Atraso na entrega de projetos compromete oferta de
energia no Brasil
Quase
metade do volume de energia planejado para 2013 não entrou em operação na data
prevista, de acordo com relatório da Abiape.
Usina hidrelétrica de Jupiá na divisa dos estados de São Paulo e Mato
Grosso do Sul
Além da falta de chuvas, o
planejamento da expansão do sistema também tem exigido atenção do setor
elétrico brasileiro. Em 2013, 40% do volume de energia planejado não entrou em
operação na data prevista, segundo dados da Associação Brasileira dos Investidores
em Autoprodução de Energia (Abiape). Entre os projetos de transmissão, 71% das
linhas licitadas têm atraso médio de treze meses e meio.
O descumprimento dos prazos é outro
aspecto que dificulta a operação e torna o sistema mais vulnerável.
Segundo a Empresa de Planejamento Energético (EPE), para um crescimento da
demanda de 5% ao ano, o país precisa acrescentar, em média, 6.000 novos
megawatts (MW) ao sistema. Em 2012, a capacidade do Brasil aumentou 3.983
MW e, no ano passado, 5.556 MW, segundo relatório da Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel). Na geração hidrelétrica, apenas metade do que estava
previsto para 2013 ficou pronto. Na termoelétrica, houve um incremento
maior na geração porque as usinas previstas para 2012 só entraram em operação
no ano passado.
O nível baixo dos reservatórios das
hidrelétricas e o aumento do consumo provocado pela onda de calor têm provocado
a transferência de grande quantidade de energia da região Norte para o Sul e
Sudeste, onde o nível dos reservatórios está mais crítico. De acordo com
especialistas, quanto maior o bloco de energia transportado pelas linhas de
transmissão, mais o sistema elétrico fica vulnerável a falhas. Assim, os
atrasos nos projetos de geração e transmissão de energia têm feito falta nesse
momento de maior estresse do sistema.
A competição no setor é apontada
como um dos principais motivos do atraso nas obras. As empresas de energia
entram em leilões para disputar hidrelétricas com apenas um projeto básico, que
passa por mudanças após a conquista do contrato. "Depois que vencem é que
[as empresas] vão fazer os estudos aprofundados. Os custos aumentam, novos
problemas surgem e os prazos são ampliados", diz Roberto Pereira D'Araújo,
diretor do Instituto de Desenvolvimento Energético do Setor Elétrico (Ilumina).
Entre as principais justificativas para os atrasos estão a demora no
licenciamento ambiental e conflitos com comunidades ribeirinhas ou indígenas.
A falta de planejamento do setor
energético, segundo D'Araújo, também é demonstrada pelo fato de o Brasil usar,
sem parar, usinas térmicas movidas a diesel e óleo combustível. "Essas
usinas não são construídas para operar o tempo todo. É um sinal de que o
sistema está pedindo novas usinas, as atrasadas e outras que nem foram
pensadas." Por conta da opção do governo em usar usinas a fio d'água (sem
reservatório), o sistema também está mais dependente das chuvas, o que
aumenta a necessidade de complementação. Segundo Maurício Tolmasquim,
presidente da EPE, parte da demanda será suprida pelas eólicas, mas o governo
deve fazer novos leilões de térmicas em breve. (abril)
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