sábado, 8 de fevereiro de 2014

Smart Grids, a luz que faltava no mercado

Melhora substancial na qualidade dos serviços prestados aos consumidores finais e aumento efetivo de assertividade na gestão às distribuidoras. Em linhas gerais, são esses alguns dos ganhos que as chamadas Redes Inteligentes – Smart Grids – prometem viabilizar ao setor de energia elétrica no Brasil. Trata-se de uma mudança de paradigma, tendo em vista que nos moldes atuais ainda falta muita informação, principalmente no que diz respeito à parte de distribuição.
O que se observa hoje é uma postura reativa por parte das empresas – que sofrem com o excesso de dados “soltos” e com a falta de visão em alguns processos –, principalmente em situações de quedas de energia, sejam elas localizadas, ou mesmo apagões e até “apaguinhos”. Quando isso ocorre, o cliente precisa ligar para avisar que está sem luz e esperar que resolvam o problema. A partir das redes inteligentes, que pressupõe a instalação de medidores inteligentes, quando houver falta de luz na casa do usuário, o operador fica sabendo de imediato.
Com os sistemas adequados, é possível agregar níveis de conhecimento e informação para melhores capacidades de análises. A distribuidora poderá, por exemplo, saber qual foi o ponto da rede onde provavelmente houve um incidente. Se todos os consumidores ligados a um transformador estão sem energia, é provável que o problema esteja ali. Se 20% a 30% dos consumidores ligados a um transformador estão com energia, então o problema não está ali. Esse tipo de coisa permite maior agilidade e flexibilidade na resposta da distribuidora a um incidente.
Outro ponto positivo é o fato de as redes inteligentes permitirem aos consumidores tirar partido de regimes tarifários diferenciados como, por exemplo, a “tarifa branca”, aprovada pela ANEEL, mas de uso ainda não generalizado.
Os benefícios das Smart Grids também estão relacionados à rentabilidade do mercado de energia, pois os chamados “gatos” de luz estariam com os seus dias contatos. Com as redes inteligentes e as informações adequadas, será possível verificar o foco do roubo e, por fim, saná-lo. Em Israel, por exemplo, o uso de redes inteligentes reduziu em 50% a fraude de energia elétrica em Jerusalém Oriental. É um exemplo real do que essa tecnologia pode proporcionar, alinhada a informações confiáveis, no sentido de contribuir para uma gestão mais eficaz na distribuição de energia e melhor desempenho do sistema.
A má notícia é que essas mudanças não serão implantadas da noite para o dia. Assim como a internet demorou para se consolidar – há 15 anos era inviável imaginar que assistiríamos vídeos ao vivo pela internet, devido aos custos, à banda, etc. – da mesma forma, a Smart Grid levará um tempo para ser realidade, principalmente em função dos altos custos para implantá-la, algo que atinge a casa da dezena de bilhões de reais.
No entanto, vale lembrar que no final de agosto de 2013 houve um apagão na Região Nordeste que, por conta de uma queimada, afetou nove estados e teve custo para a economia nacional da ordem de R$ 20 bilhões. Com a rede inteligente – que não abrange apenas distribuição, mas também os setores de geração e transmissão – é possível usar a informação para minimizar esse tipo de situação e, dessa forma, o projeto pode “se pagar”.
Ao serem feitos os cálculos do retorno financeiro obtido em relação ao investimento realizado, sem dúvida a conclusão é de que qualquer centavo aplicado em Smart Grids vale a pena. Se o Brasil não quiser ficar no escuro outra vez, e também estar em linha com as ferramentas atuais em nível global, precisa parar de ser reativo e ficar ligado às novas tecnologias e soluções. (ambienteenergia)

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