sábado, 30 de dezembro de 2023

China quer atingir 230 GW em novas usinas renováveis no ano

Com a previsão de atingir um recorde de 230 GW em novas instalações eólicas e solares neste ano, a China lidera o mercado global de energias renováveis segundo o último relatório da Wood Mackenzie.
Investimento de US$ 140 bilhões e grande escala no mercado interno impulsionam vantagens ao gigante asiático que lidera volume de projetos solares e eólicos mais do que EUA e Europa juntos.

Com a previsão de atingir um recorde de 230 GW em novas instalações eólicas e solares neste ano, a China lidera o mercado global de energias renováveis segundo o último relatório da Wood Mackenzie. O volume representa mais do que o dobro das novas usinas combinadas nos Estados Unidos e Europa, a partir de investimentos de US$ 140 bilhões. O vice-presidente e chefe de Pesquisa de Energia e Renováveis da Ásia-Pacífico da consultoria, Alex Whitworth, destacou que o gigante asiático anunciou sua meta de neutralidade de carbono para 2060 em 2020 e desde então tem reorganizado silenciosamente todo seu setor elétrico para apoiar uma rápida eletrificação e expansão de renováveis.

“Enquanto outros mercados estão moderando suas metas em matéria de energias renováveis, a China aumentou suas perspectivas para 2025 em 43% ou 380 GW em apenas alguns anos”, complementa. Segundo Whitworth, investimentos significativos foram redirecionados para linhas de transmissão, armazenamento de energia e backup flexível, e que à medida que os custos da eólica e solar caíram, o país também retirou as tarifas preferenciais para esses tipos de projetos em 2022, poupando ao governo de bilhões em subsídios.

A informação é de que o país orçou US$ 455 bilhões em aportes na rede entre 2021 e 2025, aumento de 60% em relação à década anterior. O valor inclui LTs de longa distância com mais de mil km de extensão, que desbloquearam mais de 100 GW de desenvolvimento de fontes renováveis no interior chinês. Quanto aos sistemas com baterias ligados à rede, o país também se tornou líder global com previsão de 67 GW para esse ano, e com perspectivas de expansão para 300 GW até 2030.

Flexibilidade da rede

A pesquisa também aponta que a China tem sido criticada por um pipeline de mais de 200 GW de centrais a carvão em desenvolvimento, mas acrescenta que novas políticas também levaram à criação de uma frota de mais de 100 GW de centrais flexíveis que queimam menos carvão e são concebidas para aumentar a produção de fontes renováveis intermitentes. O lado da demanda também foi repensado, tais como preços de pico mais elevados e a definição de metas entre 50 GW a 80 GW de Gestão do Lado da Procura (DSM, na sigla em inglês) ou “centrais elétricas virtuais” até 2025.

Sobre a relação com as tecnologias fósseis, Whitworth comentou que os esforços do país para renováveis e infraestruturas de apoio nos últimos anos ultrapassou o que estava para ser aplicado na energia térmica à carvão por um fator de 5 para 1. A quota do insumo na produção de energia tem caído continuamente, em 10 pontos percentuais nos últimos cinco anos para cerca de 55% atualmente. “Cerca de 80% da redução foi substituída por energias renováveis e o restante principalmente pela energia nuclear”, acrescenta.

Triplicar energias renováveis no mundo até 2030 será difícil.

Fatores competitivos

De acordo com a análise do relatório, o crescimento da energia ambientalmente mais amigável foi ajudado pelas baixas taxas de redução da tecnologia solar e eólica, que atingiram níveis de 2% e 4% no ano passado, melhorando significativamente a economia dos projetos em comparação com a retração de mais de 10% registada antes de 2020. É esperado que ainda que o recuo aumente novamente dos atuais níveis baixos observados, embora ainda permaneçam em níveis administráveis.

“Embora a inflação de custos tenha sido um grande obstáculo em outros mercados, a China alavancou a sua enorme escala interna e o forte crescimento das exportações para expandir rapidamente a produção solar e reduzir os custos dos módulos, dominando mais de 80% da capacidade da cadeia de abastecimento global”, complementa a analista sênior de Energia da Wood Mackenzie baseado em Pequim, Sharon Feng.

Ela cita também a queda das taxas de juros, os baixos custos da energia, a intensa concorrência de preços entre os fornecedores nacionais e o apoio governamental à Investigação e desenvolvimento de uma indústria transformadora como fatores que apoiaram a queda dos custos e tornaram o mercado chinês maior do que o da Europa e dos EUA juntos. “Os preços para o utilizador final na China são menos de metade dos praticados na Europa ou na Austrália e isto apoia uma forte vantagem competitiva no comércio global”, salienta.

Programas trouxeram 128 GW em dez anos

As empresas chinesas também fizeram progressos significativos nos ativos energéticos envolvendo a iniciativa Belt & Road (B&R) ao longo da última década. Com um valor de investimento estimado em cerca de US$ 200 bilhões, mais de 300 projetos instalaram 128 GW de energia, o equivalente a 1,3 vezes a capacidade instalada da Austrália em 2022.

No entanto, surgiram desafios que levaram ao cancelamento ou arquivamento de mais de 20% dos projetos até hoje, segundo outro levantamento da Wood Mackenzie, intitulado “Belt & Road at 10: Powering on through growth pains”. No entanto o país caminha para deter mais de 80% da capacidade global da fabricação de polissilícios, wafers, células e módulos entre 2023 e 2026, após direcionar mais de US$ 130 bilhões ao segmento. (canalenergia)

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