Melhora substancial na qualidade dos serviços prestados aos
consumidores finais e aumento efetivo de assertividade na gestão às
distribuidoras. Em linhas gerais, são esses alguns dos ganhos que as chamadas
Redes Inteligentes – Smart Grids – prometem viabilizar ao setor de energia
elétrica no Brasil. Trata-se de uma mudança de paradigma, tendo em vista que
nos moldes atuais ainda falta muita informação, principalmente no que diz
respeito à parte de distribuição.
O que se observa hoje é uma postura reativa por parte das
empresas – que sofrem com o excesso de dados “soltos” e com a falta de visão em
alguns processos –, principalmente em situações de quedas de energia, sejam
elas localizadas, ou mesmo apagões e até “apaguinhos”. Quando isso ocorre, o
cliente precisa ligar para avisar que está sem luz e esperar que resolvam o
problema. A partir das redes inteligentes, que pressupõe a instalação de
medidores inteligentes, quando houver falta de luz na casa do usuário, o
operador fica sabendo de imediato.
Com os sistemas adequados, é possível agregar níveis de
conhecimento e informação para melhores capacidades de análises. A
distribuidora poderá, por exemplo, saber qual foi o ponto da rede onde
provavelmente houve um incidente. Se todos os consumidores ligados a um
transformador estão sem energia, é provável que o problema esteja ali. Se 20% a
30% dos consumidores ligados a um transformador estão com energia, então o
problema não está ali. Esse tipo de coisa permite maior agilidade e
flexibilidade na resposta da distribuidora a um incidente.
Outro ponto positivo é o fato de as redes inteligentes
permitirem aos consumidores tirar partido de regimes tarifários diferenciados
como, por exemplo, a “tarifa branca”, aprovada pela ANEEL, mas de uso ainda não
generalizado.
Os benefícios das Smart Grids também estão relacionados à
rentabilidade do mercado de energia, pois os chamados “gatos” de luz estariam
com os seus dias contatos. Com as redes inteligentes e as informações
adequadas, será possível verificar o foco do roubo e, por fim, saná-lo. Em
Israel, por exemplo, o uso de redes inteligentes reduziu em 50% a fraude de
energia elétrica em Jerusalém Oriental. É um exemplo real do que essa
tecnologia pode proporcionar, alinhada a informações confiáveis, no sentido de
contribuir para uma gestão mais eficaz na distribuição de energia e melhor
desempenho do sistema.
A má notícia é que essas mudanças não serão implantadas da
noite para o dia. Assim como a internet demorou para se consolidar – há 15 anos
era inviável imaginar que assistiríamos vídeos ao vivo pela internet, devido
aos custos, à banda, etc. – da mesma forma, a Smart Grid levará um tempo para
ser realidade, principalmente em função dos altos custos para implantá-la, algo
que atinge a casa da dezena de bilhões de reais.
No entanto, vale lembrar que no final de agosto de 2013
houve um apagão na Região Nordeste que, por conta de uma queimada, afetou nove
estados e teve custo para a economia nacional da ordem de R$ 20 bilhões. Com a
rede inteligente – que não abrange apenas distribuição, mas também os setores
de geração e transmissão – é possível usar a informação para minimizar esse
tipo de situação e, dessa forma, o projeto pode “se pagar”.
Ao serem feitos os cálculos do retorno financeiro obtido em
relação ao investimento realizado, sem dúvida a conclusão é de que qualquer
centavo aplicado em Smart Grids vale a pena. Se o Brasil não quiser ficar no
escuro outra vez, e também estar em linha com as ferramentas atuais em
nível global, precisa parar de ser reativo e ficar ligado às novas
tecnologias e soluções. (ambienteenergia)
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