Araripe seguiu conselho do amigo e criou a Casa dos Ventos
Da mesma turma de 1977 do ITA, cearense foi dono da fabricante de
veículos Troller e decidiu investir na energia eólica.
Foi numa das andanças do engenheiro Odilon Camargo para
medir os ventos do Nordeste que o cearense Mario Araripe começou a ter contato
com a energia eólica. Em 2000, Camargo estava preparando o atlas eólico do
Ceará e precisava visitar locais de difícil acesso. Araripe, que era dono da
Troller, emprestou um jipe para o ex-colega de ITA percorrer todo o Estado e
realizar as amostragens necessárias. Mas a proximidade de Araripe com
Seis anos mais tarde, antes de ocorrer o primeiro leilão de
energia eólica, um novo encontro com Camargo mudou os rumos de Araripe.
"Eu havia acabado de vender a Troller para a Ford e estava extremamente
líquido. Odilon me disse que deveria olhar a energia eólica e foi o que
fiz."
A primeira providência foi criar uma diligência com grandes
nomes do setor (certificadores de vento - leia-se Odilon Camargo -, fabricantes
de aerogeradores, etc.) para entender o assunto. Foram mais de 60 reuniões até
Araripe criar a Casa dos Ventos, uma empresa que começou como desenvolvedora de
projetos eólicos. Em 2010, estreou como investidora em parceria com a estatal
Chesf, em projetos de 150 MW. No ano seguinte, repetiu a dose e vendeu outros
150 MW.
Mas foi em 2013 que a companhia deu o maior salto. Sozinha,
comercializou nos leilões do governo 690 MW de parques que serão construídos ao
longo dos próximos três e cinco anos. Além disso, vendeu 420 MW em sociedade
com Queiroz Galvão, Chesf e Contour.
Entre projetos desenvolvidos para terceiros e investimentos
realizados com capital próprio (ou em parceria), a empresa tem cerca de 4.300
MW de capacidade instalada sendo erguida em algum canto do Brasil. Além disso,
tem um portfólio de 15 mil MW em estudos que podem virar realidade nos próximos
anos.
Para chegar a esse estágio, Araripe foi buscar profissionais
onde ele mais conhecia: nos laboratórios do ITA. Hoje há, pelo menos, oito
engenheiros do instituto trabalhando na empresa. Um deles, Edson Luiz Zaparoli,
outro amigo de faculdade. "Zaparoli estava no setor acadêmico. Tive um
trabalho duro para convencê-lo a vir trabalhar aqui."
Araripe foi o último dos três alunos da turma de 1977 a
entrar no setor. Depois de concluir a faculdade, voltou pra Fortaleza e foi
trabalhar numa indústria têxtil. Guardava praticamente tudo que ganhava para
abrir um novo negócio na área de construção civil. Começou com duas casinhas.
Mais tarde, com o dinheiro emprestado de um "tio rico", comprou um
terreno na beira-mar. "Fiz uma maquete de um prédio e vendi cotas do
empreendimento. Aí ganhei um dinheiro."
O negócio de construção ia de vento em popa quando, aos 39
anos, decidiu passar uma temporada nos Estados Unidos com os filhos. Deixou
tudo de lado e foi fazer cursos em Harvard. "Quando voltei, pensei: o que
vou fazer? Resolvi que queria fabricar carros. Criei a Troller, em 1997 (a
empresa foi vendida para a Ford em 2006, segundo o mercado por R$ 400
milhões)."
Hoje ele ainda mantem participações em empresas de
construção civil e do setor têxtil. Mas é com a sua Casa dos Ventos que virou
referência no desenvolvimento de projetos e um grande investidor de energia
eólica no Brasil. (OESP)
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