Reaproveitamento do óleo residual de fritura: Menos
resíduos, mais energia!
Gordura jogada na pia entope canos da rede de esgoto e polui o meio
ambiente.
Coletar o óleo de fritura usado (OFU) pode colaborar para a redução dos
danos a tubulações de esgoto da empresas de saneamento, a preservação do meio
ambiente e para a inclusão e transformação social. Esse cenário se desenha a
partir do reaproveitamento do óleo residual de fritura como matéria–prima para
a produção de biodiesel, alternativa que já é uma realidade em usinas
brasileiras e será um dos temas apresentados no estande da Embrapa durante a
11ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que acontece entre 13 e 19
de outubro, no pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília/DF.
No Distrito Federal, a Embrapa Agroenergia, a Companhia de Saneamento
Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e a União Brasileira do Biodiesel e
Bioquerosene (Ubrabio) estruturaram o projeto M.O.V.E.R. – Meu Óleo Vira
Energia Renovável, para a cadeia produtiva do biodiesel no país e a importância
do aproveitamento do óleo residual como matéria-prima para a produção de
biodiesel. Por meio da coleta e da reutilização propostas pelo projeto, o óleo
deixa de ser um problema ambiental, que polui as águas e provoca entupimentos
na rede de esgoto, para tornar-se uma solução em energia renovável. O óleo
coletado no DF será transformado em biodiesel em uma usina demonstrativa que
está em fase final de montagem, com recursos da Finep, dentro do projeto
Biofrito, liderado pela Embrapa Agroenergia em parceria com a Caesb.
Durante a Semana de C&T, o projeto M.O.V.E.R. estará no estande da
Embrapa, que vai funcionar de forma interativa. Os visitantes da feira poderão
juntos com os cientistas da Embrapa e representantes da Caesb e Ubrabio produzir
biodiesel. “Nas ações que temos realizado com estudantes, mostramos a
importância de não jogar o óleo de fritura no ralo ou na pia: o recolhimento
contribui para reduzir os gastos públicos com a manutenção das redes de esgoto;
a produção transforma um passivo ambiental em energia limpa e diminui a
poluição das águas. Além disso, o uso do biodiesel em mistura com o diesel
reduz a emissão de gases poluentes gerados pela queima de combustíveis
fósseis”, ressalta Sérgio Beltrão, diretor executivo da Ubrabio.
De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) esta
Semana, que acontece em todos os estados brasileiros, é uma grande oportunidade
para vincular a produção científica aos desafios sociais. “O biodiesel
produzido a partir do óleo de fritura se integra perfeitamente em arranjos
produtivos locais seja no meio rural, urbano ou nas cidades inteligentes. O
MCTI vem propondo debates entre os cientistas e a sociedade” de forma a se
explorar mais estas alternativas, destaca Rossano Gambetta, pesquisador da
Embrapa Agroenergia e responsável por esta ação.
Em 2014, o tema da Semana Nacional de C&T é “Ciência e Tecnologia
para o Desenvolvimento Social”, uma grande oportunidade para discutir um
referencial democrático que valorize os avanços da ciência e tecnologia e, ao
mesmo tempo, os pontos de vista e conhecimentos locais praticados há gerações.
Impactos socioeconômicos e ambientais
O descarte incorreto do óleo degrada o meio ambiente e gera impactos
econômicos ao bolso do cidadão. De acordo com a Caesb, no DF são gastos cerca
de R$ 500 mil todos os anos para filtrar o óleo doméstico que é descartado no
ralo depois do preparo de, por exemplo, uma simples porção de batatas fritas.
Enquanto o Brasil já recicla 98% das latinhas de alumínio que utiliza,
apenas 2% do óleo de fritura é reaproveitado. Nesse cenário, o biodiesel
brasileiro é um aliado na eliminação do óleo de fritura como passivo ambiental.
A fabricação de biodiesel a partir de óleos e gorduras residuais (OGR) é
sustentável e transforma esses passivos ambientais – que poluem as águas, geram
entupimento nas redes de esgoto e gastos com manutenção -, em energia limpa e
renovável.
Além produção ecológica a partir de resíduos, o uso do biodiesel reduz a
emissão de gases de efeito estufa (GEE) gerados pela queima de combustíveis
fósseis. A mistura obrigatória B7 (7% de biodiesel adicionado ao diesel
fóssil), recentemente aprovada pelo Congresso Nacional, evita a emissão de
aproximadamente 9 toneladas de CO2/ ano, o equivalente ao plantio de cerca de
60 milhões de árvores/ano.
Biodiesel recicla mais de 30 milhões de litros de óleo
Até 2012, o OFU integrava a fatia de 4% de representatividade na cadeia
de produção do biodiesel, juntamente com gordura de porco e frango, ácido graxo
de óleo de soja, e espécies vegetais como a macaúba, a canola, a palma e o
nabo-forrageiro. Em 2013, essa representatividade cresceu, e o óleo de fritura
usado passou a responder por 1% da produção do biodiesel nacional.
Hoje, o Brasil utiliza cerca de 30 milhões de litros de óleo reciclado
para produzir biodiesel. Com o aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao
diesel fóssil (B7), há potencial para aumentar ainda mais essa participação.
(ecodebate)
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