Risco de déficit de energia é de 20% em 2014, apontam
consultores
No entanto, isso não significa que o país enfrentará
racionamento nesse ano.
O risco de déficit de energia no país em 2014 está em torno de 20%,
segundo consultores ouvidos pela Agência CanalEnergia, situação que já passa do
risco aceitável que é de 5%. Mas isso não significa que o país enfrentará um
racionamento nesse ano. O risco de déficit é calculado pelo modelo do setor
elétrico e leva em consideração cenários de falta de energia, por menor que
seja o volume. No entanto, isso não deixa de ser um sinal de alerta para o
setor.
Erik Rego, consultor da Excelência Energética, calcula que nas regiões
Sudeste e Sul o risco de racionamento é um pouco menor que 6%. "Esse risco
de racionamento não deveria existir e esse risco de déficit em torno de 20% é
preocupante", aponta o consultor. Ricardo Savoia, diretor de Regulação e
Gestão em Energia da Thymos Energia, também calcula que a possibilidade de
racionamento com corte de carga de 5% é de 5,9% no Sudeste. "Apesar do
sistema está muito mais preparado para enfrentar situações como essa, estamos
vivendo um momento delicado", comentou Savoia.
Ele lembrou que existia no ano passado um cronograma de entrada em
operação de linhas de transmissão e de térmicas que acabou não se
concretizando. "O governo fez o papel dele de colocar essa necessidade e
de realizar leilões, só que por outros motivos houve atrasos na entrada em
operação de linhas de transmissão e também houve atrasos e até a não entrega de
algumas térmicas. Algumas eólicas também ficaram prontas e não conseguiram
injetar energia no sistema por falta de linha de transmissão. Tudo isso fez com
que houvesse um rápido esvaziamento dos reservatórios prejudicando a situação
de 2014", analisou Savoia.
O diretor da Thymos disse ainda que havia uma percepção de uma
hidrologia muito melhor para 2014 e isso fez com que o ONS desligasse algumas
térmicas no fim do ano passado para reduzir um pouco o despacho térmico, que
estava na base. Mas esse cenário não se concretizou e segundo o presidente da
Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, desde 1955 não se tinha
uma situação hidrológica tão ruim nessa época do ano.
Fora os gargalos na entrada em operação dos empreendimentos, Savoia
lembrou que há um incentivo muito forte ao consumo devido ao aumento de
crédito, aumento salarial, além das altas temperaturas registradas no país
nesse início de ano. "No ano passado, apesar do PIB do Brasil ter crescido
pouco, em torno de 1,2%, o consumo de energia aumentou 3,5%, puxado
principalmente pelas residências e comércio. Se as indústrias tivessem
aumentado também o seu consumo [o consumo de energia das indústrias aumentou
apenas 0,6% no ano passado], hoje estaríamos com um risco muito
maior", afirmou.
Roberto D'Araújo, professor adjunto da Coppe/UFRJ, também aponta que há
risco de desabastecimento. Segundo ele, se a hidrologia continuar ruim, é
possível o país enfrentar algum tipo de racionamento. "As térmicas aqui
não foram imaginadas para gerar na base, tanto que elas não estão gerando a
quantidade de energia para a qual foram chamadas", comentou. Dados do ONS
referentes a 04/02/14, mostram que foram chamados a despachar 13.804 MW médios
de térmicas convencionais e que foi verificado um despacho efetivo de 13.156 MW
médios.
Para ele, a solução é pedir para a população economizar energia e até
dar um desconto na conta de luz para quem atender ao chamado, a exemplo do que
a Sabesp está fazendo em São Paulo em relação ao consumo de água. Rego, da
Excelência Energética, também avalia que se o mês de fevereiro for igual ao de
janeiro, que seria prudente o governo pedir para a população consumir menos
energia. "Não dá para dizer nesse momento que vai ter apagão, mas seria
prudente começar a evitar", alertou. (canalenergia)
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