Três colegas da turma de 1977 lideram os projetos de energia eólica no
Brasil, que devem movimentar R$ 37 bilhões até 2018.
Foi n quintal do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA),
especificamente do alojamento H8, projetado por Oscar Niemeyer, que saíram
alguns dos principais personagens do recente sucesso da energia eólica no
Brasil. Da turma de 1977, pelo menos 3 amigos sucumbiram ao apelo da fonte
renovável, que até 2018 vai acrescentar investimentos de R$ 37 bilhões ao País.
Bento Koike se tornou o segundo maior produtor mundial de
pás com sua Tecsis, Odilon Camargo virou o maior medidor de ventos do Brasil e
Mário Araripe, um grande investidor e desenvolvedor de projetos.
A história começou num trabalho de graduação na segunda
metade da década de 70, no rastro do choque do petróleo que assombrava o mundo
e obrigava governos a buscar novas tecnologias para reduzir a dependência pelos
combustíveis fósseis. No Centro Tecnológico Espacial do ITA, as novidades
pipocavam: a Embraer iniciava a produção do Bandeirante, o motor a álcool
estava em pleno desenvolvimento e o projeto do lançador de satélites havia
começado.
Embora fossem assuntos instigantes, os três engenheiros
seguiram horizontes bem diferentes. Cada um a seu tempo, apostaram no
desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Camargo e Koike sempre estiveram
juntos no longo caminho até o sucesso, desde a construção de um aerogerador na
tese final do curso do ITA. Araripe chegou por último no setor (em 2006),
quando a fonte de energia começava a deslanchar.
Se hoje dizem que os engenheiros tiveram sorte, eles lembram
que até meados da década passada falar de energia eólica soava como poesia. A
fonte renovável não tinha competitividade nem interesse por parte do governo
brasileiro, que só pensava nas grandes hidrelétricas. A virada ocorreu em 2009,
no primeiro leilão de eólica. Com a crise internacional, o consumo de energia
recuou no mundo todo e os projetos de novas usinas foram paralisados, deixando
as fábricas de equipamentos com a capacidade ociosa elevada, principalmente nos
Estados Unidos e na Europa.
Como o Brasil saiu rapidamente da crise e o consumo de
energia passou a crescer, os fabricantes globais se voltaram para o País,
montaram fábricas, criaram competição no setor e aprimoraram a tecnologia. O
preço da energia caiu de R$ 300 o MWh para algo em torno de R$ 100. Com o
apetite apresentado pelos investidores, o governo resolveu repetir a receita
nos anos seguintes.
No ano passado, não teve pra ninguém - nem mesmo para as
hidrelétricas. Foram contratados 2,3 mil MW, um recorde, diz a presidente da
Associação Brasileira de Energia Eólica (AbeEólica), Elbia Melo. Segundo ela, o
País fechou o ano com 3,6 mil MW de capacidade instalada - 3% da matriz
elétrica. Até março serão 7 mil MW e, em 2018, 13 mil MW - 8% da matriz.
"A sinalização dada com os leilões foi fundamental para
o investidor apostar no setor. Hoje temos nove fábricas (de equipamentos) no
País", diz a executiva. A chegada de multinacionais permitiu o avanço da
tecnologia para aproveitar melhor o vento e dar mais competitividade à fonte de
energia - que hoje só perde para a energia hídrica. Elbia lembra que o
potencial do Brasil aponta para 350 mil MW que ainda podem ser explorados -
sinal de que os três engenheiros ainda terão muito trabalho pela frente.
Potencial
R$ 37 bilhões é o valor de investimentos em energia eólica
previstos para o País até 2018. No ano passado foram contratados 2,3 mil
megawatts. Até 2018, serão 13 mil megawatts. (OESP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário