terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A turma do ITA revoluciona a energia

Três colegas da turma de 1977 lideram os projetos de energia eólica no Brasil, que devem movimentar R$ 37 bilhões até 2018.
Foi n quintal do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), especificamente do alojamento H8, projetado por Oscar Niemeyer, que saíram alguns dos principais personagens do recente sucesso da energia eólica no Brasil. Da turma de 1977, pelo menos 3 amigos sucumbiram ao apelo da fonte renovável, que até 2018 vai acrescentar investimentos de R$ 37 bilhões ao País.
Bento Koike se tornou o segundo maior produtor mundial de pás com sua Tecsis, Odilon Camargo virou o maior medidor de ventos do Brasil e Mário Araripe, um grande investidor e desenvolvedor de projetos.
A história começou num trabalho de graduação na segunda metade da década de 70, no rastro do choque do petróleo que assombrava o mundo e obrigava governos a buscar novas tecnologias para reduzir a dependência pelos combustíveis fósseis. No Centro Tecnológico Espacial do ITA, as novidades pipocavam: a Embraer iniciava a produção do Bandeirante, o motor a álcool estava em pleno desenvolvimento e o projeto do lançador de satélites havia começado.
Embora fossem assuntos instigantes, os três engenheiros seguiram horizontes bem diferentes. Cada um a seu tempo, apostaram no desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Camargo e Koike sempre estiveram juntos no longo caminho até o sucesso, desde a construção de um aerogerador na tese final do curso do ITA. Araripe chegou por último no setor (em 2006), quando a fonte de energia começava a deslanchar.
Se hoje dizem que os engenheiros tiveram sorte, eles lembram que até meados da década passada falar de energia eólica soava como poesia. A fonte renovável não tinha competitividade nem interesse por parte do governo brasileiro, que só pensava nas grandes hidrelétricas. A virada ocorreu em 2009, no primeiro leilão de eólica. Com a crise internacional, o consumo de energia recuou no mundo todo e os projetos de novas usinas foram paralisados, deixando as fábricas de equipamentos com a capacidade ociosa elevada, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.
Como o Brasil saiu rapidamente da crise e o consumo de energia passou a crescer, os fabricantes globais se voltaram para o País, montaram fábricas, criaram competição no setor e aprimoraram a tecnologia. O preço da energia caiu de R$ 300 o MWh para algo em torno de R$ 100. Com o apetite apresentado pelos investidores, o governo resolveu repetir a receita nos anos seguintes.
No ano passado, não teve pra ninguém - nem mesmo para as hidrelétricas. Foram contratados 2,3 mil MW, um recorde, diz a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (AbeEólica), Elbia Melo. Segundo ela, o País fechou o ano com 3,6 mil MW de capacidade instalada - 3% da matriz elétrica. Até março serão 7 mil MW e, em 2018, 13 mil MW - 8% da matriz.
"A sinalização dada com os leilões foi fundamental para o investidor apostar no setor. Hoje temos nove fábricas (de equipamentos) no País", diz a executiva. A chegada de multinacionais permitiu o avanço da tecnologia para aproveitar melhor o vento e dar mais competitividade à fonte de energia - que hoje só perde para a energia hídrica. Elbia lembra que o potencial do Brasil aponta para 350 mil MW que ainda podem ser explorados - sinal de que os três engenheiros ainda terão muito trabalho pela frente.
Potencial
R$ 37 bilhões é o valor de investimentos em energia eólica previstos para o País até 2018. No ano passado foram contratados 2,3 mil megawatts. Até 2018, serão 13 mil megawatts. (OESP)

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