China dá mega impulso à energia eólica e pode baratear a
produção em outras partes do mundo
China dá maior
impulso à energia eólica já visto no mundo.
Novos parques
eólicos estão sendo criados em ritmo acelerado em território chinês
Os chineses deram
início ao maior impulso que as energias renováveis já receberam em todo o
mundo, prometendo – entre outras coisas – dobrar o número de turbinas eólicas
no país ao longo dos próximos seis anos.
Já ocupando o posto
de o maior gerador de energia pelo vento do mundo, a China agora planeja
intensificar massivamente esse setor.
Com uma capacidade
instalada de energia eólica de cerca de 75 gigawatts (GW), o país pretende
atingir a marca de 200 GW até 2020.
Os países da União
Europeia, em comparação, têm juntos um total de 90 GW de capacidade instalada
de energia eólica. Apesar de ser visto como um dos países de maior potencial na
geração de energia eólica no mundo, o Brasil possui uma capacidade instalada de
energia eólica de apenas 2,2 GW, segundo cálculo do Ministério de Minas e
Energia.
Desafios
Novos parques eólicos
estão sendo criados em ritmo acelerado na China.
“Há sete anos,
conseguíamos produzir uma turbina a cada dois dias. Agora conseguíamos fazer
duas em um dia”, diz Jiang Bo, engenheiro da empresa Goldwind, que produz
turbinas.
No entanto, um dos
principais desafios é integrar a cadeia produtiva da energia eólica. As regiões
onde há mais vento, como Xinjiang, costumam ser muito distantes das cidades
grandes, onde a demanda por energia elétrica é maior.
E o valor da
construção de campos eólicos costuma exceder a das conexões necessárias para
ligar as turbinas na rede de distribuição.
Também há problemas
nas linhas de distribuição, pouco acostumadas à intermitência da energia gerada
pelo vento.
Mas uma questão ainda
mais fundamental recai sobre a contribuição da energia eólica para a insaciável
demanda de energia chinesa.
Duas usinas são
instaladas por dia na região de Xinjiang
Dados recentes, de 2012,
indicam que enquanto o carvão gera 75% da eletricidade do país, a eólica produz
2% (no Brasil, essa participação é de 1,7%).
No entanto, em
números absolutos, a geração total de energia eólica na China é mais do que o
produzido em toda a União Europeia.
“2% parece pouco, mas quando você considera o total de eletricidade usado no país,
você percebe que não é pouco”, diz Liming Qiao, diretor para a China do Global
Wind Energy Council (GWEC).
“Na verdade, no ano
passado, a eólica superou a nuclear e se tornou a terceira matriz energética do
país, após as termoelétricas a carvão e as hidrelétricas.”
Impacto internacional
A escala do mercado
eólico chinês vem ajudando na redução de preços de produção e incentivando a
inovação no setor.
Antes, os chineses
obtinham licenças para produzir turbinas de países ocidentais. Agora, o boom do
setor levou a uma enxurrada de novos – e mais modernos – modelos nacionais.
O desenvolvimento
dessa indústria na China também vem puxando os preços para baixo em outros
países, segundo Paolo Frankl, da Agência Internacional de Energia.
Ele acredita que os
chineses ampliem as exportações no setor para mercados na Ásia, América Latina
e África.
Subsídios
O governo chinês vê
as energias renováveis como estratégia prioritária, liberando uma série de
subsídios.
A altíssima poluição
do ar em muitas cidades do país também vem incentivando o uso desse tipo de
energia.
Mas ainda precisa ser
respondida a questão quanto a se o custo da energia eólica poderá ser reduzido
a ponto de ficar abaixo do das termoelétricas a carvão.
Ma Jinru,
vice-presidente da Goldwind, acredita que sim.
“No futuro, quando os
recursos ficarem ainda mais limitados, os preços subirem mais e a poluição
piorar, a sociedade vai cobrar o custo social disso. Então, em longo prazo, o
custo da energia eólica vai ficar abaixo do de carvão. O custo da eólica também
vai cair por conta da inovação tecnológica, e o setor vai ter um imenso
crescimento.”
E se algum país pode
produzir energia a partir do vendo em níveis industriais e fazer disso algo
rentável, esse país e a China.
Uma prévia desse
cenário futuro pode ser encontrada em Xinjiang, próxima à antiga rota da seda,
onde há florestas de turbinas metálicas brancas – algumas prontas, outras
aguardando para receber hélices e muitas mais prestes a sair do papel.
(ecodebate)
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