Energia eólica e solar deverão liderar matriz energética
brasileira em 2050, aponta especialista
Mesmo com barateamento da tecnologia para captação de
energia solar, setor ainda se encontra em estágio embrionário.
Até 2050, a energia elétrica produzida no mundo
deverá ser composta por fontes renováveis. Os dados revelados em março pelo
relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla
em inglês) apontam ainda que a matriz energética neste novo cenário deverá ser
liderado pela força dos ventos (eólica) e pela energia solar (fotovoltaica).
O Brasil possui atualmente 75% da sua matriz
energética composta por energias renováveis, onde quase metade desse volume é
composto por fontes hidrelétricas. Apesar de abundante em certos lugares do
País, em virtude das mudanças climáticas, a falta de chuvas está diminuindo o
volume de água dos reservatórios que abastecem as grandes cidades, como o de
Cantareira, em São Paulo (SP), que atingiu níveis baixos recordes.
Uma possível solução para estes problemas
pode ser o investimento em fontes de energia que não dependem tanto da
variabilidade climática. Para o secretário de Políticas e Programas de
Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre,
o Brasil deve apostar em seu potencial de incidência de ventos e de sol para
evitar que a escassez das chuvas possa atrapalhar a geração e o fornecimento de
energia elétrica.
“Temos um enorme potencial de energia
eólica, o segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Também
estamos entre os cinco países com maior potencial de energia solar. Então, não
há razões para ficar fora desta convergência global e isso nos permite imaginar
a geração da energia elétrica que o Brasil precisa, advindas, principalmente,
dessas fontes”, disse.
Potencial
Mesmo com a abundância destes recursos
naturais, o País ainda não aproveita este potencial energético. Na avaliação de
Carlos Nobre, ao que se refere à fonte eólica, o Brasil ainda está aquém de
outras nações líderes neste quesito, mas começa a dar sinais de que deverá
caminhar rápido no sentido de aumento de geração de energia advinda desta
maneira.
“O Brasil precisa criar mecanismos de
incentivo para que essas formas de energia possam rapidamente ir conquistando
espaço. No caso da eólica, este caminho já está sendo trilhado. Certamente, o
uso e aumento da geração de energia eólica vão acontecer, diria até com alguma
rapidez no Brasil, depois de um desenvolvimento mais lento se comprado com
outros países. Hoje, crescemos com mais velocidade que eles”, explica.
O problema agora está na geração de energia
solar fotovoltaica, considerada ainda embrionária no País. Ainda que os preços
desta fonte estejam caindo mundo afora, o secretário do MCTI afirma que é
necessário implementar ações políticas para fomentar o progresso do setor.
“Países como a Alemanha , EUA, Espanha, têm
subsidiado a implantação deste tipo de energia. Portanto, a energia solar
fotovoltaica é viável tecnologicamente, o preço está se tornando competitivo,
então nós estamos vendo nos próximos anos e décadas um aumento exponencial na
geração de energia elétrica solar fotovoltaica”, aponta.
Política pública sincronizada
Apesar de cobrar mais celeridade para o
desenvolvimento da energia solar no Brasil, Nobre ressaltou que o governo vem
tomando atitudes para estimular a área. A principal delas está atrelada ao
programa federal “Minha Casa Minha Vida”.
“Esta é uma excelente forma de incentivo. As
placas solares, colocadas no custo inicial das residências, tornam a
implantação mais barata - na faixa de R$ 500 a R$ 1 mil – por unidade
residencial. Como a durabilidade do equipamento é de 15 anos, ao longo do
tempo, este investimento seria amortizado na conta pela redução das tarifas”,
esclarece. (agenciacti)
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