É notório que o Brasil está
entre os protagonistas da transição energética mundial pela matriz renovável e
abundância de recursos naturais que possui. Mas a grande questão é: Isso tem
bastado?
A pergunta é pertinente, por
ser hoje uma matriz composta de energias com grande variabilidade, em um país
de energia barata e tarifa alta. Exatamente em um momento climático vulnerável
e intenso, no país e no mundo. Um momento em que o Operador Nacional do Sistema
se prepara para manter e garantir o fornecimento de energia com receio da
estiagem.
Um país como o nosso, que
detém expertise da melhor engenharia de barragens e toda a cadeia produtiva
ligada às hidrelétricas, deveria tratar o assunto como prioridade nacional, mas
ainda não o fez.
Estamos muito atrasados
quando comparados às ações dos setores energéticos dos países desenvolvidos,
graças a um ambientalismo direcionado e cego, que tem lesado o país há mais de
15 anos, impedindo-nos de implantar hidrelétricas e de abrir o diálogo
transparente no que se refere às questões técnicas. Passou da hora de
colocarmos na balança questões sérias, que envolvem o custo ou não de um apagão
nacional, o custo de manter a segurança hídrica, energética e alimentar, ou
sofrer as consequências de abrir mão de questões essenciais. Crises hídricas em
2001, 2014, 2020, que nos mostraram os desafios e o que precisamos reorganizar.
O que pesaria mais no bolso do consumidor brasileiro?
Além disso, questões muito
sérias permeiam nosso dia a dia, algumas delas ligadas ao desperdício imenso do
recurso hídrico, às perdas técnicas na transmissão, alocação de subsídios para
quem não precisa, maior inserção de fontes fósseis e a falta de um planejamento
abrangente e eficiente, pontos que trazem prejuízos incalculáveis à todos a
muitos anos. Quando analisamos dados recentes da EPE – Empresa de Pesquisa
Energética, é possível constatar que estamos indo na contramão da
descarbonização, pois temos carbonizado sim a nossa matriz com a inserção de
mais energia fóssil, quando deveríamos nos aproximar de uma quase totalidade da
matriz composta de renováveis se aumentássemos nosso potencial hidroenergético.
Deveríamos estar poupando água nos reservatórios existentes e construindo os
novos reservatórios de todos os portes, estrategicamente localizados, para
armazenar ao menos parte das grandes pluviosidades, bem como nos prepararmos
para as estiagens e secas extremas, garantindo o recurso mais precioso à vida:
água.
Importante reforçar que temos o que a grande maioria do mundo não tem! O Recurso disponível, temos 12% da água doce do mundo, somos um país de vocação hídrica. Temos a resiliência do sistema para a geração de energia, o abastecimento da população e o agronegócio.
Toda a cadeia produtiva é 100% nacional, gera renda e empregos no país e não fora dele. Royalties e compensações financeiras para os municípios, compensações ambientais divulgadas pelo Instituto Água e Terra - órgão ambiental do Paraná - que comprovou índices de reflorestamento feitos pelas hidrelétricas de Pequeno Porte 3 vezes maiores do que a vegetação suprimida para fazer as obras, em biomas sensíveis como Mata Atlântica entre outros. São parceiros da sustentabilidade, que preservam mananciais, que ajudam a manter águas subterrâneas com seus preciosos reservatórios!
Temos grande
complementaridade e sinergia com as outras renováveis. Com a inserção maciça de
grandes blocos de energia solar/fotovoltaica, cada vez mais há necessidade de
bateria/backup que seja renovável e confiável, visto a grande quantidade (40
GW) de solar que sai do sistema às 17:00, requerendo das hidrelétricas uma
rampa de retomada rápida e eficaz que garanta o suprimento de energia com
qualidade.
À medida que caminhamos em
direção a um futuro Zero Carbono, o papel do armazenamento de energia em massa
nunca foi tão crítico.
A energia hidrelétrica de usinas reversíveis (UHRs) surge como um divisor de águas nessa transição, oferecendo a tecnologia mais comprovada, confiável e econômica para armazenamento de energia em massa disponível atualmente.
Impacto das mudanças climáticas na energia hidrelétrica
Motivações essenciais e
necessárias para um armazenamento bombeado:
1. Tecnologia comprovada e de
baixo risco: as Reversíveis (UHRs) são a forma mais antiga e bem-sucedida de armazenamento
de energia do mundo, com uma vida útil muito longa e riscos operacionais
mínimos.
2. Balanceamento de energia
renovável volátil: as Reversíveis (UHRs) se destacam no equilíbrio das
flutuações da rede, integrando perfeitamente fontes de energia renováveis
intermitentes, como eólica e solar, garantindo um fornecimento de energia
estável e confiável.
3. Gerenciamento de gargalos
da rede: Ao absorver o excesso de energia quando a produção é alta e liberá-la
quando a demanda aumenta, as Reversíveis (UHRs) gerenciam efetivamente os
gargalos da rede.
4. Resposta rápida à mudança
de demanda: as Reversíveis (UHRs) oferecem suporte à estabilidade da rede
respondendo rapidamente a mudanças na demanda ou interrupções repentinas,
fornecendo flexibilidade essencial.
5.
Aumentando a inércia da rede e a capacidade de partida: as Reversíveis (UHRs)
contribuem para a estabilidade da rede, aumentando a inércia da mesma e
oferecendo capacidade de partida, essencial para a recuperação de apagões.
Estudos de inúmeros
empreendimentos revelam que volume de água pode diminuir muito na região,
reduzindo potencial de geração elétrica hídrica.
O Brasil tem um grande
potencial para construção de reversíveis (UHRs) de diferentes tipos de arranjos
e ciclos de armazenamento, os quais resultam em diferentes benefícios para o
Setor Elétrico Brasileiro.
Destaca-se que, nos próximos
anos, o Sistema Interligado Nacional precisará de muita potência firme e carga
firme. A necessidade de potência firme é devido ao caráter intermitente das
fontes mais baratas, eólica e solar. No caso das Reversíveis (UHRs), a potência
firme é a potência disponível com o reservatório superior deplecionado e com o
inferior cheio. Já a carga firme permite a absorção de excessos de geração e a
disponibilidade de grandes quantidades de energia durante longos períodos.
Tais serviços podem ser
implementados a partir da capacidade de armazenar energia de uma UHR e com a
combinação da operação de um empreendimento deste tipo com a cascata de uma
bacia.
O armazenamento bombeado é a
chave para liberar todo o potencial da energia renovável, permitindo a
transição verde.
Com os acordos internacionais que o Brasil tem assinado, comprometendo-se perante o mundo com o hidrogênio e os combustíveis verdes, são mais um reforço do quanto suas hidrelétricas são estratégicas e fundamentais para um encaminhamento seguro e factível.
Impactos ambientais de hidrelétricas, tidas como fonte limpa de energia, porém, com a baixa vazão das bacias hídricas, fica inviável e insustentável a produção de energia elétrica hídrica.
Devemos renunciar à nossa
potencialidade renovável é a melhor bateria que poderíamos ter? Existirá futuro renovável sem as
hidrelétricas e seus reservatórios? (brasilenergia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário