O mundo precisa mudar a matriz energética utilizando fontes
renováveis e limpas. A possibilidade da produção de combustíveis fósseis
atingirem o pico da produção em um futuro não muito distante faz crescer a
busca por energias alternativas. A energia solar fotovoltaica (Photovoltaics –
PV) é a forma de produção de eletricidade que mais cresce no mundo atualmente.
De 1995 a 2013 a capacidade global de produção de energia
solar fotovoltaica aumentou mais de 200 vezes, passando de 0,6 gigawatts (GW)
para mais de 120 GW. Foi um crescimento exponencial impressionante. Se a
produção de energia fotovoltaica mantiver um ritmo de dobrar a capacidade
instalada a cada 3 anos, a crise energética da humanidade poderia ser
equacionada em até 30 anos.
Mas a maior parte dos governos do mundo – pressionados pelo
lobby das empresas petrolíferas – preferem manter os investimentos e os
subsídios aos combustíveis fósseis. Se houvesse um redirecionamento das
prioridades as energias alternativas poderiam decolar com mais rapidez.
Os cenários até 2017 indicam uma continuidade do crescimento
exponencial e variam segundo a perspectiva que segue o crescimento normal dos
últimos anos ou a perspectiva com apoio das políticas públicas que pode
acelerar o ritmo de crescimento da energia solar.
No cenário normal (Business-as-usual) a capacidade instalada
chegaria a 284 GW em 2017 (isto seria o equivalente a 20 usinas de Itaipu). No
cenário com apoio do poder público (Policy-driven) a capacidade instalada
poderia chegar a 419 GW (equivalente a 30 usinas de Itaipu).
Segundo relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) o
preço de uma célula de energia fotovoltaica custava US$ 76,67 por watt em 1977
e caiu para US$ 0,74 por watt em 2013, devendo chegar a US$ 0,64 por watt em
2014. Com preço competitivo e abaixo do preço do carvão mineral, a perspectiva
é que o crescimento exponencial da energia solar continue ou até se acelere. A
BNEF estima que a capacidade instalada de energia fotovoltaica em 2013 foi de
36,7 GW (o maior crescimento anual de todos os tempos), acima dos 35,5 GW da
energia eólica (que, por sua vez, teve o menor crescimento dos últimos 5 anos).
Neste ritmo, o mundo teria muita energia limpa até 2040 e o
clima se beneficiaria drasticamente pela redução dos gases de efeito estufa
provocados pela queima de combustíveis fósseis. Países com Alemanha e China
estão investindo pesadamente na pesquisa e na tecnologia de produção de energia
solar. Estes países poderão ganhar duplamente, pois além se livrar de
combustíveis poluidores, vão poder exportar conhecimento e equipamentos
solares.
A poluição do ar, provocada pela queima de carvão e outros
combustíveis fósseis, tem feito a China acelerar projetos como o da construção
da maior usina solar do mundo, com capacidade instalada de dez mil megawatts,
em Xinjiang. O projeto levará quatro anos para ser finalizado, mas os primeiros
painéis começarão a operar neste ano. Se algo assim fosse feito na Amazônia,
não seria necessário a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A China
instalou um recorde de 12 GW de energia solar em 2013 e pretende instalar 16 GW
em 2014, segundo as últimas informações da BNEF.
Enquanto o mundo avança na produção de energias eólica e
solar, o Brasil se atola na produção de petróleo do pré-sal, que além de ser um
combustível do passado, contribui para o aquecimento global e a poluição da
terra, da água e do ar. E para contrariar os críticos, o governo anuncia que
fará as primeiras explorações do chamado gás de xisto com todas as suas
consequências nefastas.
Artigo de Heitor Scalambrini Costa, no ECODEBATE
(21/01/2014), mostra que a energia solar fotovoltaica de uso residencial teria
tudo para deslanchar no Brasil, após a edição da Resolução Normativa (RN) no
482/2011, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). No entanto, os
avanços têm sido pífios:
“A contribuição da eletricidade solar na
matriz elétrica é desprezível, pois a falta de interesse do governo federal
dificulta uma maior disseminação dessa tecnologia – madura e promissora.
Entendemos ser completamente sem cabimento a falta de apoio a eletricidade
solar. E a justificativa de ela ser mais cara esbarra com a experiência mundial
que mostra ser o apoio do Estado necessário para desenvolver o mercado. Energia
solar e a falta de interesse do poder público”
O Brasil, que pela área geografia e localização, é
potencialmente favorável ao desenvolvimento de sistemas fotovoltaicos, convive
com um atraso nesta área em relação a outras nações. Nosso país poderia ser a
“Arábia Saudita” da energia renovável. Mas para tanto precisaria investir e
planejar o aumento da capacidade instalada para aproveitar, gratuitamente, a
enorme força dos ventos e o intenso calor do sol, dádivas que a natureza nos
brindou. (ecodebate)
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