domingo, 2 de fevereiro de 2014

Calor deixa consumo de energia perto do recorde

Segundo técnicos do ONS, pico de energia deve superar o recorde do ano passado, com geração de quase 80 mil MW.

Os níveis dos reservatórios não preocupam, mesmo assim, o governo poderá recorrer a usinas térmicas.
As altas temperaturas registradas nos últimos dias em quase todo país levaram a geração de energia elétrica a alcançar patamares recordes no Brasil. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em 29/01/14 a geração total de energia atingiu uma média de 69.588 megawatts (MW), um dos maiores níveis dos últimos anos, e 5,7% maior do que a média de 65.807MW registrada no mesmo dia de 2013.
Técnicos do ONS creem que nos próximos dias o pico de consumo de energia deverá superar o recorde registrado em 04/12/13, quando a geração alcançou 79.924MW. Em 29/01/14 às 15h42m, o pico foi de 79.355MW.
Consumo sobe 38% no Rio
Nos 331 municípios atendidos pela Light no Estado do Rio de Janeiro, inclusive a Região Metropolitana, o consumo de energia (medido por megawatt/hora) disparou desde o fim do ano passado. Segundo informações obtidas pelo GLOBO, no último dia 3, o de consumo de energia pelos clientes da distribuidora bateu recorde, com um total de 4.583MW/h médios, quando a temperatura atingiu a máxima de 40,3°C. Essa demanda é 38% maior em comparação ao consumo médio de 3.333MW/h.
- Esse foi um recorde na história da companhia. Nunca se atingiu um consumo tão elevado - destacou o diretor de Energia e Desenvolvimento de Negócios da Light, Evandro Vasconcelos.
Nas duas últimas semanas após o Natal, o consumo da Light cresceu 13% em relação à demanda nas duas semanas anteriores.
O diretor da Light disse que o fenômeno se deve às altas temperaturas prolongadas. No verão passado, o intenso calor se estendeu por um ou dois dias no máximo.
- A tônica deste verão é de temperaturas mais elevadas, que se prolongam por muitos dias. Em anos anteriores, não era assim. Este verão é bem atípico - disse Vasconcelos.
O professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da UFRJ, destacou que não há riscos de faltar energia para atender ao aumento da demanda, mas com certeza a conta vai ser paga por todos os consumidores. Ele disse que o sistema tem condições de atender ao forte aumento da demanda, acionando mais usinas termelétricas para preservar os reservatórios das hidrelétricas, que não estão muito elevados. Mas os custos da geração térmica, que são maiores, serão repassados aos consumidores nos futuros reajustes de tarifas.
- Não tem risco de apagão, mas este ano, devido aos eventos da Copa e das eleições, pode ser que o governo adote uma postura mais conservadora e queira preservar mais os reservatórios acionando mais térmicas, o que vai afetar o caixa das distribuidoras e, depois, os consumidores - disse Castro.
Os reservatórios das usinas hidrelétricas tiveram uma ligeira melhora no fim do ano passado, com as fortes chuvas que caíram nas cabeceiras dos rios. Assim, técnicos não creem que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do Ministério de Minas e Energia, que se reúne na próxima semana, decidirá pelo aumento da geração de energia por meio de mais usinas termelétricas. Caso isso ocorra, seriam usadas as usinas térmicas a óleo, que têm um custo de energia maior.
No dia 8, os reservatórios das usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam em 42,6%. Na Região Nordeste, o nível era de 37,2%. Na Região Norte, o nível estava em 52% e na Sul, 59,2%.
Em 01/01/14 o nível dos reservatórios no Sudeste/Centro-Oeste estava em 43,3%; no Nordeste, 33,9%; no Sul, 57,7%; e no Norte, 47,6%. Nivalde de Castro lembrou que ainda está no início do período de chuvas e que, portanto, os níveis podem melhorar. (oglobo)


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