Mostrando
o Brasil com lugar de destaque, o relatório “Brasil na liderança da transição
energética”, elaborado pela consultoria The Bakery, mostra que movimentos do
setor como Desenvolvimento de Sistemas de Armazenamento, Integração de Solar
Flutuante em UHEs e o Mercado de Certificados de Energia Renovável são vistos
como de grau de inovação com novos paradigmas e oportunidades com retorno
significativo e rápido pela alta demanda ou margens de lucros robustas.
O
relatório tem por objetivo orientar empresas a formular estratégias para uma
transição energética sustentável.
Brasil está entre países mais bem posicionados para transição energética, diz relatório.
Usina Fotovoltaica Flutuante (UFF) na represa Billings, em São Paulo; planta flutuante de energia solar conta com 10,5 mil painéis fotovoltaicos.
O
Brasil está entre os países mais bem posicionados para fazer a transição
energética, à frente mesmo de nações desenvolvidas, de acordo com relatório do
Fórum Econômico Mundial.
Na
12ª posição, o país está à frente do Reino Unido (13º), da China (17º) e dos
Estados Unidos (19º) —os 2 últimos, os maiores poluentes do mundo.
O
uso amplo de energia hidrelétrica e de biocombustíveis contribui para o bom
desempenho do Brasil no ranking, mas contribuem também para o ranking avanços
institucionais.
O
Índice de Transição Energética (ETI) avalia 120 países, atribuindo-lhes pontos
em 46 indicadores que resultam em uma nota final medida de zero a 100.
A
média global foi de 56,5 pontos, e o Brasil registrou pontuação de 65,7 em
2024. A Suécia, que aparece em primeiro lugar no ranking, marcou 78,4.
Os
quesitos avaliados se subdividem em duas categorias: "performance do
sistema", que considera os fatores sustentabilidade, segurança energética
e equidade, e "prontidão para a transição energética", que leva em
conta o cenário político-econômico, o nível de educação e capital humano, a
infraestrutura e a inovação.
Apenas
seis países do G20 —grupo das maiores economias globais— estão entre os 20
melhores desempenhos no ETI 2024: França (5º), Alemanha (11º), Brasil (12º),
Reino Unido (13º), China (17º) e Estados Unidos (19º). O topo da lista é
ocupado, respectivamente, por Suécia, Dinamarca, Finlândia e Suíça.
"Conhecido mundialmente por ter uma das matrizes mais limpas, o Brasil viu uma expansão continuada na sua indústria de renováveis", diz trecho do relatório. "O comprometimento de longo prazo do Brasil com a energia hidrelétrica e com os biocombustíveis, combinado com avanços recentes na energia solar, colocaram o país no caminho para se tornar um líder".
O documento menciona a participação brasileira, anunciada em julho de 2023, na Iniciativa de Descarbonização Industrial Profunda, um esforço global em setores da indústria pesada (cimento, aço, alumínio e petroquímicos). Segundo o relatório, a presença do Brasil na iniciativa permite que o país, ao abordar os desafios da indústria, busque sustentabilidade e justiça social.
A
presidente executiva da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e
Novas Tecnologias), Elbia Gannoum, vê com cautela a trajetória brasileira. Ela
diz que, nos últimos 18 meses, o Brasil tem posicionado de forma adequada, mas
com alguma demora para tirar discussões do papel.
"Nós
enxergamos na transição energética uma grande oportunidade para a economia
brasileira. O Brasil tem, sim, o potencial de ser protagonista, mas vamos ter
que transformar essa potencialidade em realidade", diz.
Dados
da Agência Internacional de Energia (AIE) e da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE) apresentados no Balanço Energético Nacional 2024 demonstram que 49,1% da
matriz energética brasileira é, hoje, composta por energias renováveis. A média
mundial fica em 14,7% e, entre os países da OCDE, em 12,6%.
A
China, país mais poluente, se destaca pelo uso em larga escala de energia solar
fotovoltaica. Em 2023, a nação asiática produziu a mesma quantidade de energia
solar que todo o planeta havia produzido no ano anterior.
Na América do Sul, o Chile (20º no ranking 2024) também se destacou por avanços na transição. Com 35% de sua matriz representada por energia solar e eólica, o país tem avançado, em especial, no setor de infraestrutura. "Notadamente, Brasil e Chile emergem com bons desempenhos em 2024, entre os 20 melhores países e ao lado de economias avançadas na Europa", diz o documento.
Ritmo da transição entra em queda no mundo
Na
última década, 107 dos 120 países avaliados apresentaram algum progresso em
transição energética, sendo que 30 deles aumentaram suas notas no índice em
mais de 10%. Mesmo assim, segundo o Fórum Econômico Mundial, há uma diminuição
no ritmo geral da transição.
No
último ano, 83% dos países regrediram em ao menos uma das três principais
dimensões avaliadas: sustentabilidade, segurança energética e equidade. No
período 2021-2024, a melhoria nas notas do ETI foi quatro vezes menor do que a
observada entre 2018 e 2021.
Parte
da diminuição no ritmo da transição energética pode ser explicada pela elevação
nos preços de energia, pressionados, entre outros motivos, pelo aumento de
tensões geopolíticas.
"O
índice deste ano deixa uma mensagem clara: é necessária uma ação urgente.
Tomadores de decisão precisam fazer movimentos audaciosos", afirma Espen
Mehlum, chefe de transição energética inteligente e aceleração regional do
Fórum Econômico Mundial.
Nos
últimos três anos, países como Reino Unido, Itália, Turquia, Angola e Kuait
tiveram reveses em suas trajetórias rumo à transição energética. No caso
britânico, o desempenho fraco é explicado por crises no setor de energia e pelo
aprofundamento da dependência do gás natural, fenômeno também observado na
Itália.
A
Turquia, por sua vez, teve um desempenho ruim na categoria equidade,
influenciado pela alta nos preços de eletricidade e gás. O Kuwait, entre os 20
últimos no ranking 2024, permanece como uma das economias mais intensivas em
carbono, e o baixo desempenho angolano foi puxado por uma redução dos
investimentos em energias renováveis.
O
relatório destaca uma mudança no "centro de gravidade" da transição a
nível global, com os países em desenvolvimento diminuindo a diferença em
relação a países desenvolvidos. Indica, também, a necessidade de as economias
mais avançadas facilitarem a transição em nações em desenvolvimento,
respeitando soluções locais desenhadas para problemas específicos de cada país.
1º
- Suécia (78,4)2º - Dinamarca (75,2)3º - Finlândia (74,5)4º - Suíça (73,4)5º -
França (71,1)6º - Noruega (69,9)7º - Islândia (68,0)8º - Áustria (67,9)9º -
Estônia (67,8)10º - Holanda (66,7)11º - Alemanha (66,5)12º - Brasil (65,7)13º -
Reino Unido (65,6)14º - Portugal (65,4)15º - Letônia (65,2)
15
piores desempenhos
106º
- Honduras (48,3)107º - Moldova (48,1)108º - Nigéria (46,9)109º - Bangladesh
(46,8)110º - Jamaica (46,6)111º - Senegal (46,6)112º - Zimbábue (46,3)113º -
Paquistão (46,2)114º - Nicarágua (46,0)115º - Botsuana (45,6)116º - Mongólia
(45,4)117º - Moçambique (45,3)118º - Tanzânia (44,3)119º - Iêmen (43,8)120º -
República Democrática do Congo (42,0). (udop)
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