A Tecsis, fundada por Koike, hoje já destina 30% da produção ao mercado
local.
Bento Koike, fundador da Tecsis, está perto de produzir a pá
de número 45 mil, o que significa quase duas Itaipus em capacidade instalada. A
grande maioria - quase 80% - está espalhada entre Europa e Estados Unidos, já
que até 2011 todos os equipamentos produzidos na fábrica de Sorocaba, no interior
de São Paulo, eram exportados. Nada ficava no Brasil, não por uma política da
empresa, mas pela inexistência de mercado. Hoje 30% da produção é destinada ao
mercado local.
O empresário - tão detalhista como o amigo Odilon Camargo -
fundou a Tecsis em 1994, depois de deixar a sociedade numa empresa de
desenvolvimento de componentes aeroespaciais. "Nosso cliente era o
governo, o ministério, que tinha problemas de caixa para bancar o programa
espacial. Os pagamentos atrasavam entre 6 e 10 meses." Livre para se
aventurar em mais uma empreitada, ele apostou novamente na energia eólica, como
na época da faculdade.
Numa viagem para Alemanha, onde já havia passado uma
temporada participando do projeto de um dos primeiros aerogeradores alemão
junto com Camargo, ele conseguiu uma reunião com Aloys Wobben (fundador da
Wobben). "Fiquei três horas conversando com ele e saí de lá com um
contrato de US$ 1 milhão. Como não tinha dinheiro, pedi também que me desse a
matéria-prima para produzir as pás." De volta ao Brasil, com o contrato
debaixo do braço, escolheu Sorocaba para instalar a Tecsis, que já nasceu
exportando 100% da produção.
Koike se surpreende com a dimensão que empresa tomou nos
últimos anos: é a maior fabricante de pás customizadas (produzidas de acordo
com o projeto) e a segunda maior exportadora de componentes tecnológicos do
Brasil - atrás apenas da Weg. Na lista de clientes, estão gigantes como a
americana GE, a alemã Siemens, a francesa Alstom e a espanhola Gamesa. Começou
com apenas três pessoas e hoje tem 8 mil funcionários. "Nem sonhava que a
empresa chegaria a esse tamanho nem que a energia eólica seria tão importante."
Com a crise mundial de 2008 e redução do volume de pedidos,
a empresa sofreu um baque no caixa. Dois anos mais tarde, Koike vendeu 80% da
empresa para a butique de investimentos Estáter, de Pércio de Souza, conhecido
por ser o banqueiro do empresário Abílio Diniz.
Ele deixou a presidência no início de 2013 para se tornar
conselheiro sênior da empresa. Também está atuando num projeto para fortalecer
a cultura de inovação. "Sou uma pessoa de fé, que sempre me guiou",
diz o fundador da Tecsis, que herdou do pai o lado empreendedor. Antes de
entrar no ITA, trabalhou na empresa de comunicação do pai. "Foi ele que me
incentivou o lado da criatividade." (OESP)
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