terça-feira, 30 de maio de 2023

UE fecha acordo para não produzir carros a gasolina e diesel até 2035

UE fecha acordo para acabar com produção de carros a gasolina e diesel até 2035.
Os países da União Europeia (UE) chegaram em 27/03/23 a um acordo que valida o fim dos automóveis com motor de combustão interna a partir de 2035, um dos pilares das ambições do bloco em questões ambientais.

O texto obrigará os carros novos a deixarem de emitir CO2 — eliminando na prática os motores que funcionam com combustíveis fósseis — e será incluído na pauta da reunião de ministros da Energia em 28/03/23 para sua adoção formal.

O anúncio do acordo foi feito pela delegação da Suécia, país que ocupa a presidência semestral do Conselho da UE. A delegação não forneceu detalhes da reunião dos representantes permanentes dos países do bloco em Bruxelas e mal mencionou que houve "amplo apoio" ao documento resultante do acordo.

Este regulamento para acabar com as emissões de CO2 na frota automóvel é um dos pilares do ambicioso plano da UE para alcançar a neutralidade do carbono até 2050.

O texto havia sido inclusive aprovado pelo Parlamento Europeu em fevereiro e determinava 100% de motores elétricos para carros novos vendidos a partir de 2035 no bloco.

As gigantes do setor automobilístico europeu já adiantaram seus planos de conversão fabril. Praticamente todas as empresas, inclusive as de luxo, oferecem modelos elétricos.

No entanto, a Alemanha surpreendeu a todos ao mudar de posição e passou a exigir uma proposta da Comissão Europeia (o braço Executivo da UE) para abrir caminho para veículos movidos a combustíveis sintéticos.

Opção questionada

Combustíveis sintéticos são questionados por ONGs (Organizações Não Governamentais) ambientalistas que os consideram caros, grandes consumidores de energia elétrica para sua produção e poluidores, por não eliminarem as emissões de óxido de nitrogênio (NOx).

Esses combustíveis ainda estão sendo desenvolvidos, embora a ideia tenha sido timidamente apoiada por algumas construtoras para manter a comercialização de carros com motor de combustão interna além de 2035.

Ao mesmo tempo, muitos especialistas duvidam que essa solução possa prevalecer no mercado frente aos carros elétricos, cujo preço deve cair, de acordo com as previsões para os próximos anos.

De qualquer forma, a mudança abrupta de posição do governo alemão pegou o resto dos países da UE de surpresa e gerou desconforto. O assunto chegou a ser um tema obrigatório nas discussões durante uma cúpula europeia realizada na semana passada.

No sábado, a comissão e a Alemanha anunciaram uma forma de chegar a um acordo sobre a redação do texto. Esse entendimento deixaria inalterado o documento já aprovado, mas a comissão se comprometeria a abrir um caminho mais explícito para os combustíveis sintéticos em uma proposta separada, que deveria ser validada por volta de setembro de 2024.

Entretanto, Olaf Scholz chefe do governo alemão, se encontrou nessa posição difícil para manter a unidade da coalizão de seu governo.

Em uma mensagem no Twitter, o ministro dos Transportes alemão observou que "os veículos com motor de combustão poderão ser registrados novamente após 2035 se usarem combustíveis neutros em CO2". (biodieselbr)

Governo aposta em combustíveis fósseis e vai contra discurso climático

Governo Lula aposta em combustíveis fósseis na contramão do discurso climático.
Apesar do discurso de campanha e pós-eleição que garantia que a crise climática teria protagonismo nas políticas públicas, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito novos investimentos em combustíveis fósseis.

Em 24/03/23 o MME (Ministério de Minas e Energia) anunciou planos para escalar a produção nacional e tornar o Brasil o quarto maior produtor mundial de petróleo – hoje é o oitavo, de acordo com a Administração de Informação Energética dos EUA.

Uma frente especialmente sensível é a da exploração de petróleo pela Petrobras na foz do rio Amazonas, que está nas fases finais do licenciamento ambiental.

Esses movimentos acontecem na contramão da ciência, que aponta que para frear as mudanças do clima é essencial que fontes de energia suja ocupem um espaço cada vez menor na matriz energética mundial.

Recente relatório do painel do clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês) afirma que é necessária "uma redução substancial no uso geral de combustíveis fósseis" para zerar as emissões líquidas de carbono, ou seja, para que todo o CO2 emitido possa ser reabsorvido. O documento é o maior e mais avançado estudo já feito sobre o tema e tem o objetivo de nortear a elaboração de políticas públicas.

Outra pesquisa, elaborada pela Agência Internacional de Energia, aponta que para atingir a meta de zerar emissões líquidas até 2050 é essencial que nenhum novo projeto de extração de combustível fóssil seja autorizado.

O IPCC já apontou que atingir esse objetivo nas próximas três décadas é um dos passos mais importantes para cumprir o Acordo de Paris e limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Em comunicado, Alexandre Silveira, que chefia o MME, se refere ao petróleo e ao gás natural como "a riqueza do povo brasileiro que está no subsolo".

"Sem medidas para promover sua exploração e produção, não há empregos, renda ou desenvolvimento regional. Temos uma janela de oportunidade, não podemos perder o novo pré-sal que pode estar na margem equatorial e que será o passaporte para o futuro das regiões Norte e Nordeste do Brasil", diz.

Petróleo

Os 10 países com maior produção de petróleo do mundo em 2021

A margem equatorial brasileira é o trecho que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, onde ficam cinco bacias sedimentares que estão na mira da Petrobras. O que está mais próximo do início da exploração é o bloco 59, na bacia da Foz do Amazonas, que recebeu a concessão de exploração da ANP (Agência Nacional do Petróleo) em 2013.

O bloco fica a cerca de 160 km da costa do Oiapoque (AP) e a 500 km da foz do rio Amazonas propriamente dita. O interesse da indústria petroleira por ele vem do fato de que blocos que já foram perfurados nas proximidades, como na Guiana, tiveram resultados positivos em termos de reservas de óleo.

A área abriga imensos sistemas de recifes de corais descobertos recentemente e sobre os quais ainda se sabe pouco. "É a região que o rio Amazonas deságua no mar, que leva nutrientes até o Caribe e alimenta uma biodiversidade muito rica", explica Daniela Jerez, analista de políticas públicas da ONG WWF.

Originalmente adquirido pela BP, o bloco 59 é administrado hoje pela Petrobras, que espera autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para fazer a perfuração de um poço exploratório. Com isso, vai ser possível estimar quanto óleo existe no local.

O processo de licenciamento começou em 2014 e hoje está em fase avançada —ainda que, de acordo com o Ibama, estudos tenham demonstrado preocupação devido à alta sensibilidade ambiental e aos desafios logísticos para o desenvolvimento da atividade na região.

A Petrobras ressalta que vem cumprindo todos os requisitos e procedimentos estabelecidos pelos órgãos reguladores, licenciadores e fiscalizadores para a concessão da autorização.

A petroleira disse, ainda, que a margem equatorial poderá abrir uma frente energética fundamental para o país e que novas fronteiras são essenciais para a garantia da segurança e soberania energética nacional.

No plano estratégico da empresa para o período de 2023 a 2027, estão previstos quase US$ 3 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões) para a exploração da margem equatorial, onde já adquiriu outros blocos. O total para exploração e produção é de US$ 64 bilhões (cerca de R$ 336 bilhões).

Outros US$ 4,4 bilhões (R$ 23 bilhões) devem ir para ações que reduzam as emissões de carbono das operações da empresa. Não há previsão de investimento em fontes de energia renováveis, como eólica e solar.

No início de março/2023, a Petrobras anunciou lucros de R$ 188,3 bilhões em 2022 — os mais altos da história não apenas para a estatal, mas também entre todas as empresas brasileiras. Outras grandes petroleiras, como Chevron, Exxon Mobil, Shell e BP, também tiveram lucros recordes no período.

"Existe certo fetichismo, na nossa análise, de que o petróleo é a solução para tudo. Acreditamos em acelerar a transição e transformar o Brasil não só em produtor de energia verde, mas também exportador", afirma Juliano Araújo, diretor do Instituto Arayara e do Observatório de Petróleo e Gás. "Se ficarmos amarrados no petróleo, vamos perder todas as janelas de oportunidade".

Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contraria discurso de campanha e pós-eleição.

Governo Lula aposta em combustíveis fósseis na contramão do discurso climático.

Apesar do discurso de campanha que garantia que a crise climática teria protagonismo nas políticas públicas, o governo de Lula tem feito novos investimentos em combustíveis fósseis.

Para quem acompanha esse tema, a postura pró-petróleo do governo Lula não é exatamente surpreendente. Nos relatórios do grupo de trabalho de Minas e Energia da transição de governo, por exemplo, já se falava em ampliar a exploração de óleo e gás, inclusive na margem equatorial.

A meta assumida pelo país após o Acordo de Paris (a Contribuição Nacionalmente Determinada, conhecida pela sigla em inglês NDC) previa uma redução das emissões de gases de efeito estufa de 37% até 2025, em relação aos níveis de 2005. Até 2021, a redução nas emissões brutas foi de apenas 8,2%, segundo os dados do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa).

Durante o governo de Jair Bolsonaro, a NDC foi atualizada duas vezes, ambas recorrendo a mudanças do referencial de emissões no ano-base de 2005. Na prática, a manobra, que foi chamada de "pedalada climática", faz o Brasil chegar a 2030 com uma meta de emissão maior do que o previsto pela primeira NDC.

A maior parte das emissões brasileiras vem do desmatamento (49%), seguida pelo agronegócio (25%). O setor de energia é o terceiro colocado, responsável por quase um quinto (18%) do total.

"Você tem que ter um cronograma de descarbonização, não do aumento do carbono. Eu não estou mirando no petróleo zero, mas não dá para expandir, nós temos que reduzir. Temos que fazer um planejamento estratégico que considere a crise climática", opina Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.

Na entrevista coletiva em 22/03/23, ao lado do ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, foi questionada sobre a ampliação das atividades da Petrobras na foz do Amazonas.

"Minha posição pessoal é que a Petrobras deve transitar para ser uma empresa de energia. Não só de exploração de petróleo", disse. "Devemos usar esses recursos para investir em tecnologia, em inovação, para novas fontes de geração, do vento, do sol, da biomassa e da produção de hidrogênio verde. É um processo de transição. Isso não acontece da noite para o dia".

Governo Lula aposta em combustíveis fósseis na contramão do discurso climático.

Uma frente especialmente sensível é a da exploração de petróleo pela Petrobras na foz do rio Amazonas.

A ministra afirmou, ainda, que a transição energética é um desafio no mundo todo. "Vivemos o paradoxo de ainda não conseguir prescindir dessa fonte de geração de energia. Mas, obviamente, temos o sentido de urgência de fazer o mais rápido possível essa transição". (biodieselbr)

Usinas nucleares, joias das Arábias e outros trambiques

Vejamos o que ocorre no mundo dos negócios nucleares no Brasil

Escândalos, mais escândalos. Não deixam de ser pedagógicos, mesmo muito deles serem crimes de corrupção, hediondos, de lesa-pátria. Todavia acaba desnudando para a sociedade brasileira os reais interesses envolvidos, no vale tudo dos trambiques realizados no chamado “mundo dos negócios”.

Bem, vejamos o que ocorre no mundo dos negócios nucleares no Brasil.

O país sofre o assédio das empresas que constroem e vendem equipamentos e acessórios para usinas nucleares, das empresas de construção civil que se locupletam ganhando bilhões nas obras, dos setores militares que sonham em possuir a bomba atômica, de acadêmicos que aceitam as migalhas para seus projetos de pesquisa, e satisfação do ego. E dos políticos que só pensam naquilo, nas suas próprias eleições, e assim aceitam os agrados oferecidos às suas campanhas.

Um lobby poderoso reunido na Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares- ABDAN é quem agrega os integrantes desta meta do universo de apoiadores das usinas nucleares no país.

Com as mudanças ocorridas desde o final do século passado, o setor elétrico – responsável pela garantia no fornecimento de energia elétrica – que até então era um serviço ofertado pelo Estado, se transformou em uma mera mercadoria, seguindo as leis do mercado. O processo de mercantilização resultou em tarifas escandalosas e serviços de baixa qualidade. Além dos riscos de abastecimento elétrico com crises originadas de erros e escolhas equivocadas na condução da política energética.

Mas voltemos ao propósito do artigo que é destacar as irregularidades que os negócios nucleares e seus agentes se envolvem com frequência, com mentiras, falcatruas, transações caliginosas, desrespeito às leis vigentes, e ocultação da opinião pública e órgãos de fiscalização, de informações importantes. Tais posturas, comportamentos e ações só afetam e aumentam a desconfiança no discurso e na prática dos defensores da tecnologia nuclear para produzir eletricidade.

Um dos últimos acontecimentos que estão nas páginas policiais, envolvendo autoridades e agentes públicos, diz respeito ao almirante, ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, um dos líderes do lobby pró nuclear. Sua comitiva tentou entrar no país com joias femininas, e acessórios masculinos, no valor de 16,5 milhões de reais, sem a devida declaração à aduana brasileira. A faceta deste militar, agindo como um fora da lei, não conhecíamos. E imaginar que tal personagem comandou um Ministério que influenciou a tomada de decisões pró-nuclear!

O vazamento em Angra I, que acabou lançando água contaminada com material radioativo na Baía de Itaorna, em Angra dos Reis, em setembro/2022, foi omitido pelas autoridades responsáveis, só vindo a público 6 meses depois do fato ocorrido. Evidências são claras de que houve tentativa de esconder o vazamento, deixando nítida a falta de compromisso e seriedade da Eletronuclear e de seus dirigentes com a transparência, em se tratando da segurança de pessoas e do meio ambiente. Este modus-operandi é bem conhecido na mineração de urânio em Caetité, na Bahia no que diz respeito a eventos radioativos, perigosos, mantidos em sigilo e, quando denunciados, sempre classificados como inofensivos.

Não foram os únicos escândalos envolvendo segmentos da área nuclear, pelo contrário. Lembramos o caso da operação da Polícia Federal-PF, denominada de “Radioatividade”. Segundo a PF nas obras de Angra 3, foi investigada a formação de cartel que definia previamente, entre as empresas construtoras, os valores propostos nas licitações. Nesta operação houve também o indiciamento do almirante ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, acusado de receber propina.

Não se pode deixar de mencionar a criação em 1979, pelos militares, do Programa Nuclear Paralelo-PNP totalmente clandestino, sem fiscalização nacional e internacional, que nunca foi admitido publicamente. O objetivo era desenvolver a técnica de ultracentrifugação para o enriquecimento de urânio. Assim, a fabricação da bomba atômica tupiniquim seria possível. Os trabalhos permaneceram secretos, até que uma reportagem em 1986, do jornal Folha de São Paulo, revelou a existência de poços profundos na Serra do Cachimbo, no Pará, e no Raso da Catarina, reserva ecológica de Paulo Afonso, no semiárido baiano. Tudo indicando que seriam para testes com artefatos nucleares.

Em 1988 foi promulgada a atual Constituição, que proíbe o uso da energia nuclear para fins bélicos. Assim, o PNP passou a ser “legítimo” e controlado pela estatal Eletronuclear.

A retomada do Programa Nuclear Brasileiro, com maior ênfase, se deu em junho de 2007. Sem nenhuma discussão com a sociedade brasileira foi reativado pelo Conselho Nacional de Política Energética-CNPE, colegiado de aproximadamente uma dezena de participantes (grande maioria ministros de Estado), que assessoram a Presidência da República. Em recente modificação na composição do CNPE, já no governo atual, novos integrantes foram incorporados. Todavia, ainda carece de representação igualitária entre sociedades civis e representantes governamentais.

Estes são alguns dos fatos históricos que ajudam a entender os interesses que estão por trás da construção de novas usinas nucleares no país, evidenciando que nas questões nucleares prevalece a cultura do segredo, da falta de transparência, e de negócios escusos.

Assim, a pergunta que não quer calar é: Qual a credibilidade destes agentes públicos, dirigentes, empresários, políticos e acadêmicos que tentam convencer a sociedade brasileira de que as usinas nucleares são importantes e necessárias ao Brasil? (ecodebate)

domingo, 28 de maio de 2023

Impacto socioambiental de usinas eólicas e solares na Paraíba é investigado

Entre a população atingida pelos impactos de usinas eólicas e solares há comunidades tradicionais, quilombolas e assentamentos da reforma agrária.

O impacto socioambiental de usinas eólicas e solares construídas em áreas de comunidades tradicionais, assentamentos da reforma agrária e territórios quilombolas na Paraíba vêm sendo apurado pelo Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE/PB), a partir de denúncias recebidas por esses órgãos.

O passo mais recente da apuração conjunta ocorreu em 20/03/23, quando integrantes dos três órgãos se reuniram com representantes do Centro de Ação Cultural (Centrac), que atua com agricultores familiares; da Coordenação Estadual das Comunidades Negras e Quilombolas da Paraíba (Cecneq-PB), Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afrodescendentes da Paraíba (Aacade-PB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), e do mandato do deputado estadual Chió.

Conforme apurado até o momento, os impactos causados à parcela da população rural em cujas terras são instaladas as usinas de energias renováveis já começam na forma individual como cada pequeno proprietário é abordado, a fim de ser convencido a vender ou arrendar a propriedade rural onde será construída a estrutura da usina. A negociação ocorre de forma pouco transparente, visto que os contratos de arrendamento das terras são firmados e mantidos sob sigilo, impossibilitando a verificação das cláusulas e valores.

Além disso, como os contratos são feitos por longos períodos (20 anos ou mais) e são renováveis automaticamente, os arrendamentos acabam se tornando, na realidade, uma forma de apropriação das propriedades rurais pelas empresas. É o fenômeno da ‘territorialização das energias’, mencionado pelo advogado Claudionor Vital Pereira, representante do Centrac. Quando falo em territorialização das energias me refiro às transformações nas formas de apropriação dos territórios e seus recursos naturais, quando as empresas de geração de energia, ao ocuparem as terras onde serão instalados os empreendimentos, passam a exercer o controle sobre a gestão e o uso destes territórios e a se apropriar privadamente dos seus recursos energéticos (eólicos e solares), causando transformações nos modos de uso e ocupação da terra, explica Vital.

Problemas já identificados – A partir de envio de ofícios e coletas de informações com as populações atingidas, a Defensoria Pública da União identificou, pelo menos, seis eixos de problemas causados pelas usinas de energias renováveis: abusividades contratuais, especialmente a ausência de transparência e de acesso à informação pelas populações atingidas; danos ambientais expressivos e burla à fiscalização ambiental adequada; danos à saúde das populações; dano ao patrimônio histórico e arquitetônico; poucos impactos sociais positivos; e muitos impactos sociais negativos. Segundo o defensor público da União Edson Andrade, já se sabe que existe um fracionamento nesses parques de energia renovável para fugir da fiscalização ambiental tradicional que se faz por meio do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima).

Desmatamento de vegetação nativa em extensas áreas para a fixação de pás giratórias ou de células fotovoltaicas, causando morte da biodiversidade; rachaduras em paredes de casas e de cisternas causadas por explosões e pelo transporte por caminhões das gigantescas estruturas das usinas eólicas; comunidades rurais afetadas pela fuga de famílias para a zona urbana por conta da instalação das usinas; danos à saúde mental decorrentes do barulho das torres das usinas eólicas; risco de dano a sítios arqueológicos; silêncios impostos aos camponeses arrendadores por meio de cláusulas de sigilo nos contratos firmados estão entre os impactos negativos relatados decorrentes da instalação de usinas geradoras de energia considerada ‘limpa’.

Êxodo rural e desertificação – Segundo a defensora pública estadual Fernanda Peres, um dos grandes prejuízos causados pelas usinas de energias renováveis é com relação aos descendentes dos agricultores familiares, das comunidades tradicionais e dos quilombolas, por ser o trabalho deles uma tradição que passa de geração a geração. “Com a instalação das torres, os filhos não terão mais como desenvolver as atividades exercidas há anos pelos pais e avós, o que provocará inevitável êxodo e desemprego dessas pessoas no futuro, porque perderão o meio tradicional de trabalho”, prevê Peres. Ela ainda pondera quanto às mudanças ambientais: “temos que nos atentar que é uma região sensível e não houve nenhum estudo acerca dos impactos ambientais. Por ser uma região de vegetação mais sensível, há risco, inclusive, de desertificação, como já ocorreu em outros locais”, alerta a defensora.

Auditoria detecta impactos – Na reunião em 20/03/23 o deputado estadual Chió apresentou relatório do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB) sobre auditoria em políticas públicas de combate à desertificação no Semiárido. Produzido em 2022, o relatório de auditoria do TCE menciona dados do portal da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre os grandes geradores de energia que comercializam na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Conforme os dados da Aneel, os grandes geradores de energia que comercializam na CCEE somam, na Paraíba, 67 de energia eólica e 68 geradores de energia solar. Ainda consta no relatório que 38 municípios declararam a existência de empreendimentos de energia eólica e/ou fotovoltaica no município, sendo que nove deles informaram já se detectar impacto negativo, em função de desmatamento, e dois, com relação à saída de agricultores dos locais onde as usinas foram construídas.

O que? Como? Por quê? – Quando se trata da implantação dessas usinas, ainda há várias questões que precisam de resposta: quais são as medidas compensatórias pelos danos causados ao meio ambiente? Por que os empreendimentos estão descumprindo a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê a realização de consulta prévia e informada às comunidades tradicionais? Por que os proprietários de terra abordados individualmente não são também informados dos danos à saúde dos seres humanos e dos animais, decorrentes do barulho permanente das pás giratórias das usinas eólicas? Qual a dimensão do faturamento das empresas que exploram esse novo filão no mercado gerador de energia? Que riqueza essas empresas têm gerado para a região depois que começam a captar a energia dos ventos e da luz solar? Que impostos elas pagam? Afinal, o que está ficando de dinheiro nos municípios onde estão instaladas as usinas?

Soluções possíveis – Entre as medidas discutidas para proteger as comunidades tradicionais, quilombolas e assentamentos da reforma agrária atingidos estão a apuração de possíveis prejuízos previdenciários aos agricultores; apuração dos danos decorrentes da devastação da vegetação nativa e danos nos sítios arqueológicos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); aprimoramento da legislação para garantir licenciamento ambiental real e concreto; busca de medidas para mitigar o impacto negativo ambiental econômico e social causado às comunidades rurais; convocação de audiência pública para esclarecer a opinião pública sobre os aspectos negativos dessas alternativas energéticas, que ganham menos repercussão diante do forte lobby da indústria da energia renovável num cenário de eventos climáticos extremos em que se discute a adoção de fontes de energia alternativa.

O procurador da República Anderson Lima, que atua em Sousa, cidade do Sertão paraibano, ressalta que, independentemente da apuração dos danos, já é possível identificar o nítido descumprimento da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho  na abordagem às comunidades tradicionais. “É necessário que órgãos como a Aneel e a Sudema façam cumprir a Convenção 169 como fase obrigatória do processo de cadastramento”, afirma. “O procurador pondera que uma medida possível, que poderia ser tomada desde logo para corrigir essa falha, seria a propositura de Termo de Ajustamento de Conduta para que a Convenção 169 seja cumprida, pois ela tem status normativo supralegal”, ressalta.

Diagnóstico em produção – A Coordenação Estadual das Comunidades Negras e Quilombolas da Paraíba estão produzindo diagnóstico social sobre o impacto das usinas de energias renováveis instaladas nos territórios ou nas proximidades de territórios quilombolas no estado. Iniciado em fevereiro/2023, o levantamento já aponta seis comunidades que serão atingidas pela construção em breve dessas usinas. Outras quatro estão sendo impactadas pelas estruturas já implantadas em seus territórios. Numa dessas comunidades, o parque eólico passa a 400 metros de distância das casas das famílias, registra o diagnóstico em produção pela Ceqneq.

O vice-presidente da Ceqneq/PB, Josiel Alves, contou que os relatos que ouviu até o momento no levantamento do diagnóstico é que as empresas só informam as vantagens que as pessoas vão ter, como o valor que vão receber pelo arrendamento da terra, os benefícios que a empresa pode realizar, como reforma da sede da associação comunitária, construção de galpão, construção de sede, realização de oficinas de formação em diversas áreas, a exemplo de empreendedorismo, plantas medicinais e formação de associação. “O impacto que a empresa informa para a comunidade é que as pessoas não podem transitar nas proximidades do local em que vai ser instalado o parque”, relatou Alves.

Ressarcimento – O procurador da República José Godoy destaca que a produção de energia renovável, dita ‘energia limpa’, não pode significar impacto excessivo para agricultores familiares, quilombolas e comunidades tradicionais do Semiárido nordestino, gerando uma situação em que estes ficam com os impactos negativos e o restante da sociedade fica com as benesses e positividades desses empreendimentos. “A política pública de energia renovável precisa precificar e ressarcir as comunidades do potencial energético, seja vento ou luz solar, processado a partir das pequenas propriedades rurais, porque é injusto que os contratos levem em consideração apenas o uso do espaço territorial. O sol que tanto castigou o sertanejo precisa também beneficiá-lo agora que adquiriu valor para o mercado”, enfatiza Godoy.

Política pública de proteção – “Embora se diga que essas energias renováveis são limpas, elas geram um impacto ambiental, especialmente, socioeconômico, desproporcional na localidade onde são implantadas”, afirma Edson Andrade. Ele explica que a desproporcionalidade é percebida quando se compara a ausência de impacto sobre a população que se beneficia da energia – que reside muito distante da localidade onde a energia é gerada – com o impacto sofrido apenas pela população pobre da Paraíba. O impacto também é desproporcional frente aos investimentos e ganhos econômicos que as empresas de geração de energia recebem, aponta Andrade. “A DPU não é contra a implantação dos parques de energias renováveis em nosso estado, contudo, a gente entende que é preciso que se crie uma política pública de proteção às comunidades atingidas, condicionando a implantação dos empreendimentos à adoção de medidas que protejam essa população, do ponto de vista social, ambiental e econômico”, reitera o defensor.

O advogado Claudionor Vital relata que famílias camponesas impactadas pela instalação e operação dos parques eólicos, em municípios do estado do Pernambuco, buscam na Justiça a reparação dos danos à saúde, perda da produção de alimentos e perda do sossego e da segurança. “As famílias relatam casos de insônia, dores de cabeça, zumbido nos ouvidos, hipertensão, decorrentes da emissão de ruídos de baixa frequência e infrassons pelas turbinas eólicas. Também mencionam restrição de uso da terra para cultivo e impactos dos ruídos na saúde dos animais e há ainda relato de queda de um dos aerogeradores em área próxima a moradias, considerando que aerogeradores chegaram a ser instalados a 220 metros de distância das residências”, conta Vital.

Complexo híbrido inaugurado – Dados extraídos do portal do governo da Paraíba informam que o estado tem cerca de 160 parques instalados e em processo de implantação em vários municípios. Foi inaugurado no estado o primeiro complexo associado de geração de energia eólica e solar no Brasil. O complexo eólico solar está localizado no município de Santa Luzia, no Sertão paraibano e se espalha por uma extensão de 8,7 mil hectares nos municípios de Santa Luzia, Areia de Baraúnas, São José de Sabugi e São Mamede. Constituído por 15 parques, o complexo abriga 136 aerogeradores com capacidade total instalada de 471 MW. O investimento para a sua construção foi de R$ 3 bilhões.

Mais um complexo eólico – Recente reportagem na imprensa nacional sobre o assunto mostrou a existência do empreendimento denominado Complexo Eólico Pedra Lavrada, que visa a implementação de 372 aerogeradores numa área de cerca de 1,6 mil hectares na região do Seridó, alcançando áreas dos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, atingindo mais comunidades tradicionais e sítios arqueológicos. Conforme noticiado, o empreendimento abrangerá oito cidades: Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas e Parelhas, no Rio Grande do Norte; Pedra Lavrada, Nova Palmeira, Picuí e Frei Martinho, na Paraíba. Ainda segundo a reportagem, o projeto aguarda a emissão da licença pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba, onde o processo estaria em andamento, para o início das obras. (ecodebate)

SENAI-RN expande qualificação em offshore e eletromobilidade

CTGAS-ER fez parceria com Banco do Nordeste e a Maersk Training Brasil para abrir novas perspectivas de capacitação para profissionais.
Após completar 21 anos de operação, Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), sediado em Natal (RN) e principal referência do SENAI no Brasil em educação profissional para as indústrias de energia e do gás, anunciou quase R$ 500 mil em investimentos para formação de profissionais na área de eletromobilidade e as primeiras investidas do país em segurança do trabalho voltadas à qualificação nos futuros parques eólicos offshore.

Os projetos serão desenvolvidos em parceria com o Banco do Nordeste e a Maersk Training Brasil, parte da gigante dinamarquesa do setor de logística A.P. Miller (Maersk), especializada de treinamentos profissionais para a indústria de energia eólica do mundo. Assim abrem-se novas perspectivas para formação e desenvolvimento de profissionais que já atuam no mercado ou buscam vagas de emprego em implantação, operação e manutenção das torres dos parques eólicos, em terra e no mar.

Um termo aditivo à parceria com a multinacional dinamarquesa prevê, entre outros pontos, a cooperação científica e tecnológica entre as partes para o desenvolvimento de projetos e ações de Educação Profissional e Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), de olho especialmente na indústria eólica, passa a incorporar, oficialmente, o foco também no offshore.

“Ideia é desenvolver ações incluindo GWO Sea Survival e o novo padrão GWO para elevadores em turbinas eólicas. São certificações que o Brasil ainda não oferece e vamos construir infraestrutura nos próximos 2 anos, para entregar as soluções necessárias ao setor”, explica o diretor do SENAI-RN, do CTGAS-ER e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.

Ele lembra que a Maersk Training abrange um amplo campo de indústrias offshore e onshore e necessidades de treinamentos e que os treinamentos serão concentrados em organizações, tripulações e indivíduos da indústria de Petróleo & Gás, Marítima e Eólica, visando melhorar a segurança e o desempenho operacional tanto em operações marítimas quanto terrestres.

Expansão anunciada por Rodrigo Mello tem R$ 500 mil em aportes e parceria com BNB e Maersk.

Eletromobilidade

Já a parceria para mobilidade elétrica acontece com o Banco do Nordeste e irá se efetivar em um laboratório didático de conversão e reparação de veículos elétricos e que irá representar aproximadamente R$ 457 mil em investimentos, dos quais R$ 236,7 mil, não reembolsáveis, aportados pela instituição financeira, por meio do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR).

Além de promover o desenvolvimento de uma tecnologia de conversão adequada à realidade local, o projeto prevê a criação de ambientes de capacitação que suportem e estimulem esse mercado. Os recursos também abarcam o desenvolvimento de curso específico na área e de aspectos de infraestrutura, como uma estação de recarga para os veículos.

A parceria é formalizada em um momento de expansão contínua da indústria e do comércio do setor no Brasil. Só em 2022, as vendas desse tipo de veículo registraram alta de 41% na comparação com 2021, com o ritmo em 2023 seguindo aquecido, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Segundo o SENAI, mais de 160 mil profissionais do Rio Grande do Norte e de outros estados do Brasil já foram preparados no CTGAS-ER ou estão neste momento dentro das salas de aula e laboratórios para indústrias de vários segmentos, mirando agora a ampliação visando o contexto de transição energética.

Recentemente o centro liderou o projeto de desenvolvimento do primeiro buggy elétrico do estado, idealizado para regiões de dunas, além de ter sido pioneiro em mapeamentos no país para medir o potencial de energia eólica offshore, trabalho base para a atual fase de desenvolvimento das atividades de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação que o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) conduz atualmente.

“Nós fomos pioneiros na preparação de pessoas para atuar na cadeia produtiva do gás no Brasil, formamos outras milhares para parques eólicos em terra e para o setor de energia solar. Agora, damos novos passos, em direção a indústrias nascentes e absolutamente estratégicas para o país”, finaliza Rodrigo Mello. (canalenergia)

Helexia inicia operação da primeira usina de geração para a Vivo

Companhia vai conectar sua planta na modalidade de geração distribuída, de fonte solar, no Mato Grosso do Sul.

Helexia conectou 1ª usina solar para atender o projeto de geração distribuída da Vivo, empresa de telefonia. A instalação tem capacidade de 4,9 MWp e fica localizada no município de Paranaíba, no Mato Grosso do Sul. A Helexia também vai conectar, durante abri/23l, 20 MWp adicionais referentes a projetos localizados nos estados de Rondônia e Paraná. O restante do portfólio, representando 62 MWp, referente a projetos localizados nos estados de São Paulo, Ceara, Rio Grande do Sul, Tocantins e Amazonas, será conectado ao longo deste ano.

Helexia iniciou construção de muitas usinas solares para Vivo.

Juntas, todas as unidades somariam mais de 60 MW de capacidade instalada e irão abastecer mais de 5 mil pontos de consumo; empreendimentos deveriam entrar em operação comercial em 2022.

A operadora Vivo consome energia 100% renovável desde novembro/2018, tanto em função do seu projeto de geração distribuída, em expansão por todo o país, e que tem a Helexia como um de seus importantes parceiros, quanto pela energia obtida no mercado livre. O total do consumo da companhia é complementado com a aquisição de certificados, os I-RECs (International Renewable Energy Certificates), que diminuem à medida em que novas usinas em geração distribuída são implantadas.

A energia produzida em cada usina será injetada no Sistema Nacional Integrado (SIN) e se transformará em crédito para a Telefônica, detentora da operadora Vivo, que terá importante economia em suas contas de luz. Serão, ao todo, sete mil pontos de consumo da operadora distribuídos entre os oito estados brasileiros. (canalenergia)

sexta-feira, 26 de maio de 2023

GD atinge 19 GW e 70% da capacidade solar no país

Segmento mantém média de acrescentar praticamente 1 GW por mês no sistema elétrico brasileiro.

O Brasil alcançou a marca de 19 GW de capacidade em geração própria de energia elétrica, também chamada de Geração Distribuída (GD). O resultado, puxado em 98,6% pela energia solar, conta também com a evolução de outras fontes, como a biomassa, o biogás, a energia eólica, a energia movida a potencial hidráulico e a cogeração a gás natural, aponta levantamento da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).

Entidade ressalta que a modalidade começou 2023 com o ritmo de crescimento que terminou em 2022, com a média de acrescentar praticamente 1 GW de capacidade instalada ao sistema por mês. Dessa vez o feito aconteceu em 6 dias. Atualmente a GD responde por cerca de 70% de toda a potência de energia solar do Brasil, com chances reais de acrescentando mais de 8 GW ao longo do ano.

São 1,8 milhão de usinas de microgeração e minigeração distribuídas pelo país e 2,3 milhões de unidades consumidoras (UC’s) que utilizam a tecnologia. Cada UC representa a casa de uma família, um estabelecimento comercial ou outro imóvel abastecido por micro ou mini usinas, todas elas utilizando fontes renováveis.

De acordo com a ABGD, com os atuais 19 GW de potência instalada, a geração distribuída tem capacidade suficiente para abastecer aproximadamente 9,5 milhões de residências, ou 38 milhões de pessoas. Entre os consumidores beneficiados, a maioria (48,5%) dos projetos é do grupo residencial, seguido pelo consumo comercial (28,3%), rural (14,9%) e industrial (7,1%). (canalenergia)

Biocombustíveis são ineficientes em relação à área cultivada

Biocombustíveis são ineficientes em relação à área cultivada, afirma instituto de pesquisa alemão.
O Instituto de Pesquisa de Energia e Meio Ambiente (IFEU) realizou estudo sobre as superfícies atualmente consagradas à produção de biocombustíveis na Europa.

Encomendado pela Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente, o estudo constatou que a superfície europeia destinada a cultura de biocombustíveis é da ordem de 9,6 milhões de hectares. Área equivalente a dos Estados de Santa Catarina ou de Pernambuco, ou ainda da ilha irlandesa.

Também afirma que, se toda a superfície cultivada com biocombustíveis retornasse ao estado primário (vegetação natural), ela absorveria em torno de 65 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, ou seja, quase o dobro da obtida com a cultura de biocombustíveis.

Alemanha avalia eliminar uso de alimentos na produção de biocombustíveis.

Medida avaliada pelo governo local seria colocado em prática até 2030.

Quando comparada a energia solar, a pesquisa constatou que, para produzir a mesma quantidade de energia sob a forma de eletricidade, os painéis fotovoltaicos ocupariam uma superfície de apenas 2,5% da área europeia total consagrada à cultura de biocombustíveis.

Ainda segundo o estudo, estas superfícies cultivadas, se reconvertidas à produção alimentar humana, poderiam suprir as necessidades calóricas de pelo menos 120 milhões de pessoas.

Dados são altamente impactantes para o Brasil.

(ecodebate)

Brasil mantém 6º lugar no ranking mundial de energia eólica

Os dados do Global Wind Energy Council (GWEC) mostram que o país ficou em 3º lugar com mais de 4 GW de instalações no ano passado.
O Brasil registrou um incremento de 4 GW na capacidade eólica no ano de 2022. Esse resultado representa seu segundo recorde consecutivo no ano de 2022. Esse volume coloca o país em terceiro lugar em volume de expansão, atrás somente da China e Estados Unidos. Os dados são do Global Wind Energy Council (GWEC) que divulgou em 27/03/23, o Global Wind Report 2023, que pode ser acessado neste link.

A publicação foi lançada pela primeira vez no Brasil no evento Encontro de Negócios da ABEEólica, o primeiro depois da pandemia.  O relatório apresenta dados completos, detalhados e analíticos do setor eólico mundial onde mostra que o Brasil se manteve na 6ª posição no ranking de capacidade total instalada de energia eólica onshore. Para fins de comparação, em 2012, ocupávamos o 15º lugar.

Segundo a ABEEólica, tanto o recorde de capacidade instalada nova quanto a manutenção de sua posição no ranking demonstram a força e a resiliência do país, que soube aproveitar oportunidades de crescimento por meio de leilões privados e acordos bilaterais de compra de energia (PPAs), no mercado livre, apesar do fraco desempenho da economia brasileira nos últimos 10 anos.

O relatório destaca ainda que os recursos renováveis disponíveis no Brasil, especialmente a abundância de ventos de qualidade onshore e offshore, classificados como únicos no mundo, o que abre uma janela de oportunidade para o hidrogênio verde.

Futuro

A GWEC Market Intelligence espera que 26,5 GW de energia eólica onshore sejam adicionados na América Latina em 2023-2027, com o Brasil contribuindo com 60% desse volume. Se essa previsão se confirmar serão 16 GW no período, consolidando ainda mais sua liderança regional. Pela previsão, até 2024, o GWEC espera ultrapassar os 100 GW anuais de capacidade instalada. As condições do mercado mudarão uma vez que os países vão competir por investimentos extremamente necessários em seus setores eólicos: para conquistar o investidor, será preciso demonstrar seu potencial de mercado, oferecer condições atrativas de investimento e apresentar medidas regulatórias mais eficazes, afirmou em comunicado Ben Backwell, CEO do GWEC.

Élbia Gannoum, presidente-executiva da ABEEólica, ressaltou na abertura do evento realizado em São Paulo, que o potencial de transição energética justa do setor eólico é enorme e que a indústria precisa conversar e discutir com o governo sobre políticas industriais, ação que está em andamento. E agora a ABEEólica deverá atuar de forma mais transversal com diversos ministérios uma vez que a fonte tem potencial de ser alcançada por diversos segmento da economia por causa desse processo de transição energética.

“Precisamos buscar mais mercado e apesar dos números, conjunturalmente no curtíssimo prazo percebemos que o mercado não está bom, não estamos contratando e a palavra de ordem agora é: cadê o mercado? Onde está o mercado? Quem sabe precisamos criar repaginar esse mercado que não estamos enxergando. Esse mercado está associado à transição energética e soluções energéticas onde forneceremos a energia para a indústria que exportará commodity verde, no futuro, será exportado H2 Verde e devemos pensar em valor agregado em conceito agregado.

“Por isso que devemos pensar em política industrial energética”, afirmou a executiva lembrando dos pacotes de Europa, Estados Unidos e Chile, ressaltando que esse pacote nacional não depende de dinheiro público como em outros países, mas sim apenas um ambiente amigável para atrair o investimento por meio de aparatos regulatórios para eólica offshore, H2 Verde e até ajustes no onshore. (canalenergia)

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Copel inicia implementação de frota de veículos elétricos

Mudança faz parte das metas de ESG para a descarbonização da companhia.

A Copel está dando início a uma série de ações para alcançar a meta que prevê a eletrificação de seus veículos. Companhia assinou um contrato com a Mobilize, marca do Renault Group, dedicada à nova mobilidade e que oferece uma ampla gama de serviços, para a locação de carros elétricos que vão integrar a frota de veículos leves da empresa. A entrega dos carros acontece durante o Smart City Expo, que ocorreu em Curitiba.

A meta de descarbonização da frota de veículos leves da Copel é um dos pilares estratégicos da companhia que estão na visão 2030, anunciada pela empresa em novembro/2022. Até o fim do ano, 15% dos veículos leves serão substituídos por modelos elétricos, ou seja, 30 veículos. Já até 2027, 61 veículos (30% da frota) serão elétricos, chegando a 50% da frota em 2030 (102 carros). A Mobilize vai fornecer o Kwid E-Tech 100% elétrico à Copel.

Para a Copel, o programa é mais um passo para o alcance das metas ESG da empresa e para o incentivo à mobilidade elétrica. Em relação ao uso de veículos elétricos, a Copel realizou, entre 2021 e 2022, projeto de prova de conceito voltado à prática de carsharing corporativo no âmbito da companhia. Como fruto desta experiência, a eletrificação de uma parcela da sua frota de veículos leves vai se tornando realidade.

Copel testa caminhão elétrico para transporte de materiais.

Companhia já possui dois veículos elétricos usados em atividades cotidianas e tem planos para expandir a frota.

A Copel vai testar nesta semana a utilização de um caminhão elétrico para transporte de materiais entre Curitiba e municípios da Região Metropolitana, do Litoral e dos Campos Gerais do Paraná. O veículo é da chinesa JAC Motors, tem um peso bruto total de 7,5 toneladas e é o único deste porte disponível no mercado. (canalenergia)

Brasil ocupa 8º lugar no ranking mundial em energia solar

Brasil ocupa oitavo lugar no ranking mundial da fonte solar.
Dados da Absolar apontam que o país encerrou 2022 com 24 GW de potência solar e foi destaque de crescimento no ranking internacional da IRENA.

O Brasil entrou, pela primeira vez, na lista dos dez países com maior potência instalada acumulada da fonte solar fotovoltaica. Esses dados são da apuração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com base em dados da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). O País encerrou 2022 com 24 GW de potência operacional solar e assumiu a oitava colocação no ranking internacional.

De acordo com a Absolar, os dados consideram a somatória das grandes usinas solares com os sistemas de geração própria solar de pequeno e médio portes, em telhados e fachadas de edifícios e também em pequenos terrenos, com base na potência total acumulada ao final de 2022. Segundo o mapeamento, a 8ª colocação do Brasil é fruto dos cerca de 10 GW adicionados no ano de 2022. Com isso, apenas no ano passado, o setor solar atraiu mais de R$ 45,7 bilhões de novos investimentos, crescimento de 64% em relação aos valores financeiros acumulados até o final de 2021 no País.

Ao analisar a capacidade instalada acumulada da tecnologia solar entre 2021 e 2022, o Brasil subiu cinco posições no ranking mundial da fonte fotovoltaica no período, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava em 2022. O ranking é liderado pela China (392 GW), seguida pelos Estados Unidos (111 GW), Japão (78,8 GW), Alemanha (66,5 GW) e Índia (62,8 GW). (canalenergia)

27.

Dos 540 MWp previstos até 2027 grande parte virá de painéis solares instalados nos grandes reservatórios da companhia para geração distribuída.

A Cemig está imbuída em desenvolver usinas solares flutuantes em seus reservatórios hidrelétricos, aproveitando a infraestrutura de conexão para novos ativos destinados a geração distribuída, disse em 27/03/23 o presidente da companhia, Reynaldo Passanezi Filho.

“Dos 540 MWp previstos até 2027 grande parte virá de usinas de GD flutuantes nos grandes reservatórios e com taxas de retorno entre 11% e 14%”, pontuou o executivo durante o Cemig Day. O segmento de GD terá uma projeção de R$ 3,2 bilhões em investimentos até 2027, a partir de projetos já inscritos na antiga regra de isenções de taxas para a modalidade.

Para esse ano, a projeção de aporte na ampliação do portfólio de ativos é de R$ 640 milhões, estimando mais 125 MWp em disponibilização aos clientes, o que dobra a atual capacidade instalada da Cemig SIM. Já do aporte previsto para geração centralizada, de R$ 14,4 bilhões, a estatal mineira deve atingir 1,9 GW médios em um portfólio 100% renovável, com a maior parte vindo nas fontes solar e eólica, incluindo também a renovação das concessões hidrelétricas.

Questionado sobre como a corporação pretende enfrentar o custo de capital e os preços baixos da energia nesse ano, Passanezi pontuou que o crescimento virá da engenharia e capital próprio, e que apesar de preferir projetos greenfield, uma saída é partir para aquisições em Minas Gerais mirando viabilidade, rentabilidade e deixando as parcerias para atuar de forma integral nos ativos. “Não faz sentido ter a maior comercializadora do país e comprar energia de terceiros, além de termos conhecimentos únicos sobre os clientes”, conclui.

Três usinas solares flutuantes serão implantadas pela Cemig

Projetos foram incluídos no maior plano de investimentos da história da companhia, de R$ 42,2 bilhões.

A Cemig anunciou a instalação de uma usina solar flutuante no reservatório da hidrelétrica de Três Marias, com capacidade de 78 megawatts-pico. (canalenergia)

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Cemig vai iniciar contratações para 3 UFVs flutuantes até junho

Painéis serão instalados nos lagos das UHEs Cajuru, Três Marias e Emborcação, somando 274 MWp com operação escalonada a partir de 2024.
Buscando diversificar seu parque gerador, a Cemig anunciou três projetos solares flutuantes aprovados pelo seu conselho de administração e que devem entrar em operação de forma gradual ao longo de 2024 na modalidade de geração distribuída. Segundo apresentação da companhia em 27/03/23, os painéis serão instalados nos lagos das hidrelétricas Cajuru (39 MWp), Três Marias (78 MWp) e Emborcação (157 MWp), com as contratações de equipamentos sendo feita até o meio do ano.

“Tivemos resultados positivos nos pareceres de acesso, com projetos semelhantes saindo do papel nas usinas de Nova Ponte e Irapé, além de outro de 250 MWp sendo desenvolvido em Três Marias”, informou o diretor da Cemig GT, Thadeu Carneiro da Silva, durante o Cemig Day.

Segundo o executivo, um dos limitadores para a empresa nesse segmento são os pontos de conexão e disponibilização da rede. Já quanto a estrutura de custos ele aponta o flutuador como o grande diferencial, uma bomba com ar comprimido de Capex elevado, mas que é compensado pelo Opex muito reduzido em função do uso das mesmas equipes das usinas, menor custo com água e maior eficiência até por conta da temperatura se manter mais constante pela presença da água, aumentando a vida útil dos equipamentos.

“Os módulos e inversores são os mesmos e como estão sob a água tendem a ficar menos sujos, com a própria água dos reservatórios sendo utilizada para limpeza dos painéis, com impacto ambiental nulo”, complementa. Outro ponto que a estatal mineira busca avançar é de alguma forma fomentar a vinda de fornecedores para a região, já que também incidem sobre esses equipamentos específicos custos logísticos que representam até 20% do orçamento.

Já a Cemig SIM, braço de geração distribuída do grupo, celebra quatro anos de atuação no meio do ano com 88 MW operacionais e uma plataforma digital escalável que traz facilidade à base de dados dos clientes e no relacionamento fluído para o êxito e sustentabilidade do negócio, que prevê dobrar de capacidade instalada com novos projetos em desenvolvimento além dos já citados, com a pretensão de junto a Cemig GT chegar ao alcance de 30% do mercado de GD no estado nos próximos anos.

Questionado sobre as taxas de retorno para a modalidade com o novo regramento, o CEO da Cemig SIM, Danilo Gusmão, aponta uma aproximação da rentabilidade do setor, que era um pouco fora da curva, de 14% em média, e que deve ir para um dígito baixo nas simulações feitas pela empresa, que foca em todo seu pipeline no regramento antigo.

“Os pedidos caíram numa média de 80%, com os 20% ficando basicamente por rooftops, relacionado ao autoconsumo local e que tende a não ser tão impactado pela nova regra, com o segredo sendo o melhor dimensionamento para a carga de determinado sistema, mas que não é o bussiness da companhia”, pontuou Gusmão.

Já na geração solar centralizada, são duas usinas no momento em construção, uma de 100 MWp e outra de 70 MWp, com Capex de R$ 900 milhões e previsão de término para setembro desse ano. Ademais a carteira futura se apresenta acima de 15 GW em estudo entre as fontes renováveis e térmicas a gás, que só será aproveitado com os retornos de investimento acima do custo de capital. “Vamos ter uma sobreoferta mas esperamos que a partir de 2027 e 2028 as oportunidades vão surgir, como as soluções integradas de hibridização de fontes de forma complementar”, reforça Thadeu Carneiro da Silva.

Pipeline aprovado prevê 48 parques geradores e garantia física total de 6.691 MW médios (Cemig)

Leilões e desinvestimentos

Outra oportunidade vislumbrada pela companhia no curto e médio prazo é o mercado de capacidade, vendo uma oportunidade na implementação de duas turbinas adicionais na hidrelétrica de Três Marias, via leilão e sem perdas ambientais. O certame de transmissão do meio do ano também está sendo estudado com afinco, sobretudo pela quantidade de lotes no estado. A companhia possui R$ 2 bilhões em aportes aprovados para o segmento, com foco no reforço e melhorias.

Já por outro lado a área de desinvestimentos anunciou o foco na alienação dos ativos de participação minoritária e de 15 pequenas centrais hidrelétricas por pelo menos R$ 48,2 milhões em um leilão previsto para semana que vem em Belo Horizonte. “São ativos pequenos que acabam tirando tempo da engenharia que poderia estar usando para desenvolver projetos maiores”, justifica o diretor da Cemig GT. (canalenergia)