Nos planos do governo, a mamona era a estrela do programa de biodiesel.
Na ideia encabeçada pelo ex-presidente Lula, a planta se desenvolveria no
Brasil até ser a principal matéria-prima do Selo Combustível Social.
Muitas variáveis ainda eram dúvidas e levantavam desconfianças sobre o
projeto social e energético baseado na mamona. Apesar disso, o governo mantinha
uma postura rígida e externava segurança e unanimidade onde não existia. Os
argumentos contrários acabavam sendo rotulados e a discussão não avançava
diante da postura unilateral dos governantes sobre o assunto.
A iniciativa da Brasil Ecodiesel com a oleaginosa – e depois a da
Petrobras – sustentava a esperança do governo. Internamente, defender a mamona
era diretriz, mesmo que os argumentos não fossem consistentes.
Admitir o fracasso da mamona e deixar os agricultores nordestinos sem
qualquer opção não se alinhava com a imagem do ex-presidente, fortemente
atrelada ao social. A mamona passou, assim, a ser mais que uma planta capaz de
fornecer óleo para a indústria de biodiesel e ganhou status de símbolo do
planejamento governamental na área social.
A postura não contribuiu para direcionar o debate para níveis mais
elevados e a mamona desapareceu das estatísticas do setor. A planta reapareceu
no discurso da presidente Dilma Rousseff no anúncio do B7: “Difícil foi quando
ficou visível que não dava para fazer biodiesel de mamona.”
A fala, enfim, enterrou a mamona. Porém, não livrou o governo de outro
fardo, o Selo Combustível Social. Esta estrutura social que carregou a mamona
para o ostracismo sofre hoje do mesmo mal que acometeu a oleaginosa esperança
do Nordeste. A iniciativa do selo está repleta de problemas e posições
inconsistentes, mesmo assim o governo segue impedindo o avanço do debate com a
profundidade e inteligência necessárias. A revista BiodieselBR já organizou
dois eventos exclusivos sobre o assunto e tem documentado em detalhes esta
situação condenável.
Agora, cada vez mais enraizado nos meandros do Ministério do
Desenvolvimento Agrário, a solução para o selo social torna-se gradativamente
mais difícil. (biodieselbr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário