sábado, 18 de outubro de 2014

Etanol produzido através de resíduos vegetais, ganha força no mundo

Nova geração de etanol, produzido através dos resíduos vegetais, ganha força no mundo
Uma nova era de biocombustíveis começa a se fortalecer no mundo. A última geração de etanol, produzido através dos resíduos vegetais, já é fabricada em uma dezena de usinas na Itália, na Dinamarca ou no Brasil e é um passo importante para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, como o petróleo.
No início de setembro, foi aberta a primeira usina deste tipo nos Estados Unidos, na cidade de Emmetsburg. A presença do presidente Barack Obama na ocasião indica a determinação dos norte-americanos em investir no setor, que em 10 anos quintuplicou a produção de etanol. A segunda planta de última geração do país deve ser inaugurada até 2015.
Há muitos anos, os pesquisadores tentavam desenvolver um modelo economicamente viável para transformar em combustível folhas, cabos e até cascas das matérias-primas. O resultado ainda é uma incógnita, mas o desenvolvimento tecnológico permitiu dar uma nova chance aos biocombustíveis.
“Para produzir uma substância que fermente e produza álcool a partir de celulose, é preciso quebrá-la em açúcares. Fazer essa hidrólise não é simples, além de ser custoso”, explica o professor da Unifei Luiz Augusto Horta Nogueira. “Hoje em dia, se desenvolveram processos enzimáticos e se caminha para ser lucrativo. Nós estamos no início da implementação de uma tecnologia.”
O Brasil foi um dos pioneiros na produção de etanol, fabricado da cana de açúcar. Duas usinas de última geração já estão em operação e uma terceira deve abrir em breve. “Isso é uma nova era para o setor industrial e abre espaço para a utilização de uma diversidade maior de matérias-primas. Quem não tem cana usa outra matéria-prima”, afirma José Dílson Rocha, pesquisador da Embrapa Energia. “A Espanha usa palha de trigo, e a França pode aproveitar os resíduos da produção vinícola, por exemplo. O etanol é um produto comercial e ele é igual, seja qual for a fonte.”
Produção de energia
No Brasil, o bagaço da cana já é usado há muito tempo para produzir eletricidade e é a segunda maior fonte energética do país, depois das hidrelétricas. Mas o chamado etanol de celulose ainda precisa de incentivos, embora receba vantagens no mercado internacional, em recompensa à iniciativa mais ecológica.
“A planta da Granbio, em Alagoas, vai produzir um etanol que consegue um prêmio no mercado internacional por ser feito de resíduos. Mas o balanço econômico ainda vai ter que fechar”, observa Rocha. “Essas usinas vão decolar se realmente conseguirem entregar um produto viável economicamente.”
Nogueira destaca que esse tipo de etanol é uma das melhores alternativas para superar os combustíveis fosseis. “É um futuro verde e brilhante. É muito inteligente começarmos a utilizar os subprodutos vegetais de uma forma mais completa”, comenta.
Equívocos
O pesquisador lamenta, no entanto, que o setor de biocombustíveis tenha perdido força no país nos últimos anos. Sessenta das 450 usinas foram fechadas. “Uma política muito equivocada e nefasta, orientada pelo fato de termos grandes reservas de petróleo, resultou em uma retração muito grande da produção de etanol no Brasil. É uma pena. Ainda não entenderam que energia renovável é uma opção permanente”, ressalta Nogueira.
Segundo especialistas, a produção de etanol de celulose emite 87% a menos de gases de efeito estufa que a gasolina. (ecodebate)

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