domingo, 10 de dezembro de 2023

Sistema deve ter evolução ágil para acompanhar transição

Sistema deve ter evolução ágil para acompanhar transição, diz professor da Coppe UFRJ.
Rapidez é necessária para incorporar novas tecnologias. Inserção de renováveis levará a revisão de conceitos.

Durante apresentação no Workshop ‘Desafios para o Planejamento e operação do SIN frente ao aumento da participação de fontes intermitentes’, realizado em 31/10/23, no Centro de Pesquisas de Energia Elétrica no Rio de Janeiro (RJ), o professor da Coppe/ UFRJ, Djalma Falcão, revelou que o sistema de redes elétricas deve se modificar tão ou mais rápido que a transição energética, de modo que incorpore as tecnologias digitais renováveis e não fique negligenciado. “O sistema não está evoluindo de forma tão rápida quanto necessária”, explica.

Falcão salientou que esse atraso acontece em todo o mundo e que o SIN tem sido pouco estudado em detrimento da Geração Distribuída e das micro redes. Para ele, esses estudos devem retornar de maneira a atestar a confiabilidade do sistema. Para ele, é preciso rever a definição que o sistema nacional é robusto, uma vez que ele está dominado por fontes intermitentes renováveis.

Falcão deixou claro durante o workshop que deve ser passado à sociedade um recado que a transição energética só terá êxito se o sistema funcionar bem. “Não adianta querer descarbonizar a economia, se o   sistema elétrico tiver apagões ou blecautes”, observa. Para isso, o investimento na área de sistemas é fundamental, uma vez que o setor será o veículo da de todo o processo. “Não adianta só investir apenas nas novas fontes, tem que investir nas estradas, que é o sistema elétrico”, afirma.

Outro ponto que o professor abordou é que o caminho que está sendo seguido é o de um sistema de potência dominado por conversores eletrônicos, uma vez que as inovações que surgem são conectadas por esses equipamentos. “O novo sistema que teremos que trabalhar é um dominado por conversores”, avisa.

Ainda de acordo com o professor, raramente é divulgado que o sistema elétrico está no centro da transição energética, uma vez que todas as mudanças terão que transitar por ele. Isso faz com que seja necessária uma grande adaptação. Segundo ele, o sistema deve ter uma flexibilidade capaz de atender as mais diferentes condições de operação e uma expansão ágil. “A transição energética sé será viável se o sistema funcionar bem”, avisa.

O professor deu como exemplo de abordagem de inserção de renováveis um caso no Reino Unido. Foi detectada perda de inércia rotacional pela retirada de operação de usinas térmicas nucleares. Foi adotada uma ‘solução verde’, que consistiu na instalação de compensadores síncronos e sistemas baterias com conversores do tipo formador de rede. Esses componentes restituirão a inércia perdida. “É um exemplo de solução que estão sendo pensadas em vários lugares do mundo para compensar o novo formato do sistema elétrico”, aponta.

Ele alertou que no Brasil a operação em tempo real terá um grande trabalho com muitos desafios. Segundo ele, um projeto de P&D concluído em 2021 que a Coppe/UFRJ participou em parceria com a State Grid concluiu que o sistema brasileiro tem capacidade de integrar a geração eólica e solar, desde que sofra mudanças em recursos para a operação e na capacidade de análise da situação.

Ainda de acordo com Falcão, o sistema mudou, o que leva a revisão de conceitos para que seja possível avançar. A robustez do sistema é um dos pontos que merece ser revisitado, assim como os modelos, os testes de campo e as ferramentas computacionais. (canalenergia)

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