terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Araripe e a Casa dos Ventos

Araripe seguiu conselho do amigo e criou a Casa dos Ventos
Da mesma turma de 1977 do ITA, cearense foi dono da fabricante de veículos Troller e decidiu investir na energia eólica.
Foi numa das andanças do engenheiro Odilon Camargo para medir os ventos do Nordeste que o cearense Mario Araripe começou a ter contato com a energia eólica. Em 2000, Camargo estava preparando o atlas eólico do Ceará e precisava visitar locais de difícil acesso. Araripe, que era dono da Troller, emprestou um jipe para o ex-colega de ITA percorrer todo o Estado e realizar as amostragens necessárias. Mas a proximidade de Araripe com
Seis anos mais tarde, antes de ocorrer o primeiro leilão de energia eólica, um novo encontro com Camargo mudou os rumos de Araripe. "Eu havia acabado de vender a Troller para a Ford e estava extremamente líquido. Odilon me disse que deveria olhar a energia eólica e foi o que fiz."
A primeira providência foi criar uma diligência com grandes nomes do setor (certificadores de vento - leia-se Odilon Camargo -, fabricantes de aerogeradores, etc.) para entender o assunto. Foram mais de 60 reuniões até Araripe criar a Casa dos Ventos, uma empresa que começou como desenvolvedora de projetos eólicos. Em 2010, estreou como investidora em parceria com a estatal Chesf, em projetos de 150 MW. No ano seguinte, repetiu a dose e vendeu outros 150 MW.
Mas foi em 2013 que a companhia deu o maior salto. Sozinha, comercializou nos leilões do governo 690 MW de parques que serão construídos ao longo dos próximos três e cinco anos. Além disso, vendeu 420 MW em sociedade com Queiroz Galvão, Chesf e Contour.
Entre projetos desenvolvidos para terceiros e investimentos realizados com capital próprio (ou em parceria), a empresa tem cerca de 4.300 MW de capacidade instalada sendo erguida em algum canto do Brasil. Além disso, tem um portfólio de 15 mil MW em estudos que podem virar realidade nos próximos anos.
Para chegar a esse estágio, Araripe foi buscar profissionais onde ele mais conhecia: nos laboratórios do ITA. Hoje há, pelo menos, oito engenheiros do instituto trabalhando na empresa. Um deles, Edson Luiz Zaparoli, outro amigo de faculdade. "Zaparoli estava no setor acadêmico. Tive um trabalho duro para convencê-lo a vir trabalhar aqui."
Araripe foi o último dos três alunos da turma de 1977 a entrar no setor. Depois de concluir a faculdade, voltou pra Fortaleza e foi trabalhar numa indústria têxtil. Guardava praticamente tudo que ganhava para abrir um novo negócio na área de construção civil. Começou com duas casinhas. Mais tarde, com o dinheiro emprestado de um "tio rico", comprou um terreno na beira-mar. "Fiz uma maquete de um prédio e vendi cotas do empreendimento. Aí ganhei um dinheiro."
O negócio de construção ia de vento em popa quando, aos 39 anos, decidiu passar uma temporada nos Estados Unidos com os filhos. Deixou tudo de lado e foi fazer cursos em Harvard. "Quando voltei, pensei: o que vou fazer? Resolvi que queria fabricar carros. Criei a Troller, em 1997 (a empresa foi vendida para a Ford em 2006, segundo o mercado por R$ 400 milhões)."
Hoje ele ainda mantem participações em empresas de construção civil e do setor têxtil. Mas é com a sua Casa dos Ventos que virou referência no desenvolvimento de projetos e um grande investidor de energia eólica no Brasil. (OESP)

Nenhum comentário: