Os
documentos apresentados, intitulados "Carbon Accounting for
Sustainable" e "Towards Common Criteria for Sustainable Fuels",
têm como objetivo padronizar os critérios para o comércio internacional de
biocombustíveis. A proposta também inclui a unificação de conceitos para
facilitar a comparação entre diferentes fontes de energia limpa. Segundo a AIE,
o etanol é destacado como o biocombustível comercial que mais rapidamente
consegue atender à demanda global ao mesmo tempo em que reduz emissões de gases
de efeito estufa.
A iniciativa foi bem recebida pelo governo brasileiro, que encomendou os estudos. De acordo com representantes da gestão Lula (PT), a visão da agência é crucial para desmontar a narrativa, frequentemente defendida por países europeus, de que os biocombustíveis podem ser prejudiciais ao meio ambiente, principalmente devido ao desmatamento e à competição com a produção de alimentos. A AIE, por outro lado, sustenta que o impacto do uso da terra deve ser gerido por políticas específicas e separadas da análise das emissões diretas.
Potencial brasileiro
Heloisa
Esteves, diretora de Estudos, Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, celebrou as
conclusões da AIE. Segundo ela, o reconhecimento da agência é uma "grande
vitória" para o Brasil, especialmente porque fortalece o potencial de
expansão da produção de biocombustíveis no país sem comprometer a segurança
alimentar.
Um estudo da EPE, divulgado em agosto, também aponta que o Brasil possui um enorme potencial de ampliar a produção de biocombustíveis ao recuperar pastagens degradadas. Essa recuperação poderia gerar até 8 bilhões de litros adicionais de biocombustíveis, o equivalente a cerca de um quarto da produção atual do país, sem impactar a produção agrícola.
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Reações
da indústria
O
setor empresarial brasileiro também reagiu positivamente à proposta da AIE.
Para André Valente, diretor de sustentabilidade e ESG da Raízen, a agência
legitima a posição do Brasil como referência na produção de etanol. Valente
considera a proposta como uma oportunidade de elevar o nível técnico da
discussão sobre biocombustíveis, que muitas vezes é permeada por questões
geopolíticas.
Entretanto,
o relatório da AIE também destaca os desafios da transição para combustíveis
sustentáveis. Paolo Frankl, chefe de Energia Renovável da agência, alertou para
os riscos de se estabelecer metas excessivamente rígidas logo de início.
Segundo ele, é necessário garantir que os critérios para classificar um
combustível como sustentável sejam equilibrados, para que a diversidade
tecnológica não seja prejudicada.
Além disso, o relatório defende que o cálculo das emissões deve considerar todas as etapas do ciclo de vida do combustível, incluindo transporte e distribuição, áreas que podem aumentar significativamente o impacto ambiental de determinadas tecnologias, como o hidrogênio.
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Perspectivas
futuras
A
AIE sugere que o sistema de certificação seja implementado até 2030 ou 2035,
com o apoio de organismos internacionais como o G20 e a COP30. A ideia é que,
com o tempo, o sistema de rotulagem se torne um padrão global, ajudando a
reduzir emissões e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
Embora haja desafios, o caminho proposto pela AIE pode ser uma peça-chave para
impulsionar o uso de biocombustíveis em todo o mundo, especialmente em países
com alto potencial de produção, como o Brasil. (biodieselbr)
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