Segundo presidente da
associação, ministro mostrou entusiasmo com retomada do canteiro. Deputado
carioca articula para garantir recursos para empreendimentos nucleares
A indefinição que tem cercado
a usina de Angra 3 contribuiu para que a energia nuclear tenha uma percepção
muitas vezes equivocada por parte da sociedade. A usina iniciou as obras na
década passada, interrompeu o trabalho no canteiro em 2015 e o retomou no fim
do ano passado, com previsão de término em 2028. De acordo com o presidente da
Associação Brasileira para Desenvolvimento Atividades Nucleares, Celso Cunha, a
interrupção traz uma sensação de má qualidade do empreendimento, atrapalham a
comunicação e neutraliza os benefícios que a fonte e usina trazem ao sistema.
“A indefinição atrapalha a se comunicar e a mostrar o propósito das coisas e a sua importância”, explica Cunha, que participou do Nuclear Communication 2023, realizado no Rio de Janeiro (RJ). O presidente da Abdan já se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Segundo ele, o titular da pasta se mostrou animado com a retomada das obras da usina, cobrando metas e revelou que pretendia levar o presidente Lula ao canteiro da nova central geradora nuclear, que tem perspectiva de gerar cerca de duas mil vagas de trabalho.
A área nuclear tem se movimentado na esfera política. O deputado Julio Lopes (PP-RJ) recolhe assinaturas para a criação da Frente Nacional em apoio da Atividades Nucleares. A frente já conta com 198 parlamentares. Lopes, que também esteve presente ao evento, revelou que amanhã terá um encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na busca para garantir os recursos necessários para a conclusão da usina de Angra 3 e para uma eventual usina de Angra 4.
No pós-Angra 3, há a indicação no Plano Decenal de Energia 2032 de uma quarta usina nuclear no Sudeste. Essa sinalização ainda está válida para Cunha, já que o novo PDE ainda não foi divulgado. Apesar de não haver um lugar definido para essa quarta UTE, dificilmente ela não será no mesmo complexo de Angra, na Costa Verde fluminense. Para Cunha, a reunião de informações técnicas qualificadas requeridas para habilitar um local que receberá um empreendimento nuclear demandaria um tempo que o setor não pode desperdiçar. “O único site em que há informações desse nível é Angra dos Reis”, avisa. O presidente da Abdan também se mostrou favorável para que se discuta a entrada do agente privado na fonte no país. Hoje só o governo pode deter usinas desse tipo.
Angra I, II e III
Durante o evento, painéis
mostraram a importância do trabalho de comunicação em prol da atividade nuclear
e que a sua rejeição pode ser explicada por ter sido adotada no país em um
período em que havia pouca transparência nos atos do governo. Os acidentes de
Tchernobyl e Fukushima ainda permeiam o imaginário da população. As vantagens
de ser uma fonte firme no sistema, que é adotada na conservação de alimentos e
também na medicina e diagnóstico têm dificuldades de serem assimilados.
Valéria Pastura, do Instituto de Engenharia Nuclear, vê desinformação que deve ser combatida pelos profissionais do setor. Já para Inayá Lima, da graduação em Engenharia Nuclear da Universidade Federal do Rio Janeiro, para desmistificar a fonte, é preciso atuar na educação de base, indo além do ensino superior. “Sem educação, não vamos fazer desmistificação”, aponta.
Pesquisa elaborada pela Eletronuclear na região do entorno de Angra mostrou que 71% são favoráveis ao uso da energia para produção de eletricidade, sendo que 55% são fortemente favoráveis. Apenas 17% se mostraram desfavoráveis ao uso. (canalenergia)
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