem. “Essa compreensão aprimorada da química subjacente que explica a degradação é fundamental para melhorar ainda mais a estabilidade do TOPCon”, acrescentou.

O grupo publicou um primeiro artigo no final de abril, no qual identificou três novos tipos de falhas do módulo solar TOPCon que nunca foram detectadas nos painéis PERC. Este trabalho teve como objetivo avaliar o impacto das listas de materiais (BOM) na confiabilidade das células solares PERC e TOPCon disponíveis comercialmente.

Pesquisadores da UNSW alertam para vulnerabilidades surpreendentes do módulo solar TOPCon

“Resultados foram bastante surpreendentes para nós”, disse Hoex à pv magazine na época. “Esperávamos que o elastômero de poliolefina (POE) em geral tivesse um bom desempenho, mas identificamos que alguns POEs tiveram um desempenho muito ruim. Isso provavelmente se deve aos diferentes aditivos usados no POE que reagem com o fluxo de solda e a metalização, resultando em corrosão de contato”.

Na nova pesquisa, os cientistas encontraram diferenças significativas entre a sensibilidade da parte frontal e traseira das células solares TOPCon quando a degradação foi induzida por dois sais contendo sódio – bicarbonato de sódio (NaHCO3) e cloreto de sódio (NaCl).

Os acadêmicos realizaram os testes com células solares TOPCon tipo n G1 de 158,75 mm x 158,75 mm com 5 barramentos. Sua eficiência média de conversão de energia foi de 23,1%.

Na parte frontal os dispositivos foram confeccionados com um emissor difuso de boro revestido com óxido de alumínio (Al2O3) e nitreto de silício (SiNx), além de uma pilha de oxinitreto de silício (SiOyNz) que fornece passivação de superfície e atua como um revestimento antirreflexo (ARC). Na parte de trás, as células apresentavam uma arquitetura TOPCon baseada em uma camada de óxido de silício de tunelamento (SiO2) emparelhada com uma camada de poli-Si dopada com fósforo, bem como um ARC de camada de SiN x.

“A metalização frontal compreendeu uma combinação de prata (Ag) e alumínio (Al, 3-5 at.%), como material condutor, enquanto o contato de metal traseiro consiste apenas em Ag para condução”, explicaram os pesquisadores.

Esquema da célula TOPCon utilizada na pesquisa.

O teste DH85 foi realizado por meio de imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) em cinco amostras de células: células de referência tratadas apenas com água deionizada (DIW); células expostas a NaHCO3 na parte frontal; NaHCO3 na parte traseira; células expostas ao NaCl na parte frontal; e células expostas ao NaCl na parte traseira.

Quanto ao primeiro grupo, os cientistas descobriram que expor as células TOPCon a alta umidade em temperaturas elevadas por longos períodos não levou inerentemente à degradação. Para os demais grupos, no entanto, a degradação da eficiência foi significativa.

“Nosso teste acelerado usando NaCl causa degradação extrema da eficiência de conversão de energia, resultando em uma redução relativa de 92%, enquanto o NaHCO3 resulta em uma redução de eficiência relativa de 5%”, afirmou Hoex. “O mecanismo de degradação primário é um aumento significativo na resistência em série (Rs), provavelmente devido a reações eletroquímicas dentro da pasta de prata-alumínio (Ag / Al) ”.

“Quando aplicado na parte traseira da célula solar TOPCon, o NaHCO3 aumenta a recombinação e deteriora os contatos, levando a uma redução de eficiência de 16% após apenas 100 horas de testes DH85”, acrescentou Hoex. “Em contraste, o NaCl aumenta principalmente a recombinação e não parece afetar o contato, causando uma perda de eficiência de 4%. Investigações posteriores revelam mecanismos de degradação em contatos metálicos traseiros, particularmente oxidação na interface Ag-Si.

Os cientistas destacaram que as pastas Ag / Al estão expostas a riscos de estabilidade a longo prazo quando expostas a contaminantes em nível de íons e disseram que outras combinações em nível de íons devem ser investigadas.

Pesquisadores da Coreia desenvolveram células solares transparentes que podem gerar energia solar a partir de superfícies de vidro, como janelas de edifícios, carros e até telas de smartphones.

Energia Solar: Pesquisadores coreanos criam células solares transparentes que geram energia a partir de janelas, carros e smartphones.

“Em resumo, este estudo revela que os mecanismos de degradação por contato do TOPCon são significativamente influenciados pela combinação de íons e composições de pasta”, afirmaram os pesquisadores. “Ele oferece informações cruciais sobre os padrões de degradação e fatores subjacentes que afetam os contatos metálicos das células solares TOPCon, potencialmente auxiliando na avaliação da confiabilidade no nível do módulo”.

Suas descobertas estão disponíveis no artigo ““Unveiling the origin of metal contact failures in TOPCon solar cells through accelerated damp-heat testing“, publicado na Solar Energy Materials and Solar Cells. A equipe de pesquisa também incluiu acadêmicos da Universidade de Nantong e da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China.

Em outro estudo, publicado no início de abril, a mesma equipe de pesquisa trabalhou com cientistas da fabricante chinesa de painéis Jolywood para projetar um processo de queima assistido por laser na fabricação de células solares TOPCon que pode aumentar a qualidade do contato e a resistência à corrosão, além de reduzir os custos de produção.

Chamada de Jolywood Special Injected Metallization (JSIM), a nova técnica consiste em um processo de queima assistido por laser que utiliza uma pasta de prata (Ag) personalizada para a formação de contato frontal em células solares TOPCon. É uma técnica de queima de baixa temperatura que se destina a facilitar a penetração da pasta através do revestimento antirreflexo frontal da célula.

“A tecnologia JSIM já está em produção de alto volume pela Jolywood e outras empresas também estão desenvolvendo e implementando suas próprias versões de disparo assistido por laser”, disse o principal autor da pesquisa, Bram Hoex, à pv magazine na época. “A Jolywood foi um dos primeiros fabricantes a aumentar a tecnologia TOPCon na produção de alto volume”. (pv-magazine-brasil)

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Engie divulga resultados de demonstrador agrovoltaico vertical francês

A empresa de energia francesa disse que sua instalação agrovoltaica de 100 kW ligada à criação de vacas na região francesa de Puy-de-Dôme não modificou o funcionamento dos prados e o comportamento animal.
A Engie Green, uma unidade da gigante francesa de energia Engie, opera um demonstrador agrovoltaico vertical há dois anos no local do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola (INRAE) em Laqueuille, departamento de Puy-de-Dôme, na região de Auvergne-Rhône-Alpes, no centro da França.

A escolha desta tecnologia fotovoltaica foi feita devido ao seu perfil de produção, com a central solar produzindo durante um período alargado das 5h às 20h devido à implantação vertical dos painéis.

Os primeiros resultados mostraram que, até 2024, a energia produzida pelo piloto de 100 kW, chamado Camélia, havia superado em 30% a produção de uma usina terrestre com a mesma potência.

Além disso, a Engie também divulgou dados agronômicos mostrando que a usina entrou em seu segundo ano de monitoramento agronômico e em seu primeiro ano de produção de energia solar.

As observações iniciais mostram que a presença de painéis solares modifica o microclima do prado. Ao longo de vários meses, os pesquisadores mediram uma redução pela metade da velocidade do vento sem nenhuma grande mudança na direção do vento. Ao longo de um dia, as instalações solares modificam temporariamente as condições de luz e térmicas em ambos os lados dos painéis. “No entanto, como todos os dados microclimáticos ainda não foram analisados, teremos que esperar outro ciclo para tirar conclusões relevantes”, explicou a empresa.
Os diferentes tamanhos das fileiras internas.

No que diz respeito à produção de biomassa vegetal, se esta não for modificada pela distância aos painéis ou pela orientação Leste-Oeste, o campo com espaçamento de 18 metros é mais produtivo do que o de 12 metros. Várias explicações são apresentadas pelo INRAE: a variabilidade espacial intrínseca da parcela, a presença de um pouco mais de grama e, potencialmente, um pouco mais de luz em 18 metros do que em 12 metros.

Por fim, todos os animais presentes na parcela de Camélia foram equipados com sensores para medir atividades como ingestão, ruminação, repouso e ficar em pé, bem como sua posição na sombra ou luz e sua posição espacial via GPS. Durante o primeiro ciclo de pastejo em maio, em condições úmidas e frias, os cientistas observaram que os animais passavam cerca de ⅓ do tempo nas entrelinhas dos painéis e ⅔ do tempo ao redor dos painéis.

Em condições mais quentes e ligeiramente secas, durante o segundo ciclo de pastejo em junho-julho, os animais passaram um pouco mais de tempo à sombra das árvores localizadas na parcela. Além disso, a presença dos painéis não parece modificar sua atividade, pois os perfis de atividade foram semelhantes aos da parcela de Camélia e de outra parcela utilizada durante o interpastejo. Mais uma vez, essas observações iniciais feitas no gado devem ser mais exploradas com um conjunto de dados mais completo sobre os outros ciclos de pastejo estudados. (pv-magazine-brasil)

Energia solar é aliada do horário de verão prá superar desafios no setor elétrico

Energia solar pode ser aliada ao horário de verão para superar desafios no setor elétrico.

Especialistas estimam que a energia solar poderá gerar energia por até duas horas extras, favorecendo regiões com maior irradiação e exigindo menos das hidrelétricas e termelétricas, o que também impacta em uma redução de custos para o consumidor.
O possível retorno do horário de verão está em análise pelo governo como uma estratégia para enfrentar os desafios do setor elétrico, especialmente durante os horários de pico de consumo e diante de uma seca intensa e prolongada. Neste contexto, a geração de energia solar pode ser um argumento a favor da mudança horária. De acordo com estudo recente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a medida poderia reduzir em até 2,9% a demanda de eletricidade e postergar o pico de consumo em até duas horas, o que aliviaria a pressão sobre a rede.

Nos últimos cinco anos, o cenário energético brasileiro mudou significativamente com a expansão da energia solar. Em 2019, a capacidade instalada de energia solar era de 5 GW; em agosto de 2024, esse número chegou a 47 GW, representando quase 20% da matriz elétrica do país. Esse crescimento torna o impacto do horário de verão mais relevante do que em anos anteriores, uma vez que essa fonte pode ajudar a atender a demanda por mais tempo, evitando o acionamento de usinas térmicas, que são mais caras e prejudiciais ao meio ambiente.

A seca severa que o Brasil enfrenta, a pior em 70 anos, reduziu a capacidade das hidrelétricas, que respondem por 46% da capacidade de geração de energia no país – incluindo a geração distribuída. Para compensar essa redução, o sistema tem recorrido cada vez mais às usinas térmicas, cujo uso eleva os custos da energia e aumenta as emissões de gases de efeito estufa.

Atualmente, o horário de maior demanda no Brasil é entre 19h e 20h, seguido de um segundo pico entre 14h e 15h, impulsionado pelas indústrias, segundo especialista de estudos de mercado e preços de energia da Thymos Energia, Pedro Moro. Ele avalia que a mudança para o horário de verão já não se trata de mudar o modo de consumo como antigamente, mas sim de ajustar a geração. “A energia solar vai gerar uma hora a mais todos os dias, e perder uma hora a menos no começo do dia, quando não é tão necessária. Para um consumidor de Geração Distribuída, seria um benefício porque teria a geração na ponta. E para o caso da inversão de fluxo, também é positivo pois reduz a diferença entre o consumo residencial e a geração solar.  A possível volta de um horário de verão é benéfica para o setor elétrico de forma geral, inclusive na centralizada”, afirma o executivo.

Em questão de custos, embora o retorno do horário de verão não vá reduzir diretamente o valor das tarifas para o consumidor, ele pode evitar apagões e diminuir a necessidade de acionamento das usinas térmicas, economizando cerca de R$ 400 milhões em custos operacionais. Essa economia pode aliviar o sistema elétrico em momentos críticos, especialmente durante os meses de maior risco de escassez de energia.

Caetano Mancini, meteorologista sênior da Tempo OK.

“Vemos para outubro e novembro um panorama que não é favorável para chuva, em especial para as regiões Centro-Oeste e Sudeste. Devemos ter uma melhora gradual a partir de dezembro, com uma possível ocorrência de La Niña, o evento climático de resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. É preciso aproveitar a geração pelos próximos dois meses, pois além do tempo úmido que se aproxima ter a chance de prejudicar a irradiação solar, existem outros fatores imprevisíveis como a fumaça causada pelas queimadas. Em agosto, a fumaça causou uma redução de 20% na irradiação solar, prejudicando a geração”, disse o meteorologista Sênior da Tempo OK, Caetano Mancini, à pv magazine.

Mancini ainda afirma que, tanto sob o ponto de vista meteorológico quanto energético, o horário de verão faz sentido. Segundo o meteorologista, a Geração Distribuída ajuda a não pressionar o reservatório ou acionar as termelétricas, o que é fundamental no cenário de tempo seco. “Hoje, a energia solar é uma matriz energética muito mais representativa do que em 2019, quando o horário de verão foi abolido. Isso tem uma contribuição enorme para o sistema, que poderia ter até mais 3 horas de sol com os dias escurecendo mais tarde”.

Fred Menezes, diretor-executivo da Armor Energia.

Já para Fred Menezes, diretor-executivo da Armor Energia, comercializadora de energia e hub de negócios com foco no Mercado Livre, o custo da energia também segue em alta devido ao tempo seco, com o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) chegando a R$ 500 em outubro. “O cenário atual é difícil de prever, tudo o que precisa acontecer é chover no período úmido para que não se fale mais em crise energética. Mas enquanto isso não acontecer, os preços continuarão crescendo”, comenta.

Menezes reforça o quanto e energia solar é relevante para o sistema interligado fora do horário de verão, e com o retorno da medida, seria ainda mais impactante: “Se não tivéssemos a energia solar para segurar esses momentos de alta temperatura, teríamos que suprir essa demanda com os reservatórios e as térmicas caras. Falando em horário de verão, o benefício da energia solar é ainda maior. Ela é capaz de segurar o horário de pico da tarde, e quando o sol começa a se pôr é justamente quando a atividade das pessoas começa a diminuir. O horário de verão é, com certeza, um mecanismo que gera um conforto para o sistema interligado neste momento de alta temperatura e grande demanda de energia”, garante o executivo.

Impacto de térmicas sendo acionadas para suprir esse pico, conforme demonstra no gráfico de preços do Custo Marginal de Operação (CMO).

Demanda da energia pelas horas do dia.

Assim, o debate sobre o horário de verão deixa de ser um “Fla-Flu” sobre tempo de sono, e se mostra relevante como uma folga ao setor elétrico, além de aproveitar ao máximo a geração de energia solar. Seu retorno, aliado a solar, poderá fortalecer a resiliência do sistema diante de um cenário climático e energético cada vez mais desafiador e imprevisível.

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) afirmou à pv magazine que “reconhece que o horário de verão pode ajudar a aproveitar melhor a energia solar, fonte limpa, competitiva e renovável, ao deslocar parte do consumo de eletricidade para horários com mais incidência solar. Isso pode reduzir a pressão sobre o sistema eletroenergético nos horários de maior demanda, trazendo benefícios para o setor e para a população. No entanto, entendemos que é fundamental que o governo e as autoridades competentes analisem cuidadosamente os impactos dessa medida, levando em consideração dados precisos sobre economia de energia e o efeito real no sistema eletroenergético. A decisão deve ser baseada em estudos claros, que avaliem tanto os benefícios quanto os desafios”.

A associação também se colocou à disposição do governo para colaborar na construção de soluções que contribuam para o crescimento sustentável da energia solar no Brasil. (pv-magazine-brasil)

Combustível do futuro, o que muda para gasolina e diesel dos postos

Entenda o que é o combustível do futuro e o que muda para gasolina e diesel dos postos

Na prática, a quantidade de mistura de etanol à gasolina aumenta e pode chegar a 35%.
Já a quantidade de biodiesel adicionada ao diesel vendido ao consumidor final subirá 1 ponto percentual a cada ano • Getty Images

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou em 08/10/24 a Lei do Combustível do Futuro (PL 528/2020), onde se estabelece o aumento da mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel, respectivamente.

Em meio à luta contra as mudanças climáticas, o combustível do futuro prevê que o Brasil evite a emissão de 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) até 2037.

Texto também institui o marco regulatório para a captura e a estocagem de carbono e destrava investimentos que somam R$ 260 bilhões.

Combustível do Futuro pode gerar investimentos de R$ 30 bi, calcula Abiogás

IBP faz alertas para superposição com Renovabio e falta de prazo final para programa de biometano.

A presidente da Associação Brasileira do Biogás, Renata Isfer, comemorou a sanção do programa Combustível do Futuro, pelo presidente Lula em 08/10/2024. Em sua avaliação o novo marco regulatório faz com que o país dê um passo decisivo rumo a autossuficiência energética e ao desenvolvimento autossustentável.

Na prática, a quantidade de mistura de etanol à gasolina aumenta, passando dos 27,5% máximos atualmente para a margem de 22% a 27%, podendo chegar a 35%.

Já a quantidade de biodiesel adicionada ao diesel vendido ao consumidor final subirá 1 ponto percentual a cada ano, ou seja, para 15% em 2025 até chegar em 20% em 2030.

Além disso, a lei também cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano.

A partir de 2027, os operadores aéreos serão obrigados a usar o combustível sustentável de aviação para reduzir em 10% as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos até 2037, no chamado de Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação.

Lula sancionou Programa Combustível do Futuro

Programa tem o potencial de destravar investimentos de R$ 260 bilhões e investirá na produção de biometano, SAF e diesel verde.  (cnnbrasil)

sábado, 26 de outubro de 2024

Brasil ultrapassa a marca de 10 mil eletropostos

Brasil ultrapassa a marca de 10 mil eletropostos, aponta ABVE.

País registra aumento de 113% no emplacamento de veículos leves eletrificados. Apenas em setembro, foram vendidos 13.265 veículos leves eletrificados. Número de postos de recarga chega a 10.622, de 4.300 até dezembro de 2023.
Tupi Mobilidade

Um dos mais de 8.800 pontos de recarga instalados no Brasil: equipamentos são oportunidade para empresas de GD.

Com 13.265 veículos leves eletrificados vendidos em setembro, 2024 se consolida como mais um ano de evolução expressiva da eletromobilidade no Brasil, com o crescimento concomitante da infraestrutura de recarga elétrica pública, que já superou a marca simbólica de 10 mil eletropostos em agosto.

“Mais uma vez, os números confirmam as nossas avaliações: o aumento das vendas de veículos eletrificados está puxando um amplo ecossistema de empresas associadas à eletromobilidade nas principais regiões do país” diz o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos.

“A expansão desse ecossistema está gerando empregos, renda e investimentos, não apenas na produção de veículos, mas também na fabricação de equipamentos e componentes, peças, softwares e prestação de serviço”, acrescenta.

No acumulado de janeiro a setembro de 2024, foram emplacados 122.548 veículos leves eletrificados, o que representa uma evolução de 113%, na comparação com o mesmo período de 2023 (57.510 veículos).

A três meses do fechamento do ano, a média mensal de vendas de eletrificados se encontra em 13.616, o que indica que o total anual deverá ultrapassar a projeção de 150 mil unidades. Com isso, a frota brasileira de eletrificados deve ficar próxima da marca de 400 mil veículos.

Os veículos plug-ins tiveram um aumento de 56,83% em comparação com agosto de 2023 (8.458 veículos). O ano de 2024 tem registrado vendas expressivas dos veículos eletrificados, principalmente dos veículos plug-in, os 100% elétricos (BEV), e os híbridos com recarga externa (PHEV).

Brasil chega a marca de 10 mil eletropostos e 120 mil carros elétricos vendidos no Brasil.

Infraestrutura de recarga

O aumento da infraestrutura de recarga tem permitido que os veículos elétricos (BEV e PHEV) ganhem força e aumentem sua participação no mercado automotivo brasileiro. Em relação aos eletrificados, os veículos elétricos respondem por 70% das vendas realizadas no período de janeiro a setembro de 2024 (86.326 veículos). Já os veículos plug-ins tiveram um aumento de 56,83% em comparação com agosto de 2023 (8.458 veículos).

Segundo Tupi Mobilidade, o número de eletropostos no Brasil saltou de 350 até dezembro de 2020 para 2.955 em dezembro de 2022, 4.300 até dezembro de 2023 e 10.622 em agosto de 2024.

Só na ABVE encontram-se associadas 58 empresas relacionadas com a infraestrutura de recarga, que atuam fortemente na cadeia produtiva da eletromobilidade, gerando empregos e trazendo investimentos para o país.

Em recente pesquisa realizada pela associação, para o 1º Anuário da Cadeia Produtiva, que será lançado em breve, as empresas relacionadas ao setor de infraestrutura são as que mais apresentaram planos de investimentos para os próximos três anos no país.

Tecnologias

Em setembro, foram vendidos 4.699 veículos 100% elétricos (BEV), com 35,4% de participação em relação ao total de eletrificados. Na comparação com agosto, houve um decréscimo de 8,1% nos emplacamentos. Em relação a setembro de 2023 (1.830 veículos), há um crescimento notável de 156,8%.

Já os veículos híbridos plug-in (PHEV), totalizaram o mês com 4.869 unidades vendidas, com uma participação de mercado de 36,7%. Em relação ao mês de agosto (5.781 veículos), houve uma retração de 15,8%; já na comparação com agosto de 2023 (8.458 veículos) há aumento de 60,8%.

Os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% das vendas (1.235 veículos); os HEV FLEX, com 11,6% (1.540 veículos) e os micro híbridos (MHEV), com 7,0% (922 veículos).

No acumulado 2024 (janeiro a setembro), a participação de mercado dos eletrificados por tecnologia é a seguinte:

- BEV: 45.721 (37,31%)

- PHEV: 40.605 (33,13%)

- HEV: 10.929 (9,3%)

- HEV FLEX: 15.838 (11,6%)

- MHEV: 9.455 (7,0%).

Em todo o Brasil serão muito mais de 10 mil eletropostos até 2025.

Geografia da eletromobilidade

A região Sudeste é a líder nas vendas de veículos elétricos (BEV e PHEV). Em relação ao crescimento de mercado, as regiões que mais se destacam são Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

As capitais dessas nessas regiões lideram as vendas de elétricos, e estão contribuindo para que a eletromobilidade seja um processo amplo, não restrita somente à região Sudeste.

O estado do Maranhão, por exemplo, foi o que apresentou maior evolução de infraestrutura de recarga. Em março eram 40 pontos disponíveis, e em cinco meses houve um crescimento de 172,5%. Hoje, são 109 pontos disponíveis no estado.

Em relação aos municípios, o destaque de vendas ainda são as capitais:

- 1º São Paulo: 1.764

- 2º Brasília: 986

- 3º Rio de Janeiro: 619

- 4º Belo Horizonte: 410

- 5º Curitiba: 370

No processo de interiorização dos veículos leves eletrificados (excluídas as capitais) os municípios destaque são:

- 1º Campinas/SP: 199

- 2º Ribeirão Preto/SP: 101

- 3º São José do Rio Preto/SP: 97

- 4º Criciúma/SC: 86 (pv-magazine-brasil)

Maior usina do mundo afeta a rotação da TERRA

A hidrelétrica que mudou a Terra: como a maior usina do mundo afeta a rotação do planeta.

Os pesquisadores destacam que calcularam que o impacto, de 9,1 graus na escala Richter, afetou a rotação da Terra, diminuindo a duração do dia. Além disso, o fenômeno também mudou ligeiramente o formato do planeta e deslocou o Polo Norte em centímetros.

A hidrelétrica que mudou a terra: como a maior usina do mundo afeta a rotação do planeta

A Hidrelétrica das Três Gargantas, na China, é a maior do mundo e surpreende não apenas pela geração de energia, mas também por seu impacto na rotação da Terra, alterando ligeiramente o tempo de cada dia.
Hidrelétrica das Três Gargantas, a maior usina do mundo, localizada no rio Yangtzé, gera 22.500 MW de energia e armazena mais de 39 bilhões de metros cúbicos de água.

A China é mundialmente conhecida por suas gigantescas obras de infraestrutura, e uma das mais impressionantes é a Usina Hidrelétrica das Três Gargantas, localizada no rio Yangtzé, na província de Hubei.

Inaugurada em 2012, após 18 anos de construção, essa usina é a maior do mundo em termos de capacidade instalada, podendo gerar até 22.500 megawatts (MW) de energia.

Além disso, sua capacidade de armazenamento de água ultrapassa 39 bilhões de metros cúbicos. Mas além de suas dimensões colossais, essa obra de engenharia possui uma curiosa consequência: ela afeta a rotação da Terra.

Como a usina hidrelétrica afeta a rotação da terra?

A ideia de que uma hidrelétrica pode influenciar o movimento de rotação do nosso planeta pode parecer exagerada, mas é uma realidade. Estudos científicos mostram que o volume de água deslocado pela barragem das Três Gargantas afeta ligeiramente a inércia da Terra. Para entender esse fenômeno, vale lembrar que a inércia se refere à dificuldade que um corpo tem de alterar seu movimento, e no caso da Terra, envolve a rotação em torno de seu próprio eixo.

A barragem mais cara já construída na China.

Ao reter uma quantidade massiva de água a 175 metros de altura, a usina provoca uma redistribuição de massa no planeta. Esse fenômeno, semelhante ao efeito que ocorre quando uma patinadora gira mais rápido ao aproximar os braços do corpo, desacelera minimamente a rotação terrestre. Os cálculos indicam que essa mudança é de apenas 0,06 microssegundos no tempo de rotação diária da Terra, um valor extremamente pequeno, mas ainda assim mensurável.

Outras consequências da redistribuição de massa

Além da alteração na rotação, a redistribuição de massa também provoca um deslocamento do eixo terrestre. Estima-se que a posição do polo da Terra tenha se movido cerca de dois centímetros devido à construção da barragem. Embora esses números possam parecer insignificantes para o cotidiano da maioria das pessoas, eles são relevantes em determinados contextos científicos.

Dispositivos de alta precisão, como os relógios atômicos, que medem o tempo com extrema exatidão, podem ser impactados por essas variações. Alguns cientistas acreditam que será necessário ajustar os padrões de tempo global, talvez introduzindo um “segundo bissexto negativo” nas próximas décadas.

A influência humana no planeta

O impacto das ações humanas sobre a Terra vai além das grandes construções. O derretimento das calotas polares, causado pelas mudanças climáticas, também está redistribuindo a massa do planeta. À medida que as geleiras derretem e os níveis dos oceanos tropicais aumentam, a Terra experimenta uma leve desaceleração em sua rotação. Isso acontece porque a massa que antes estava concentrada nas regiões polares está se deslocando em direção ao equador, o que modifica a forma como o planeta gira.

O aumento das temperaturas globais e o derretimento das calotas polares estão redistribuindo a massa da Terra, o que também contribui para a desaceleração da rotação do planeta.

Embora as mudanças sejam mínimas e não afetam diretamente o dia a dia das pessoas, elas trazem à tona questões importantes sobre o impacto das atividades humanas no planeta.

O caso da barragem das Três Gargantas, em particular, destaca como a arquitetura e engenharia modernas têm o potencial de influenciar fenômenos naturais de maneira inesperada.

A Usina Hidrelétrica das Três Gargantas é um exemplo impressionante da capacidade humana de moldar o mundo ao nosso redor. No entanto, esse poder também vem com responsabilidades.

O fato de que uma construção humana pode, ainda que de forma mínima, alterar a rotação da Terra é uma lembrança de que devemos estar atentos aos impactos das grandes obras de infraestrutura sobre o meio ambiente e o equilíbrio natural do planeta. Por mais que essas mudanças sejam imperceptíveis para o cidadão comum, elas nos mostram a importância de pensar cuidadosamente nas consequências globais de nossos projetos. (tempo)

AIE propõe certificação global para combustíveis sustentáveis

Durante as reuniões do G20, a Agência Internacional de Energia (AIE) apresentou dois relatórios com uma proposta ambiciosa: a criação de um sistema global de certificação para combustíveis sustentáveis. De acordo com a AIE, a ideia é desenvolver uma espécie de selo de sustentabilidade para combustíveis, que seriam classificados em graus de A a E, semelhante ao selo de eficiência energética utilizado em eletrodomésticos, explica a Folha de S. Paulo. A intenção é que essa classificação ajude a sociedade, tanto investidores quanto consumidores, a tomar decisões mais conscientes e sustentáveis.

Os documentos apresentados, intitulados "Carbon Accounting for Sustainable" e "Towards Common Criteria for Sustainable Fuels", têm como objetivo padronizar os critérios para o comércio internacional de biocombustíveis. A proposta também inclui a unificação de conceitos para facilitar a comparação entre diferentes fontes de energia limpa. Segundo a AIE, o etanol é destacado como o biocombustível comercial que mais rapidamente consegue atender à demanda global ao mesmo tempo em que reduz emissões de gases de efeito estufa.

A iniciativa foi bem recebida pelo governo brasileiro, que encomendou os estudos. De acordo com representantes da gestão Lula (PT), a visão da agência é crucial para desmontar a narrativa, frequentemente defendida por países europeus, de que os biocombustíveis podem ser prejudiciais ao meio ambiente, principalmente devido ao desmatamento e à competição com a produção de alimentos. A AIE, por outro lado, sustenta que o impacto do uso da terra deve ser gerido por políticas específicas e separadas da análise das emissões diretas.

Potencial brasileiro

Heloisa Esteves, diretora de Estudos, Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, celebrou as conclusões da AIE. Segundo ela, o reconhecimento da agência é uma "grande vitória" para o Brasil, especialmente porque fortalece o potencial de expansão da produção de biocombustíveis no país sem comprometer a segurança alimentar.

Um estudo da EPE, divulgado em agosto, também aponta que o Brasil possui um enorme potencial de ampliar a produção de biocombustíveis ao recuperar pastagens degradadas. Essa recuperação poderia gerar até 8 bilhões de litros adicionais de biocombustíveis, o equivalente a cerca de um quarto da produção atual do país, sem impactar a produção agrícola.

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Reações da indústria

O setor empresarial brasileiro também reagiu positivamente à proposta da AIE. Para André Valente, diretor de sustentabilidade e ESG da Raízen, a agência legitima a posição do Brasil como referência na produção de etanol. Valente considera a proposta como uma oportunidade de elevar o nível técnico da discussão sobre biocombustíveis, que muitas vezes é permeada por questões geopolíticas.

Entretanto, o relatório da AIE também destaca os desafios da transição para combustíveis sustentáveis. Paolo Frankl, chefe de Energia Renovável da agência, alertou para os riscos de se estabelecer metas excessivamente rígidas logo de início. Segundo ele, é necessário garantir que os critérios para classificar um combustível como sustentável sejam equilibrados, para que a diversidade tecnológica não seja prejudicada.

Além disso, o relatório defende que o cálculo das emissões deve considerar todas as etapas do ciclo de vida do combustível, incluindo transporte e distribuição, áreas que podem aumentar significativamente o impacto ambiental de determinadas tecnologias, como o hidrogênio.

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Perspectivas futuras

A AIE sugere que o sistema de certificação seja implementado até 2030 ou 2035, com o apoio de organismos internacionais como o G20 e a COP30. A ideia é que, com o tempo, o sistema de rotulagem se torne um padrão global, ajudando a reduzir emissões e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Embora haja desafios, o caminho proposto pela AIE pode ser uma peça-chave para impulsionar o uso de biocombustíveis em todo o mundo, especialmente em países com alto potencial de produção, como o Brasil. (biodieselbr)