A Região
Metropolitana de Fortaleza descarta 52 milhões de litros de óleo de cozinha
usado todos os anos nos esgotos ou a céu aberto. Do total, só 7% se transforma
em matéria-prima para a geração de biocombustível. Mas Petrobras e Cagece
querem mudar esse quadro
Que destino
você dá ao óleo que usa para fritar alimentos? Se você coleta cada mililitro
numa garrafinha PET e doa a pontos de coleta, parabéns! Mas saiba que esse
hábito passa longe da maioria dos quase um milhão de domicílios da Região
Metropolitana de Fortaleza.
São 52 milhões
de litros de óleo de cozinha despejados de qualquer jeito no meio ambiente,
todos os anos, segundo pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC). Do
total, 46% entope os esgotos, 39% se mistura a todo tipo de lixo, 8% é
descartado a céu aberto mesmo e só 7% é doado à reciclagem.
Triste saber,
ainda mais quando se pode transformar esse óleo em matéria-prima para a geração
de biocombustível alternativo. De acordo com a UFC, podem ser gerados 4,7
milhões de litros de óleo por mês na RMF, 65% destes só no município de
Fortaleza. Se vendido, o óleo tratado produzido poderia movimentar até R$ 9
milhões por ano.
Diante dos
números do desperdício, a Petrobras e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará
(Cagece) estão fechando parceria para coletar todo o óleo usado nas
residências, restaurantes, padarias e hotéis; para refinar e depois
vender para a Usina de Biodiesel instalada em Quixadá, desde 2008, com
capacidade de produzir 108,6 milhões de litros por ano.
Projeto
Segundo o
diretor comercial da Cagece, Antônio Alves Filho, o projeto ainda está sendo
elaborado e deve ser colocado em prática no segundo semestre, mas a ideia
basicamente é instalar reservatórios de óleo usado em condomínios e em pontos
diversos da cidade. “Para isso, a ideia é fazer uma campanha de sensibilização
por meio de panfletos, televisão, rádio, internet”, afirma o diretor da Cagece.
Convênios
A logística da
coleta dos reservatórios será feita em convênio com a Rede de Catadores de
Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará. De acordo com a Petrobras,
estão previstas ações para qualificar a coleta desse óleo “e aproveitá-lo como
fonte de matéria-prima para biodiesel, gerando postos de trabalho e agregando
valor e renda a uma atividade já realizada pelos catadores”.
Um projeto
piloto já está em andamento com sete cooperativas de catadores. “Fizemos
treinamento e capacitação deles”, afirma a consultora do Projeto de
Beneficiamento e Reciclagem do Óleo de Cozinha, Neide Cavalcante. São 140 pessoas
envolvidas no processo, da coleta ao beneficiamento.
A usina de
beneficiamento de óleo, instalada perto do Aeroporto Internacional Pinto
Martins, será inaugurada em junho. Viabilizada pela Petrobras, a usina custou
R$ 150 mil e terá capacidade de beneficiar 25 mil litros de óleo por mês. “O
mais caro é convencer as pessoas a fazerem a doação”, lamenta a consultora.
Neide lembra que além do benefício ambiental, o refino do óleo também ajudará
várias famílias de catadores.
O litro de óleo
refinado será vendido por R$ 1 à Usina de Quixadá, sendo que o catador tem só
R$ 0,30 de cada litro de óleo coletado por ele. Ou seja, para tirar pelo menos
R$ 300, cada catador terá que coletar mil litros de óleo. “Vai ser difícil, sem
uma conscientização geral. Há quatro meses estamos tentado firmar parcerias com
redes de restaurantes, supermercados, mas eles não se sensibilizam. A luta será
grande”, lamenta. (setorreciclagem)
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