quinta-feira, 30 de junho de 2011

Energia Renovável do Sol e do Vento

O Sol
A energia solar é uma boa opção na busca por alternativas menos agressivas ao meio ambiente, pois consiste numa fonte energética renovável e limpa.
É uma energia prática e está abrindo seu caminho meio século depois de ser proposta. Para os países em desenvolvimento, o uso dessa fonte energética poderia facilitar um crescimento sustentável.
Em 1954, a Bell Laboratories apresentou a primeira célula solar capaz de converter a luz em eletricidade, utilizando um semicondutor de silicone. A energia solar é abundante, e sua forma de distribuição é muito ampla, o que implica que deve ser concentrada para poder ser utilizada.
Existem principalmente duas maneiras de converter luz solar em energia elétrica: diretamente, por meio de conversão fotovoltaica, ou indiretamente, por conversão termal, que transforma a luz primeiro em calor e depois em energia elétrica.
Cnsiderada amistosa com o meio ambiente, a energia solar tem diversos usos, incluindo o doméstico, o agrícola e até o espacial.
A energia do Sol pode ser usada em casa para obter água quente e calefação, bem como para pequenos aparelhos como relógios e calculadoras. No setor agrícola, as estufas solares, os secadores agrícolas e usinas de purificação ou dessalinização de águas seriam algumas das opções.
O maior mercado para os módulos fotovoltaicos é o espacial. Em 1962, o Telstar, primeiro satélite de comunicações a transmitir um sinal de televisão transatlântico, utilizou 3,6 mil células solares como fonte de energia. A reduzida demanda do setor espacial seria uma das razões pela qual o custo desta tecnologia permanece alto por várias décadas.
Do ponto de vista ambiental, um aumento no uso da energia solar tem o potencial de diminuir a dependência de combustíveis fósseis, causadores de graves problemas, como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio. Para obter energia elétrica a partir do sol de forma indireta, é necessária a construção de usinas em áreas de grande insolação, pois a energia solar atinge a Terra de forma tão difusa que requer captação em grandes áreas, espalhando-se centenas de coletores solares.
Apesar de todos os aspectos positivos da energia solar, ela é pouco utilizada, pois os custos financeiros para a obtenção de energia são muito elevados, não sendo viável economicamente. Necessita de pesquisas e maior desenvolvimento tecnológico para aumentar sua eficiência e baratear os custos de instalação.
Cidades Solares
Em países como Estados Unidos, Israel, Itália, França, Grécia, Alemanha, Austrália e Japão, a energia solar para o aquecimento da água já é utilizada em massa. No Brasil, alguns Estados e municípios já possuem leis que obrigam a instalação de sistema de aquecimento de água por energia solar nas novas edificações destinadas às categorias de uso residencial e não-residencial. A primeira capital a aprovar uma lei solar foi Porto Alegre. Outras capitais, como Rio de Janeiro, Campo Grande, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador já possuem projetos de lei semelhantes em andamento. A cidade de São Paulo já tem uma lei como essa em vigor. Outras cidades também já aprovaram suas leis solares, como é o caso de Birigui, no interior de São Paulo, onde o uso dos aquecedores solares é obrigatório em habitações de interesse social. Em Campina Grande, na Paraíba, quem usa aquecedor solar tem desconto no IPTU. Hoje são 53 cidades e esperamos ver o Brasil inteiro fazendo políticas publicas para uso da energia solar nos próximos anos. Com o intuito de difundir esta idéia, ensinar e tirar dúvidas sobre o uso de energia solar no País surgiu a iniciativa “Cidades Solares”, uma parceria entre a ONG socioambiental Vitae Civilis e a Diretoria Solar da Abrava. O conceito de Cidade Solar já é propagado no mundo inteiro e têm diversas iniciativas, que incluem incentivos financeiros, legislações, diretrizes e normas para a promoção do uso de tecnologias solares. O aumento do número de sistemas solares instalados tem como objetivos: aumentar a energia gerada por fontes renováveis, sustentáveis e descentralizadas; reduzir as emissões de carbono e as emissões de poluentes locais e diminuir a dependência das cidades de fontes de energia externas.
O vento
A energia eólica é a energia que provém do vento. A energia eólica tem sido aproveitada desde a antiguidade para mover os barcos impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos, ao mover as suas pás. Nos moinhos de vento a energia eólica era transformada em energia mecânica, utilizada na moagem de grãos ou para bombear água. Os moinhos foram usados para fabricação de farinhas e ainda para drenagem de canais, sobretudo nos Países Baixos.
Na atualidade utiliza-se a energia eólica para mover aerogeradores - grandes turbinas colocadas em lugares de muito vento.
Essas turbinas têm a forma de um catavento ou um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia elétrica. Precisam agrupar-se em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para que a produção de energia se torne rentável, mas podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trata de requisitos limitados de energia elétrica.
A energia eólica pode ser considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota, limpa, amplamente distribuída globalmente e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa. Em países como o Brasil, que possuem uma grande malha hidrográfica, a energia eólica pode se tornar importante no futuro, porque ela não consome água, que é um bem cada vez mais escasso e que também vai ficar cada vez mais controlado. Em países com uma malha hidrográfica pequena, a energia eólica passa a ter um papel fundamental já nos dias atuais, como talvez a única energia limpa e eficaz nesses locais. Além da questão ambiental, as turbinas eólicas possuem a vantagem de poderem ser utilizadas tanto em conexão com redes elétricas como em lugares isolados, não sendo necessário a implementação de linhas de transmissão para alimentar certas regiões.
Em 2009 a capacidade mundial de geração de energia elétrica através da energia eólica foi de aproximadamente 158 gigawatts (GW), o suficiente para abastecer as necessidades básicas de dois países como o Brasil.
A capacidade de geração de energia eólica no Brasil foi de 2009 aumentou de 77,7% em relação ao ano anterior. O Brasil responde por cerca da metade da capacidade instalada na América Latina, mas representa apenas 0,38% do total mundial.
Os EUA lideram o ranking dos países que mais produzem energia através de fonte eólica. O total instalada nesse país ultrapassa os 35 GW. Atrás deles vem a Alemanha, com cerca de 26 GW instaladas, e a China, com 25 GW.
Em alguns países, a energia elétrica gerada a partir do vento representa significativa parcela da demanda. Na Dinamarca esta representa 23% da produção.
O custo da geração de energia eólica tem caído rapidamente nos últimos anos. Em 2005 o custo da energia eólica era cerca de um quinto do que custava no final dos anos 1990, e essa queda de custos deve continuar com a ascensão da tecnologia de produção de grandes aerogeradores. A maioria das formas de geração de eletricidade requerem altíssimos investimentos de capital e baixos custos de manutenção. Isto é particularmente verdade para o caso da energia eólica, onde os custos com a construção de cada aerogerador podem alcançar milhões de reais, os custos com manutenção são baixos e o custo com combustível é zero. Na composição do cálculo de investimento e custo nesta forma de energia levam-se em conta diversos fatores, como a produção anual estimada, as taxas de juros, os custos de construção, de manutenção, de localização e os riscos de queda dos geradores. Sendo assim, os cálculos sobre o real custo de produção da energia eólica diferem muito, de acordo com a localização de cada usina.
Apesar da grandiosidade dos modernos moinhos de vento, a tecnologia utilizada continua a mesma de há 1000 anos, tudo indicando que brevemente será suplantada por outras tecnologias de maior eficiência, como é o caso da turbovela, uma voluta vertical apropriada para capturar vento a baixa pressão ao passar nos rotores axiais protegidos internamente. Esse tipo não oferece riscos de colisões das pás com objetos voadores e não interfere na áudiovisão. Essa tecnologia já é uma realidade que tanto pode ser introduzida no meio ambiente marinho como no terrestre.
Osório
O projeto dos parques eólicos de Osório foi o primeiro a receber a licença de instalação da instituição responsável pelo licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul (SEMA).
O parque eólico de Osório é a maior usina eólica da América Latina. O parque tem 75 torres de aerogeradores de 98 metros de altura e 810 toneladas de peso cada uma, modelo E-70/2000 KW, sendo que com as hélices atingem 140 metros de altura. As turbinas eólicas responsáveis pela geração de energia chegam a pesar cerca de 100 toneladas. Produz, em média, 34% da capacidade total instalada. A média mundial deste fator é de 30%. (energiaxmeioambiente)

Brasil bem em energias limpas

O relatório Who”s Winning the Clean Energy Race? (Quem está vencendo a corrida pela energia limpa?), divulgado pela ONG norte-americana Pew Charitable Trusts, coloca o Brasil na sexta posição no ranking das energias limpas. Segundo o estudo, o país subiu uma posição em 2010, tendo recebido US$ 7,6 bilhões e gerado cerca de 14 GW em renováveis. Dos investimentos, 40% foram destinados para os biocombustíveis, 31% para energia eólica e 28% para outras fontes. União Europeia, China, Alemanha, Estados Unidos estão na frente desta corrida.
De acordo com o relatório, o Brasil também ocupa a sexta posição na previsão de crescimento nos próximos cinco anos. Entre as energias limpas no país, se destacam a produção de etanol com 36 bilhões de litros, a geração elétrica com biomassa, 8.000 MW, e as pequenas centrais hidroelétricas, 5.000 MW. O documento aponta como grandes metas do país a geração de 1.805 MW por meio de fontes eólicas até 2012 e o aumento do uso de biodiesel.
O estudo revela que os investimentos em energias limpas cresceram 30% no ano passado, chegando aos US$ 243 bilhões, um recorde histórico. No ranking dos países que mais receberam recursos, o destaque segue sendo a China, que foi o destino de cerca de um quinto de todo o dinheiro encaminhado para fontes renováveis, US$ 54,4 bilhões.
Segundo o documento, 90% de todos os investimentos foram para países do G20. A União Europeia, se for considerada como um único destino, ficaria em primeiro lugar com US$ 94 bilhões, sendo a Alemanha e a Itália os grandes destaques, com US$ 41,2 bilhões e US$ 13,9 bilhões respectivamente.
A capacidade instalada mundial de renováveis, destaca o relatório, está em 388 GW, com 40 GW em eólicas e 17 GW de solares tendo sido adicionadas no ano passado. O relatório foi produzido com base em dados de 2010, portanto ainda não leva em conta os efeitos da recente crise nuclear. Por isso, é bem provável que o recorde histórico nos investimentos em energias limpas alcançado no ano passado seja ultrapassado com facilidade em 2011. (ambienteenergia)

Energia Renovável da água

A água
Toda energia proveniente da água é renovável.
A matriz energética brasileira é baseada predominantemente na geração de energia hídrica, mais de 90% do total gerado e consumido, ou seja, a maior matriz energética brasileira é a água.
Mas ao contrário do que muitos pensam, da água não se produz somente energia hidráulica. São muitas as formas de se gerar energia através desta fonte permanente.
Energia Maremotriz
A energia dos mares é a energia que se obtém a partir do movimento das ondas, a das marés ou da diferença de temperatura entre os níveis da água do mar. Ocorre devido à força gravitacional entre a Lua, a Terra e o Sol, que causam as marés, ou seja, a diferença de altura média dos mares de acordo com a posição relativa entre estes três astros. Esta diferença de altura pode ser explorada em locais estratégicos como os golfos, baías estuários que utilizam turbinas hidráulicas na circulação natural da água, junto com os mecanismos de canalização e de depósito, para avançar sobre um eixo.
Através da sua ligação a um alternador, o sistema pode ser usado para a geração de eletricidade, transformando, assim, a energia das marés, em energia elétrica, uma energia mais útil e aproveitável.
A energia das marés tem a qualidade de ser renovável como fonte de energia primária não está esgotada pela sua exploração e, é limpa, uma vez que, na transformação de energia não produz poluente derivados na fase operacional. No entanto, a relação entre a quantidade de energia que pode ser obtida com os atuais meios econômicos e os custos e o impacto ambiental da instalação de dispositivos para o seu processo impediram uma notável proliferação deste tipo de energia.
Outras formas de extrair energia a partir da energia das ondas oceânicas são, a energia produzida pelo movimento das ondas do oceano e de energia devido ao gradiente térmico, que faz uma diferença de temperatura entre as águas superficiais e profundas do oceano.
Energia das Ondas
A energia das ondas, provém do aproveitamento das ondas oceânicas. É uma energia "limpa", isto é, sem quaisquer custos para o ambiente.
A instalação de equipamentos técnicos capazes de gerar este tipo de energia ocorreu pela primeira vez em Portugal no ano de 2008, no Parque de Ondas da Aguçadoura, a cerca de três milhas náuticas da Póvoa de Varzim.
Na evolução dinâmica das indústrias de energia renováveis a energia das ondas está a emergir. A tecnologia é relativamente nova e atualmente ainda não é economicamente competitiva com outras tecnologias mais maduras como o caso da energia eólica, no entanto o interesse por parte dos governos e da indústria continua a crescer sendo preponderante o fato das ondas possuírem elevada densidade energética, que é a maior dos recursos renováveis.
Energia Azul
Energia azul é a energia obtida da diferença de concentração de sal entre a água do mar e a do rio com o uso de eletrodiálise reversa (ou osmose) com membranas específicas para cada tipo de íons. O resíduo deste processo, é água salobra.
A tecnologia de EDR foi confirmada em condições laboratoriais. Como em outras tecnologias, o custo da membrana foi um obstáculo. Uma membrana nova e mais barata, baseada em polietileno eletricamente modificado, permitiu seu uso comercial.
Com isso a energia azul, é considerada mais uma das novas energias que no futuro, quando se esgotarem as energias não-renováveis, nos trará energia. Quando um rio despeja suas águas no oceano, há uma liberação gigantesca de energia. Coloca-se uma membrana entre dois reservatórios, um com água doce e outro com água do mar. Ela é capaz de reter íons de sal, mas não a água, gerando um fluxo de água em direção à água salgada. Aplica-se uma pressão maior na água salgada, invertendo este processo. A água do mar tem dois tipos diferentes de pequenos componentes: íons do sódio e íons de cloreto, positivos e negativos. E cada conjunto tem dois tipos de membrana. Um deixa passar apenas o íon positivo e outro somente o íon negativo.
Imagine-se entre as minhas mãos a água de mar, o íon positivo passa através desta membrana e o íon negativo passa através desta membrana. Temos um circuito eléctrico, entre a água salgada e a água doce, de cada lado das duas membranas.
Energia Geotérmica
A energia geotérmica é a energia do interior da Terra. A geotermia consiste no aproveitamento de águas quentes e vapores para a produção de eletricidade e calor.
Exemplo: central geotérmica da Ribeira Grande (Açores).
Parte do calor interno da Terra (5.000 °C) chega à crosta terrestre. Em algumas áreas do planeta, próximas à superfície, as águas subterrâneas podem atingir temperaturas de ebulição, e, dessa forma, servir para impulsionar turbinas para eletricidade ou aquecimento. A energia geotérmica é aquela que pode ser obtida pelo homem através do calor dentro da terra. O calor dentro da terra ocorre devido a vários fatores, entre eles o gradiente geotérmico e o calor radiogênico. Geotérmica provém do grego geo, "Terra" e Thermo, "calor", literalmente "calor da Terra".
Energia Hídrica – Hidráulica
A energia hidráulica ou energia hídrica é a energia obtida a partir da energia potencial de uma massa de água. A forma na qual ela se manifesta na natureza é nos fluxos de água, como rios e lagos e pode ser aproveitada por meio de um desnível ou queda d'água. Pode ser convertida na forma de energia mecânica (rotação de um eixo) através de turbinas hidráulicas ou moinhos de água. As turbinas por sua vez podem ser usadas como acionamento de um equipamento industrial, como um compressor, ou de um gerador elétrico, com a finalidade de prover energia elétrica para uma rede de energia.
É necessário que haja um fluxo de água para que a energia seja gerada de forma contínua no tempo, por isto embora se possa usar qualquer reservatório de água, como um lago, deve haver um suprimento de água ao lago, caso contrário haverá redução do nível e com o tempo a diminuição da potência gerada. As represas são nada mais que lagos artificiais, construídos num rio, permitindo a geração contínua.
As represas podem ser importantes, pois caso a água fosse coletada diretamente de um rio, na medida em que houvesse uma redução da vazão do rio, como em uma época de estiagem, haveria redução da potência gerada. Assim com a formação de um lago, nas épocas de estiagem pode-se usar a água armazenada, e se este for suficientemente grande poderá atender a um período de estiagem de vários meses ou mesmo plurianual.
Um rio não é percorrido pela mesma quantidade de água durante o ano inteiro. Em uma estação chuvosa, é claro, a quantidade de água aumenta. Para aproveitar ao máximo as possibilidades de fornecimento de energia de um rio, deve-se regularizar-se a sua vazão, a fim de que a usina possa funcionar continuamente com toda a potência instalada.
A vazão de água é regularizada pela construção de lagos artificiais. Uma represa, construída de material muito resistente - pedra, terra, frequentemente cimento armado-, fecha o vale pelo qual corre o rio. As águas param e formam o lago artificial. Dele pode-se tirar água quando o rio está baixo ou mesmo seco, obtendo-se assim uma vazão constante.
A construção de represas quase sempre constitui uma grande empreitada da engenharia civil. Os paredões, de tamanho gigante, devem resistir às extraordinárias forças exercidas pelas águas que ela deve conter. Às vezes, têm que suportar ainda a pressão das paredes rochosas da montanha em que se apoiam.
Para diminuir o efeito das dilatações e contrações devidas às mudanças de temperatura, a construção é feita em diversos blocos, separados por juntas de dilatação. Quando a represa está concluída, em sua massa são colocados termômetros capazes de transmitir a medida da temperatura a distância; eles registram as diferenças de temperatura que se possam verificar entre um ponto e outro do paredão e indicam se há perigo de ocorrerem tensões que provoquem fendas.
Itaipu
O nome "Itaipu" foi tirado de uma ilha que existia perto do local de construção. No idioma guarani, Itaipu significa "o som de uma pedra". O compositor estadunidense Philip Glass também escreveu uma cantata sinfônica em nome de Itaipu, em honra da sua estrutura.
Itaipu Binacional é a empresa que gerencia a maior usina hidrelétrica em funcionamento e em capacidade de geração de energia no mundo. É uma empresa binacional construída pelo Brasil e pelo Paraguai no rio Paraná, no trecho de fronteira entre os dois países, 15 km ao norte da Ponte da Amizade. O projeto vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, no sul, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte. A capacidade instalada de geração da usina é de 14 GW, com 20 unidades geradoras fornecendo 700 MW cada. No ano de 2008, a usina geradora atingiu o seu recorde de produção, com 94,68 bilhões de quilowatts-hora (kWh), fornecendo 90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida pelo Brasil.
No dia 14 de outubro de 1978 foi aberto o canal de desvio do rio Paraná, que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. Que começou a alagar.
Outro marco importante, na área diplomática, foi a assinatura do Acordo Tripartite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em 19 de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do Rio Paraná desde as Sete Quedas até a foz do Rio da Prata. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época, quando os três países eram governados por ditaduras militares, havia o temor que o Brasil em um eventual conflito com a Argentina, abrisse completamente as comportas de Itaipu, inundando a cidade de Buenos Aires.
Lago formado pela construção de Itaipu. O reservatório da usina começou a ser formado em 12 de outubro de 1982, quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época.
Quando a construção da barragem começou, cerca de 10.000 famílias que viviam às margens do rio Paraná foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Muitas dessas famílias se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe da confluência dos rios Iguaçu e Paraná. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o MST ou Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Nos 170 quilômetros de extensão, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, o Reservatório de Itaipu atinge áreas de 16 municípios, dos quais 15 no estado do Paraná e um no Mato Grosso do Sul. Como compensação, Itaipu paga royalties a esses municípios, proporcionalmente à área de terra alagada. Desde 1985, a Itaipu pagou ao Brasil mais de US$ 3,35 bilhões em royalties.
No Paraguai, a compensação é repassada integralmente ao Tesouro Nacional. No Brasil, 45% da compensação é repassada aos Estados, 45% aos municípios e 10% para órgãos federais, de acordo com a Lei dos Royalties, em vigor desde 1991.
A Usina de Itaipu faz parte da lista das Sete maravilhas do Mundo Moderno, elaborada em 1995 pela revista Popular Mechanics, dos Estados Unidos. Esta lista foi feita com base numa pesquisa realizada pela Associação Norte-Americana de Engenheiros Civis (Asce) entre engenheiros dos mais diversos países. (energiaxmeioambiente)

Realidade das fontes alternativas de energia

Fontes alternativas de energia ainda são realidade distante para maioria dos países
Durante a conferência do clima em Bonn, que terminou em 17 de junho, órgãos de peso como o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) vieram preparados para provar que está mais fácil investir em energias renováveis. O discurso da secretária-executiva da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), Christiana Figueres, também segue o tom: “O mercado está ficando mais competitivo, está ficando mais barato para os países, o que é uma ótima notícia”.
A poderosa arma para evitar a elevação da temperatura global a um nível ameaçador, no entanto, permanece ponto constrangedor para muitos países – incluindo o Brasil. “Estamos longe ainda desse caminho em busca de fontes alternativas. Trata-se de uma questão de custo-eficiência. Ainda é muito caro para países como o Brasil investir em turbinas eólicas, por exemplo. É preciso mais competitividade porque, no final, o consumidor também não quer pagar uma conta mais alta de energia”, avalia Thelma Krug, pesquisadora do Inpe e integrante do IPCC, em conversa com a Deutsche Welle.
Sobra ao país o tradicional modelo de geração elétrica: as hidrelétricas, também consideradas fonte limpa, embora seus impactos ambientais e humanos as transformem em alvo de críticas. E o embate em torno da construção de Belo Monte evidencia a lógica política consagrada no Brasil. Abandonar um modelo conhecido e eficiente, como é o caso das hidrelétricas brasileiras, e canalizar recursos para a energia eólica, por exemplo, seria um sacrifício financeiro que beira a aventura.
Não trocar o antigo pelo duvidoso
A cientista e negociadora climática que acompanha a conferência em Bonn conheceu de perto a engrenagem que move o governo brasileiro. Krug foi secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente na época de Marina Silva e, por suas mãos, também passou a “polêmica pasta” da usina hidrelétrica que acaba de ganhar licença para ser construída.
Thelma Krug acredita que a visão desenvolvimentista da atual presidente, Dilma Rousseff, segue o preceito de que, custe o que custar, o país não irá sofrer com a falta de energia elétrica. Afinal, o país tem planos de continuar crescendo a taxas superiores a 4% por ano e, para tanto, precisa produzir mais – e consumir mais eletricidade. “E chega uma hora em que o governo não pode mais ficar adiando uma decisão. Veja quanto tempo já dura a discussão sobre Belo Monte”, pondera a pesquisadora, cautelosa.
Depois da experiência no ministério e da supervisão da seção que cuidava dos licenciamentos ambientais, a ex-secretária de Mudanças Climáticas afirma que a legislação ambiental brasileira “não é um estímulo para investidores”. Antes de executar um projeto, o empreendedor precisa apresentar extensos relatórios – e que a pressão por todos os lados existe – e não é pequena, afirma.
“Pelo menos na época de Marina Silva, que é muito justa, muito honesta e cuidadosa, o padrão de exigência era altíssimo. Eu não sei se a cobrança sobre o empreendedor continua do mesmo jeito”, revela Krug.
Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca que o potencial hidrelétrico brasileiro, estimado em mais de 200 mil MW, e o baixo custo médio da geração não deixam dúvidas de que esse é o caminho a ser seguido. Já as estimativas indicam que o Brasil tem um potencial eólico que varia entre 20 mil MW e 60 mil MW, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
“Custe o que custar”
Enquanto o governo de Rousseff leva a cabo a missão de colocar em funcionamento as futuras turbinas de Belo Monte, o Ministério Público Federal do Pará entrou com a 11ª ação contra a usina, indicando novos problemas no processo de licenciamento ambiental.
“Vários setores do próprio governo dizem que o Ministério Público Federal tem uma postura ideológica contra Belo Monte. Nós discordamos completamente. Fazemos uma análise técnico-jurídica da questão”, disse à Deutsche Welle o procurador Cláudio Terre do Amaral, que também assina a ação civil pública. “Não estamos em hipótese alguma pedindo para que Belo Monte não seja construída. Pedimos ao juiz para que não emita a licença de instalação enquanto todas as condicionantes não forem cumpridas.”
Segundo o parecer técnico do próprio Ibama sobre as obras preparatórias, 40% das condicionantes não foram cumpridas pela Norte Energia S.A., concessionária responsável pelo empreendimento. Trata-se de obras referentes à infraestrutura das cidades vizinhas à usina em diversas áreas, como saúde, educação e saneamento – além da questão indígena.
A construção da hidrelétrica no rio Xingu deve começar já no segundo semestre de 2011. A previsão é que a primeira turbina entre em funcionamento em 2015 e a usina esteja concluída em 2019. (EcoDebate)

A hora e a vez das energias renováveis

O desastre nuclear de Fukushima abriu caminho para uma reavaliação do papel da energia nuclear no mundo e de outras opções para produção de energia que poderão substituí-la. Essas opções não serão as mesmas em todos os países.
O Japão decidiu dar ênfase maior à eficiência energética, apesar de o país ser muito eficiente; a Alemanha, à energia dos ventos (eólica); e a Suécia, à biomassa. Gás natural será também usado como fonte de energia num período de transição, até que outras energias renováveis – como a captação direta de energia solar – se tornem competitivas.
Nesse contexto, o Brasil encontra-se em posição privilegiada, com boa parte do seu potencial hidrelétrico ainda inexplorado e, sobretudo, com o uso da biomassa, que em nosso país significa etanol da cana-de-açúcar na Região Sudeste e produção de eletricidade.
No que se refere à hidreletricidade, quer em pequenas centrais hidrelétricas ou em grandes empreendimentos, o que tem impedido a sua expansão é uma combinação de projetos mal formulados pelos empreendedores e um comportamento passivo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) fez, com grande atraso, o levantamento de pelo menos 20 empreendimentos hidrelétricos em várias regiões do País, incluindo a Amazônia, com potencia total de 32 milhões de quilowatts. Há cerca de 16 milhões de quilowatts disponíveis na Amazônia, além de Belo Monte. São locais onde é possível construir hidrelétricas de porte médio, de 500 a 1.000 megawatts, que não causarão grandes impactos ambientais.
Seria importante analisar se nesses locais não se poderiam também prever reservatórios que regularizassem o curso dos rios e armazenassem água para os períodos secos. Um dos grandes problemas do setor elétrico brasileiro – a principal causa do desastroso racionamento de 2001 – se deve ao fato de que, desde 1986, as usinas hidrelétricas construídas no País não têm reservatórios para evitar o alagamento de áreas ribeirinhas.
No que se refere às pequenas centrais hidrelétricas – existem centenas no País que deveriam ser aproveitadas -, é indispensável que o IBAMA adote um método de licenciamento simplificado e deixe de tratá-las como se fossem grandes empreendimentos. Mais ainda, os órgãos licenciadores deveriam ser mais proativos, ajudando os empreendedores a melhorar os seus projetos, já que esses órgãos (nos Estados e em Brasília) são os que têm melhores técnicos. Uma maior cooperação do Ministério Público também ajudaria, o que significa mais diálogo entre os diversos atores envolvidos.
Na área de cana-de-açúcar, grandes progressos podem ser feitos para manter na matriz energética uma grande parcela de renováveis, tanto na produção de álcool como na produção de eletricidade.
Atualmente, metade da gasolina que se consumiria no País, se o programa do álcool não existisse, já foi substituída por etanol, mas é preciso progredir mais nesse sentido. Graças à introdução dos automóveis “flexfuel”, em 2003, mais de 90% dos carros novos são desse tipo e, a prosseguir essa tendência, o álcool substituirá 80% ou 90% da gasolina até o ano 2020. Isso ajudará muito para que o governo do Estado atinja as metas que adotou com a finalidade de reduzir as emissões de gases que causam o aquecimento global em 20% até 2020, em comparação com o ano de 2005. A vantagem adicional, nesse caso, é que a substituição de gasolina e óleo diesel por etanol melhora também a qualidade do ar nas grandes metrópoles, porque o etanol da cana-de-açúcar não contém as impurezas que se encontram nos derivados de petróleo.
No que se refere a São Paulo, vale lembrar que boa parte da frota de automóveis que circula na cidade é antiga. O que caberia, aqui, são medidas da Prefeitura para “aposentar” os carros mais antigos e encorajar a sua substituição por automóveis “flexfuel”. Essa estratégia tem sido usada em outros países onde se usa gasolina para modernizar a frota circulante: os carros mais modernos são mais eficientes e consomem menos combustível por quilômetro rodado.
“Modernizar” a frota com carros “flexfuel” tem uma vantagem adicional: o etanol é um combustível renovável, de modo que o resultado que se deseja, que é o de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, é alcançado mais rapidamente. A modernização pode ser encorajada reduzindo o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) dos carros “flexfuel” e auxiliando proprietários de veículos antigos a trocá-los por novos com financiamentos atraentes. Em alguns países o governo compra os veículos antigos para sucateá-los.
Acelerar o aumento da frota “flexfuel” de automóveis teria a vantagem adicional de fazer crescer o consumo de álcool e ajudar o setor produtivo a superar as dificuldades que tem atravessado nos últimos anos. Com o aumento da produção de etanol, aumentaria também a quantidade de bagaço disponível para gerar eletricidade, o que complementaria a geração hidrelétrica.
Finalmente, no que se refere à utilização de energia eólica para a produção de eletricidade, os leilões realizados para esse tipo de energia têm levado a uma redução dos preços da energia produzida. Com isso a participação da energia eólica deve aumentar muito até 2020. Como reconhece agora a EPE no seu novo Plano Decenal de Expansão de Energia. A intermitência dos ventos, que era considerada um problema, foi totalmente superada pelas tecnologias modernas. Só para dar um exemplo, o sistema elétrico da Espanha tem cerca de 20 mil fontes de energia (a maioria proveniente de pequenos grupos de energia eólica) e funciona muito satisfatoriamente.
Não é por falta de opções que poderia ocorrer uma crise de energia no País. (EcoDebate)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Software reduz perdas de energia

O engenheiro de automação José Federico Vizcaino González desenvolveu técnicas alternativas de otimização combinatória com o objetivo de reduzir perdas técnicas e melhorar as condições de operação de sistemas de distribuição de energia elétrica. Um dos resultados foi a criação de um software chamado Aloccap, o qual, após análise da rede, propõe a diminuição de fluxos de energia reativa através da instalação e controle de bancos de capacitores, conseguindo assim uma redução considerável nas perdas técnicas, sem a necessidade de grandes intervenções. Estimativas indicam que as concessionárias brasileiras perdem em média 19% da energia gerada (5% na transmissão e 14% na distribuição), índice considerado excessivo, uma vez que em outros países esse número está bem abaixo disso (11% na Rússia e 4,5% na Suécia).
Certamente, de acordo com o autor, a predominância da geração hidrelétrica no Brasil influencia muito porque as usinas estão muito afastadas dos grandes centros consumidores. O trabalho resultou na tese de doutorado de González, orientado pelo professor Christiano Lyra Filho, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) e coorientada pelo pesquisador colaborador Celso Cavellucci.
De acordo com o autor da tese, a pesquisa foi focada mais diretamente na redução de perdas por gestão de reativos. Existem, segundo ele, várias alternativas de redução de perdas, desde intervenções físicas na rede, como balanceamento de alimentadores, troca de equipamentos e cabos. E outras que se utilizam de equipamentos para reconfigurar a rede, alterando o estado de chaves existentes, para que a energia vá por um caminho de menor perda.
Com relação à gestão de reativos, aloca-se um dispositivo chamado banco de capacitores para diminuir o fluxo de reativos. Energia reativa é aquela que não produz trabalho – armazenada, ela é devolvida para a fonte a cada ciclo de corrente alternada. Ela é utilizada para produzir os campos elétrico e magnético necessários para o funcionamento de cargas indutivas e capacitivas. Computadores, motores elétricos de indução, lâmpadas econômicas e fluorescentes, dentre outros, estão entre estes tipos de cargas. Hoje em dia, o aumento desse tipo de carga faz com que aumente a quantidade de consumo de reativos nas redes.
E de onde vem essa energia reativa? Da geração passa para a distribuição – a partir das subestações até os pontos de consumo – e, nesse caminho, acaba por gerar perdas. Quando se instala um banco de capacitores na rede, é como se instalasse uma fonte de reativos próxima às cargas. A solução trivial para esse problema seria, em cada ponto de rede que tem consumo, alocar um banco de capacitores de potência igual à consumida por aquela carga. Só que isso não é possível, porque seria economicamente inviável.
Existem bancos de capacitores fixos e automáticos, ou variáveis. Os bancos fixos injetam uma quantidade de reativos durante o período de funcionamento. Os automáticos podem injetar valores diferentes de reativos capacitivos, de acordo com o controle selecionado. Esse controle pode ser por tempo, corrente ou fator de potência. “A experiência com estudos de casos mostra que, utilizando técnicas adequadas de redução de reativos, as perdas podem ser reduzidas em até 20%”, assegurou González.
Através da realização do estudo com o software desenvolvido na tese, verifica-se o local onde o banco poderá ser instalado, analisa-se a relação custo x benefício, quanto custam os bancos que serão alocados e o quanto isso traz de redução em termos de perdas. Por exemplo, se existem 10 mil pontos de consumo com reativo e disponíveis apenas 10 bancos de capacitores para alocação, é fundamental escolher quais são as 10 melhores opções para alocar aqueles recursos e trazer o máximo de retorno possível.
Entre os métodos desenvolvidos para essa alocação, existe um chamado de algoritmo genético híbrido que está licenciado para a Fundação CPqD para comercialização (software Aloccap). Além disso, tem um problema complementar que é de regulação de tensão. Para a maioria das redes, a colocação de bancos de capacitores em locais adequados leva a melhoria dos níveis de tensão. Por exemplo, se um consumidor reclama para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que o nível de tensão está abaixo dos 95% exigidos, colocando um banco de capacitores ¬ se o problema for consequência de excesso de reativos ¬ aumenta a tensão e resolve a situação. Só que, em alguns casos, o problema não é de reativos e, mesmo reduzindo-os, a tensão continua baixa, porque a rede está mal projetada e os condutores não são adequados. Para esses casos, a pesquisa desenvolveu uma metodologia para definir as melhores localizações de reguladores de tensão.
O regulador de tensão – basicamente um auto-transformador – consegue elevar o nível de tensão desses pontos para a frente. O desafio é encontrar o melhor lugar para alocar o equipamento, visando atender todos os pontos de consumo daquela rede de forma tal que os que tinham a restrição não tenham mais.
Software – Um dos algoritmos desenvolvidos e que aparece dentro do trabalho foi fruto de um projeto de P&D com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Após a certificação de que os resultados eram muito bons, foi estabelecido um convênio entre CPFL, Unicamp e o CPqD para licenciar o software Aloccap e comercializá-lo com outras empresas do setor, ou seja, é um projeto que tem aplicação prática.
As empresas têm bancos de dados geralmente georeferenciados. Cada transformador, na rede primária, é um ponto de consumo. Com esses dados, ela roda o programa e tem uma resposta. Geralmente são problemas que não têm a ver com a operação do sistema. É um problema de planejamento. O software desenvolvido por González faz um estudo sobre a rede, verifica os problemas e propõe a alocação dos bancos de capacitores de acordo com a necessidade. “A partir do conhecimento de qual o fluxo de carga, a tensão e o fator de potência, usando o software é determinado o melhor local para alocar os bancos de capacitores”, disse. (ambienteenergia)

Plano Decenal de Energia

Plano Decenal de Energia: soluções sustentáveis em alta
O Brasil deve ter pelo menos mais 30 usinas hidrelétricas até 2020, que vão gerar cerca de 19 mil megawatts (MW) de energia. Dessas, seis já foram autorizadas e devem entrar em operação a partir de 2018. Vinte e quatro ainda dependem de autorização e têm previsão de começar a funcionar a partir de 2016. A previsão está no Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 (PDE), divulgado em 03/06/11, pelo Ministério de Minas e Energia.
O documento prevê o planejamento energético do país até 2020 e serve para orientar as decisões do governo no atendimento ao crescimento da demanda e à necessidade de infraestrutura para o setor. O texto será submetido à consulta pública até o dia 1º de julho.
Segundo o PDE, entre 2010 e 2020 a taxa média de crescimento do consumo de energia elétrica será de 4,6% ao ano. Para a expansão da geração de energia serão necessários, entre 2011 e 2020, investimentos de R$ 190 bilhões. Desse total, R$ 100 bilhões são referentes a investimentos em novas usinas – 55% em hidrelétricas e 45% no conjunto de outras fontes renováveis, como pequenas centrais hidrelétricas, usinas movidas a biomassa ou usinas eólicas. Para a transmissão de energia, os investimentos totais entre 2011 e 2020 devem ser de cerca de R$ 46,4 bilhões, sendo R$ 30 bilhões em linhas de transmissão e R$ 16,4 bilhões em subestações.
A demanda total de etanol projetada para 2020 é de 73,3 bilhões de litros. Para atender a essa demanda será necessária a expansão da capacidade industrial atual, tanto com o aumento da produção nas usinas já existentes quanto na construção de novas. De acordo com o PDE, a estimativa dos investimentos necessários é de cerca de R$ 90 bilhões até 2020. “É importante destacar que, para o atendimento da demanda no médio prazo, é necessária a retomada dos investimentos em toda a cadeia produtiva, que foram significativamente reduzidos nos últimos anos, além de problemas climáticos (estiagem) em 2010 e alta do preço do açúcar no mercado internacional”, aponta o estudo.
O plano prevê como desafio para o setor energético a viabilização desse conjunto de projetos de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. Também destaca a necessidade de atender aspectos socioambientais nos projetos de geração de energia. “Isto é, fazer com que a estratégia de expansão da oferta de energia se mostre, a cada ciclo de planejamento, mais sustentável, sendo capaz de atender os objetivos setoriais em consonância com os propósitos de preservação do meio ambiente”, diz o documento. (ambienteenergia)

Transmissão de energia a longas distâncias

Transmissão a longas distâncias no Brasil e na China: desafios em comum
O tema transmissão a longas distâncias foi abordado de forma ampla e minuciosa no seminário “Alternativas Não-Convencionais para a Transmissão de Energia Elétrica em Longas Distâncias”, realizado em fevereiro, na Universidade de Brasília, como parte de um projeto de P&D institucional da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na chamada pública para este projeto de P&D institucional, a Eletrobras Eletronorte ficou com a coordenação do mesmo. Este seminário contou com uma audiência de mais de 300 técnicos do setor elétrico, entre os quais engenheiros da Eletrobras e de suas subsidiárias. O encontro contou ainda com apresentações bastante detalhadas de representantes da State Grid Corporation of China (SGCC), que trouxeram números impressionantes sobre o setor elétrico chinês.
Estas apresentações ressaltaram que, atualmente, a potência instalada em todo o sistema elétrico chinês é cerca de nove vezes a potência instalada no Brasil: cerca de 980 gigawatts (GW), contra 110-115 GW no Brasil. Pelo planejamento da expansão da SGCC, será necessário dobrar esse número até 2020. Isso significa colocar em funcionamento, a cada ano, uma capacidade instalada praticamente igual à capacidade total de geração existente em nosso SIN (Sistema Interligado Nacional).
Assim como no Brasil, também na China os potenciais de geração ainda a serem explorados estão distribuídos de forma desequilibrada pelo território. Na China, as grandes reservas de carvão mineral situam-se ao norte do país, na região próxima à Mongólia. Já o grande potencial hidrelétrico a ser explorado encontra-se na região sudoeste, onde estão as cadeias de montanhas da cordilheira do Himalaia. Os rios que ali nascem fazem da China o país de maior potencial hidrelétrico do mundo.
Cabe destacar que hoje em dia a base da geração elétrica na China é de termelétricas a carvão, e terá que continuar assim pelo menos na próxima década, por mais que ocorra crescimento da participação de fontes de energia renováveis, como hidrelétricas e eólicas, na matriz elétrica chinesa. Quanto a fontes de geração eólica, a China atualmente é o país que tem a maior capacidade de geração instalada no mundo, e o que coloca em operação o maior número de novas plantas eólicas por ano. Por outro lado, os grandes centros de carga na China situam-se na região leste do país, ao longo da costa do mar da China (Pequim, Xangai e Hong-Kong) e em partes da região central.
Em função dessas características territoriais e da necessidade de grande crescimento da capacidade instalada, a taxas anuais muito elevadas, não há outra alternativa para a expansão do sistema de transmissão chinês a não ser a utilização das novas tecnologias de UAT (ultra-alta tensão): em corrente alternada – acima de 1.000 kV – ou em corrente contínua – igual ou acima de 800 kV. Isso porque essas tecnologias têm uma capacidade significativamente maior para transmitir grandes blocos de potência a longas distâncias do que as alternativas convencionais de transmissão (seja em corrente alternada, seja em corrente contínua).
No Brasil, há grandes semelhanças com as características territoriais do sistema elétrico chinês (distribuição desequilibrada entre os potenciais de geração – na Amazônia legal ao norte – e os grandes centros de carga – ao longo do litoral). A necessidade de crescimento da capacidade instalada, a taxas também altas, é outra semelhança. O aproveitamento do grande potencial hidrelétrico existente na Amazônia poderá ensejar alternativas muito atrativas de expansão da transmissão com o emprego da tecnologia de UAT (seja em corrente alternada, seja em corrente contínua). O emprego da tecnologia de UAT é interessante sob os pontos de vista técnico, econômico e ambiental (já que a supressão da vegetação é significativamente menor que nas tecnologias de transmissão convencionais, quando considerado o transporte de uma mesma quantidade elevada de potência).
Pela necessidade apontada de grande expansão do sistema de transmissão da China, esse país já dispõe atualmente de conhecimentos e domínio tecnológico amplo quanto à tecnologia de transmissão em UAT, tendo inclusive colocado recentemente em operação grandes sistemas como projetos-piloto. O Brasil pode se beneficiar de uma cooperação técnica nesse campo de conhecimento. Por outro lado, a China está interessada em uma cooperação técnica com o Brasil na tecnologia de transmissão não convencional chamada de “meia onda +” (linha de transmissão em corrente alternada com cerca de 2,5 mil km ponto a ponto, o que é impossível de se conseguir com a tecnologia convencional de transmissão em corrente alternada em extra alta tensão – até 800 kV, ou mesmo em UAT – acima de 1.000 kV).
O seminário também abordou aspectos técnicos da transmissão em corrente contínua multiterminal, considerada não convencional, e bem mais complexa do ponto de vista tecnológico do que a transmissão em corrente contínua ponto a ponto (convencional). Nesse tema, o SGCC também propõe ao Brasil cooperação técnica para o desenvolvimento do conhecimento quanto a sistemas em corrente contínua multiterminal, para integração do potencial hidrelétrico da Amazônia.
Também foram apresentadas, ao longo do seminário, outras tecnologias de transmissão consideradas ão-convencionais, abordando-se para cada tecnologia os desafios tecnológicos atuais e futuros, além das vantagens/desvantagens de cada uma delas, como:
a) o sistema em meia onda +;
b) sistemas hexafásicos (sistemas constituídos de 6 fases, derivadas do sistema trifásico existente, para ensejar maior possibilidade de compactação e consequente redução de custos);
c) aplicação de supercondutividade na transmissão de energia elétrica (não aplicável a grandes distâncias, mas para zonas de alta urbanização e de alto custo do terreno);
d) armazenamento de energia elétrica sob a forma de gás hidrogênio (a partir de utilização de energia de vertimento do SIN em plantas de eletrólise para produção, armazenamento e transporte de gás hidrogênio, para posterior utilização em células combustíveis, produzindo novamente eletricidade), sendo esta tecnologia uma opção tecnicamente já viável, mas de custo ainda muito elevado;
e) transmissão em corrente contínua utilizando a tecnologia não convencional VSC (Voltage Source Converter). Esta tecnologia já está disponível no mercado mundial, mas apresenta ainda custos mais elevados e maiores perdas por efeito Joule;
f) transmissão em corrente alternada segmentada por dispositivos de eletrônica de potência do tipo FACTS (Flexible Alternate Current Transmission Systems). (ambienteenergia)

Energia que nos escraviza

Podemos viver sem a energia que nos escraviza?
Nos tempos primitivos, os povos mais fortes subjugavam os seus vizinhos fracos para aprisionar indivíduos que, em troca da vida, executassem serviços braçais, provendo aos senhores o conforto de executar um serviço pesado sem despender esforço. Na visão dos vencedores, pelo simples fato de terem perdido a batalha, os capturados eram considerados inferiores e, portanto, destinados a servir aos captores. Era a execução de um perfil instintivo, a serventia da força muscular alheia – a escravidão.
Em certos animais, como ocorre com algumas espécies de insetos, ainda prevalece essa índole que faz parte do instinto maior da sobrevivência. Com o advento no animal humano do potencial da inteligência, tal procedimento não deveria ter justificativa moral. Contudo, a escravatura ainda perdurou durante muito tempo por atender aos interesses egoísticos de quem possuía o poder para tal. Mas sempre sob o entendimento moral e religioso de que o escravo era um ser inferior sem alma, tal como nosso subconsciente justifica nos dias atuais o trabalho escravo do cavalo na carroça ou o do boi na tração do arado.
Mesmo com o surgimento dos primeiros instrumentos facilitadores do lida humano, ainda era largamente utilizada a escravatura por se constituir em uso de esforço alheio mais barato e tratar-se de procedimento já inserido como normal na cultura da época.
Com o advento de máquinas operatrizes cada vez mais eficientes, passou-se a utilizar um executor mais barato ainda, a força motriz do carvão mineral, que era um escravo manso, abundante, de fácil extração, inteiramente aceito e justificável pelos cânones da vivência incipiente da era industrial. O objetivo era o mesmo: não despender esforço físico na execução de um trabalho e acelerar o ritmo produtivo, aumentando o lucro.
Com a adesão universal à utilização do petróleo, em meados do século XIX, o processo industrial teve um incremento muito grande e passou a ser o tipo de servidão mais usado, pois movia praticamente todas as coisas e redundava em conforto físico e rapidez à atividade econômica humana. Ganhava-se mais e mais depressa, e o enriquecimento trazia o poder, e se tornou o ideal de vida.
Dessa forma, o ‘ouro negro’ entrou com grandes poderes na composição dos valores culturais da moderna civilização. De tal forma que, nestes tempos, está moldando a geografia social e política do mundo aos interesses do sistema econômico, cujo deus concreto e visível é o dinheiro.
No fim do mesmo século, foram idealizadas e construídas as usinas hidroelétricas, com os mesmos objetivos, aumentando consideravelmente a disponibilidade de força escravizada. Por fim, para atender à fome insaciável de escravos para o sistema econômico, procedeu-se à violação insana do sacrário das forças cósmicas: o átomo. Um louco não mede consequências; só lhe interessa o imediatismo. O mundo está atualmente nas mãos de loucos que se dizem governantes.
Atualmente exploramos diversas fontes de força: as fósseis, as hidráulicas, eólicas, químicas, nucleares, que são escravos que nos retribuem como consequência abundantes venenos ambientais e a inaptidão do animal humano para os labores da vida. Inaptidão pelo não uso das ferramentas próprias e adequadas para o exercício não predatório da vivência no ex-paraíso terrestre.
Energia é força. É escravo posto a produzir lucros ao sistema, ao tempo em que destrói direta e indiretamente nosso ambiente pela rapidez e pelas consequências de sua utilização muito acima da disponibilidade terrestre e de verdadeiras necessidades humanas.
Podemos perfeitamente viver sem energias cativas. As energias captadas pelo modernismo contraproducente atingiram tal vulto que a situação se inverteu: a atual civilização passou a ser cativa do seu escravo. Numa decisão revolucionária, em harmonia com um viver natural e sadio, podemos e devemos nos libertar dessas forças. Libertação racional e bem administrada para que não seja tumultuada a ordem social.
As consequências serão infinitamente favoráveis ao meio ambiente e à formação mental sadia das novas gerações. No princípio isso será doloroso e trará lacunas nos hábitos desnaturados à atual cultura tecnológica e artificial, mas esse é o preço do retorno do equivocado rumo de nossa atividade.
Alguém poderá estranhar essas considerações, qualificando-as de exageradas e fora da realidade. É bom que pensem assim, pois se tornam passíveis de perceber a verdadeira extensão da violência e desarranjo a que nos leva a ameaça ambiental, por certo muito mais dolorosa em futuro próximo que a renúncia preventiva, aqui sugerida.
Sem a coragem dessa reviravolta cultural, que parecerá inexequível à primeira vista, continuaremos sugando a Natureza para satisfazer interesses materialistas e supérfluos, redundando no final em destruição das condições básicas da biodiversidade.
Somente existe um tipo de energia do qual não podemos prescindir: o alimento. O sistema orgânico, pela ação do metabolismo, o transforma em força, disposição, harmonia, vida. Podemos e devemos nos desvencilhar da dependência das energias escravizadas – enquanto há tempo – pois elas próprias já nos estão tornando escravos indolentes dentro do sistema.
Hoje, um humano não sabe plantar um chuchu, mas sabe manusear um telefone celular. Quando tiver fome, seu alimento será um aparelho tecnológico? Será a gasolina, o etanol, a eletricidade, a radiação nuclear?
Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade. (EcoDebate)

Governo pressiona Estados por energia

Estudo do governo mostra como varia de 17% a 30% o ICMS sobre a eletricidade
Para pressionar os Estados a reduzir o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o governo está concluindo um levantamento mostrando que a tributação muda muito de uma unidade da Federação para outra. Rondônia, por exemplo, cobra no máximo 17% de seus consumidores residenciais. Já Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro aplicam uma taxação 30%.
Os técnicos investigam o que determina essa disparidade e buscam argumentos para defender uma tributação menor. Por exemplo: o Amapá não cobra ICMS na eletricidade das residências que consomem até 100 megawatts por hora (MWh) e, nas demais faixas de consumo, a alíquota é de 12%, a mais baixa do País. Já o vizinho Amazonas cobra 25% em todas as contas de luz.
Além do Amapá, mais cinco Estados (Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Roraima) dão isenção de ICMS para quem consumir até 100 megawatts por hora. Já Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina não dão isenção alguma.
O objetivo é tentar, ao menos, buscar um alinhamento nos níveis de tributação mais baixos, se não uma redução. O governo federal já indicou que pretende reduzir os próprios tributos incidentes sobre a conta de luz, como o PIS, a Cofins e vários outros encargos, num movimento simultâneo com o dos governadores.
Divergências
A redução do ICMS na eletricidade integra a lista de temas que o governo federal apresentou aos governadores, como parte das discussões da reforma tributária.
Os pontos de interesse, porém, não coincidem. Enquanto os Estados querem redução da taxa de juros de sua dívida com o Tesouro Nacional e uma participação maior na divisão do bolo tributário nacional por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o governo federal defende redução do ICMS cobrado na eletricidade, nas telecomunicações, nos combustíveis, nos remédios e nos alimentos da cesta básica. De parte a parte, os avanços são quase impossíveis.
Os governadores não querem nem ouvir falar em reduzir o ICMS sobre eletricidade, combustíveis e telefonia porque essas são as melhores fontes de arrecadação.
Em um Estado desenvolvido como São Paulo, elas respondem por um terço das receitas. Nas unidades da Federação com economia mais fraca, essas bases de tributação respondem por metade ou mais de tudo o que ingressa no caixa estadual. Eles reclamam que, antes de pedir a redução do ICMS, o governo poderia reduzir os tributos federais sobre a eletricidade.
Da parte do governo federal, argumenta-se que esse debate tem de ser feito em algum momento, pois o ICMS tem peso importante nas contas de luz. No entanto, ninguém acha que essa será uma discussão fácil. Os técnicos avaliam que há mais chances de avançar, num primeiro momento, na redução do ICMS sobre alimentos e sobre remédios, pois muitos governadores já têm programas nessa direção.
Mais pobres
A redução do ICMS sobre itens de consumo básico faz parte de uma diretriz da reforma tributária, que é reduzir a chamada tributação indireta (aquela que vem embutida nos preços e que pesa igualmente sobre as pessoas, independentemente da renda).
A avaliação é que a tributação indireta no Brasil é muito elevada e que ela torna o sistema injusto, pois as famílias mais pobres comprometem uma fatia maior de sua renda com o pagamento de tributos, em comparação com os mais ricos.
Segundo dados apresentados pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em seminário sobre a reforma tributária, os trabalhadores com renda de até dois salários mínimos comprometem 48% de sua renda em pagamentos de tributos. Enquanto isso, aqueles que ganham acima de 30 salários mínimos gastam 26%. (abrace.org.br)

Governo pressiona Estados por energia

Estudo do governo mostra como varia de 17% a 30% o ICMS sobre a eletricidade
Para pressionar os Estados a reduzir o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o governo está concluindo um levantamento mostrando que a tributação muda muito de uma unidade da Federação para outra. Rondônia, por exemplo, cobra no máximo 17% de seus consumidores residenciais. Já Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro aplicam uma taxação 30%.
Os técnicos investigam o que determina essa disparidade e buscam argumentos para defender uma tributação menor. Por exemplo: o Amapá não cobra ICMS na eletricidade das residências que consomem até 100 megawatts por hora (MWh) e, nas demais faixas de consumo, a alíquota é de 12%, a mais baixa do País. Já o vizinho Amazonas cobra 25% em todas as contas de luz.
Além do Amapá, mais cinco Estados (Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Roraima) dão isenção de ICMS para quem consumir até 100 megawatts por hora. Já Amazonas, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina não dão isenção alguma.
O objetivo é tentar, ao menos, buscar um alinhamento nos níveis de tributação mais baixos, se não uma redução. O governo federal já indicou que pretende reduzir os próprios tributos incidentes sobre a conta de luz, como o PIS, a Cofins e vários outros encargos, num movimento simultâneo com o dos governadores.
Divergências
A redução do ICMS na eletricidade integra a lista de temas que o governo federal apresentou aos governadores, como parte das discussões da reforma tributária.
Os pontos de interesse, porém, não coincidem. Enquanto os Estados querem redução da taxa de juros de sua dívida com o Tesouro Nacional e uma participação maior na divisão do bolo tributário nacional por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o governo federal defende redução do ICMS cobrado na eletricidade, nas telecomunicações, nos combustíveis, nos remédios e nos alimentos da cesta básica. De parte a parte, os avanços são quase impossíveis.
Os governadores não querem nem ouvir falar em reduzir o ICMS sobre eletricidade, combustíveis e telefonia porque essas são as melhores fontes de arrecadação.
Em um Estado desenvolvido como São Paulo, elas respondem por um terço das receitas. Nas unidades da Federação com economia mais fraca, essas bases de tributação respondem por metade ou mais de tudo o que ingressa no caixa estadual. Eles reclamam que, antes de pedir a redução do ICMS, o governo poderia reduzir os tributos federais sobre a eletricidade.
Da parte do governo federal, argumenta-se que esse debate tem de ser feito em algum momento, pois o ICMS tem peso importante nas contas de luz. No entanto, ninguém acha que essa será uma discussão fácil. Os técnicos avaliam que há mais chances de avançar, num primeiro momento, na redução do ICMS sobre alimentos e sobre remédios, pois muitos governadores já têm programas nessa direção.
Mais pobres
A redução do ICMS sobre itens de consumo básico faz parte de uma diretriz da reforma tributária, que é reduzir a chamada tributação indireta (aquela que vem embutida nos preços e que pesa igualmente sobre as pessoas, independentemente da renda).
A avaliação é que a tributação indireta no Brasil é muito elevada e que ela torna o sistema injusto, pois as famílias mais pobres comprometem uma fatia maior de sua renda com o pagamento de tributos, em comparação com os mais ricos.
Segundo dados apresentados pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em seminário sobre a reforma tributária, os trabalhadores com renda de até dois salários mínimos comprometem 48% de sua renda em pagamentos de tributos. Enquanto isso, aqueles que ganham acima de 30 salários mínimos gastam 26%. (abrace.org.br)

Corte da tarifa e a renovação de concessão

Plano prevê corte da tarifa em troca de renovação de concessão
Grupo de trabalho criado pelo governo estuda alternativas para baixar o preço da eletricidade para as empresas.
Preocupado em aumentar a competitividade das empresas brasileiras, o governo estuda formas de reduzir o preço da energia elétrica, que figura entre as cinco mais caras do mundo. Um grupo técnico está na fase inicial das discussões. Uma das ideias é aproveitar o vencimento das concessões de usinas hidrelétricas, linhas de transmissão e de companhias de distribuição para forçar uma queda nas tarifas. "Os investimentos já estão amortizados, então eles podem cobrar menos", disse ao Estado o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.
Entre 2015 e 2017, vencem os contratos de concessão de um conjunto de usinas geradoras que soma 20% da capacidade nacional. O mesmo ocorrerá com 74% da transmissão e 33% da distribuição. Há duas opções sobre a mesa: editar uma lei que permita prorrogar as licenças ou fazer novo leilão. O que será feito é algo em discussão. O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), colegiado formado por ministros, encomendou estudos sobre prós e contras de cada alternativa. Esses estudos estão prontos, mas o Conselho não retomou as discussões. "Enquanto isso, existe o marco legal, que diz que as concessões devem ser relicitadas." Nada, porém, é tão simples quanto parece. O previsto em lei é que, findo o contrato, a União receberá as usinas, linhas de transmissão e estruturas de distribuição de volta. Para tanto, terá de indenizar os antigos concessionários por investimentos que eventualmente não tenham sido amortizados.
O dinheiro para isso é cobrado há mais de 50 anos na conta de luz e chama-se Reserva Global de Reversão (RGR). Atualmente, o fundo formado pela arrecadação da RGR está em R$ 16 bilhões, valor insuficiente para cumprir a finalidade, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia Elétrica (Abrace), Paulo Pedrosa. "Não vai dar", afirmou. Questionado, Zimmermann disse não saber se o dinheiro será suficiente ou não. Ele explicou que pediu os cálculos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que ainda não os entregou.
Efeitos colaterais. A ideia de prorrogar as concessões exigindo tarifas mais baixas tampouco é livre de efeitos colaterais. "Isso iria confundir o mercado", avaliou o presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva. Isso porque as usinas mais novas, cuja eletricidade custa mais caro, teriam dificuldade em competir.
As geradoras já sabem que terão de se contentar com preços mais baixos. Em vez de reduzir as tarifas, elas propõem uma alternativa: pagar um "encargo de prorrogação" das concessões. "Os recursos poderiam ser aplicados em modicidade tarifária", sugeriu Neiva.
O encargo seria pago pelas geradoras ao governo e esse, por sua vez, poderia reduzir outros encargos que incidem nas contas de luz.
Assim, o preço baixaria para todos os consumidores. (OESP)

Imposto responde por 45% do custo da energia

A forte carga de impostos e taxas que incide sobre a conta de luz é o principal fator que justifica o alto preço da energia no Brasil.
Nos últimos leilões de hidrelétricas, o governo forçou uma queda no valor da energia a ser comercializada, mas a manutenção da cobrança de uma dezena de penduricalhos nas contas acaba neutralizando o movimento.
Alguns especialistas consideram até que a defesa intransigente do governo em relação à continuidade da cobrança de encargos como a Reserva Global de Reversão - prorrogada por uma Medida Provisória por mais 25 anos - é feita justamente para sustentar uma "política populista" de leilões de energia.
Em abril do ano passado, o consórcio Norte Energia venceu o leilão da hidrelétrica de Belo Monte (PA) ao se comprometer a vender a energia que será produzida na usina por R$ 78,00 o Megawatt/hora (MWh). Em dezembro o grupo liderado pela Neoenergia levou a usina de Teles Pires (MT) ao oferecer a energia da usina por R$ 58,36 o MWh, o menor valor já registrado nos chamados leilões de energia nova promovidos pelo governo.
Especialistas dizem que a produção de energia em locais mais isolados tende ter seus custos mais elevados e não o contrário. "Não existe em lugar nenhum do mundo um custo marginal decrescente. É contra a lei básica de economia. Essa é mais uma jabuticaba brasileira", argumenta fonte ouvida pelo Estado.
Essa política de preços baixos estaria sendo compensada pela manutenção dos encargos que acabam sendo cobrados do consumidor final.
Somente no ano passado, essa conta foi de R$ 16,3 bilhões. "O discurso é que o Brasil está produzindo energia mais barata, mas se você colocar o preço do leilão, mais o que se paga no mercado livre, mais os encargos, o País tem uma das energias mais caras do mundo."
"Peso"
Estudo feito pela consultoria PricewaterhouseCoopers para o Instituto Acende Brasil mostra que os encargos setoriais e os impostos e tributos já representam mais de 45% do valor total da conta de luz. O ritmo de crescimento é forte. Em 1998, esse pacote de taxas representava apenas 28% do valor da tarifa de energia elétrica. "Está na cara que é aí que você tem que concentrar o esforço para reduzir o preço da energia", disse Cláudio Sales, presidente do Acende Brasil. (OESP)

Energia – a chance de discutir sem soberba

É impressionante a atitude de soberba olímpica – para não falar em descaso ou desprezo – com que o Ministério de Minas e Energia (MME) encara as dúvidas da comunidade científica e da nossa sociedade a respeito da política energética nacional. Uma postura que se torna mais evidente e incompreensível no momento em que o mundo se interroga a respeito dos desdobramentos da série de acidentes nucleares no Japão, após o terremoto e o tsunami. O ministro Edison Lobão, por exemplo, questionado sobre a possibilidade de estar em questão a segurança das usinas nucleares brasileiras – já que se debate a segurança nuclear no mundo todo -, “descartou a possibilidade de qualquer mudança”. E o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear disse apenas temer “danos ao programa nuclear brasileiro”, que prevê, além de Angra 3, em construção, mais quatro usinas nucleares até 2030.
Dá a impressão de que estamos fora – ou acima – do mundo, no momento em que a Alemanha suspende a decisão que tomara de prorrogar por 12 anos a vida de usinas que seriam fechadas até 2021 e decide desativar várias usinas antigas; a Suíça suspende o licenciamento de novas usinas; a Áustria pede à União Europeia que teste a segurança de todos os reatores em atividade em 14 dos seus 27 países; o Partido Verde da França (país que mais depende de energia nuclear) exige um referendo sobre o modelo; Bélgica e Polônia anunciam que reavaliarão seus caminhos nessa matéria; o governo da Grã-Bretanha pede reavaliação imediata de 11 usinas projetadas; nos EUA, senadores que defendiam a proposta do presidente Barack Obama de destinar US$ 36 bilhões para 20 usinas nucleares novas agora recomendam prudência, já que 31 das atuais 104 usinas nucleares norte-americanas têm tecnologia japonesa, com 23 reatores iguais aos da usina de Fukushima.
Não é só. A secretária da Convenção do Clima, Christiana Figueres, não duvida de que “vai mudar o cenário mundial”, tal como dizem especialistas em energia em vários países, inclusive no Brasil. “O acidente vai fazer todo o mundo repensar o uso de usinas nucleares”, afirma o professor Aquilino Senra Martinez, da UFRJ, lembrando que o projeto de Fukushima é da década de 60. “O desastre serve de alerta para o Brasil”, acentua o ex-ministro José Goldemberg, lembrando que o risco na área nuclear é grande e “há melhores opções”, que “o Brasil deveria discutir”. Tudo na mesma linha de editorial deste jornal, lembrando que o desastre de Fukushima levanta dúvidas sobre a segurança e “deve estimular o debate internacional”.
De fato, a tragédia no Japão ressaltou mais uma vez as grandes questões que há décadas permeiam a área nuclear:
Passado e presente evidenciam a alta dose de insegurança de operação de usinas nucleares e os riscos de desastres, quase invariavelmente de consequências dramáticas;
a energia nuclear é muito mais cara que outras formas de energia;
nenhum país conseguiu até hoje equacionar o problema da destinação dos altamente perigosos resíduos de reatores nucleares, que em geral se acumulam nas próprias usinas (como em Angra 1 e 2; em Angra 3, o então ministro Carlos Minc, que sempre criticara as duas primeiras usinas, condicionou o licenciamento da terceira a uma solução “definitiva” para os resíduos – o que não foi feito, mas não impediu o início das obras).
A própria Tepco, empresa que opera a usina acidentada no Japão, já fora multada anteriormente por falhas na segurança de suas usinas. Outras 11 usinas já apresentaram problemas. Ainda assim, o país – que já teve acidentes graves antes – mantém 55 reatores nucleares, que fornecem pouco mais de 30% da energia consumida. Mas é também considerado desde 1990 exemplar em matéria de técnicas de construção resistente a terremotos. Em Fukushima, a usina resistiu ao tremor, mas não ao tsunami; a sequência interrompeu o funcionamento dos geradores de emergência e o resfriamento dos reatores. E é uma usina projetada para resistir a vibrações nas estruturas dez vezes mais intensas que as suportadas por Angra 1 e 2.
No nosso caso, é preciso lembrar ainda que Angra 1, 2 e 3 estão numa região sujeita a eventos climáticos extremos, que já provocaram no município deslizamentos e desastres. Não bastasse, num programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, o professor Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e hoje uma das principais figuras da área de ciência no governo federal, disse que o projeto de Angra 3 “deveria ser revisto”, diante das informações de vários cientistas de que o nível do mar já está se elevando no litoral fluminense, acompanhando o que acontece em praticamente todo o mundo.
São muitas, portanto, as razões que deveriam levar a direção da nossa política de energia a discutir os rumos dessa área. Ouvir a comunidade científica, que, como já foi mencionado neste espaço mais de uma vez, tem dito que o Brasil pode tranquilamente viver com metade da energia que consome hoje – economizando 30% com projetos de conservação e eficiência (como conseguiu economizar no apagão de 2001); ganhando mais 10% com a redução das perdas nas linhas de transmissão, hoje em 17%; e outros 10% com repotenciação de geradores antigos, a custos menores que os de implantação de novas usinas. É o que diz há muito tempo, por exemplo, estudo da Unicamp e do WWF, de 2006. Mas fala ao vento.
Não faz sentido apregoar – como já pregam alguns – que sem a energia nuclear não haverá caminho senão o das mega-hidrelétricas na Amazônia, muito questionadas. Ou a ampliação das termoelétricas – que, na verdade, já está ocorrendo. O que faz sentido é, numa hora dramática como esta, convocar a comunidade científica e, diante da sociedade, debater livremente nosso modelo energético. (EcoDebate)