Os gráficos e conteúdos
impressionam, embora o ambiente remeta aos carros conceitos dos anos 1990, que
tentavam adivinhar como seriam em 2040. Leon, um jovem alemão que tenta
organizar a fila, não tem muito a dizer sobre o veículo. Perguntado se há ao
menos um QR Code para acessar informações, ele afirma que está tudo no site.
Mas tudo é pouco nesse caso.
A página da empresa de Elon
Musk diz que o Semi - este é o nome do caminhão - é o futuro do transporte
rodoviário elétrico. A autonomia é estimada em 500 milhas (800 quilômetros), e
são necessários aproximadamente 20 segundos para se chegar aos 100 km/h.
Não há dados técnicos ou estimativa de preço. Leon diz que a potência é de cerca de 1.000 cv, e orienta novamente a consultar o site da montadora.
As poucas especificações disponíveis permitem saber que o peso bruto total (soma de veículo e carga máxima transportada) é de 37 toneladas. Segundo a Tesla, é possível recuperar 70% da energia em meia hora, desde que o Semi esteja plugado em um dos carregadores ultrarrápidos da fabricante. A área envidraçada lembra a viseira de um capacete. O para-brisa e as janelas ficam rentes à lataria e parecem formar uma peça única, mas são partes separadas.
De volta ao interior, a
sensação é de se tratar de um conjunto de peças produzidas em impressora 3D. Os
materiais parecem ser rígidos e de baixa qualidade, mas a posição central para
dirigir e a qualidade das imagens dos painéis digitais impressionam. Há ainda
um espaço na parte de trás da cabine, que serve como área de descanso para o
motorista. Contudo, diante do tamanho da boleia, parece mal aproveitado.
Mas os principais problemas do Tesla Semi não se resumem ao aspecto interior - que pode mudar até o modelo chegar ao mercado, o que deve ocorrer ao longo de 2025. As complicações, de fato, estão nos outros estandes do Salão de Hannover. Os espaços da feira estão repletos de caminhões 100% elétricos de diferentes marcas, que já estão chegando ao mercado.
Mercedes-Benz também faz aposta na eletrificação
Mercedes-Benz, Volvo e Scania
oferecem suas soluções, além das montadoras chinesas. São modelos que podem não
ter o mesmo apelo pop do veículo pesado de Elon Musk, mas esse é só um detalhe
diante da complexidade do setor de transportes.
O
desenho ou as tecnologias são apenas parte da conta, que considera, sobretudo,
o custo operacional. A Mercedes, por exemplo, estima que o elétrico eActros 600
vai custar o dobro do valor cobrado por um modelo a diesel equivalente, mas
tenta mostrar que a conta fecha por meio de gráficos e projeções.
Essas contas ainda não foram detalhadas pela Tesla, que se resume a dizer que é possível economizar o equivalente a US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) em combustível ao longo de três anos. O cenário, entretanto, tende a ser bem mais complexo do que o encontrado no segmento dos carros de passeio.
Desafio para a transição energética
A eletrificação da frota de
caminhões e ônibus é um dos desafios para a transição energética global, devido
ao alto custo dos novos modelos, que precisam de baterias mais avançadas. Isso
tem atrasado sua adoção. A falta de infraestrutura de carregamento nas estradas
e de um mercado secundário de usados são outros obstáculos.
O diesel, principal combustível usado por esses veículos, é o mais poluente entre os derivados do petróleo. Uma alternativa verde aos elétricos são os movidos a gás natural, como o da Scania, que também suporta biometano.
No Brasil o programa do governo federal, a Mover oferece incentivos financeiros para o desenvolvimento de tecnologias menos poluentes. Empresas com grandes frotas no país, como Vale e JBS, testam uma transição para modelos movidos a biocombustíveis. (biodieselbr)
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