Apresentamos na
sequência um breve balanço da conjuntura de 2013 organizado por Cesar Sanson,
professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, parceiro do
IHU na elaboração das Notícias do Dia e da ‘Conjuntura da Semana’ realizada em
parceria com o Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT.
O balanço da
Conjuntura 2013 vale-se do conjunto das ‘Conjuntura da Semana’ publicadas ao
longo do ano no sítio do IHU.
Matriz energética.
Palco de intensas lutas
Petróleo, carvão
mineral, gás natural, rios, minérios, ventos, sol, mares, biomassa… tudo é
transformado em matriz energética para saciar os crescentes padrões de produção
e de consumo. O mundo é sempre e cada vez mais sedento, voraz e insaciável por
energia. O tema da energia postou-se no centro da agenda mundial. Soberania
também passou a rimar com energia. Autossuficiência em energia tornou-se
estratégico para qualquer nação – garantia da manutenção do crescimento
econômico considerada o elixir para geração de emprego e renda.
2013 foi palco de
intensas lutas em torno da agenda energética, destacando-se a resistência
contra as usinas hidrelétricas de Belo Monte e do Complexo Tapajós, a denúncia
da entrada do Brasil na exploração do “gás não convencional”, conhecido também
como “gás do xisto” e a oposição dos movimentos sociais à privatização do poço
petrolífero de Libras.
Dentre os temais mais
preocupantes na área energética, além dos já conhecidos, 2013 registrou a
entrada em cheio do Brasil na exploração do gás de xisto. Amplamente produzido
nos Estados Unidos e proibido em países da Europa, a exploração desse gás é
envolta em grande polêmica.
O “gás não
convencional” exige modo pouco convencional de exploração e é considerado
invasivo: o fraturamento hidráulico (fracking) de rochas. A tecnologia consiste
na perfuração de poços horizontais, a partir de poços verticais (de cada poço
vertical derivam vários horizontais, em diversas direções), e no fracionamento
da rocha sedimentar por meio de explosões controladas, seguido de injeção de uma
mistura de água, areia e produtos químicos. O processo começa com uma
perfuração até a camada rochosa de xisto. Após atingir uma profundidade de mais
de 1,5 mil metros, uma bomba injeta água com areia e produtos químicos em alta
pressão, o que amplia as fissuras na rocha. Este procedimento liberta o gás
aprisionado, que flui para a superfície e pode então ser recolhido.
A polêmica diz
respeito aos impactos ambientais que pode provocar: contaminação da água e do
solo, riscos de explosão com a liberação de gás metano, consumo excessivo de
água para provocar o fracionamento da rocha, além do uso de substâncias
químicas para favorecer a exploração. Há ainda há a preocupação de que a
técnica possa estimular movimentos tectônicos que levem a terremotos.
Apesar da crescente
campanha “no fracking”, e ignorando os alertas, o governo na sua 12ª Rodada de
Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
ofertou em leilão 240 blocos exploratórios terrestres com potencial para gás
natural em sete bacias sedimentares, localizados em vários estados brasileiros.
Outro tema polêmico
da agenda energética em 2013 foi o leilão do campo petrolífero de Libra.
Vendido pelo governo como regime de “concessão partilhada”, foi criticado por
movimentos como a privatização de uma das maiores riquezas brasileira.
A justificativa do
governo para a privatização é de que os recursos serão utilizados para a área
social. A pressa teria aumentado após as jornadas de junho que pedem
investimentos em saúde e educação. Para muitos, entretanto, a pressa do governo
em torrar Libra estaria ligada ao ajuste fiscal, particularmente ao acerto do
superávit primário.
Libra, porém, não é
apenas significativa do ponto de vista de valores, também é sob a perspectiva
geopolítica mundial. Em tempos em que soberania rima com energia, o mapa global
do petróleo indica que essa fonte de energia fóssil – em que pese o crescimento
da exploração de gás – ainda joga papel determinante no cenário internacional.
Nesse contexto, dizem os críticos entregar Libra e petróleo da mais alta
qualidade e de custo mais barato para extração é abrir mão de soberania em área
estratégica. (ecodebate)
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